Revista Leitura de Bordo - Fevereiro 2015

Revista Leitura de Bordo - Fevereiro 2015 Revista Leitura de Bordo - Fevereiro 2015

06.02.2015 Views

Estante A arte de viajar em boa companhia Livros sobre viagens existem muitos. Mas vale a pena prestar atenção naqueles que trazem abordagens peculiares. A seguir, quatro dicas. Para quem gosta de viajar – e mais brasileiros puderam sentir um pouco desse prazer, infelizmente brecado pela crise econômica que solapou os alicerces de nossa frágil economia – existem vários estágios durante a estruturação do passeio. É óbvio que todos nós temos uma lista com 10 ou 15 cidades/países que logo nos vêm à mente quando alguém interpela: quais lugares você gostaria de visitar Definido o destino e enquanto são processadas as demandas burocráticas – visto, passagem, hospedagem – uma boa dica é já aproveitar o tempo e ir mergulhando na leitura, para saber o máximo de informações, dicas de roteiros, lugares imperdíveis. A internet oferece muita informação. Os blogues de viajantes também trazem opiniões pessoais – mas daí depende se o perfil de viajante do blogueiro é similar ao seu (boa parte deles gostam de roteiros alternativos, outros optam por viagens de baixo custo). E existem os livros! E como são lançados livros sobre os principais destinos, com informações preciosas e valiosas! Para as férias desse verão, vou falar de quatro “guias” que merecem uma lida com toda atenção – com abordagens distintas e enfoques únicos. Os dois primeiros fazem parte da coleção “Culture Smart!”, lançado pela Verus Editora de Campinas (SP), que integra o Grupo Editorial Record. Abordam costumes e cultura da França e da Itália. São dicas de comportamento, de aspectos culturais e peculiaridades dos povos. A compreensão dessas características ajuda a evitar certas “saias justas” que acabam gerando situações pitorescas. Na melhor das hipóteses. A editora também publicou volumes destinados ao Reino Unido, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. Outra proposta Já a Editora Senac, de São Paulo, nos brinda com dois livros do genial chef Alain Ducasse, um dos ícones da cozinha francesa – ao ponto de ter a sua própria escola, fundada em 1999. Em dois livros agradáveis, ele traz 100 destinos gourmet de Paris e de Nova York. Os livros, no formato pocket, servem como uma avant-premiere de quem está pensando em visitar uma das duas cidades (ou as duas!), revelando endereços mágicos, sabores únicos e que não são exatamente aqueles que os turistas de um modo geral procuram. São dicas de achados gastronômicos, de iguarias que atraem os “nativos” (será que ainda existem nativos em Paris e em Nova York) e que levam uma vida baseada em um ritmo distinto daquele procurado pelos turistas. Informações: www.veruseditora.com.br www.editorasenacsp.com.br 24 Leitura de Bordo | Jan/Fev 2015 | www.leituradebordo.com.br

