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avaliação e análise dos possíveis impactos à saúde ... - Livros Grátis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG<br />

ESCOLA DE ENGENHARIA<br />

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO<br />

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO<br />

NANOTECNOLOGIA: AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS POSSÍVEIS IMPACTOS À<br />

SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO TRABALHADOR NO MANUSEIO,<br />

SÍNTESE E INCORPORAÇÃO DE NANOMATERIAIS EM COMPÓSITOS<br />

REFRATÁRIOS DE MATRIZ CERÂMICA.<br />

GUILHERME FREDERICO BERNARDO LENZ E SILVA<br />

BELO HORIZONTE<br />

2008


iii<br />

GUILHERME FREDERICO BERNARDO LENZ E SILVA<br />

Engenheiro Metalurgista – UFMG<br />

Especialista em Gestão e Tecnlogias Ambientais – MBA-PECE/USP<br />

Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais – Escola Politécnica/USP<br />

Post Doctoral Fellow – University of Sheffield/UK<br />

Academic Visitor – Imperial College London/UK<br />

NANOTECNOLOGIA: AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS POSSÍVEIS IMPACTOS À<br />

SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO TRABALHADOR NO MANUSEIO,<br />

SÍNTESE E INCORPORAÇÃO DE NANOMATERIAIS EM COMPÓSITOS<br />

REFRATÁRIOS DE MATRIZ CERÂMICA.<br />

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em<br />

Engenharia de Segurança do Trabalho da Escola de<br />

Engenharia da UFMG, como requisito para a obtenção do<br />

título de Especialista em Engenharia de Segurança do<br />

Trabalho.<br />

Orientar (a): Dra. Andréa Maria Silveira<br />

Faculdade Medicina da UFMG - Coordenadora do CREST/MG<br />

Belo Horizonte<br />

Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho<br />

Departamento de Engenharia de Produção - Escola de Engenharia<br />

Universidade Federal de Minas Gerais<br />

2008


iv<br />

DEDICATÓRIA<br />

À Alessandra Rizzi


v<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A Alessandra Rizzi pela paciência, compreensão, apoio e suporte.<br />

A Magnesita Refratários S/A e aos amigos do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento -<br />

CPqD, pelo apoio no desenvolvimento do tema.<br />

Aos amigos do curso de pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho, pelas<br />

discussões e convívio neste período.<br />

Aos professores e funcionários do curso de pós-graduação em engenharia de segurança do<br />

trabalho da UFMG.<br />

A Dra. Andréia Maria Silveira, pela orientação e pelas discussões durante a realização deste<br />

trabalho.


vi<br />

RESUMO<br />

A cada dia a nanotecnologia, que pode ser definida como um campo multidisciplinar da<br />

ciência e da tecnologia que trabalha com estruturas de dimensões nanométricas,


vii<br />

ABSTRACT<br />

Every day the nanotechnology, that refers to a field whose theme is the control of matter on<br />

an atomic and molecular scale working with nanometric structures (


viii<br />

LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1 -<br />

Figura 2 -<br />

Figura 3 -<br />

Figura 4 -<br />

Figura 5 -<br />

Figura 6 -<br />

Figura 7 -<br />

Figura 8 -<br />

Figura 9 -<br />

Pintura de Bernardini Ramazzini e cópia da contra-capa de sua principal<br />

obra: “De Morbis Artificum Diatriba”, Modena/Itália publicada em 1700.<br />

Cálice de Licurgo (Lycurgus cup) IV aC, onde a transmissão e a refração<br />

da luz interagindo com partículas nanométricas dispersas na matriz vítria<br />

produz mudanças de coloração.<br />

Vista externa e interna <strong>dos</strong> vitrais da Catedral de Carlisle/UK, fundada em<br />

1122 (dC). A coloração vermelha <strong>dos</strong> vitrais é decorrente da adição de<br />

nanopartículas de ouro, prata e cobre ao vidro.<br />

Representação espacial das partículas (“clusters”) e a relação entre o<br />

número de átomos superficiais e o número total de átomos.<br />

Variação da temperatura de fusão do metal ouro, em função da diminuição<br />

do tamanho de suas partículas.<br />

Principais fenômenos de dissipação e consumo de energia durante a<br />

cominuição de materiais (moagem).<br />

Evolução e tendência da produção de nanomateriais usando abordagens de<br />

síntese via méto<strong>dos</strong> “top-down” e “bottom-up”.<br />

As diversas formas alotrópicas do carbono e suas configurações espaciais e<br />

morfológicas.<br />

Algumas das possibilidades de rotas de exposição do trabalhador e<br />

da sociedade (consumidores) às nanopartículas e aos nanotubos de<br />

carbono, tendo como base as possíveis e atuais aplicações da<br />

nanotecnologia.<br />

Página<br />

2<br />

5<br />

6<br />

8<br />

9<br />

11<br />

11<br />

13<br />

18<br />

Figura 10 - Biocinética do sistema nervoso periférico. 20


ix<br />

Figura 11 -<br />

Figura 12 -<br />

Avaliação da dispersão de materiais particula<strong>dos</strong> (nanotubos de carbono)<br />

durante etapa de transferência e manuseio.<br />

Deposição das partículas nas principais regiões do trato respiratório<br />

humano em relação ao diâmetro das partículas.<br />

21<br />

22<br />

Figura 13 - Aparelho respiratório humano e seus principais constituintes<br />

23<br />

Figura 14 -<br />

funcionais/morfológicos.<br />

A epiderme representa uma firme barreira contra a penetração de<br />

nanopartículas.<br />

25<br />

Figura 15 - Avaliação da penetração, através do folículo capilar, de<br />

26<br />

Figura 16 -<br />

Figura 17 -<br />

Figura 18 -<br />

Figura 19 -<br />

Figura 20 -<br />

Figura 21 -<br />

Figura 22 -<br />

nanopartículas com direferntes tamanhos.<br />

Seqüência de interações entre partículas finas (negro de fumo) de material<br />

particulado gerado nos sistemas de exaustão de motores à diesel e as<br />

reações de defesa, em nível celular, em orgãos e teci<strong>dos</strong> lesiona<strong>dos</strong>.<br />

Figura 16 – Interação celular hipotética de nanopartículas com o sistema<br />

biológico.<br />

Mecanismos possíveis pelos quais os nanomateriais interagem com os<br />

teci<strong>dos</strong> biológicos.<br />

Alguns <strong>dos</strong> possíveis mecanismos e caminhos para a ação de<br />

nanopartículas no sistema cardiovascular.<br />

Fatores de susceptibilidade os quais podem influenciar a resposta<br />

cardiopulmonar à exposição de partículas.<br />

Os cinco maiores desafios para o desenvolvimento seguro da<br />

nanotecnologia.<br />

Gestão da tomada de decisão para o caso de nanopartículas dispersas no<br />

ambiente de trabalho e a busca do nível de controle apropriado.<br />

27<br />

28<br />

29<br />

32<br />

33<br />

34<br />

39


x<br />

Figura 23 -<br />

Resultado de testes de avaliação de filtros para a captura de material<br />

particulado, utilizando nanopartículas de grafite em diferentes condições,<br />

(a) filtros eletrostáticos, (b) filtros de membrana diversos.<br />

39<br />

Figura 24 - (a) Teste de porosidade de luvas utilizando hélio gasoso (0,3 nm). 40<br />

Figura 25 -<br />

Teste de eficiência de proteção de vestimentas de proteção, utilizando<br />

nanopartículas de grafite com distribuição monodispersa de 40 e 80 nm.<br />

41<br />

Figura 26 -<br />

Figura 27 -<br />

Figura 28 -<br />

Figura 29 -<br />

Principais sistemas: óxido-carbono-carbeto-boro, utiliza<strong>dos</strong> na produção<br />

de CRMC.<br />

Fluxograma típico da produção de compósitos refratários de matriz<br />

cerâmica (produtos conforma<strong>dos</strong>).<br />

Principais lacunas qualitativas envolvendo a nanotecnologia a o ambiente<br />

de trabalho.<br />

Fluxo decisório e de informações para garantir o cumprimento <strong>dos</strong><br />

procedimentos e ações relacionadas à segurança e saúde do rabalhador.<br />

42<br />

52<br />

54<br />

57-58


xi<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 -<br />

Efeitos gerais da diminuição do tamanho das partículas em diferentes<br />

materiais, substâncias e elementos químicos.<br />

Página<br />

9<br />

Tabela 2 - Classificação física <strong>dos</strong> materiais particula<strong>dos</strong>. 23-24<br />

Tabela 3 -<br />

Tabela 4 -<br />

Tabela 5 -<br />

Tabela 6 -<br />

Tabela 7 -<br />

Efeitos das nanopartículas como base para a patofisiologia e<br />

toxicidade.<br />

Alguns <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> e medidas preventivas e corretivas a serem<br />

adotadas quando do manuseio de materiais nanoparticula<strong>dos</strong>.<br />

Principais doenças ocupacionais, limites de exposição e limites<br />

internacionais de referência para a exposição de trabalhadores a metais<br />

e semi-metais emprega<strong>dos</strong> na produção de CRMC.<br />

Possíveis doenças ocupacionais relacionadas com a exposição a óxi<strong>dos</strong><br />

e materiais contendo carbono (sóli<strong>dos</strong>), usualmente<br />

utiliza<strong>dos</strong>/encontra<strong>dos</strong> em CRMC.<br />

Alguns <strong>dos</strong> sistemas ligante, usualmente emprega<strong>dos</strong> na<br />

produção de CRMC e seus principais riscos ocupacionais e à<br />

saúde.<br />

30-31<br />

34-35<br />

48<br />

51<br />

53


xii<br />

LISTA DE ABREVIATURAS<br />

SWCNT<br />

MWCNT<br />

DWCNT<br />

CRMC<br />

ACGIH<br />

Single Wall Carbon Nanotubes – Nanotubos de Carbono com Parede Simples.<br />

Multi Wall Carbon Nanotubes – Nanotubos de Carbono com Paredes Múltiplas.<br />

Double Wall Carbon Nanotubes – Nanotubos de Carbono com Parede Dupla.<br />

Compósitos Refratários de Matriz Cerâmica.<br />

American Conference of Industrial Hygienists – Conferência Americana <strong>dos</strong> Higienistas<br />

Industriais.<br />

ACS<br />

CAS<br />

LCA<br />

CVD<br />

SHS<br />

Americam Chemical Society – Sociedade Americana de Química.<br />

Chemical Abstract Service – Serviço de Catalogação Química.<br />

Life Cycle Analysis – Análise do Ciclo de Vida.<br />

Chemical Vapour Deposition – Deposição Química via Vapor.<br />

Self Propagation High Temperature Synthesis – Síntese Auto Propagante em Elevada<br />

Temperatura.<br />

PVD<br />

CE<br />

OECD<br />

Phisical Vapour Deposition – Deposição Física via Vapor.<br />

Comissão Européia.<br />

Organisation for Economic Cooperation and Development – Organização para a Cooperação<br />

e Desenvolvimento Econômico.<br />

OIT<br />

MIT<br />

NNI<br />

BSI<br />

FUNDACEN-<br />

Organización Internacional del Trabajo – Organização Internacinal do Trabalho.<br />

Massachusetts Institute of Technology – Instituto de Tecnologia de Massachusetts.<br />

National Nanotechnology Initiative – Iniciativa Nacional de Nanotecnologia.<br />

British Standard Institute – Instituto Britânico de Padronização.<br />

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho.<br />

TRO<br />

NIOSH<br />

National Institute for Occupational Safety and Health - Instituto Nacional de Saúde e<br />

Segurança Ocupacional.<br />

PTFE<br />

Polytetrafluoroethylene – TEFLON®


xiii<br />

HEPA filter<br />

High Efficiency Particulate Air – Filtro de Ar de Alta Eficiência em Ambiente Contendo<br />

Material Particulado.<br />

EGFR<br />

ROS<br />

DNA<br />

ISC<br />

GI Tract<br />

NR<br />

CNS<br />

PNS<br />

AVC<br />

NEMS/MENS<br />

CMC<br />

CREST<br />

UFMG<br />

CEEST<br />

PCMSO<br />

PPRA<br />

TLV-TWA<br />

Epidermal Growth Factor Receptor – Fator Receptor de Crescimento Epidérmico.<br />

Reactive Oxygen Species – Espécies de Oxigênio Reativo.<br />

Deoxyribonucleic Acid – Ácido Dexoribonucleico.<br />

Intersystem Crossing – Intersistema de Passagem.<br />

Gastrointestinal Tract – Trato Gastrointestinal.<br />

Norma Regulatória.<br />

Central Nervous System - Sistema Nervoso Central.<br />

Peripheric Nervous System - Sistema Nervoso Periférico.<br />

Acidente Vascular Celebral.<br />

Nano/Micro-Electro-Mechanical Systems – Sistemas Nano/Micro Eletro-Mecânicos.<br />

Carboxi Metil Celulose.<br />

Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador de Minas Gerais.<br />

Universidade Federal de Minas Gerais.<br />

Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.<br />

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.<br />

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.<br />

Threshold Limit Value - (Time Weighted Average): Valor limite de exposição obtido para a<br />

média <strong>dos</strong> trabalhadores, trabalhando 8h/dia totalizando 40h/semana sem apresentar efeito<br />

adverso à saúde.<br />

TLV-STEL<br />

Threshold Limit Value – (Short Term Exposure Limit) – Valor limite de exposição para<br />

perío<strong>dos</strong> curtos (máximo 15 minutos) não repeti<strong>dos</strong> mais que 4 vezes no dia e com pelo<br />

menos 60 minutos de intervalo entre exposições.<br />

TLV-C<br />

Threshold Limit Value – Ceiling: Valor máximo ou teto do limite de exposição, o qual não<br />

pode ser excedido em nenhuma situação.<br />

PAH<br />

Polycyclic Aromatic Hydrocarbon – Compostos de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.


xiv<br />

A1<br />

Threshold Limit Value – A1 confirmed human carcinogen (ACGIH): Substância carcinóide<br />

para os seres humanos.<br />

A2<br />

Threshold Limit Value – A2 suspected human carcinogen (ACGIH); Substância carcinóide<br />

suspeita para os seres humanos.<br />

A3<br />

Threshold Limit Value – A3 – Confirmed animal carcinogen with unknown relevance to<br />

humans (ACGIH): Substância carcinóide confirmada para os animais com relevância<br />

desconhecida para os seres humanos.<br />

A4<br />

Threshold Limit Value – A4 not classifiable as a human carcinogen (ACGIH): substância<br />

não classificada como carcinóide paraos seres humanos.<br />

A5<br />

Threshold Limit Value – A5 not suspected as a human carcinogen (ACGIH):<br />

Substância não suspeita de ser carcinóide para os seres humanos.<br />

SEN<br />

Potential for an agent to produce sensitization: Potencial do agente químico em produzir<br />

sensibilização.<br />

IARC<br />

International Agency for Research on Cancer –Agência Internacional de Pesquisa do<br />

Câncer.<br />

MAK-2<br />

Maximale Arbeitsplatz Konzentration – Concentração Máxima do Ambiente de Trabalho,<br />

nível 2: 8 mg/m 3 (Norma Alemã)<br />

mppcf<br />

AIHA<br />

Millions of particles per cubic foot of air – milhões de partículas por pé cúbico de ar.<br />

American Industrial Hygiene Association – Associação Americana de Higienistas<br />

Industriais.<br />

ICON<br />

ANVISA<br />

HSE/UK<br />

International Council on Nanotechnology – Conselho Internacional de Nanotecnolgia.<br />

Agência Nacional de Vigilância Sanitária.<br />

United Kingdom Health & Safety Executive - Órgão Executivo de Saúde e Segurança<br />

