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[Nanci Gonçalves da Nóbrega]<br />
Ao conversar sobre bibliotecas, costumo iniciar falando sobre a etimologia do seu<br />
nome: o histórico da palavra ensina que ela é biblion e théke, ou seja, compartimento<br />
de guarda. Sendo assim, muitos fazem desta herança – a da preservação – a única possível.<br />
E, então, muitas bibliotecas reforçam a imagem de lugar inóspito, de penumbra,<br />
de aprisionamento, onde é impossível estar sem medo, sem fastio, sem tristeza. Nessas,<br />
impera o paradigma do silêncio. Ou, para ser mais exata, do silenciamento.<br />
Quantas histórias já ouvi, principalmente sendo professora de Biblioteconomia<br />
e Documentação! Histórias contadas por estudantes que, até mesmo fazendo essa<br />
Graduação, confessam num murmúrio que não frequentam o tal espaço. Estão lá as<br />
histórias de impedimentos, de recusas, de inacessibilidade às informações produzidas<br />
e registradas, seja em que suporte informacional for.<br />
Desta forma, se há algumas décadas os padrões informacionais eram baseados<br />
em premissas de estocagem, guarda, provisão e distribuição, hoje, esses paradigmas<br />
não alcançariam o vital poder interpretativo para os fenômenos comunicacionais da<br />
sociedade contemporânea, cujo ambiente é o das redes e das novas tecnologias; ambiente<br />
onde a troca de saberes é fundamental para a polifonia das múltiplas vozes que<br />
querem, precisam e se fazem ouvir.<br />
Minha conversa, então, passa a girar na contramão do persistente imaginário<br />
social a respeito de bibliotecas. Em oposição a uma imagem de acervos como espaços<br />
que estocam informação, como lugares de memória petrificada, discuto uma ação<br />
para transformá-los em territórios de produção de sentidos. Em vez de espaço de morte,<br />
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