Economia Ano novo, novas expectativas O cenário nacional não permite otimismo no horizonte dos próximos meses, um quadro que se repete em vários governos estaduais e no DF Não era para trazer surpresa as primeiras medidas tomadas pela nova equipe econômica do segundo governo Dilma. Na verdade, tais medidas podem ser vistas pelos aspectos econômico e político. No aspecto econômico a saída encontrada foi a convencional: aumento de tributos e contenção de gastos. O velho e conhecido arrocho. A questão aqui é se o remédio traz o risco de matar o doente ou não. Pois bem, o risco é real e a economia irá sentir. Não há como se ter expectativa de um ano de 2015 melhor que o de 2014. Na melhor das hipóteses será igual. Como não se pretende diminuir os assim chamados “benefícios sociais” que são os sustentáculos políticos do governo, tecnicamente não há muito mais opções. Mas diminuir a correção da tabela de imposto de renda foi um pouco exagerado, uma vez que é desgaste demais para resultado de menos. Já no aspecto político tanto os eleitores petistas ou tucanos podem ficar felizes: a cartilha adotada pelos petistas é a mesma que seria adotada pelos tucanos. Lógico que um governo não pode ser avaliado apenas pelo aspecto econômico porém é impressionante como embora sejam os grandes confrontadores no cenário político nacional, cada vez mais petistas e tucanos falam a mesma língua. Basta comparar as medidas adotadas durante o governo FHC com as do governo Dilma. Isto pode gerar a consequência, pelo desgaste do discurso, do surgimento de uma nova corrente de pensamento econômico, fora da escola tradicional de pensamento, embora os grandes nomes da área econômica do Brasil produzam o mesmo material. Vamos acrescentar um pouco: trabalho pesado em todo governo, combate a corrupção, diminuição de estrutura administrativa e um pouco da função de caixeiro viajante para o principal mandatário não faria mal algum para o país. E tem ainda a investigação que envolve a Petrobrás, da qual neste momento é impossível calcular o tamanho real do estrago econômico e político para o país, com consequências internacionais. Já no governo do Distrito Federal, tomando-se as devidas cautelas que temos que tomar tendo em vista já termos sido Secretário de Estado, também as medidas adotas pelo atual governo foram corretas, mas permitam-nos fazer os seguintes comentários: a) o aumento do IPVA somando-se ao fim da isenção para a compra de carro zero será muito comemorada pelos Estados de Goiás e Minas Gerais, que verão um aumento de emplacamento ali, transferida do Distrito Federal. No final será uma medida antieconômica trazendo perda de arrecadação de IPVA e ICMS; b) a diminuição de valores de contratos não é tarefa fácil (a não ser que haja superfaturamento). Se houver diminuição de postos de vigilância ou limpeza, por exemplo, pode até ter questionamento do Ministério Público, uma vez que estes serviços estão ligados à conservação de patrimônio público. Não se pode esquecer também que as empresas que prestam estes serviços já estão passando por dificuldades financeiras. c) acabar com Administração Regional também não é tarefa fácil uma vez que as mesmas forças, políticas ou não, que se movimentaram para sua criação, se movimentarão para sua manutenção. Vai dar barulho e desgaste para o novo governo. d) infelizmente o novo governo está cuidando dos efeitos, mas não quis enfrentar a causa que é a despesa com pessoal. Uma posição na qual já fomos derrotados. Enquanto a despesa com pessoal não se situar entre 40% a 42% da Receita Corrente Líquida não haverá equilíbrio fiscal. O alongamento ou mesmo a suspensão de parcelas de reajustes deveria estar na pauta. É um tema onde o político tem se sobreposto ao técnico no Distrito Federal com toda sua consequência ruim. Acabar com cargos comissionados ajuda, mas muito pouco. De todo o acima exposto pode-se concluir que 2015 será um ano para testar nossos nervos. Infelizmente não será fácil. www.leituradebordo.com.br | Jan/Fev 2015 | Leitura de Bordo 25

Economia<br />

Ano novo, novas expectativas<br />

O cenário nacional não permite otimismo no horizonte dos próximos meses,<br />

um quadro que se repete em vários governos estaduais e no DF<br />

Não era para trazer surpresa as primeiras medidas<br />

tomadas pela nova equipe econômica do segundo<br />

governo Dilma. Na verda<strong>de</strong>, tais medidas po<strong>de</strong>m<br />

ser vistas pelos aspectos econômico e político.<br />

No aspecto econômico a saída encontrada foi<br />

a convencional: aumento <strong>de</strong> tributos e contenção<br />

<strong>de</strong> gastos. O velho e conhecido arrocho. A questão<br />

aqui é se o remédio traz o risco <strong>de</strong> matar o doente ou<br />

não. Pois bem, o risco é real e a economia irá sentir.<br />

Não há como se ter expectativa <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> <strong>2015</strong><br />

melhor que o <strong>de</strong> 2014. Na melhor das hipóteses será<br />

igual. Como não se preten<strong>de</strong> diminuir os assim chamados<br />

“benefícios sociais” que são os sustentáculos<br />

políticos do governo, tecnicamente não há muito<br />

mais opções. Mas diminuir a correção da tabela <strong>de</strong><br />

imposto <strong>de</strong> renda foi um pouco exagerado, uma vez<br />

que é <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>mais para resultado <strong>de</strong> menos.<br />