Ocupacional do Reino Unido.<br />

US-EPA<br />

CDC<br />

CORDIS<br />

United States - Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental / EUA.<br />

Centers for Disease Control and Prevention – Centro de Controle e Prevenção de Doenças.<br />

European Commission's Research and Development Information Service – Serviço de<br />

Informação de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Européia.


xv<br />

Nanoforum<br />

European Nanotechnology Gateway – Portal sobre Nanotecnologia da Comunidade<br />

Européia.<br />

HSL/UK<br />

United Kingdom Health and Safety Laboratory – Laboratório de Saúde e Segurança<br />

Ocupacional do Reino Unido.


xvi<br />

LISTA DE SÍMBOLOS<br />

U<br />

T<br />

S<br />

P<br />

V<br />

μ<br />

N<br />

γ<br />

A<br />

Dp<br />

PM X<br />

Energia interna<br />

Temperatura<br />

Entropia<br />

Pressão<br />

Volume<br />

Potencial químico<br />

Número de moles<br />

Tensão superficial<br />

Área superficial<br />

Diâmetro da partícula<br />

Fração de material particulado, inferior a X μm.


xvii<br />

SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO 1<br />

1.1 O trabalho e as doenças ocupacionais. 2<br />

Página<br />

1.2 Substâncias, reagentes químicos e novos materiais: dinamismo e os novos<br />

3<br />

riscos à saúde ocupacional.<br />

1.3 Objetivos e justificativa. 3<br />

2 NANOTECNOLOGIA E OS NOVOS DESAFIOS E IMPACTOS À SAÚDE<br />

4<br />

E SEGURANÇA DO TRABALHOR.<br />

2.1 O que é nanotecnologia. 5<br />

2.1.1 Uma nova “velha” classe de novos materiais: os nanomateriais. 5<br />

2.1.2 Síntese de nanomateriais: processos “top-down” e “bottom-up”. 10<br />

2.1.3 Nano compostos de carbono: nanotubos e nanofiras de carbono. 12<br />

2.2 Os riscos da nanotecnologia no ambiente de trabalho: processos complexos e<br />

14<br />

informações incompletas.<br />

2,3 Riscos potenciais da exposição do trabalhador às nanopartículas e aos<br />

18<br />

materiais nanoestrutura<strong>dos</strong>.<br />

a) Mecanismos de transporte de materiais particula<strong>dos</strong> e nanoparticula<strong>dos</strong>. 21<br />

b) Interação das nanopartículas com os sistemas biológicos. 26<br />

c) Riscos durante o processo de armazenamento e manuseio <strong>dos</strong> nanomateriais. 34<br />

c1) Risco de incêndio e explosão. 36<br />

d) Adequação <strong>dos</strong> equipamentos de proteção individual (luvas, roupas protetoras,<br />

37<br />

respiradores, etc.).<br />

d1) Respiradores e filtros de material particulado. 38


xviii<br />

3 ESTUDO DE CASO: COMPÓSITOS REFRATÁRIOS DE MATRIZ<br />

41<br />

CERÂMICA, COM ADIÇÕES DE NANOMATERIAIS.<br />

3.1 Produção de compósitos refratários de matriz cerâmica. 42<br />

3.2 Aditivos nanométricos com potencial de uso para a produção de compósitos<br />

44<br />

refratários de matriz cerâmica.<br />

3.2.1 Aditivos metálicos (semi-metais) nanométricos. 44<br />

3.2.2 Aditivos não metálicos nanométricos. 49<br />

3.2.3 Sistemas ligantes à base de água, polimérico ou à base de piche. 51<br />

4 ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DE RISCO À SAÚDE E A<br />

53<br />

SEGURANÇA OCUPACIONAL: PROPOSTAS PARA MEDIDAS DE<br />

CONTROLE OU AÇÕES MITIGADORAS.<br />

5 COMENTÁRIOS & CONCLUSÕES. 58<br />

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 60-70


1<br />

1 - INTRODUÇÃO.<br />

Em nosso cotidiano estamos envoltos por uma vasta gama de compostos químicos, sejam eles<br />

naturais ou basea<strong>dos</strong> em moléculas sintetizadas pelo Homem. As substâncias químicas puras ou<br />

combinadas sempre estiveram presentes em to<strong>dos</strong> os lugares, porém, a partir da revolução<br />

industrial ocorrida entre o final do século XVIII e início do século XIX, intensificou-se o<br />

contato do trabalhador com novas substâncias e compostos químicos diversos, cada vez mais<br />

puros, complexos e com diferentes funções. O advento da química orgânica e sua quase<br />

infinidade de compostos mudaram completamente a indústria no século XX, onde as<br />

combinações entre os átomos produziram novos materiais que levaram o Homem à Lua, às<br />

profundezas do mar, criaram novas drogas, remédios ou armas químicas.<br />

Em 29 de dezembro de 1959, em seu discurso na reunião anual da Sociedade Americana de<br />

Física, Richard Feynman [001] apontou para o mundo as vastas oportunidades presentes nos<br />

materiais, quando os mesmos possuem dimensões próximas do nível atômico, nescendo assim a<br />

nanotecnologia (*). Desde então, novas descobertas e novos materiais com propriedades<br />

singulares têm sido sintetiza<strong>dos</strong> e processa<strong>dos</strong> em escalas de dimensão cada vez menores e em<br />

quantidades cada vez maiores, colocando o trabalhador em contato com materiais de grau de<br />

pureza, propriedades, comportamentos físico-químicos e com interações/atividades biológicas<br />

ainda não completamente conhecidas ou mesmo estudadas. Neste ponto, este estudo visa avaliar<br />

alguns <strong>dos</strong> riscos à da saúde e segurança do trabalhador, um <strong>dos</strong> primeiros a ter contato com os<br />

nanomateriais sintetiza<strong>dos</strong>, manusea<strong>dos</strong> e incorpora<strong>dos</strong> em novos produtos e em quantidade e<br />

volumes mais expressivos. O foco deste trabalho será a avaliação e a análise <strong>dos</strong> possíveis<br />

<strong>impactos</strong> à saúde ocupacional e segurança do trabalhador nas etapas de manuseio,<br />

armazenamento, síntese, processamento, estabilização e incorporação de materiais<br />

nanoparticula<strong>dos</strong> em compósitos refratários de matriz cerâmica.<br />

(*) Alguns nanomateriais já foram produzi<strong>dos</strong> há mais de 2.400 anos, como em processos artesanais para a<br />

produção de vidros colori<strong>dos</strong>. Porém, do ponto de vista científico, o marco da nanotecnologia pode ser<br />

temporalmente definido pelo célebre discurso de Richard Feynman: “There’s plenty of room at the bottom”.


2<br />

1.1 - O trabalho e as doenças ocupacionais.<br />

As primeiras correlações entre trabalho e o aparecimento de doenças ocupacionais (*) foram<br />

observadas pelo médico italiano Bernardini Ramazzini, considerado o pai da medicina do<br />

trabalho. Em seu livro intitulado: “As Doenças <strong>dos</strong> Trabalhadores – De Morbis Artificum<br />

Diatriba” - publicado em 1700, relacionou as típicas doenças ocupacionais com as atividades de<br />

dezenas de ofícios da época [002].<br />

Figura 1 – Pintura de Bernardini Ramazzini e cópia da contra-capa de sua principal obra: “De<br />

Morbis Artificum Diatriba”, Modena/Itália publicada em 1700. Fonte: referência [003].<br />

Após mais de 300 anos da publicação de seu livro, o tema de sua obra ainda é atual. No Brasil,<br />

da<strong>dos</strong> do Ministério da Previdência Social [004] indicaram que, no ano de 2006, ocorreram<br />

503.890 acidentes e doenças do trabalho, entre os segura<strong>dos</strong> do sistema nacional de previdência<br />

social (excluindo desta estatística os trabalhadores autônomos e os emprega<strong>dos</strong> domésticos).<br />

Deste universo, 26.645 registros foram de doenças relacionadas ao trabalho.<br />

(*) Em sua obra: “DE RE METALLICA”, publicada no século XIV (ano de 1556), Georgius Agricola já enfatizava<br />

aspectos de saúde e segurança ocupacional em operações de mineração e metalurgia, nesta obra o enfoque era<br />

voltado para a condução das operações unitárias envolvidas na extração mineral e nas etapas de transformação<br />

metalúrgica da obtenção de metais e ligas. Fonte: referência [069].


3<br />

1.2 - Substâncias, reagentes químicos e novos materiais: dinamismo e os novos riscos à<br />

saúde ocupacional.<br />

Para se ter uma idéia do dinamismo e do problema relacionado aos riscos ocupacionais da<br />

exposição do trabalhador às substâncias e compostos químicos, há registrado no banco de da<strong>dos</strong><br />

Chemical Abstract Service – CAS, uma divisão da Americam Chemical Society - ACS,<br />

36.660.377 compostos orgânicos e inorgânicos, <strong>dos</strong> quais 21.867.815 são compostos químicos<br />

disponíveis comercialmente [005]. Enquanto o guia de valores de exposição ocupacional<br />

publicado em 2008, compilado pela American Conference of Industrial Hygienists – ACGIH,<br />

apresenta 1.812 substâncias [006] ou ainda apenas 147 substâncias presentes na norma<br />

regulamentadora número 15 – NR15, anexo 11 (*),(**) [007].<br />

1.3 - Objetivos e justificativa.<br />

O objetivo deste trabalho é avaliar e analisar os possíveis <strong>impactos</strong> à saúde ocupacional e<br />

segurança do trabalhador, no manuseio, síntese e incorporação de nanomateriais em compósitos<br />

refratários de matriz cerâmica, de forma a previnir, minimizar, mitigar e, principalmente,<br />

eliminar possíveis efeitos negativos do contato do trabalhador com estas novas substâncias e<br />

compostos de dimensões nanométricas, que por suas características únicas de reatividade, área<br />

superficial, diminuto tamanho e comportamento em meios fluí<strong>dos</strong>, apresentam propriedades,<br />

funcionalidades e riscos ainda não completamente conheci<strong>dos</strong>.<br />

(*) Os anexos 11 e 12 da NR15 (Lei 3.214/78) apresentam outros compostos, substâncias químicas e espécies<br />

minerais específicas ou não, como os asbestos (crisotila e anfibólios), sílica livre cristalizada (quartzo, cristobalita e<br />

tridimita), manganês e seus compostos, arsênio, carvão, cromo, fósforo, cádmio, benzeno, hidrocarbonetos e outros<br />

compostos de carbono, silicatos, 4 substâncias cancerígenas, além de outras 15 substâncias diversas.<br />

(**) A Organização Internacional do Trabalho - OIT, disponibiliza em seu site uma relação de vários países e seus<br />

limites de exposição adota<strong>dos</strong> para compostos e substâncias químicas, informação disponível em:<br />

http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/cis/products/explim.htm#bra, acesso em: 03/08/2008.


4<br />

2 - NANOTECNOLOGIA E OS NOVOS DESAFIOS E IMPACTOS À SAÚDE E<br />

SEGURANÇA DO TRABALHOR.<br />

O avanço da tecnologia na direção do universo nanométrico tem aberto uma série de<br />

oportunidades em diferentes campos da ciência e da tecnologia, como novas drogas, sistema de<br />

aplicação de medicamentos “drug delivery”, terapias medicinais, o desenvolvimento de teci<strong>dos</strong><br />

celulares sintéticos, a miniaturização de circuitos e dispositivos eletro-eletrônicos e eletromecânicos<br />

(MENS/NEMS), desenvolvimento de novos materiais e produtos com características,<br />

propriedades e funcionalidades específicas, sensores, novos processos catalíticos, novas fontes<br />

de armazenamento e produção de energia, chegando à fronteira da interação e integração de<br />

dispositivos nanotecnológicos, organismos vivos e sistemas de informação [008].<br />

Todas estas novas tecnologias e oportunidades no campo da ciência e tecnologia trazem<br />

implicações ambientais, éticas, sociais e jurídicas, colocando o trabalhador como agente de<br />

transformação, manipulação e desenvolvimento de novos materiais e produtos, seja nos centros<br />

de pesquisa e desenvolvimento, nas fábricas, nos institutos tecnológicos ou nas universidades e,<br />

secundariamente, porém não menos importante, à população em geral na forma de<br />

consumidores ativos ou passivos de produtos nanotecnológicos.<br />

O conhecimento adquirido e acumulado por séculos de pesquisas e estu<strong>dos</strong> no campo da<br />

medicina do trabalho é suficiente para afirmar duas coisas com relação à interação do<br />

trabalhador com materiais nanométricos: (i) nanopartículas são potencialmente agentes nocivos<br />

à saúde humana e, (ii) muito trabalho, estudo e pesquisa ainda são necessários para se definir<br />

com apurado grau de certeza acerca da toxicidade e <strong>dos</strong> efeitos de longo prazo em razão da<br />

exposição <strong>dos</strong> trabalhadores a uma infinidade de nanomateriais e nanoestruturas que têm sido<br />

descobertas diariamente. Neste ponto, o princípio da precaução no manuseio, síntese e<br />

incorporação de nanomateriais em novos produtos e dispositivos deve sempre ser avaliado e


5<br />

seriamente ponderado de forma garantir a saúde do trabalhador no sentido amplo em conjunto<br />

com o desenvolvimento tecnológico.<br />

2.1 - O que é nanotecnologia.<br />

A definição de nanotecnologia é baseada no desenvolvimento de sistemas e processos que<br />

utilizam materiais com dimensões nanométricas (1 nm = 10 -9 m), mais especificamente, que<br />

utilizam nanomateriais. Conforme definição das normas British Standarts Institution (BSI)<br />

número BSI-PAS 71:2005 e ASTM E2456-06 [009,010], os materiais nanométricos são aqueles<br />

que possuem, pelo menos 1 dimensão inferior a 100 nanômetros (100 nm).<br />

2.1.1 - Uma nova “velha” classe de novos materiais: os nanomateriais.<br />

A utilização de nanomateriais não é um fenômeno novo, de fato o emprego de nanoestruturas<br />

vem do tempo da alquimia, através da obtenção e utilização de ouro e metais precisos coloidais<br />

para modificação da cor de vidros (‘ruby glass’ e ‘stained glass’) utiliza<strong>dos</strong> em cálices e, em<br />

vitrais de catedrais medievais.<br />

Figura 2 – Cálice de Licurgo (Lycurgus cup) IV aC, onde a transmissão e a refração da luz<br />

interagindo com partículas nanométricas, dispersas na matriz vítrea, produz mudanças de<br />

coloração. Fonte: referências [011,012].


6<br />

O termo nanotecnologia, já é mais novo, foi primeiramente cunhado pelo pesquisador japonês<br />

Norio Taniguchi em 1974. A publicação do livro: “Engines of Creation - The Coming Era of<br />

Nanotechnology” por A. Drexler [013], a descoberta da nova espécie alotrópica do carbono<br />

conhecida hoje como fulerenos por Kroto, Smalley e R. Curl e, finalmente a invenção <strong>dos</strong><br />

microscópicos de força atômica e tunelamento [014,015] tornaram possível a visualização e a<br />

manipulação de estruturas em nível atômico, impulsionando a pesquisa pura e aplicada com<br />

nanomateriais.<br />

Figura 3 - Vista externa e interna <strong>dos</strong> vitrais da Catedral de Carlisle/UK, fundada em 1122 (dC).<br />

A coloração vermelha <strong>dos</strong> vitrais é decorrente da adição de nanopartículas de ouro, prata e cobre<br />

ao vidro. Fonte: referência [016].<br />

O ponto principal da nanotecnlogia baseia-se nas novas propriedades observadas nos materiais<br />

quando suas dimensões são reduzidas em níveis nanométricos, evidenciando assim, novas<br />

funcionalidades e tornando os nanomateriais compostos com propriedades distintas quando<br />

avalia<strong>dos</strong> e compara<strong>dos</strong> em diferentes escalas de dimensão.


