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que o envolve e com o próprio Mistério.<br />
Fácil não é. Por isso gosto de lembrar o conceito fantástico de equilíbrio precário,<br />
de Eugenio Barba. Corpo/alma no mais extremo de si; o gesto intenso para o voo,<br />
se assim posso me expressar. Conscientemente atento à intensidade do gesto, o ator<br />
(estamos falando da antropologia teatral de Barba, mas também estamos falando do<br />
ator que somos todos nós no teatro da vida) busca superar(-se), transformar. O equilibrista<br />
no fio, na difícil e escolhida tarefa de dar o próximo passo. Ação sonhada e<br />
possível, mas que requer desejo, este elemento vital a uma política.<br />
E por isso há sempre um projeto político em potência nos acervos, numa biblioteca.<br />
Por isso, nós, os que lidamos com acervos (e todos nós o fazemos, não é)<br />
precisamos ser guardiães dessas delicadezas e tesouros. Guardiães e hermeneutas.<br />
Porque precisamos também perturbar o conforto institucional, conforme o nomeia Silviano<br />
Santiago, que um acervo pode representar. Buscar brechas, janelas, possibilidades<br />
para, por exemplo, compreender o acervo como uma aventura (no seu sentido<br />
mais profundo ad ventura, aquilo que vai acontecer). Tomar consciência a respeito<br />
da potência dessas estratégias do fazer. Pois: o que eu quero dizer com o acervo que<br />
elaboro, com o qual trabalho O que estou pretendendo narrar O que narram nossos<br />
acervos O que comunicam<br />
Uma ação político-pedagógica que traz à tona nossa clareza política e nossa competência<br />
científica, ao nos perguntarmos – Bibliotecas: vozes silenciadas<br />
Nanci Gonçalves da Nóbrega<br />
133<br />
Leituras Inspiradoras<br />
u Reencantar a educação. Hugo Assmann. Vozes, 2004.<br />
u Poética do devaneio. Gastón Bachelard. Martins Fontes, 2006.<br />
u A canoa de papel: tratado de Antropologia Teatral. Eugenio Barba. HUCITEC,<br />
1986.<br />
u O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Walter Benjamin. In: Obras