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Atas/Proceedings Seminário Desporto e Ciência 2011 Página 152 de 520
O Processo Pedagógico – e as Resistências à Mudança
Fala-se muito de crise, de modelos de desenvolvimento, da necessidade de mudanças e
mesmo de roturas. Porventura, na maioria das vezes são discursos de moda, sem propostas
concretas ou sem que se tenha uma noção das verdadeiras implicações daquilo que se
propõe. Isso é bem evidente ao nível do sistema educativo e do sistema desportivo, onde
cada um faz um diagnóstico e uma prescrição instantânea, onde não faltam os lamentos
para as possíveis resistências que se venham a levantar, como se mais ninguém tivesse
direito a pensar e a propor alternativas. No fundo, há muitos ditos especialistas a falar de
tudo e de nada e muito poucos com a preocupação em equacionar o processo pedagógico,
numa perspectiva integrada e integradora, no fundo, com uma visão global do problema.
Contudo, arriscamo-nos a dizer que o que chamamos usualmente de processo pedagógico
não passa de um conjunto de pressupostos e de mal entendidos. O que fazemos é transmitir
conhecimentos e procurar uma relação orientador/orientado que facilite e torne eficiente
esta passagem do conhecimento. A avaliação do processo centra-se, regularmente, na
quantificação (muitas vezes nem isso) da quantidade do conhecimento que foi adquirido e
consegue ser debitado.
Quando a finalidade visada era a Instrução este processo era coerente e correcto. Sendo que
na Instrução as pessoas recebiam um conjunto de orientações precisas que tinham de
dominar para cumprir um conjunto de “tarefas” restritas mas que resolviam um conjunto de
problemas definidos – instrução primária, etc.). Aliás, hoje ainda há algum saudosismo do
“saber ler, escrever, contar e ter orgulho na Pátria”. Mas será que, por exemplo, aqui a
30/40 anos ainda será necessário saber escrever
Quando se passou para o Ensino passou a existir uma formação de base mais geral que é
passada aos alunos, igual para todos e onde a grande preocupação é a acumulação de um