7<br />

Do ponto de vista termodinâmico a tensão superficial, no universo nanométrico, não é mais<br />

desprezível e, juntamente com as forças de Van der Walls, passam a ter uma importância mais<br />

acentuada com a diminuição da dimensão das partículas (“clusters”). A equação termodinâmica<br />

de energia interna: U f(S,V,N) como uma função da entropia, volume e número de moles, pode<br />

então ser descrita da seguinte forma:<br />

dU=TdS - PdV + μdN ou ………………………………………..… Equação (1)<br />

U=TS - PV + μN, adicionando-se o termo da energia superficial, temos: ....... Equação (2)<br />

U=TS - PV+ μN + γA, onde: .................................................................. Equação (3)<br />

Onde:<br />

U – Energia interna;<br />

T – Temperatura;<br />

S – Entropia;<br />

P – Pressão;<br />

V – Volume;<br />

μ – Potencial químico;<br />

N – Número de moles;<br />

γ – Tensão superficial;<br />

A – Área superficial.<br />

(*) A energia de ruptura de ligação em um único cristal é aproximadamente: γ ~1200 erg.cm -2


8<br />

A figura número 4 apresenta de forma esquemática a representação de partículas nanométricas e<br />

a relação entre a quantidade de átomos superficiais e a quantidade de átomos internos.<br />

Figura 4 – Representação espacial das partículas (“clusters”) e a relação entre o número de<br />

átomos superficiais e o número total de átomos. Fonte: adaptado da referência [017].<br />

A diminuição <strong>dos</strong> tamanhos das partículas modifica várias propriedades óticas, magnéticas,<br />

físico-químicas, biológicas, etc. <strong>dos</strong> nanomateriais. Um exemplo clássico desta mudança de<br />

comportamento das propriedades da matéria no nível nanométrico é a diminuição da<br />

temperatura de fusão (<strong>dos</strong> elementos químicos e seus compostos). A figura 5 apresenta o gráfico<br />

da variação da temperatura de fusão do ouro metálico em função do tamanho de suas partículas.


9<br />

Figura 5 – Variação da temperatura de fusão ( o C) do metal ouro, em função da diminuição do<br />

tamanho de suas partículas.Fonte: adaptado da referência [018].<br />

A tabela número 1 apresenta algumas das mudanças do comportamento e de propriedades de<br />

uma série de materiais, quando suas dimensões são reduzidas ao nível nanométrico.<br />

Tabela 1 – Efeitos gerais da diminuição do tamanho das partículas em diferentes materiais,<br />

substâncias e elementos químicos [019].<br />

Quanto menor é a dimensão do tamanho<br />

Efeito<br />

da partícula de:<br />

Platina em um substrato de alumina<br />

Negro de fumo em uma matriz de borracha<br />

Maior é a atividade catalítica.<br />

Maior é o efeito do reforço estrutural sobre as<br />

propriedades mecânica (“reinforcement”).<br />

Cerâmicas de óxido de cério (CeO 2 )<br />

Metais (Cu, Co, Ni, Fe) e ligas de Cobre<br />

Maior é a condutividade elétrica.<br />

Menor é a condutividade elétrica.


10<br />

Hematita (Fe 2 O 3 ) Aumenta, depois diminui a coercividade<br />

magnética e, finalmente conduzindo a um<br />

comportamento de super-paramagnetísmo.<br />

Metais e ligas<br />

Maior é a dureza e resistência.<br />

Cerâmicas Maior é a dutilidade, dureza e<br />

conformabilidade.<br />

Cerâmicas de óxido de titânio (TiO 2 )<br />

Menor é a temperatura de sinterização e a<br />

temperatura de formação de super-plasticidade.<br />

Silício<br />

Maior é a visualização do espectro ótico <strong>dos</strong><br />

pontos quânticos (“quantum dots”), pelo<br />

confinamento quântico do silício.<br />

Si, GaAs, ZnS:Mn 2+<br />

Maior é a luminescência <strong>dos</strong> semi-condutores.<br />

2.1.2 - Síntese de nanomateriais: processos “top-down” & “bottom-up”.<br />

Existem inúmeros processos e méto<strong>dos</strong> de produção de materiais nanoparticula<strong>dos</strong>, porém,<br />

to<strong>dos</strong> eles podem ser dividi<strong>dos</strong> em duas classes distintas. São elas: os méto<strong>dos</strong> “top down” ou<br />

méto<strong>dos</strong> de cima para baixo, onde estruturas maiores são diminuídas continuamente de<br />

tamanho, até chegar a dimensões nanométricas. Neste tipo de abordagem as técnicas clássicas<br />

de cominuição como a moagem ou a micronização têm sido continuamente aperfeiçoadas de<br />

acordo com a característica de cada material e aplicação desejada (dureza, energia superficial,<br />

reatividade, estrutura e hábito cristalino, etc.). A figura 6 apresenta as várias possibilidades de<br />

transferência de energia durante o processo de moagem.


11<br />

Energia de<br />

moagem<br />

Material (sob<br />

efeito da<br />

cominuição)<br />

Moinho,<br />

corpos<br />

moedores e<br />

efeitos entre<br />

as partículas<br />

- Rearranjamentos<br />

cristalinos;<br />

- Energia superficial;<br />

- Deformação elástica;<br />

- Deformação plástica;<br />

- Fricção;<br />

- Energia cinética;<br />

- Efeitos elétricos;<br />

- Ondas acústicas<br />

(som);<br />

Calor<br />

Figura 6 – Os principais fenômenos de dissipação e consumo de energia durante a cominuição<br />

de materiais (moagem). Fonte: referência [020].<br />

Também pertencem a este grupo de processamento as rotas de atomização, onde partículas<br />

maiores são fundidas formando um líquido e posteriormente é atomizado (aplicado ao<br />

processamento de alguns metais e ligas) [021]. Porém, o controle, a eficiência e a obtenção de<br />

partículas abaixo de 1 μm de diâmetro em processos unitários de cominuição ainda é um desafio<br />

tecnológico, especialmente para a produção em larga escala e de baixo custo. A figura 7<br />

apresenta de forma esquemática a evolução e a faixa crítica de tamanho das partículas nos<br />

processamentos de materiais particula<strong>dos</strong> pelos processos “top-down” e “bottom-up” ao longo<br />

do tempo.<br />

Complicado<br />

Refinamento<br />

Figura 7 – Evolução e tendência da produção<br />

de nanomateriais usando abordagens de<br />

síntese via méto<strong>dos</strong> “top-down” e “bottomup”.<br />

Fonte: referência [022].


12<br />

Os méto<strong>dos</strong> “bottom-up” utilizam-se de vários processos químicos, físicos e conjuga<strong>dos</strong><br />

permitindo a produção de materiais nanoparticula<strong>dos</strong>. A grande maioria destes méto<strong>dos</strong> foram<br />

desenvolvi<strong>dos</strong> ou modifica<strong>dos</strong> tendo como base a química coloidal, eletroquímica (clássica e em<br />

sais fundi<strong>dos</strong>) e reações de síntese via combustão e suas variantes no estado sólido, líquido,<br />

gasoso ou assistidas com a utilização de plasma. Entre estes méto<strong>dos</strong> podemos citar: Sol-gel,<br />

CVD (Chemical Vapour Deposition), SHS (High Temperature Self Propagation Synthesis),<br />

combustão, decomposição térmica, pirólise via spray, PVD (Phisical Vapour Deposition),<br />

méto<strong>dos</strong> à laser, plasma ou arco voltaico, método reverso de microemulsão/micelas, síntese via<br />

úmida em baixa temperaturas, síntese química de precursores cerâmicos acopla<strong>dos</strong> de polímeros<br />

com técnicas de processamento físico, atomização eletrodinâmica, “eletrospinning”, entre<br />

muitos outros [023,024,025].<br />

2.1.3 - Nano-compostos de carbono: nanotubos e nanofibras de carbono e suas variantes.<br />

Os compostos a base de carbono podem ser produzi<strong>dos</strong> por uma grande variedade de méto<strong>dos</strong><br />

de síntese de acordo com a estrutura ou morfologia desejada. Entre os compostos nanométricis<br />

sintéticos de carbono mais importantes, do ponto de vista tecnológico e industrial, temos os<br />

negros de fumo, as nano-fibras, os nano-tubos, as nano-grafitas e os compostos de carbono<br />

amorfo, vítreo ou semi-cristalino. Porém, o carbono pode ser ainda sintetizado em suas<br />

diferentes formas alotrópicas e morfológicas, englobando compostos como os fulerenos e os<br />

instáveis “carbon-onions”. A figura número 8 apresenta as diversas formas alotrópicas do<br />

carbono obtidas a partir de diferentes hibridizações e suas estruturas<br />

cristalográficas/morfológicas [026, 045].


13<br />

Nanotubos e<br />

nanofibras e fibras<br />

de carbono<br />

SWCNT<br />

DWCNT<br />

(…)<br />

MWCNT<br />

Fibras de carbono<br />

(“spinning” )<br />

(Glassy Carbon Model) - From: Jenkins G. M.<br />

and Kawamura K. - 1976)<br />

Amorfo / vítreo<br />

Esturutras<br />

do<br />

Carbono<br />

Lonsdaleite<br />

Diamante<br />

From: http://webmineral.com<br />

From: http://www.utsi.edu/research/carbonfiber<br />

/UTSI-CF.htm<br />

Fulerenos<br />

Grafeno<br />

From: http://www.nature.com<br />

From: http://www.musee.ensmp.fr<br />

Grafita<br />

C 60 , C 70 , C 540 , etc.<br />

From: http://www.cite-sciences.fr<br />

“Carbynes<br />

&<br />

Carbolite”<br />

R-[-C≡C-] n -R<br />

“Carbon onions” &<br />

cones<br />

From:<br />

http://news.bbc.co.uk/science<br />

From:<br />

http://www.staff.uni-mainz.de/banhart/c-nanostructures/onions.htm<br />

From:<br />

http://www.phy.mtu.edu/~jaszczak/graphite.html<br />

Figura 8 – As diversas formas alotrópicas do carbono e suas configurações espaciais e<br />

morfológicas (*).<br />

A atenção especial dada aos compostos de carbono é decorrente de suas propriedades termomecânica,<br />

elétricas, físico-químicas e amplo espectro de novas possíveis aplicações<br />

tecnológicas, cobrindo aplicações em biotecnologia, materiais estruturais, compósitos,<br />

engenharia de teci<strong>dos</strong>, eletrônica, armazenamento de energia, etc. Estes materiais e seus<br />

compósitos possuem propriedades bastante promissoras no desenvolvimento de novos<br />

compostos refratários de matriz cerâmica [027,028,029,074,100].<br />

(*) Os “carbynes” e o “carbolite”, são compostos de carbono de fórmula molecular: R-[-C≡C-] n -R, ainda pouco<br />

conheci<strong>dos</strong> e estuda<strong>dos</strong>; porém, como a nomenclatura e as traduções destes nomes ainda não estão completamente<br />

estabelecidas, deve pelo menos tomar o cuidado para não confundí-los com os carbenos (compostos neutros de<br />

carbono divalente não híbrido, ex: CH 2 ) ou com a marca comercial de fornos para altas temperaturas inglesa também<br />

conhecida como carbolite.


14<br />

2.2 - Os riscos da nanotecnologia no ambiente de trabalho: processos complexos e<br />

informações ainda incompletas.<br />

Do ponto de vista da saúde do trabalhador e <strong>dos</strong> indivíduos que têm contato com materiais<br />

nanoparticula<strong>dos</strong>, uma série de estu<strong>dos</strong> e maiores/melhores informações toxicológicas são<br />

necessárias para o entendimento das complexas relações entre as nanopartículas e os organismos<br />

vivos. O Homem convide há muito tempo com materiais nanoparticula<strong>dos</strong> na forma de<br />

aerodispersóis provenientes de processos naturais tais como queimadas ou erupções vulcânicas.<br />

Porém, nunca ocorreu na história, o contato <strong>dos</strong> seres humanos, com nanomateriais sintéticos de<br />

elevada pureza, concentração, complexidade ou funcionalização, tornando a síntese,<br />

manipulação, manuseio, estocagem, estabilização, incorporação e o uso <strong>dos</strong> nanomateriais em<br />

um assunto de extrema complexidade, ainda não completamente estudado em sua profundidade,<br />

tempo e multi-disciplinariedade necessária.<br />

Vários importantes pontos de vista podem ser analisa<strong>dos</strong> em uma discussão sobre nanociência e<br />

nanotecnologia, englobando temas como: riscos, benefícios, vantagens, desvantagens, ética,<br />

liberdade individual e coletiva, segurança do público, estratégia de desenvolvimento industrial e<br />

tecnológico nacional, marcos regulatórios, educação, patentes, engajamento público ou acesso a<br />

informações livres e completas, dentre de muito outros. Neste estudo, porém, serão foca<strong>dos</strong><br />

principalmente os aspectos relativos à saúde e segurança ocupacional do trabalhador e suas<br />

interfaces mais diretas com os nanomateriais no ambiente de trabalho. Sendo assim, uma série<br />

de questões devem ser formuladas, analisadas e avaliadas pela indústria visando a garantia de<br />

condições de segurança para o trabalhador. Entre elas, podemos destacar:<br />

1) Há a necessidade de utilização de uma determinada forma ou nano-estrutura no<br />

desenvolvimento de novos produtos


15<br />

2) Os riscos envolvi<strong>dos</strong> no manuseio, síntese, estabilização e incoporação <strong>dos</strong> nanomateriais<br />

são conheci<strong>dos</strong> e podem ser controla<strong>dos</strong><br />

3) Há capacitação técnica e de pessoal para garantir o desenvolvimento seguro das atividades<br />

de armazenamente, manuseio, síntese, estabilização e incoporação <strong>dos</strong> nanomateriais<br />

4) As práticas de segurança e saúde ocupacionais são as melhores disponíveis<br />

5) Há quantidade e qualidade de informações suficientes para uma análise ergonômica das<br />

atividades que expõem os trabalhadores (diretos e indiretos) ao contato com nanomateriais<br />

6) Há facilidades, equipamentos e instrumentos adequa<strong>dos</strong> para o manuseio, síntese,<br />

estabilização, incorporação, caracterização e avaliação do ambiente de trabalho e <strong>dos</strong><br />

trabalhadores que têm contato com nanomateriais<br />

7) Há procedimentos adequa<strong>dos</strong> (atualiza<strong>dos</strong>, discuti<strong>dos</strong>, avalia<strong>dos</strong>, implementa<strong>dos</strong>,<br />

entendi<strong>dos</strong> e pratica<strong>dos</strong>) para o exercício das atividades laborais envolvendo a manipulação<br />

e o contato com os nanomateriais<br />

8) O trabalhador está treinado, capacitado e informado sobre os riscos e cuida<strong>dos</strong> necessários<br />

para o manuseio correto e seguro <strong>dos</strong> nanomateriais<br />

9) Foram avalia<strong>dos</strong> os sistemas segurança/proteção ocupacional de forma hierárquica<br />

englobando análises para:<br />

- 9.1) Eliminar ou substituir os materiais nano-particula<strong>dos</strong> por similares de menor risco à saúde<br />

ocupacional<br />

- 9.2) Modificar os processos de forma a eliminar ou reduzir ou mitigar a exposição do<br />

trabalhador<br />

- 9.3) Adotar um controle de engenharia visando a completa captura, contenção e eliminação do<br />

material contaminante contendo nanopartículas no ambiente de trabalho<br />

- 9.4) Adotar procedimentos administrativos para o controle da exposição laboral do trabalhor<br />

ao ambiente contendo materiais nanoparticula<strong>dos</strong>


16<br />

- 9.5) Adoção de equipamentos de proteção individual específicos, certifica<strong>dos</strong> e efetivos em<br />

trabalhadores devidamente treina<strong>dos</strong> e capacita<strong>dos</strong> em seu uso correto<br />

