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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />

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O RPG apareceu na minha vida durante a graduação na UFRJ, quando um colega<br />

percebeu meus desenhos nas folhas dos cadernos. Entre mitocôndrias, ciclos bioquímicos<br />

e cortes histológicos, surgiam guerreiras de espada em punho, dragões e castelos.<br />

Conforme minhas personagens ganhavam pontos de experiência, eu fui migrando,<br />

suavemente, mas não sem algum sofrimento, da Biologia para o Design: da anatomia<br />

vegetal para a ilustração botânica e desta para a ilustração fantástica, que deu frutos na<br />

editora GSA, responsável pelo lançamento do primeiro RPG feito no Brasil (Tagmar),<br />

e do primeiro RPG com temática brasileira, o já mencionado Desafio dos bandeirantes.<br />

Depois da pós-graduação lato sensu em Teoria da Arte pela Universidade do Estado<br />

do Rio de Janeiro, levei minhas questões de arte e design para o mestrado em<br />

Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mergulhei de cabeça<br />

nestas questões no doutorado em Design na PUC-Rio, concluído em 2008.<br />

Assim, a arte me levou de volta para o método científico, agora na área humana.<br />

E, por conta destas navegações, a motivação para minhas pesquisas visuais emerge justamente<br />

destas fronteiras pouco nítidas entre arte e design, entre comercial e poético,<br />

entre lúdico e crítico, e procura sempre focalizar um olhar desejante sobre a indústria<br />

cultural, com seus estereótipos cristalizados e suas possibilidades de deslizamento. E,<br />

dentro da indústria cultural, o meu laboratório científico e artístico é o mundo dos<br />

games, mais precisamente, o do Role-Playing Game, ou RPG.<br />

Mesmo sendo um conteúdo interativo e hipermidiático, o RPG continua sendo<br />

massivamente veiculado em suporte impresso, sob a forma de livros e revistas, sem<br />

abrir espaço para uma intervenção mais direta dos usuários cada vez mais acostumados<br />

à flexibilidade dos suportes eletrônicos. Um problema que parece extrapolar o<br />

universo restrito do RPG para um universo muito mais abrangente: o do próprio livro<br />

como objeto, preocupação de Roger Chartier e do Núcleo de Estudos do Design na<br />

Leitura (NEL – Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio), onde o projeto encontra-se<br />

atualmente inserido. Os suportes impressos de RPG continuam seguindo o aspecto<br />

mais tradicional do design de um livro na forma de códice: a linearidade.<br />

Roland Barthes fala de uma “responsabilidade da forma” no processo de signifi-

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