Já no aspecto político tanto os eleitores petistas<br />

ou tucanos po<strong>de</strong>m ficar felizes: a cartilha adotada pelos<br />

petistas é a mesma que seria adotada pelos tucanos.<br />

Lógico que um governo não po<strong>de</strong> ser avaliado<br />

apenas pelo aspecto econômico porém é impressionante<br />

como embora sejam os gran<strong>de</strong>s confrontadores<br />

no cenário político nacional, cada vez mais petistas<br />

e tucanos falam a mesma língua. Basta comparar<br />

as medidas adotadas durante o governo FHC com as<br />

do governo Dilma. Isto po<strong>de</strong> gerar a consequência,<br />

pelo <strong>de</strong>sgaste do discurso, do surgimento <strong>de</strong> uma<br />

nova corrente <strong>de</strong> pensamento econômico, fora da<br />

escola tradicional <strong>de</strong> pensamento, embora os gran<strong>de</strong>s<br />

nomes da área econômica do Brasil produzam<br />

o mesmo material. Vamos acrescentar um pouco:<br />

trabalho pesado em todo governo, combate a corrupção,<br />

diminuição <strong>de</strong> estrutura administrativa e um<br />

pouco da função <strong>de</strong> caixeiro viajante para o principal<br />

mandatário não faria mal algum para o país.<br />

E tem ainda a investigação que envolve a Petrobrás,<br />

da qual neste momento é impossível calcular o<br />

tamanho real do estrago econômico e político para<br />

o país, com consequências internacionais.<br />

Já no governo do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, tomando-se<br />

as <strong>de</strong>vidas cautelas que temos que tomar tendo em<br />

vista já termos sido Secretário <strong>de</strong> Estado, também as<br />

medidas adotas pelo atual governo foram corretas,<br />

mas permitam-nos fazer os seguintes comentários:<br />

a) o aumento do IPVA somando-se ao fim da isenção<br />

para a compra <strong>de</strong> carro zero será muito comemorada<br />

pelos Estados <strong>de</strong> Goiás e Minas Gerais,<br />

que verão um aumento <strong>de</strong> emplacamento ali,<br />

transferida do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. No final será uma<br />

medida antieconômica trazendo perda <strong>de</strong> arrecadação<br />

<strong>de</strong> IPVA e ICMS;<br />

b) a diminuição <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> contratos não é tarefa<br />

fácil (a não ser que haja superfaturamento). Se<br />

houver diminuição <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> vigilância ou limpeza,<br />

por exemplo, po<strong>de</strong> até ter questionamento<br />

do Ministério Público, uma vez que estes serviços<br />

estão ligados à conservação <strong>de</strong> patrimônio público.<br />

Não se po<strong>de</strong> esquecer também que as empresas<br />

que prestam estes serviços já estão passando<br />

por dificulda<strong>de</strong>s financeiras.<br />

c) acabar com Administração Regional também não<br />

é tarefa fácil uma vez que as mesmas forças, políticas<br />

ou não, que se movimentaram para sua criação,<br />

se movimentarão para sua manutenção. Vai<br />

dar barulho e <strong>de</strong>sgaste para o novo governo.<br />

d) infelizmente o novo governo está cuidando<br />

dos efeitos, mas não quis enfrentar a causa que<br />

é a <strong>de</strong>spesa com pessoal. Uma posição na qual<br />

já fomos <strong>de</strong>rrotados. Enquanto a <strong>de</strong>spesa com<br />

pessoal não se situar entre 40% a 42% da Receita<br />

Corrente Líquida não haverá equilíbrio fiscal. O<br />

alongamento ou mesmo a suspensão <strong>de</strong> parcelas<br />

<strong>de</strong> reajustes <strong>de</strong>veria estar na pauta. É um tema<br />

on<strong>de</strong> o político tem se sobreposto ao técnico no<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral com toda sua consequência ruim.<br />

Acabar com cargos comissionados ajuda, mas<br />

muito pouco.<br />

De todo o acima exposto po<strong>de</strong>-se concluir que<br />

<strong>2015</strong> será um ano para testar nossos nervos. Infelizmente<br />

não será fácil.<br />

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