- 9.6) Garantir a proteção da saúde levando-se em conta os efeitos químicos conjuga<strong>dos</strong> <strong>dos</strong><br />

diferentes nanomateriais manusea<strong>dos</strong>;<br />

10) Os sistemas de segurança adota<strong>dos</strong> são eficazes e possuem eficiência comprovada em<br />

ambientes contendo nanomateriais confina<strong>dos</strong> ou dispersos<br />

11) Foram e são continuamente realizadas e utilizadas metodologias de análises sistêmicas e<br />

sistemáticas sobre os possíveis riscos das etapas de manuseio, armazenamento,<br />

incorporação, estabilização, incorporação e produção de novos produtos contendo<br />

nanomateriais<br />

12) A análise de rescos envolveu os vários setores e suas interfaces ao longo da cadeia produtiva<br />

e, se possível, de todo o ciclo de vida do produto contendo nanomateriais<br />

13) Foram adota<strong>dos</strong> os princípios da precaução, similaridade e da ética em todo o ciclo de<br />

produção de forma a garantir a segurança do trabalhador, da sociedade e partes interessadas<br />

14) Os processos e procedimentos atuais para avaliação da toxicidade <strong>dos</strong> materiais<br />

nanoestrutura<strong>dos</strong> sobre os organismos e seres humanos são suficientemente adequa<strong>dos</strong> e<br />

confiáveis E, em que grau de incerteza<br />

15) Quais são os conhecimentos necessários sobre as interações, em nível nanométrico e<br />

molecular, entre as diversas formas e tipos de nanomateriais e seus efeitos toxicológicos no<br />

curto, médio e longo prazo<br />

16) O que fazer com os resíduos gera<strong>dos</strong> (nanomateriais isola<strong>dos</strong> ou incorpora<strong>dos</strong>) e qual é a<br />

melhor forma de reciclá-los ou descartá-los<br />

17) Como e, em até que ponto pode-se agrupar os nanomateriais com pequenas diferenças de<br />

composição química, morfologia e atividade catalítica, especialmente no que se refere à<br />

toxicologia ou às interações ambientais


17<br />

A medida em que a nanotecnologia avança, toda a sociedade passa a se envolver mais<br />

diretamente com este assunto, seja diretamente ou indiretamente, especialmente à medida em<br />

que novos produtos contendo materiais nanoestrutura<strong>dos</strong> chegam ao mercado consumidor.<br />

Atualmente, a legislação que trata das regras de segurança, normalização, manuseio, transporte,<br />

estocagem, utilização e as informações ao público em geral ainda é genérica, não obordando o<br />

tema de forma específica (*),(**). Na maioria das vezes, os produtos ou mesmo os materiais<br />

nanoestrutura<strong>dos</strong> são descritos como seus equivalentes microestrutura<strong>dos</strong>, não havendo ainda<br />

nenhuma descrição mais detalhada sobre os potenciais riscos à saúde ou mesmo informações<br />

básicas sobre seu uso/manuseio seguro [030].<br />

No Brasil, esforços têm sido feitos, visando aumentar o diálogo entre os diversos setores da<br />

sociedade na busca de maior transparência e, especialmente na disseminação de informações<br />

adequadas e na promoção de debates entre o público e os setores mais organiza<strong>dos</strong> da sociedade<br />

(sindicatos, universidades, indústrias e o poder público) [031].<br />

De fato, as questões e os aspectos relaciona<strong>dos</strong> com exposição do trabalhador às nanopartículas<br />

e materiais nanoestrutura<strong>dos</strong> é apenas uma pequena parte de um assunto complexo e muito<br />

extenso que deve ser estudado, avaliado e debatido por to<strong>dos</strong> os setores envolvi<strong>dos</strong> (*). A figura<br />

número 9 apresenta as possíveis rotas de exposição às nanopartículas baseadas em aplicações<br />

atuais e potenciais da nanotecnologia.<br />

(*) Maiores informações sobre o debate atual deste tema, questões sociais, meio-ambiente, segurança e saúde<br />

ocupacional, legislação e engajamento público das questões envolvendo a nanotecnologia podem ser obtidas em<br />

vários sites na web indica<strong>dos</strong> nas referências bibliográficas [032 a 042,046,047,051].<br />

(**) O BSI (British Standards Institution), disponibiliza sem custo para consulta e download, uma série de normas<br />

sobre assuntos liga<strong>dos</strong> à nanotechnologia, incluido o manueio seguro e a disposição de nanomateriais [043,044].


18<br />

Figura 9 – Algumas das possibilidades de rotas de exposição do trabalhador e da sociedade<br />

(consumidores) às nanopartículas e aos nanotubos de carbono, tendo como base as possíveis e<br />

atuais aplicações da nanotecnologia. Fonte: referência [048].<br />

2.3 – Riscos potenciais da exposição do trabalhador às nanopartículas e materiais<br />

nanoestruturado.<br />

Os primeiros artigos sobre os potenciais riscos e efeitos deletérios, sobre a saúde do trabalhador<br />

e <strong>dos</strong> seres vivos em geral, decorrente da possível interação de materiais nanoparticula<strong>dos</strong> e<br />

nanopartículas com organismos vivos, apareceram no início do século XXI. As suas<br />

repercussões, juntamente com a participação mais ativa de organizações não governamentais<br />

(ONG’s), do posicionamento da academia, do aumento do debate a da expansão do número de<br />

publicações de artigos sobre estes potenciais riscos da nanotecnologia, em periódicos<br />

internacionalmente renoma<strong>dos</strong> com as revistas Science e Nature.<br />

(*) A análise do ciclo de vida (LCA - life cycle analysis) das nanopartículas e <strong>dos</strong> materiais nanoestrutura<strong>dos</strong> no<br />

meio-ambiente é um ponto importante para o entendimento do comportamento e das possíveis rotas de<br />

interações destas com os trabalhadores, população e organismos vivos. Algumas publicações técnicas sobre o<br />

assunto podem ser obtidas, nas referencias bibliográficas indicadas a seguir [049,050,051].


19<br />

Esta nova posura e engajamento, têm aumentado não só os recursos financeiros para o<br />

desenvolvimento de pesquisas no campo da nano-toxicologia, proteção, segurança e saúde<br />

ocupacional, mas também, têm mudado o posicionamento <strong>dos</strong> órgãos de governo e das agências<br />

de fomento à pesquisa sobre este importante tema [052 a 062].<br />

Alguns exemplos desta evolução são as publicações de manuais, relatórios, diretivas e até novas<br />

legislações e convenções por parte de orgãos e instituições como a OIT [063], Comissão<br />

Européia - CE [064] e a OECD [065].<br />

Uma série de estu<strong>dos</strong> e análises, sobre as principais e potenciais rotas de contaminação <strong>dos</strong><br />

trabalhadores e do ambiente de trabalho, têm sido propostos, em um esforço direcionado a evitar<br />

danos e doenças ocupacionais ou acidentes durante as etapas de síntese, manuseio,<br />

armazenamento e uso <strong>dos</strong> nanomateriais. A seguir são apresenta<strong>dos</strong> os principais mecanismos e<br />

as prováveis/hipotéticas rotas de contaminação e interações entre os seres humanos e as<br />

nanopartículas. A maioria <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> indica que a contaminação através das vias respiratórias é<br />

a principal rota de entrada das nanopartículas no organismo, podendo também haver<br />

contaminação através da pela/mucosas/sistema ocular, ingestão ou injeção de nanopartículas,<br />

conforme indicado pela figura número 10.


20<br />

Meios de exposição<br />

Rotas de entrada<br />

Translocação e<br />

distribuição<br />

Meios de excereção<br />

Figura 10 – Biocinética do sistema nervoso periférico (*). Fonte: referência [070].<br />

Embora, muitas rotas e direções tenham sido demonstradas, outras ainda são hipotéticas e<br />

necessitam de maores investigações. As taxas de transfecção celulares são largamente<br />

desconhecidas, como ainda são a acumulação e a retenção de nanopartículas em órgãos, teci<strong>dos</strong><br />

e células e seus mecanismos subjacentes<br />

SIGLAS:<br />

(CNS – Sistema Nervoso Central);<br />

(GI tract – Trato Gastrointestinal);<br />

(PNS – Sistema Nervoso Periférico).<br />

(*) LEGENDA: Urine: urina; Breast milk: leite materno; Feces: fezes; Sweat/exfoliation: suor e exfoliação;<br />

Heart: coração; Kidney: Rim; Others sites (muscle, placenta): Outros locais: músculos, placenta; Bone narrow:<br />

medula óssea; Lynph: linfa; Blood (plateletes, monocytes, endothelial cells): plaquetas do sangue, monócitos,<br />

células endoteliais, Neurons: neurônios; Liver: fígado; Respiratory tract (nasal, tracheo-bronchial, aoveolar):<br />

trato respiratório: nasal, tráquio-bronquial e alveolar; Deposition: deposição; Injection: injeção; Inhalation:<br />

inalação; Ingestion: ingestão; Food/water/clothes: alimentos, água e vestimentas contaminadas; air: ar; Drug<br />

delivery: entrega controlada de fármacos no organismo; Confirmed routes: rotas confirmadas; Potential routes:<br />

rotas potenciais.


21<br />

a) Mecanismos de transporte de material particulado e nanoparticula<strong>dos</strong>.<br />

A principal característica das nanopartículas é seu diminuto tamanho e elevada energia<br />

superficial, isto faz com que as nanopartículas se comportem quase como um fluído, quando<br />

dispersas no ambiente. Desta forma, as nanopartículas podem facilmente ser absorvidas pelo<br />

trato respiratório <strong>dos</strong> indivíduos, atingindo profundamente seus alvéolos pulmonares. Porém,<br />

sua elevada energia superficial faz com que as nanopartículas possuam uma elevada tendência<br />

de aglomeração aumentando sua massa e/ou seu volume pela incorporação de outras<br />

nanopartículas. O comportamento aero/hidrodinâmico do aglomerado de nanopartículas<br />

dependerá tanto de sua distribuição de tamanho e de volume destes aglomera<strong>dos</strong> (grau de<br />

aglomeração), como também de sua estabilidade física, uma vez que os aglomera<strong>dos</strong> maiores<br />

podem também liberar ou agregar mais nanopartículas ao longo do tempo dependendo do<br />

balanço de forças eletrostáticas, mecânicas ou mesmo magnéticas.<br />

Figura 11 – Avaliação da dispersão de materiais particula<strong>dos</strong> (nanotubos de carbono) durante<br />

etapa de transferência e manuseio. Fonte: referência [071].


22<br />

Classicamente, os estu<strong>dos</strong> do comportamento <strong>dos</strong> materiais particula<strong>dos</strong> presentes em um fluido<br />

nas diversas disciplinas da engenharia de ventilação, da biologia e da medicina do trabalho,<br />

classificam os aerodipersóides (aerossol) de acordo com a fração de material respirável<br />

distribuído em diferentes classes de tamanho (PM X ), onde o valor do subscrito X indica o valor<br />

de corte em mícrons de cada limite de classe. Como exemplo o PM 0,1 indica que o limite de<br />

corte do particulado presente possui dimensão inferior a 0,1 μm ou 100 nm. As figuras números<br />

12 e 13 apresentam a deposição das partículas nas três principais regiões do sistema respiratório<br />

[066,070], já a tabela 2 apresenta a classificação física <strong>dos</strong> materiais particula<strong>dos</strong> em função de<br />

sua distribuição de tamanho [067 e 068].<br />

Fração de<br />

partículas<br />

depositadas<br />

(1 = 100%)<br />

Diâmetro da partícula (Dp, micrômetros).<br />

Figura 12 – Deposição das partículas nas principais regiões do trato respiratório humano em<br />

relação ao diâmetro das partículas. Fonte: referência [066].


23<br />

LEGENDA:<br />

- Nasal airway: via nasal;<br />

- Pharynx: faringe;<br />

- Larynx: laringe;<br />

- Trachea: traquéia;<br />

- Bronchi: brónquios;<br />

- Nonrespiratory bronchioles: Bronquíolos<br />

não respiratórios;<br />

- Respiratory bronchioles: broquíolos<br />

respiratórios;<br />

- Alveolar sacs: sacos alveolares;<br />

- Alveolar capillary bed: leito alveolar<br />

capilar;<br />

- Pulmonary veins: veias pulomonares;<br />

- Pulmonary arteries: artérias pulmonares;<br />

- Lymph nodes: linfonó<strong>dos</strong> (nódulos<br />

linfáticos).<br />

Figura 13 – Aparelho respiratório humano e seus principais constituintes<br />

funcionais/morfológicos. Fonte: referência [070].<br />

Tabela 2 – Classificação física <strong>dos</strong> materiais particula<strong>dos</strong>.<br />

Nomenclatura das<br />

partículas<br />

PM X (μm)<br />

Descrição<br />

Massa de material particulado presente em um<br />

Particulado inalável: PM metro cúbico (m 3 ) que passa através de filtro<br />

100<br />

seletivo de 50% de eficiência no corte de material<br />

particulado com diâmetro aerodiâmico (*) de 100<br />

μm. Partículas capazes de entrar pelo nariz e/ou<br />

boca, depositando-se em qualquer lugar do trato<br />

respiratório.


24<br />

Particulado torácico: PM 25 diâmetro aerodinâmico de 10 μm. Partículas<br />

Idem, porém para um material particulado com<br />

capazes de penetrar além da laringe, depositando-se<br />

em qualquer local dentro <strong>dos</strong> pulmões e na região<br />

onde ocorrem as trocas gasosas.<br />

Idem, porém para um material particulado com<br />

Particulado respirável:<br />

- Grosseiras<br />

PM 10<br />

diâmetro aerodinâmico de 4μm. Partículas capazes<br />

de penetrar na região alveolar.<br />

- Finas PM 2,5 diâmetro aerodinâmico de 2,5 μm.<br />

Idem, porém para um material particulado com<br />

- Ultrafinas PM 0,1 diâmero aerodinâmico de 0,1 μm ou 100 nm.<br />

Idem, porém para um material particulado com<br />

(*) Diâmetro que representa a dimensão de uma partícula imaginária de formato esférico com<br />

densidade unitária e que tem o mesmo comportamento aerodinâmico, isto é, mesma velocidade<br />

de sedimentação da partícula real, que possui formato e densidade própria.<br />

Deve-se ressaltar que no ambiente de trabalho os meios de contaminação pelas vias respiratórias<br />

(inalação) e absorção pela pele são respectivamente os dois principais fatores de risco de<br />

contaminação <strong>dos</strong> trabalhadores em contato com a síntese, manuseio, estocagem, stabilização,<br />

icorporação e o processamento de materiais contendo nanopartículas. A figura 14 apresenta os<br />

principais constituintes e morfologia típica do tecido e das células da pele, que funcionam como<br />

uma barreira primária de proteção contra a entrada de nanopartículas no organismo.


