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Revista Leitura de Bordo - Fevereiro 2015

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Comportamento<br />

Os cerca <strong>de</strong> sete mil servidores do Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral conhecem as histórias<br />

<strong>de</strong> uma catadora <strong>de</strong> latinhas e <strong>de</strong> um ven<strong>de</strong>dor<br />

<strong>de</strong> bananas - e orgulham-se <strong>de</strong>las. Os dois<br />

protagonistas <strong>de</strong>ssas crônicas da vida real fazem<br />

parte da força <strong>de</strong> trabalho da Casa. Uma como<br />

técnica judiciária e o outro como juiz <strong>de</strong> direito.<br />

Ambos encontraram nos estudos a porta <strong>de</strong> saída<br />

<strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> inúmeras privações.<br />

A trajetória do juiz Edilson das Chagas e da<br />

servidora Marilene Lopes têm em comum o trabalho,<br />

o estudo, a persistência e a fé em Deus. Ele,<br />

filho <strong>de</strong> mãe viúva, trabalhou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito novo<br />

para ajudar em casa. Fazia <strong>de</strong> tudo, vendia bananas,<br />

picolés, vigiava carro. Ela, com cinco filhos<br />

pequenos, catava latinhas nas ruas para ven<strong>de</strong>r e<br />

comprar uns poucos mantimentos que precisava<br />

cozinhar usando gravetos, por falta <strong>de</strong> gás. Ambos<br />

ultrapassaram as fronteiras da <strong>de</strong>sesperança<br />

e puseram o foco <strong>de</strong> suas vidas no trabalho e não<br />

nas dificulda<strong>de</strong>s que os cercavam.<br />

As histórias do juiz e da técnica judiciária<br />

extrapolaram os limites do Tribunal e foram contadas<br />

e recontadas por jornais, rádios, emissoras<br />

<strong>de</strong> televisão e muitos portais <strong>de</strong> internet. Com a<br />

divulgação, ambos passaram a ser reconhecidos<br />

em locais públicos, sendo abordados por pessoas<br />

que, <strong>de</strong> alguma forma, foram tocadas ao<br />

saber do percurso que os levou à vitória. Muitos<br />

talvez os tenham procurado para tentar enxergar<br />

o que aquelas pessoas têm <strong>de</strong> tão especial<br />

para conseguir vencer adversida<strong>de</strong>s, persistir<br />

diante <strong>de</strong> fracassos eventuais, acreditar que o futuro<br />

será melhor e apostar nisso. Outros provavelmente<br />

apenas para ver que é real, que as pessoas<br />

po<strong>de</strong>m, sim, mudar seu próprio <strong>de</strong>stino. Os<br />

mais atentos, provavelmente, perguntaram-se<br />

como tudo começou.<br />

Como nasce uma gran<strong>de</strong> vitória Simples:<br />

<strong>de</strong> um pensamento. É aquele momento especial<br />

e inesquecível, ou simplesmente quieto e<br />

repetitivo, quando a pessoa consegue ver além<br />

<strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong> imediata. Quando o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

mudar é maior que o <strong>de</strong>sânimo, a <strong>de</strong>sesperança,<br />

a falta <strong>de</strong> recursos e, algumas vezes, a ausência<br />

<strong>de</strong> uma simples palavra <strong>de</strong> incentivo, <strong>de</strong> quem<br />

quer que seja. Por que algumas pessoas acreditam<br />

que po<strong>de</strong>m conquistar o que <strong>de</strong>sejam e<br />

muitas acham que jamais chegarão lá Por que<br />

algumas sequer se permitem <strong>de</strong>sejar Quem<br />

consegue julgar-se merecedor <strong>de</strong> coisas boas<br />

certamente já trilhou os primeiros passos nessa<br />

caminhada. Mas, sem ilusões: ela seguramente<br />

será laboriosa e <strong>de</strong>safiadora. Foco, persistência,<br />

trabalho. Todos conhecem o caminho, mas nem<br />

todos conseguem chegar lá.<br />

O sonho é o primeiro passo, mas a <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> buscá-lo <strong>de</strong>ve vir em seguida. Algumas vezes,<br />

essa <strong>de</strong>cisão é acompanhada <strong>de</strong> uma boa dose<br />

<strong>de</strong> ânimo inicial, outras apenas <strong>de</strong> um sereno,<br />

mas firme propósito. Dado o primeiro passo,<br />

aquele que nos põe no caminho, há que se realizar<br />

a caminhada - e é justamente essa que separa<br />

os meninos dos homens. Um maratonista não<br />

vence a corrida saindo em disparada nos primeiros<br />

metros. Ele a vence na persistência. É a persistência<br />

que nos leva ao final <strong>de</strong> todas as jornadas.<br />

Persistência é aquela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar<br />

no próprio sonho, quando todos duvidam<br />

<strong>de</strong>le, <strong>de</strong> recomeçar após cada fracasso e <strong>de</strong> seguir<br />

em frente sempre e sempre. É a resiliência<br />

que nos move a levantar após a queda e prosseguir<br />

com o mesmo ânimo, usando o contratempo<br />

como aprendizado. Aliás, o termo resiliência<br />

traduz muito bem esse tipo <strong>de</strong> coragem. Muito<br />

empregada em psicologia, a palavra foi emprestada<br />

da física e, <strong>de</strong> modo bem simplificado,<br />

refere-se a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais que, após<br />

serem dobrados ou torcidos, voltam à sua forma<br />

original, ou algo bem próximo a ela. Trazendo<br />

o conceito para nosso contexto, seriam aquelas<br />

pessoas que tomam para si o famoso slogan:<br />

Sou brasileiro, não <strong>de</strong>sisto nunca! Para os nossos<br />

personagens, a resiliência esteve presente naqueles<br />

momentos em que o juiz Edilson conta<br />

que saía do trabalho e ia a pé para a faculda<strong>de</strong>,<br />

pois precisava economizar o dinheiro do ônibus<br />

para comprar alguma coisa para comer antes da<br />

aula. Ou nas noites em que Marilene, após um<br />

dia estafante, punha os filhos na cama e pegava<br />

os livros para estudar. Uma coisa é certa - sem<br />

plantio, não há colheita. E só colhem aqueles<br />

que têm esperança para plantar, persistência<br />

para regar e força para retirar as ervas daninhas<br />

e enxotar os <strong>de</strong>voradores, estejam eles do lado<br />

<strong>de</strong> fora ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro.<br />

www.leitura<strong>de</strong>bordo.com.br | Jan/Fev <strong>2015</strong> | <strong>Leitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Bordo</strong> 27

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