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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />

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ensina que essas narrativas da tradição são histórias que se prendem a um imaginário<br />

coletivo, a uma memória de todos, Benjamin impulsiona em nós a necessidade do<br />

resgate da própria arte de narrar. Traz à tona a potência das histórias que se prendem<br />

ao imaginário popular, à memória coletiva; narrativas que constituem/são constituídas<br />

(como) nossa reserva simbólica. As que são insumo e produção de nossos acervos<br />

pessoais e coletivos.<br />

Assim, neste novo olhar, mais ampliado, a temática do imaginário nos auxilia a<br />

compreender sobre a existência de uma base poética da mente, como nos ensina Hillman,<br />

assim como sobre a dimensão fantástica da vida cotidiana, recriada pelas palavras de<br />

Certeau, e é evidência do repertório simbólico de toda sociedade, desde a tradicional,<br />

até as sociedades complexas da atualidade, conforme Durand. Nada mais incentivador<br />

para o homem contemporâneo, “oco de sentidos” no dizer de Fernando Pessoa.<br />

Nesta era homogeneizante, a Arte acontece como ponto de mutação, como ato<br />

micropolítico de transformação. Assim, dispositivos ou artefatos artísticos, se assim me<br />

posso expressar, em oposição a dispositivos de armazenamento será o mote para uma<br />

ação relacionada aos acervos dentro de uma dinamização que é anima ação (ação de<br />

alma). Dioniso integrado a Apolo, se me faço entender. Pois afinal somos homo sapiens,<br />

homo faber e homo ludens, todos ao mesmo tempo.<br />

Nesse sentido, valorizar as imagens significativas, singularizá-las enquanto movimentos<br />

singulares e coletivos possuidores de valores para a alma, diz de uma dimensão<br />

psíquica e planetária e cósmica para este novo espírito pedagógico veiculado/<br />

veiculador das imagens, do imaginário, pois nele compreendo a ética como fundamento<br />

capital. O primordial aqui é desenvolver uma metodologia da invenção, do<br />

reencantamento, pois precisamos estar grávidos para poder criar. Assim, penso ser o<br />

papel da Biblioteca emprenhar os leitores de poemas, de filmes, de sonhos, desejos,<br />

risos, dores, imagens significativas, de vozes que ressoam no mais profundo de cada<br />

um. Povoar o imaginário, mas não para a domesticação da imagem – as simplificações<br />

deformantes das imagens, das narrativas; a preocupação em “dosar” a Fantasia; a<br />

subnutrição do imaginário seria exatamente o contrário desta didática da invenção.

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