25<br />

LEGENDA:<br />

- Nerve fiber: fibra nervosa;<br />

- Blood and Lymph vessels: vasos sanguíneos e<br />

linfáticos;<br />

- Pacinian corpuscle: corpúsculo de Pacini;<br />

- Vein, artery: veia e artéria;<br />

- Sensory nerve ending for touch: terminações nervosas<br />

sensoriais do tato;<br />

- Dermis: derme;<br />

- Subcutaneous faty tissue (hypodermis): tercido subcutâneo<br />

adiposo (hipoderme);<br />

- Papilla of hear: bulbo capilar;<br />

- Hair follicle: folículo capilar;<br />

- Sebaceous (oil) gland: glândula sebácea;<br />

- Stratum germinativum: estrato germinativo;<br />

- Lymph nodes: linfonó<strong>dos</strong> (nódulos linfáticos);<br />

- Pigment layer: camada de pigmentação;<br />

- Langerhans/dendritic cells: células de Langerhans<br />

(células dendríticas);<br />

- Hair shaft: pelo;<br />

- Sweat pore: poro de suor;<br />

- Sweat gland: glandula sudorífica;<br />

- Dermal papilla: papila dermal.<br />

Figura 14 – A epiderme representa uma firme barreira contra a penetração de nanopartículas.(*)<br />

Fonte: referência [070].<br />

Quantitativamente a transfecção celular será conseqüentemente mínima ou inexistente sob<br />

condições normais, porém aumenta em áreas de teci<strong>dos</strong> mais flexíveis ou com danos (arranhões,<br />

escoriações, cortes ou fissuras). Uma vez rompida a barreira promovida pela derme, o sistema<br />

linfático apresenta a maior rota de transfecção celular facilitando a dispersão das nanopartículas<br />

através da contaminação de células dendíticas (epiderme) e macrófagos. Outro caminho<br />

potencial das nanopartículas inclui a densa rede do sistema circulatório e os nervos presentes na<br />

derme. Deve-se ressaltar que nanopartículas com sua superfície modificada com grupos<br />

biossulúveis/biocompatíveis (grupos –OH, grupos –COOH, áci<strong>dos</strong> graxos, lipossomas,<br />

proteínas, etc.), possuem comportamento distinto das nanopartículas sem superfície modificada<br />

no que se refere à biocinética <strong>dos</strong> processos de transfecção e interação celular ou mesmo<br />

molecular. Desta forma, o manuseio de nanoprtículas com superfície modificada deve respeitar


26<br />

procedimentos mais rigorosos e mais adequa<strong>dos</strong> quanto à proteção do trabalhador e escolha de<br />

sistemas de proteção coletiva e individual.<br />

Outra questão importante sobre o funcionamento da pele como barreira de proteção natural<br />

contra a contaminação por nanopartículas é que, sob certas circunstâncias, diferentes tipos de<br />

nanopartículas (compostos e/ou tamanho) podem penetrar a pele através <strong>dos</strong> orifícios foliculares<br />

ou pela matriz lipídica do estrato córneo [101,102,103]. A figura 15 apresenta os resulta<strong>dos</strong> de<br />

uma série de experiências empregando nanopartículas com tamanhos de 40, 750 e 1500 nm.<br />

Neste estudo, somente as partículas de 40 nm conseguiram penetar através da pele pelo folículo<br />

capilar atingindo o tecido em sua volta.<br />

Sumário das análise de penetração<br />

utilizando microscopia de<br />

varredura a laser e imagens de<br />

microscopia de fluorescência.<br />

(a,b) – Profunda penetração das<br />

nanopartículas de 40 nm, através<br />

do folículo capilar, com sinais de<br />

fluorescência nos teci<strong>dos</strong><br />

adjacentes;<br />

(c,d) – Nenhuma evidência de<br />

penetração das partículas de 750<br />

nm;<br />

(e,f) – Nenhuma evidência de<br />

penetração das partículas de 1500<br />

nm (1,5 micrômetros).<br />

Figura 15 – Avaliação da penetração, através do folículo capilar, de nanopartículas com<br />

direferntes tamanhos: (a,b) 40nm (0,1% sóli<strong>dos</strong>, 2.84 10 13 partículas/mL, n=6); (c,d) 750 nm<br />

(0,1% sóli<strong>dos</strong>, 1.08 10 10 partículas/mL); (e,f) 1.500 nm (0,1% sóli<strong>dos</strong>, 1,35 10 9 /mL). Fonte:<br />

adaptado da referência [103].


27<br />

b) Interação das nanopartículas com os sistemas biológicos.<br />

Após a contaminação do organismo pelas nanopartículas, uma série de interações e reações<br />

complexas e fatoriais, bio-fisico-químicas pode acontecer. Isto desencadeia um variado processo<br />

de defesa celular que muitas vezes é específico, dependendo do tipo de nanopartícula<br />

(composição química, distribuição de tamanho de partículas, morfologia, densidade,<br />

homogeneidade, tamanho médio, reatividade, mineralogia, estrutura cristalina, solubilidade,<br />

poder catalítico, modificação superficial, número de partículas, hidrofobicidade, potencial zeta,<br />

relação entre comprimento e espessura, biopersistência, etc.) e das células ou <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong><br />

atingi<strong>dos</strong> e seus mecanismos de defesa [072]. A figura número 16 mostra as várias e possíveis<br />

interações entre partículas de negro de fumo (exaustão de processos de combustão a diesel) e<br />

órgão e células humanas.<br />

LEGENDA:<br />

- Carbon black: negro de fumo;<br />

- Exposure: exposição;<br />

- Deposition: deposição;<br />

- Clearence: limpeza;<br />

- Particles: partícula;<br />

- Macrophage: macrófago;<br />

- Reactive oxygem species: espécies de oxigênio reativo;<br />

- Cytocines: citocinas;<br />

- Growth factor protease: fator de crescimento protease;<br />

- Inflamation: inflamação;<br />

- Cell injury: dano celular;<br />

- Cell proliferation: Proliferação celular;<br />

- Hyperplasie: hiperplasia;<br />

- Diesel exhaust: exautão à diesel<br />

- Organic chemicals: compostos orgânicos;<br />

- Activation: ativação;<br />

- DNA adducts: Parte de DNA ligado a agentes químicos<br />

indutores de câncer;<br />

- Mutations: mutações;<br />

- Initiated cell: célula inicializada;<br />

- preneoplastic lesion: lesão pré-neoplástica;<br />

- Malignant tumor: tumor maligno.<br />

Figura 16 – Seqüência de interações entre partículas finas (negro de fumo) e de material particulado<br />

gerado nos sitemas de exaustão de motores a diesel e as reações de defesa em nível celular em orgãos e<br />

teci<strong>dos</strong> lesiona<strong>dos</strong>. Fonte: referência [073].


28<br />

A combinação de partículas diminutas de elevada área superficial e sua habilidade de gerar<br />

espécies químicas contendo oxigênio reativo tem sido indicada como um <strong>dos</strong> principais fatores<br />

indutivos de danos pulmonares [077]. De uma forma genérica e hipotética, a interação entre as<br />

nanopartículas pode gerar processos inflamatórios através de perturbações do estresse oxidativo<br />

e/ou do decréscimo do cálcio citossólico. Estes processos são apresenta<strong>dos</strong> de forma<br />

esquemáticas nas figuras 17 e 18 apresentadas a seguir.<br />

LEGENDA:<br />

- Inflammation: inflamação;<br />

- Inflammatory mediators: mediadores<br />

inflamatórios;<br />

- Phagocytosis: fagocitose;<br />

- Signaling pathways: caminhos de sinalização<br />

- Increased cytosolic calcium and oxidative stress:<br />

aumento do cálcio citossólico e estresse oxidativo;<br />

- Particle surface causes oxidative stress: superfície<br />

da particula causa estresse oxidativo;<br />

- Particle releases transition metals: partícula libera<br />

metais de transição.<br />

Figura 17 – Interação celular hipotética de nanopartículas com o sistema biológico. Fonte:<br />

referência [070].<br />

No esq uema apresentado na figura 16 temos: o EGFR - fator receptor de crescimento dérmico;<br />

inflamação e estresse oxidativo pode ser mediado por diferentes caminhos: (a) A superfície da<br />

partícula causa stresse oxidativo resultando no incremento de cálcio intracelular e ativação de<br />

genes; (b) metais de transição libera<strong>dos</strong> das partículas resultam em stresse oxidativo,<br />

aumentando o nível de cálcio intracelular e ativação de genes; (c) receptores celulares<br />

superficiais são ativa<strong>dos</strong> por metais de transição libera<strong>dos</strong> pelas partículas, resultando em


29<br />

subseqüente ativação de genes ou (d) distribuição intracelular de nanopartículas na mitocôndria<br />

gerando stresse oxidativo.<br />

LEGENDA:<br />

- UV: radiação ultravioleta;<br />

- Electron/donor/acceotor active groups:<br />

grupos ativos de doadores/receptores de<br />

elétrons;<br />

- Fenton chemistry: química de radicais<br />

oxidantes basea<strong>dos</strong> no peróxido de<br />

hidrogênio dissociado em OH - e H + quando<br />

em contato com ferro (II);<br />

- Passivation: passivação;<br />

- Dissolution: dissolução;<br />

- ROS – Reactive oxygen species: espécies<br />

de oxigênio reativo.<br />

Figura 18 – Possíveis eecanismos pelos quais os nanomateriais interagem com os teci<strong>dos</strong><br />

biológicos. Fonte: referência [077].<br />

Na figura 18, exemplos ilustram a importância da composição química do material, estrutura<br />

eletrônica, espécies ligadas à superfície, coberturas superficiais (ativas ou passivas) e<br />

solubilidade incluindo a contribuição das espécies superficiais e coberturas e suas interações<br />

com outros fatores ambientais (por exemplo, a ativação por radiação ultravioleta).<br />

Outros tipos de problemas que podem ser causa<strong>dos</strong> pelas nanopartículas quando estas entram no<br />

sistema circulatório é a possibilidade de trombose e parada do sistema cardiovascular em função<br />

do bloqueio da passagem do fluxo sangüíneo pelas artérias e veias. A figura número 19<br />

apresenta de forma esquemática o fluxograma deste processo.


30<br />

LEGENDA:<br />

-PCNP: Nanopartículas presentes nos<br />

pulmões;<br />

- Blood-borne particles: Partículas<br />

disseminadas através da corrente sanguínea;<br />

- Endothelial activation: ativação endotelial;<br />

- Atherosclerotic plaque: placa<br />

arterioesclerótica;<br />

- Destabilisation: desestabilização;<br />

- Plaque rupture: ruptura da placa;<br />

- Systemic inflammation: inflamação<br />

sistêmica;<br />

- Lung inflammation: inflamação do pulmão;<br />

- Thrombosis: trombose;<br />

- Ischemia: isquemia<br />

- Cardiovascular death or hospitalisation:<br />

morte cardivascualr ou internação hospitalar.<br />

Figura 19 – Alguns <strong>dos</strong> possíveis mecanismos e caminhos para a ação de nanopartículas no<br />

sistema cardiovascular, dando ênfase especial aos problemas coronários arteriais. Fonte:<br />

referência [052,078].<br />

A habilidade das nanopartículas de acessarem a corrente sangüínea tem sido observada em<br />

estu<strong>dos</strong> utilizando animais. Nestes casos, as nanopartículas são administradas via inalação,<br />

entrando no sistema circulatório pelos pulmões. Uma vez no sistema circulatório, as<br />

nanopartículas podem interagir com o endotélio, ou produzir efeitos diretamente sobre as placas<br />

arterioescleróticas, inflamação local e desestabilização das placas coronária resultando na<br />

ruptura, trombose ou síndrome coronariana aguda. As partículas também podem interagir como<br />

fatores de coagulação promovendo trombose e acidentes cardiovasculares. Ainda hoje, estas<br />

observações não foram comprovadas em humanos, porém estes estu<strong>dos</strong> indicam que este<br />

mecanismo de interação e suas conseqüências são uma hipótese plausível pela similaridade<br />

entre os sistemas imunológicos <strong>dos</strong> mamíferos.


31<br />

Apesar <strong>dos</strong> vários estu<strong>dos</strong> e toda a controvérsia ainda existente sobre o assunto é unânime a<br />

afirmação de que as nanopartículas de mesma composição química quando avaliadas em termos<br />

de massa são mais tóxicas que as mesmas partículas quando estas apresentam elevado tamanho<br />

dimensional. Revisões técnicas sobre o assunto de nanotoxicidade podem ser obtidas nas<br />

seguintes referências indicadas a seguir [070,075,076], já a tabela número 3 apresenta um<br />

resumo <strong>dos</strong> principais efeitos experimentais de testes com nanopartículas e seus possíveis<br />

efeitos patofisiológicos.<br />

Tabela 3 – Efeitos das nanopartículas como base para a patofisiologia e toxicidade. Efeitos<br />

suporta<strong>dos</strong> por evidencias experimentais limitadas são marca<strong>dos</strong> com (*), enquanto que os<br />

efeitos suporta<strong>dos</strong> por limitada evidência clínica são marca<strong>dos</strong> com (**).<br />

Efeitos experimentais das<br />

Possíveis patofisiológicos resulta<strong>dos</strong><br />

nanopartículas<br />

Geração de espécies de oxigênio<br />

reativo - ROS (reactive oxygen<br />

Proteínas, DNA e dano às membranas (*), estresse<br />

oxidativo (**).<br />

species). (*)<br />

Stresse oxidativo. (*)<br />

Indução enzimática (fase II), inflamação (**), perturbação<br />

mitocondrial (**).<br />

Perturbação mitocondrial. (*) Dano superficial na camada da membrana celular (*);<br />

transição na permeabilidade de abertura <strong>dos</strong> poros (*);<br />

falha de energia (*); apopitose (*); aponecrose (*)<br />

citotoxicidade (*).<br />

Inflamação. (*)<br />

Infiltração <strong>dos</strong> teci<strong>dos</strong> com inflamação celular (**); fibrose<br />

(**); granulomas (**); aterogênese (**); expressão aguda<br />

de fases protéicas (ex: proteína reativa-C).


32<br />

Absorção através do sistema<br />

retículo-endotelial. (*)<br />

Seqüestro assintomático e armazenamento no fígado (*),<br />

baço, nódulos linfáticos (**); possível aumento e disfunção<br />

de órgãos.<br />

Desnaturalização e degradação<br />

Perda de atividade enzimática (*), auto-antigenecidade.<br />

de proteinas. (*)<br />

Absorção nuclear (celular). (*) Dano ao DNA, coleta de proteínas nucleares (*);<br />

autoantígenos.<br />

Absorção do tecido nervoso<br />

Danos ao cérebro e tecido nervoso periférico<br />

(neurônios). (*)<br />

Perturbação na função de<br />

fagocitose.<br />

Disfunção endotelial, efeitos na<br />

Inflamação crônica (**); fibrose (**); granulomas (**);<br />

interferência na eliminação de agentes infecciosos (**).<br />

Aterogênesis, tromboses(*); AVC(*); infarto do miocárdio.<br />

coagulação sangüuínea.<br />

Geração de neoantígenos,<br />

Autoimunização e efeitos adjuvantes.<br />

ruptura na tolerância imune.<br />

Alteração no ciclo de regulação<br />

celular.<br />

Dano ao DNA.<br />

Proliferação, remoção do ciclo celular e envelhecimento<br />

celular.<br />

Mutagênesis, metaplasia e carcinogênesis.<br />

Outro ponto importante que se deve destacar é que o desencadeamento de doenças e processos<br />

degenerativos celulares decorrentes da interação entre nanopartículas, ou mesmo agentes<br />

químicos em geral e materiais particula<strong>dos</strong> pode provocar uma série de problemas de saúde, tais<br />

como: elevação da mortalidade, hospitalização, aumento de sintomas respiratórios, diminuição<br />

da função respiratória, elevação da viscosidade do plasma, mudanças no rítmo e variabilidade<br />

cardíaca, inflamação pulmonar, câncer, reações alérgicas, etc. [079]. Está claro também que a


33<br />

susceptibilidade aos efeitos à saúde <strong>dos</strong> indivíduos quando em contato com material<br />

nanoparticulado não é o mesmo quando se compara um indivíduo com outro, havendo<br />

diferenças de respostas biológicas de indivíduo para indivíduo. Os fatores que determinam a<br />

susceptibilidade interindividual são extremamente complexos e incluem também os fatores<br />

ambientais (extrínsecos) e individuais como: idade, parâmetros de resposta farmacocinéticos e<br />

famacodinâmicos, doenças pré-existentes, nutrição, além de fatores genéticos. A figura 20<br />

apresenta os principais fatores de susceptibilidade decorrente da interação de partículas e a<br />

resposta cardivascular.<br />

LEGENDA:<br />

- Phenotypes: fenótipos;<br />

- Cardiopulmonary response: resposta cardiopulmonar;<br />

- Susceptibility factors: fatores de susceptibilidade;<br />

- Age: idade;<br />

- Socioeconomic status: posição sócio-econômica;<br />

- Genetic background: base genética;<br />

- Pre-existing disease: doença pré-existente;<br />

- Age: idade;<br />

- Elderly: maturidade (envelhecimento);<br />

- Education: educação;<br />

- Nutrition: nutrição;<br />

- Workplace: local de trabalho;<br />

- Inflammation: inflamação;<br />

- Coagulation: coagulação;<br />

- Antioxidant: antioxidante;<br />

- Innate immunity: imunidade inata;<br />

- Asthma: asma;<br />

- Diabetes: diabetes;<br />

- Atherosclerosis: arterioesclerose;<br />

- Arrhythmia: arritimia.<br />

Figura 20 – Fatores de susceptibilidade os quais podem influenciar a resposta cardiopulmonar à<br />

exposição de partículas. Fonte: referência [079].<br />

Deve-se atentar ainda que a pesquisa na área de nanotoxicidade ainda está incompleta, não<br />

sendo correto a extrapolação de resulta<strong>dos</strong> e avaliações de toxicidade, biocompatibilidade,<br />

ativação e desencadeamento de respostas do sistema imunológico obti<strong>dos</strong> em testes com


34<br />

partículas micro e sub-micrométricas com partículas nanométricas. Até mesmo partículas com<br />

dimensões próximas a 1 nm podem desencadear interações/reações diferentes quando<br />

comparadas com nanopartículas maiores (na faixa de 40 a 100 nm). O mais importante é utilizar<br />

o conhecimento prévio das diversas áreas da toxicologia, de modo a desenvolver estratégias<br />

baseadas no princípio da precaução, identificação <strong>dos</strong> riscos, comunicação e gestão da<br />

segurança e saúde ocupacional (análise de risco, adequação de projeto, identificaçãos <strong>dos</strong><br />

agentes, etc). As figuras 21 e 22 apresentam respectivamente, os cinco maiores desafios para o<br />

desenvovimento seguro da nanotecnologia e da estratégia de gestão da análise de decisão<br />

aplicada à nanopartículas manipuladas no ambiente de trabalho.<br />

Figura 21 – Os cinco maiores desafios para o desenvolvimento seguro da nanotecnologia. Fonte:<br />

referência [080].<br />

LEGENDA:<br />

1) Desenvolvimento de amostrador universal para materiais nanoestrutura<strong>dos</strong> dispersos ao ar;<br />

1) Desenvolvimento de instrumentos para monitoramento de nanopartículas dispersas em meio<br />

líquido/aquoso;<br />

1) Desenvolvimento de sensores inteligentes capazes de indicar o potencial de risco à saúde;<br />

2) Avaliação se o formato fibróide das nanopartículas conferem um risco singular à saúde;<br />

2) Desenvolvimento de protocólogos para a realização de testes e determinação de toxicidade;<br />

2) Desenvolvimento de alternativas validadas para testes de toxicidade de nanomateriais pela técnica in<br />

vitro;<br />

3) Desenvolvimento de modelos do comportamento das nanopartículas dispersas no meio-ambiente;<br />

3) Desenvolvimento de méto<strong>dos</strong> seguros de produção e manipulação de nanomateriais em todas as<br />

fases de concepção e projeto;<br />

3) Desenvolvimento de modelos de predição do comportamento das nanopartículas artificialmente<br />

produzidas em seres humanos;<br />

4) Desenvolvimento de habilidade para a avaliação do impacto <strong>dos</strong> nanomateriais engenha<strong>dos</strong> desde de<br />

a sua concepção (nascimento) até o final de sua vida útil/descarte (túmulo);<br />

5) Desenvolvimento de programa estratégico de pesquisa.


35<br />

Figura 22 – Gestão da tomada de decisão para o caso de nanopartículas no ambiente de trabalho<br />

e a busca do nível de controle apropriado (*). Fonte: referência [081].<br />

c) Riscos durante o processo de armazenamento e manuseio <strong>dos</strong> nanomateriais.<br />

As etapas de armazenamento e manuseio são críticas na utilização de nanomateriais, uma vez<br />

que, é neste momento que ocorre o primeiro contato entre os trabalhadores e os nanomateriais.<br />

São nas pequenas transferências e coletas de amostras para a realização de ensaios de<br />

caracterização e controle de qualidade que os nanomateriais podem iniciar sua dispersão pelo<br />

ambiente. Neste momento também os nanomateriais podem entrar em contato com o ar<br />

atmosférico e ficando mais sujeitos à umidade, fagulhas e descargas elétricas geradas por<br />

eletricidade estática ou pelo atrito.<br />

Uma série de procedimentos operacionais e padrões de segurança devem ser avalia<strong>dos</strong>,<br />

observa<strong>dos</strong> e respeita<strong>dos</strong>, a fim de garantir o armazenamento e manuseio seguro <strong>dos</strong><br />

nanomateriais. A tabela número 4 apresenta os principais cuida<strong>dos</strong> iniciais a serem toma<strong>dos</strong><br />

quando do manuseio e estocagem de materiais nanoparticula<strong>dos</strong>.<br />

(*) Legenda: Less certain: menor certeza; Hazard identification and risk assessment: identificação e análise de<br />

risco; More certain: maior certeza; More precautionary: maior precaução; Risk communication and management:<br />

comunicação e gestão de risco; Less precautionary: menor precaução.


36<br />

Tabela 4 – Alguns <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> e medidas preventivas e corretivas a serem adotadas quando do<br />

manuseio de materiais nanoparticula<strong>dos</strong>.<br />

Atividades Riscos Precauções<br />

Recebimento <strong>dos</strong><br />

nanomateriais<br />

Coleta de amostra<br />

para controle de<br />

qualidade do lote<br />

Coleta de amostras<br />

para controle de<br />

qualidade do lote e<br />

armazenamento<br />

<strong>dos</strong> nanomateriais<br />

(amostragem).<br />

Dispersão do<br />

material através<br />

do ambiente;<br />

Dispersão do<br />

material através<br />

do ambiente;<br />

Explosão ou<br />

degradação do<br />

material por<br />

reações de<br />

hidratação,<br />

combustão<br />

espontânea ou<br />

acidental;<br />

Ter local apropriado para o recebimento <strong>dos</strong><br />

nanomateriais;<br />

- Garantir que as embalagens não sejam danificadas<br />

(rasgadas, furadas, contaminadas, etc.);<br />

- Utilizar equipamentos de proteção coletiva e<br />

individual adequa<strong>dos</strong> ao tipo de nanomaterial e<br />

ambiente de trabalho;<br />

- Ter procedimentos e equipe técnica/operacional<br />

treinada e capacitada para lidar com os riscos de<br />

cada tipo de nanomaterial manuseado;<br />

- Receber amostras certificadas e de fornecedores<br />

idôneos, diminuindo a necessidade de<br />

rechecagem/amostragem e re-análises;<br />

- Utilizar embalagens de fácil manuseio;<br />

- Utilizar equipamentos de proteção coletiva e<br />

individual adequa<strong>dos</strong>;<br />

- Ter controle das necessidades de coleta de<br />

alíquotas/amostras <strong>dos</strong> nanomaterias de forma a<br />

minimizar descartes;<br />

- Ter instalações, sistemas de embalagens<br />

adequadas e compatíveis com o tipo de<br />

nanomaterial manuseado e estocado (umidade e<br />

teor de oxigênio e/ou atmosfera inerte controlada,<br />

controle térmico, isolamento de fontes de calor<br />

excessivo, faíscas ou chamas);<br />

- Utilizar embalagens adequadas de forma a<br />

minimizar cargas eletrostáticas;<br />

- Utilizar sistemas aterramento elétrico;


37<br />

- Utilizar utensílios/ferramentas que não produzam<br />

fagulhas ou faíscas;<br />

- Utilizar equipamentos de proteção coletiva e<br />

individuais adequa<strong>dos</strong> (incluindo as vestimentas) e<br />

compatíveis à natureza físico-química <strong>dos</strong><br />

nanomateriais manusea<strong>dos</strong> e suas formas<br />

(dispersões em líqui<strong>dos</strong> ou meio sólido).<br />

c.1) Risco de incêndio e explosão.<br />

O risco de incêndio e explosão das atividades de manuseio é inerente quando se trabalha com<br />

materiais com alta energia armazenada. No caso de nanomaterias, a diminuição do tamanho das<br />

partículas aumenta consideravelmente a energia superficial (e total) do sistema particulado.<br />

Porém, ainda faltam da<strong>dos</strong> confiáveis sobre o risco potencial de cada tipo de nanomaterial.<br />

Méto<strong>dos</strong> convencionais de medição de particula<strong>dos</strong> dispersos no ambiente podem gerar<br />

resulta<strong>dos</strong> incorretos [036,041,076,082]. Nestes casos, alguns parâmetros e procedimentos<br />

devem e podem ser avalia<strong>dos</strong> de forma mais preventiva, tais como:<br />

- Evitar a formação de nuvens de nanomaterial eclausurado no ambiente (utilização de sistema<br />

de filtragem ou exaustão com filtragem <strong>dos</strong> gases);<br />

- Utilizar de sistemas anti-faísca, anti-eletricidade estática e anti-fagulhas ou embalagens a<br />

vácuo e termicamente estáveis;<br />

- Reduzir a quantidade de material armazenado;<br />

- Reduzindo a temperatura e pressão <strong>dos</strong> processos de síntese <strong>dos</strong> nanomateriais;<br />

- Instalando barreiras físicas (“glove box”, capelas protetoras) de material resistente e adequado<br />

a cada situação;<br />

- Utilizar de atmosfera inerte (argônio ou nitrogênio), quando do manuseio de nanometais, de<br />

forma a evitar reações de oxidação. Caso não seja possível utilizar atmosfera inerte é necessário<br />

o monitoramento do nível de oxigênio do ambiente;


38<br />

- Estabilizar os nanomateriais, especialmente metais ou semi-metais em líqui<strong>dos</strong>/meios<br />

compatíveis para a formação de “coating” protetores contra reações de oxidação ou reações de<br />

combustão/explosão (camadas protetoras de sais, polímeros, óleos, emulsões estáveis ou<br />

inertes);<br />

- Nem sempre os mecanismos de ignição e extensão das reações são os mesmos para<br />

nanomateriais e seus similares micrométricos. Logo, uma avaliação caso a caso, deve ser feita<br />

(energia mínima de ignição, concentração mínima de explosão, pressão máxima de explosão e<br />

índice de violência da explosão);<br />

- Nanomateriais (principalmente metais e/ou semi-metais) que tendem a aglomerar-se<br />

apresentam a mesma característica de violência explosiva (mesma ordem de magnitude) <strong>dos</strong><br />

materiais micrométricos da mesma substância;<br />

- Utilizar zonas de exclusão (acesso restrito) bem definidas nos locais de armazenamento <strong>dos</strong><br />

nanomateriais;<br />

- Utilizar e instalar sistemas de proteção contra incêndio, utilizando agentes de resfriamento ou<br />

remoção de comburente adequado à natureza química e quantidade de nanometariais estocado<br />

ou manuseado.<br />

d) Adequação <strong>dos</strong> equipamentos de proteção individual (luvas, roupas protetoras,<br />

respiradores, etc.).<br />

O uso correto de equipamentos de proteção coletiva e individual sempre deve fazer parte de um<br />

programa global de proteção e saúde do trabalhador [083] em conjunto com as recomendações e<br />

exigências legais de proteção da saúde e segurança do trabalhador tais como a NR-7 (PCMSO -<br />

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e NR-9 (PPRA - Programa de Prevenção de<br />

Riscos Ambientais). A escolha, análise e acompanhamento da eficácia da proteção e seu correto<br />

uso por parte do trabalhador, deve ter acompanhamento especializado de profissionais


39<br />

capacita<strong>dos</strong> e habilita<strong>dos</strong> nas da aéreas de saúde e segurança ocupacional. Em função da<br />

especificidade e eficiência de cada tipo e EPI (equipamento de proteção individual) ou EPC<br />

(equipamento de proteção coletiva), as informações sumarizadas a seguir são apenas genéricas,<br />

servindo como uma guia geral não devendo ser extrapoladas para casos específicos.<br />

d.1) Respiradores e filtros de material particulado.<br />

A correta indicação <strong>dos</strong> tipos de máscaras e respiradores leva em conta uma série de fatores de<br />

ordem operacional e ambiental, além de serem específicos para as atividades e agentes presentes<br />

no ambiente de trabalho. Entre as principais variáveis a serem observadas na escolha correta <strong>dos</strong><br />

respiradores estão [084,085];<br />

- O agente químico e o ambiente, (concentração, compatibilidade química do sistema filtrante,<br />

distribuição do tamanho das partículas, fluxo de material particulado, nível de oxigênio, etc.);<br />

- O fator de proteção exigido;<br />

- O ajuste <strong>dos</strong> respiradores (vedação, atividade do trabalhador, etc.);<br />

- Características, capacidade e limitações das máscaras e <strong>dos</strong> filtros;<br />

- O cuidado com o equipamento (limpeza, uso correto, treinamento).<br />

No caso <strong>dos</strong> nanomateriais, vários estu<strong>dos</strong> têm indicado que a utilização de sistema de filtragem<br />

do tipo HEPA é capaz de capturar nanopartículas de forma a proteger eficientemente os<br />

trabalhadores. Em casos mais complexos, a indicação de sistemas autônomos (ar mandado)<br />

podem/devem ser uma alternativa avaliada. A figura 23 apresenta os resulta<strong>dos</strong> de testes de<br />

eficiência na captura de material particulado e penetração de nanopartículas de grafite em<br />

diferentes situações e configurações do meio filtrante: (a) Ensaio de penetração - filtro<br />

eletrostático, (b) ensaio de penetração - filtros HEPA, fibra de vidro, membrana de PTFE [041].


40<br />

Figura 23 – Resultado de testes de avaliação de filtros para a captura de material particulado,<br />

utilizando nanopartículas de grafite em diferentes condições, (a) filtros eletrostáticos, (b) filtros<br />

de membrana diversos. Fonte: adaptado da referência [041].<br />

Deve-se ressaltar que filtros do tipo HEPA (high efficiency particulate air filters) não capturam<br />

moléculas gasosas ou vapores, sendo que sua eficiência pode ser comprometida para partículas<br />

abaixo de 10 nm [078]. As figuras 24 e 25 apresentam respectivamente, os resulta<strong>dos</strong> de testes<br />

laboratorias utilizando diferentes luvas e vestimentas de segurança.<br />

Porosidade<br />

Figura 24 – (a) Teste de porosidade de luvas utilizando hélio gasoso (0,3 nm), indicando que a<br />

interação da molécula gasosa de hélio é específica para cada tipo de material da luva; (b)<br />

diagrama com o esquema do princípio físico do teste. Fonte: adaptado da referência [041].


41<br />

LEGENDA:<br />

- Particulate flow: fluxo de material particulado;<br />

- Cotton: algodão;<br />

- Polypropylene: polipropileno;<br />

- Tyvek: tyvek, tecido sintético (olefinas), marca<br />

registrada® Dupont;<br />

- Particles flow: fluxo de partículas;<br />

- Measure: counting granularity: contagem<br />

granulométrica.<br />

- Filtered air: ar filtrado;<br />

Figura 25 – Resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> testes de avaliação da eficiência de proteção das vestimentas de<br />

segurança utilizando diferentes tipos de teci<strong>dos</strong> sintéticos ou não. Fonte: referência: [041].<br />

No teste de avaliação das vestimentas (figura 25), foram utilizadas nanopartículas de grafite<br />

com distribuição monodispersa de 40 e 80 nm. Os resulta<strong>dos</strong> são claros quanto à melhor<br />

eficiência <strong>dos</strong> tecido sintético Tyvek® (Dupont) sobre os teci<strong>dos</strong> de polipropileno e de algodão.<br />

Proteção da pele, mãos e uso de luvas: Em alguns casos tem-se indicado a utilização de pares duplos de luvas de<br />

latex, vinil ou nitrila, etc. além da inspeção contra defeitos, furos e rasgos visando um maior nível de proteção<br />

quando do manuseio de material nanoparticulado. Deve-se ressaltar ainda que o tipo de material da luva deve ser<br />

também compatível com o meio líquido ou solvente utilizado para dispersar e/ou estabilizar os nanomateriais.<br />

Fonte: referência [098].


42<br />

3 - COMPÓSITOS REFRATÁRIOS DE MATRIZ CERÂMICA – CRMC.<br />

Os materiais compósitos refratários de matriz cerâmica (*) são basicamente uma mistura de<br />

diferentes componentes com funções, propriedades e características específicas para aplicações<br />

em ambientes agressivos e em condições de elevada temperatura > 1580 o C, onde mantêm sua<br />

estabilidade físico-química e estrutural por um determinado período de tempo [086]. Em sua<br />

composição, pode haver uma grande quantidade de diferentes elementos, componentes e<br />

substâncias químicas, sendo estes materiais compósitos forma<strong>dos</strong> tipicamente por misturas de<br />

óxi<strong>dos</strong> com elevado ponto de fusão, mas também, carbono/grafita, carbetos, boretos, nitretos,<br />

alguns metais (Si, Al, Mg e suas ligas), além de aditivos e substâncias orgânicas como as resinas<br />

fenólicas, resinas furfurílicas e os piches (sólido ou líquido). A figura 26 apresenta os principais<br />

sistemas óxi<strong>dos</strong>-carbono-carbetos utiliza<strong>dos</strong> em compósitos refratários.<br />

Figura 26 – Os principais sistemas: óxido-carbono-carbeto-boro, utiliza<strong>dos</strong> na produção de<br />

CRMC. Fonte: referência [087].<br />

(*) Os materiais refratários monolíticos também podem ser considera<strong>dos</strong> compósitos refratários de matriz<br />

cerâmica, incluindo neste caso os concretos, as argamassas refratárias e as peças e dispositivos pré-molda<strong>dos</strong>.


43<br />

3.1 - Produção de compósitos refratários de matriz cerâmica.<br />

A produção de materiais compósitos de matriz cerâmica pode ser simplificadamente descrita por<br />

operações de pesagem, <strong>dos</strong>agem e a mistura de matérias-primas, com composição química,<br />

mineralógica e granulométrica bem definida, seguida por processos de conformação, inspeção,<br />

tratamentos térmicos (secagem/cura/queima). A figura 27 apresenta o fluxo esquemático deste<br />

processamento.<br />

Óxi<strong>dos</strong>, argilas, aditivos<br />

químicos, água, resina, piche,<br />

carbono, grafita, metais,<br />

carbetos, boretos, etc.<br />

Matérias-primas<br />

Manuseio: pesagem &<br />

<strong>dos</strong>agem<br />

Mistura<br />

Controle de qualidade:<br />

- Composição química;<br />

- Fases mineralógicas;<br />

- Distribuição granulométrica<br />

Homegenização <strong>dos</strong><br />

diferentes materiais e do<br />

sistema ligante, visando à<br />

garantia do nível de<br />

resitência mecânica à verde<br />

após prensagem.<br />

Conformação – compósitos<br />

resina<strong>dos</strong> ou picha<strong>dos</strong><br />

Prensagem<br />

Conformação compósitos<br />

queimad<strong>dos</strong><br />

Prensagem<br />

Forma,<br />

consolidação<br />

das partículas<br />

e diminuição<br />

da porosidade<br />

Tratamento térmico: cura<br />

(impregnação)<br />

Inspeção<br />

Tratamento térmico: secagem<br />

e queima<br />

Remoção da<br />

umidade,<br />

sinterização e<br />

elevação das<br />

propriedades<br />

mecânicas<br />

Expedição<br />

Produto final – aplicação<br />

Figura 27 – Fluxograma típico da produção de compósitos refratários de matriz cerâmica<br />

(produtos conforma<strong>dos</strong>). Fonte: referência [087].


44<br />

Do ponto de vista da saúde ocupacional e da segurança do trabalho, a produção de materiais<br />

compósitos refratários de matriz cerâmica exige uma série de cuida<strong>dos</strong> especiais além de<br />

profissionais treina<strong>dos</strong> e capacita<strong>dos</strong> para o manuseio de matérias-primas cerâmicas, reagentes<br />

químicos, aditivos diversos, polímeros, além de máquinas, equipamentos e sistemas de<br />

produção cada vez mais complexos, tais como: sistemas de <strong>dos</strong>agem automatiza<strong>dos</strong>,<br />

misturadores de alta eficiência, prensas automáticas ou semi-automáticas de fricção ou<br />

hidráulicas, processos de impregnação em alta pressão, sistemas e fornos de tratamento térmico<br />

e queima em elevadas temperaturas, etc.<br />

Os principais riscos e exposições <strong>dos</strong> trabalhadores são:<br />

- Contato com agentes químicos diversos como: óxi<strong>dos</strong> e elementos refratários, metais e semimetais<br />

em pó, resinas fenólicas, piches, polímeros, etc. (riscos químicos e ambientais);<br />

- Poeiras e materiais particula<strong>dos</strong> (riscos químicos e de explosão das névoas metálicas);<br />

- Operação de prensas de alta capacidade e equipamentos com partes e sistemas móveis (riscos<br />

de esmagamento, corte e mutilação);<br />

- Manuseio de peças com formatos, pesos e acabamentos distintos (riscos ergonômicos);<br />

- Movimentação de peças e operação de fornos em elevadas temperaturas (estresse térmico e<br />

riscos de queimaduras);<br />

- Extensa movimentação de materiais na forma de “pallets”, carros de transferência e transporte<br />

por empilhadeiras (riscos de atropelamentos, queda de embalagens e esmagamentos);<br />

- Embalagens (riscos de cortes, queimaduras e esmagamentos);


45<br />

3.2 - Aditivos nanométricos com potencial de uso para a produção de compósitos<br />

refratários de matriz cerâmica.<br />

Os principais nanomateriais com potencial de uso para a produção de CRMC são, em princípio,<br />

os mesmos componentes utiliza<strong>dos</strong> atualmente, ou seja, óxi<strong>dos</strong> diversos, metais (Al, Si, Mg,<br />

ligas: Al-Si, Al-Mg, etc.), carbono (amorfo, semi-cristalino ou cristalino), carbetos, nitretos e<br />

boretos (SiC, B 4 C, Si 3 N 4 , SIALON, etc.), sendo que uma novidade possível de ser empregada<br />

na produção destes materiais compósitos são as novas formas alotrópicas do carbono (fulerenos)<br />

e, em especial, os nanotubos de carbono, por apresentarem elevada resistência mecânica,<br />

elevada condutividade térmica/elétrica e baixa densidade.<br />

3.2.1 - Aditivos metálicos (semi-metais) nanométricos.<br />

Os aditivos metálicos presentes nos compósitos refratários possuem várias funções, entre elas,<br />

proteger e/ou minimizar a oxidação do carbono, aumentar a resistência mecânica em elevadas<br />

temperaturas, pela formação de carbetos metálicos e, em alguns casos, funcionam como agentes<br />

catalisadores de reações que promovem a grafitização <strong>dos</strong> compostos de carbono. A seguir são<br />

apresentadas resumidamente, as principais reações químicas envolvendo os aditivos metálicos e<br />

o carbono nos compósitos refratários de matriz cerâmica.<br />

a) Alumínio:<br />

Al(s/l) + C(s) → Al 4 C 3 (s)<br />

Al 4 C 3 (s) + CO(g) → Al 2 O 3 (s) + C(s)<br />

b) Silício:<br />

Si(s/l) + C(s) → SiC(s)<br />

SiC(s) + 2CO(g) → SiO 2 + 3C(s)


46<br />

c) Mangnésio:<br />

Mg(s) → Mg(l)<br />

2Mg(l) + O 2 (g) → 2 MgO(s)<br />

Mg(l) + CO(g) → MgO(s) + C(s)<br />

Neste ponto é importante ressaltar que a produção, armazenamento, manuseio e o uso <strong>dos</strong><br />

metais na forma de pós, usualmente utiliza<strong>dos</strong> nos CRMC, são operações críticas do ponto de<br />

vista de segurança no ambiente de trabalho, uma vez que o aumento da área superficial causada<br />

pela diminuição do tamanho das partículas aumenta a reatividade e conseqüentemente o risco de<br />

explosão destes metais. Quando se trabalha com metais em nível nanométrico estes devem estar<br />

passiva<strong>dos</strong>, ou seja, recobertos por uma camada protetora (óleos, óxi<strong>dos</strong>, sais, emulsões,<br />

polímeros) ou manusea<strong>dos</strong> em atmosfera livre de oxigênio (gases inertes) e sem contato com<br />

água. As reações de oxidação <strong>dos</strong> metais com o ar geram calor (materiais pirofóricos) e, em<br />

alguns casos, explosão. No caso da água, esta pode ser quebrada pela reação com o metal,<br />

formando gás hidrogênio de acordo com a posição do metal na fila eletroquímica (*). A seguir<br />

são apresentadas as reações químicas genéricas que fazem da produção, manuseio e do uso de<br />

metais finamente dividi<strong>dos</strong> ou em dimensões nanométricas atividades potencialmente perigosas.<br />

2Me(s) + x/2O 2 (g) → Me 2 O x(s) + energia (calor)<br />

2Me(s) + xH 2 O → Me 2 (OH) x + xH 2 (g)<br />

Me(s) → Me n+ (aq) + ne<br />

-<br />

Onde: Me(s) – metal finamente dividido no estado sólido;<br />

Me 2 O (s) – óxido do metal Me;<br />

x<br />

Me 2 (OH) x – hidróxido do metal Me;<br />

n e - – número de elétrons de carga (-1)<br />

(*) Série/fila eletroquímica: (inerte) ouro < platina < prata < mercúrio < cobre < hidrogênio < chumbo < estanho <<br />

níquel < cobalto < ferro < cromo < zinco < manganês < alumínio < magnésio < sódio < cálcio < potássio (+reativo)


47<br />

Exemplo: Magnésio:<br />

Oxidação violenta (pirofórico): 2Mg(s) + O 2(g) → MgO(s) + calor<br />

Reação com água (agente redutor): 2Mg(s) +3H O(l) → Mg(OH) (s/aq) + 3H (g)<br />

2 2 2<br />

Outro problema associado ao manuseio, produção e uso de metais ou semi-metais finamente<br />

dividi<strong>dos</strong>, em especial em dimensões nanométricas (< 100nm) é o potencial de contaminação,<br />

intoxicação e reações alérgicas pelo contato (absorção cutânea) ou pela contaminação através<br />

das vias respiratórias <strong>dos</strong> trabalhadores.<br />

Classicamente, as contaminações no ambiente de trabalho por metais são observadas somente<br />

em trabalhadores sujeitos a um contato direto com fumos metálicos ou vapores de metais<br />

fundi<strong>dos</strong>/líqui<strong>dos</strong> de baixa pressão de vapor. Indiretamente, pode haver também a<br />

contaminações pela ingestão acidental ou pelo uso de alimentos contamina<strong>dos</strong>.<br />

O manuseio de materiais e metais nanoparticula<strong>dos</strong> (


48<br />

Tabela 5 – Principais doenças ocupacionais, limites de exposição e limites internacionais de<br />

referência para a exposição de trabalhadores a metais e semi-metais emprega<strong>dos</strong> na produção de<br />

CRMC. Fonte: referências [090, 091, 092, 095, 096,097].<br />

Metal/semi-<br />

Possíveis doenças ocupacionais<br />

Valor indicativo<br />

Observações<br />

metal<br />

ou efeito sobre o ser humano<br />

(NIOSH,<br />

ACGIH, OSHA)<br />

Alumínio Pneumoconiose, neurotoxicidade. NIOSH: 5mg/m 3<br />

Silício<br />

(Liga: Al/Si)<br />

Magnésio<br />

(Liga: Al/Mg)<br />

Boro<br />

Fe (*)<br />

Ni (*)<br />

Irritações pele, olhos e trato<br />

respiratório, exposição prolongada<br />

pode provocar asma, doença<br />

pulmonar crônica e irritação da pele<br />

Febre <strong>dos</strong> fumos, irritação <strong>dos</strong><br />

olhos, dores no peito, tosse e febre.<br />

Contaminação aguda pode provocar<br />

vômitos, diarrêia e efeitos sobre o<br />

sistema nervoso, possível efeito<br />

sobre o sistema reprodutivo (***).<br />

ND, febre <strong>dos</strong> fumos (associado a<br />

processos de soldagem em conjunto<br />

com outras substâncias).<br />

Alergia, dermatite de contato, rinite,<br />

câncer das vias nasais, pulmão e<br />

outros órgãos, asma e febre <strong>dos</strong><br />

fumos.<br />

Cu (*) Irritação <strong>dos</strong> olhos, sistema<br />

respiratório, tosse, dispnéia, febre<br />

<strong>dos</strong> fumos metálicos, náusea, febre,<br />

(fração respirável)<br />

e 10mg/m 3<br />

total).<br />

OSHA: TWA:<br />

(fração<br />

15 mg/m 3 (total);<br />

5mg/m 3<br />

respirável).<br />

(fração<br />

Risco de explosão (**) e<br />

combustão (****).<br />

TLV-A4<br />

Risco de explosão(**) e<br />

combustão (****).<br />

OSHA: TWA: Risco de explosão(**) e<br />

15 mg/m 3 combustão (****).<br />

ND<br />

Risco de explosão (**)<br />

USEPA: não classificado<br />

como<br />

(Grupo D).<br />

carcinógeno<br />

OSHA: TWA: Menor risco de explosão<br />

10 mg/m 3 e combustão (**)<br />

OSHA: TWA:<br />

0,015 mg/m 3 Menor risco de explosão<br />

ou combustão; TLV-A5;<br />

OSHA: TWA:<br />

1mg/m 3<br />

misturas);<br />

(poeiras e<br />

USEPA classifica os<br />

compostos de níquel no<br />

grupo A (carcinóide).<br />

USEPA: não classificado<br />

como<br />

(Grupo D).<br />

carcinogênico


49<br />

garganta seca, sensação de paladar 0,1 mg/m 3 (para<br />

adocicado e descoloração da pele e fumos).<br />

cabelos.<br />

(*) Fe, Ni, Co, Cu, Mo e suas ligas não são usualmente utiliza<strong>dos</strong> como antioxidantes em<br />

compósitos refratários de matriz cerâmica. Porém, são comumente emprega<strong>dos</strong> como<br />

catalisadores (na forma metálica, sais ou óxi<strong>dos</strong>) durante a síntese de nanotubos e nanofibras de<br />

carbono, fazendo com que estes materiais apresentem certo grau de contaminação contendo<br />

estes elementos metálicos de acordo com a rota de síntese e o grau de pureza desejado no<br />

produto final.<br />

(**) Quando na forma de pós finos, usualmente < 45 μm. Com a diminuição do tamanho das<br />

partículas estes materiais podem ter comportamentos pirofóbicos.<br />

(***) Para maiores informações sobre toxicidade do boro, deve-se avaliar a referências<br />

[088,089,093].<br />

(****) Riscos de combustão pelo desprendimento de gases inflamáveis quando em contato com<br />

água/umidade.<br />

ND: Não disponível ou baixo potencial de afetar a segurança e saúde ocupacional;<br />

No caso de avaliação <strong>dos</strong> efeitos conjuga<strong>dos</strong> das várias substâncias químicas, deve-se sempre<br />

realizar os cálculos das contribuições de cada susbstância, de acordo com a equação número 4,<br />

apresentada a seguir.<br />

Σ[C(i)/T(i)] ≤1 = C 1 /T 1 + C 2 /T 2 + ... + C n /T n ≤ 1, ............................................ Equação (4)<br />

Onde: C(i) representa a concentração atmosférica observada da substância (i) e T(i) o valor do<br />

limite de exposição desta substância.


50<br />

3.2.2 – Aditivos não metálicos nanométricos.<br />

Neste caso, uma série de elementos, componentes e substâncias são utilizadas, de forma<br />

sinérgica, visando melhorar e adequar as propriedades <strong>dos</strong> produtos refratários às necessidades<br />

operacionais <strong>dos</strong> clientes. Em termos clássicos, as partículas mais finas das formulações <strong>dos</strong><br />

CRMC ficam em torno de 212 micrômetros chegando até 45 micrômetros. Porém, novos<br />

materiais com dimensões nanométricas têm sido estuda<strong>dos</strong> [074,100] para o desenvolvimento<br />

de compósitos de baixa porosidade, elevada resistência mecânica e à corrosão química. Nestes<br />

casos, os materiais são os mesmos <strong>dos</strong> materiais clássicos usualmente já utiliza<strong>dos</strong> no CRMC,<br />

mas com dimensões nanométricas (


51<br />

trabalhadores sem a correta proteção individual ou coletiva a algumas substâncias químicas<br />

utilizadas como matérias-primas para a produção de CRMC.<br />

Tabela 6 – Possíveis doenças ocupacionais relacionadas com a exposição do trabalhador (sem a<br />

correta e eficaz proteção) a óxi<strong>dos</strong> e materiais contendo carbono (sóli<strong>dos</strong>), usualmente<br />

utiliza<strong>dos</strong>/encontra<strong>dos</strong> em CRMC [091,092,094 e 097].<br />

Óxi<strong>dos</strong> e/ou<br />

compostos<br />

contendo carbono<br />

Possíveis doenças ocupacionais ou<br />

efeito sobre o ser humano<br />

Classificação ACGIH<br />

(limites de exposição)<br />

Observações e<br />

referências<br />

Alumina (Al 2 O 3 ) ND 0,05mg/m 3<br />

TLV - A4<br />

(fração respirável) MAK -2 (poeira<br />

contendo fibras)<br />

Sílica (SiO 2 )<br />

- amorfa (diatomácea)<br />

- amorfa (precipitada)<br />

- cristalina (quartzo) e<br />

suas formas<br />

alotrópicas.<br />

Espinélio<br />

(Al 2 O 3 *MgO).<br />

Magnésia (MgO)<br />

(fumos oxida<strong>dos</strong>).<br />

Doloma (CaO*MgO)<br />

(base: óxido de cálcio).<br />

Zircônia (ZrO 2 ).<br />

Óxido de cromo<br />

(Cr 2 O 3 ),<br />

(cromo ou seus<br />

compostos tóxicos).<br />

Neoplasia malígna <strong>dos</strong> brônquios e do<br />

pulmão, cor pulmonale, outras doenças<br />

pulmonares obstrutivas crônicas (asma,<br />

bronquite, etc.), silicose, pneumoconiose<br />

associada à tuberculose e síndrome de<br />

Caplan.<br />

Amorfa – ND.<br />

Amorfa – ND.<br />

0,05 mg/m 3 .<br />

IARC-3<br />

IARC-3<br />

IARC-1<br />

ND. TWA: 5 mg/m 3 . (base: óxido de<br />

clácio)<br />

Irritação <strong>dos</strong> olhos, nariz, febre <strong>dos</strong> fumos TWA: 10 mg/m 3 TLV - A4<br />

metálicos, tosse, dor no peito e estado 15 mg/m 3 (fumos).<br />

febril (gripe).<br />

Irritação <strong>dos</strong> olhos, pele, trato respiratório NIOSH REL: URT: Irritante ao<br />

superior, perfuração do septo nasal, TWA 2 mg/m 3 . trato respiratório<br />

inflamação pulmonar e dermatite.<br />

superior<br />

Dermatite, possível bronquite / irritação TWA: 2 mg/m 3 (fumos) e TLV-A4<br />

do trato respiratório superior e fibrose 5 mg/m 3 (compostos<br />

pulmonar.<br />

incluindo Zr).<br />

Neoplasia malígna <strong>dos</strong> bronquios e do TWA: 0,5mg/m 3 (metal e TLV - A4<br />

pulmão, outras rinites alérgicas, rinite compostos de valência TLV - A1<br />

crônica, ulceração e necrose do septo<br />

III);<br />

(para os<br />

nasal, asma, dermatose pápulo-pustulosas 0,05 compostos solúveis compostos com<br />

e suas complicações infecciosas, de cromo (VI) e 0,01 para valência VI)<br />

dermatite alérgica de contato, dermatite compostos insolúveis de<br />

de contato por irritantes, úlcera crônica da cromo (VI).<br />

pele e efeitos tóxicos agu<strong>dos</strong>.


52<br />

Carbeto de boro (BB4C)<br />

(carbeto de metal<br />

duro).<br />

Carbeto de silício<br />

(SiC).<br />

Grafita (natural).<br />

Afecções respiratórias crônicas e irritação<br />

ocular.<br />

Irritação <strong>dos</strong> olhos, pele e trato<br />

respiratório superior e tosse.<br />

Tosse, dispinéia (dificuldade respiratória),<br />

catarro negro, diminuição da função<br />

pulmonar, fibrose pulmonar e<br />

peneumoconiose.<br />

ND.<br />

EPA-I<br />

NIOSH-TWA: 5mg/m 3 TLV-A4<br />

(fração respirável) e 10 TLV-2<br />

mg/m<br />

(total). (fibras )<br />

NIOSH TWA: -<br />

2,5 mg/m 3 (respirável)<br />

OSHA-TWA:<br />

15 mppcf.<br />

Grafita sintética.<br />

Nanofibras de carbono<br />

& Nanotubos de<br />

carbono.<br />

Negro de fumo.<br />

Tosse, dispinéia (dificuldade respiratória), OSHA- TWA: -<br />

catarro negro, diminuição da função<br />

pulmonar, fibrose pulmonar.<br />

15 mg/m 3 (total);<br />

5 mg/m 3 (respirável).<br />

NC. NC. NC.<br />

Tosse, dermatite, irritação <strong>dos</strong> olhos,<br />

potencial carcinóide - presença de PAH.<br />

TWA: 3.5 mg/m 3 TWA:<br />

0,1 mg PAHs/m 3 (negro<br />

de fumo com presença de<br />

TLV-A4<br />

PAH).<br />

ND: Não disponível ou baixo potencial de afetar a segurança e saúde ocupacional;<br />

NC: Nanofibras e nanotubos de carbono: da<strong>dos</strong> ainda não conclusivos para a correta<br />

classificação pelas agências e órgãos regulatórios (*).<br />

3.2.3 - Sistema ligante à base de água, polimérico ou a base de piche.<br />

O sistema ligante pode ser a base de água contendo algum tipo de aglutinante químico como o<br />

carboxi-metil-celulose (CMC) ou o lignosulfato alcalino (K, Na), no caso de compósitos<br />

refratários de matriz cerâmica que são processa<strong>dos</strong>/queima<strong>dos</strong> em elevadas temperaturas.<br />

Quando se trata de compósitos liga<strong>dos</strong> à resina e/ou ao piche, usam-se resinas fenólicas, resinas<br />

furfulíricas ou piche líquido para aumentar a resistência mecânica à (antes do tratamento<br />

térmico). Estes ligantes também funcionam como fonte de carbono após a cura, queima ou em<br />

uso. A tabela 7 apresenta a descrição química e os principais riscos destes sistemas ligantes.<br />

(*) É fortemente recomendado a adoção de práticas de precaução, focando a segurança e saúde do trabalhador,<br />

sendo indicado a leitura da referência [082], quando do manuseio e/ou estudo de nanotubos e nanofibras de<br />

carbono.


53<br />

Tabela 7 – Alguns <strong>dos</strong> sistemas ligante, usualmente emprega<strong>dos</strong> na produção de CRMC e seus<br />

principais riscos ocupacionais e à saúde [091,092].<br />

Substâncias<br />

Principais<br />

compostos<br />

presentes<br />

Possíveis riscos à<br />

saúde<br />

Tipo de proteção<br />

individual ou<br />

coletiva (*)<br />

Observação<br />

Resinas fenólicas<br />

(formaldeído).<br />

Aldeído fórmico e<br />

seus polímeros e<br />

compostos<br />

deriva<strong>dos</strong> fenólicos.<br />

Rinites alérgicas,<br />

Agranulocitose<br />

(neutropenia tóxica),<br />

outros transtornos<br />

específicos <strong>dos</strong><br />

glóbulos brancos<br />

(leucocitose, reação<br />

leucemóide), dermatite<br />

de contato.<br />

- Luvas e filtros<br />

químicos;<br />

NIOSH-TWA 0,016<br />

ppm ou 0,1 ppm [15-<br />

minutos].<br />

SEN, A2.<br />

Resina furfulírica<br />

(furfural).<br />

Furfural, álcool<br />

furfurílico e resina<br />

furano<br />

Conjuntivite, irritação<br />

<strong>dos</strong> olhos, pele e do<br />

trato respiratório<br />

superior, cefaléia e<br />

dermatite.<br />

- Luvas, filtros<br />

químicos e<br />

vestimentas de<br />

Tyvek.<br />

OSHA - TWA: 5<br />

ppm (20 mg/m 3 )<br />

[skin];<br />

OSHA – TWA: 50<br />

ppm (200 mg/m 3 )<br />

álcool furfurílico.<br />

Piche<br />

Mistura complexa Neoplasia maligna <strong>dos</strong> - Luvas e filtros TLV-A1.<br />

(contendo voláteis e de hidrocarbonetos, brônquios e do pulmão, químicos - 0,1 mg/m 3<br />

compostos compostos outras neoplasias da (fração extraível em<br />

semelhantes como: orgânicos incluindo pele, neoplasia maligna ciclohexano).<br />

alcatrão, breu, benzo-a-pirenos. da bexiga, dermatites<br />

betume, parafina e<br />

alérgica de contato e<br />

seus resíduos).<br />

outras formas de<br />

hiperpigmentação pela<br />

melanina.<br />

(*) Uma análise completa deve ser realizada por profissional capacitado de forma a avaliar<br />

outros fatores como: esforço físico, ambiente de trabalho, tarefas/atividades executadas,<br />

seqüência de trabalho, nível de contaminantes, presença de contaminantes conjuga<strong>dos</strong>, etc.


54<br />

4 - ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DE RISCO À SAÚDE E PROPOSTAS E<br />

MEDIDAS DE CONTROLE OU AÇÕES MITIGADORAS.<br />

De uma forma geral, sempre será necessário um maior cuidado e melhores proteções aos<br />

trabalhadores quando da síntese, manuseio, estabilização e incorporação de<br />

nanopartículas/nanomateriais aos produtos. O trabalho de forma prevencionista (princípio da<br />

precaução) e um plano de gestão formulado com base nos conhecimentos disponíveis, de forma<br />

conjunta e compartilhada com os trabalhadores é essencial para eliminar, prevenir e mitigar<br />

possíveis doenças ou contaminações do local de trabalho. Apesar do incompleto conhecimento<br />

sobre to<strong>dos</strong> os aspectos que a nanotecnologia está trazendo para o ambiente de trabalho, a<br />

atuação e a gestão sobre os principais aspectos envolvi<strong>dos</strong> nas etapas de manuseio,<br />

armazenamento, síntese e incorporação <strong>dos</strong> nanomateriais (rotas de exposição, gestão de risco e<br />

controle do ambiental) são essenciais para a execução de um trabalho seguro e consciente. A<br />

figura 28 apresenta a análise qualitativa das principais lacunas que devem ser trabalhadas,<br />

objetivando a garantia de um ambiente saudável quando se trabalha com materiais<br />

nanotecnológicos.<br />

LEGENDA:<br />

- Exposure routes: rotas de exposição;<br />

- Exposure: exposição;<br />

- Dose: <strong>dos</strong>e;<br />

- Risk: risco;<br />

- Health Effects: efeitos à saúde;<br />

- Toxicity: toxicidade;<br />

- Control: controle;<br />

- Reduced risk/impact: impacto/risco<br />

reduzido;<br />

- Education: educação;<br />

- Characterization: caracterização.<br />

Figura 28 – Principais lacunas qualitativas envolvendo a nanotecnologia e o ambiente de<br />

trabalho. Fonte: referência [080].


55<br />

A atuação sobre a exposição do trabalhador é o primeiro passo na direção da diminuição do<br />

risco envolvendo a estocagem, manuseio, processamento, estabilização e incorporação de<br />

nanomateriais em processo produtivos. Porém, outras atividades devem ser realizadas, tais<br />

como:<br />

- Avaliação da necessidade de se utilizar nanopartículas do ponto de vista de segurança e não só<br />

baseado em análised de custo-benefício ou desempenho <strong>dos</strong> novos produtos desenvolvi<strong>dos</strong>;<br />

- Avaliação <strong>dos</strong> riscos de manuseio, estocagem, estabilização e introdução <strong>dos</strong> nanomateriais de<br />

forma a reduzir o contato do trabalhador e a possibilidade de dispersão/contaminação do<br />

ambiente de trabalho;<br />

- Treinamento e educação de forma a capacitar os trabalhadores e corpo técnico no manuseio<br />

seguro em toda a cadeia produtiva;<br />

- Criação de um sistema de gestão atualizado, com procedimentos adequa<strong>dos</strong> e revisa<strong>dos</strong><br />

englobando to<strong>dos</strong> os nanomateriais utiliza<strong>dos</strong>. Este sistema deve inicialmente tratar cada<br />

nanomaterial como um novo produto (ou uma nova matéria-prima) em decorrência de suas<br />

características, propriedades e cuida<strong>dos</strong> distintos e que são também muitas vezes específicos;<br />

- Projeto e adequação das instalações (laboratoriais ou industriais) de forma a minimizar os<br />

riscos de contaminação, através do emprego de sistema de controle coletivo contra a poluição<br />

(filtros) e, quando aplicável, EPI’s específicos e comprovadamente eficazes para a proteção <strong>dos</strong><br />

trabalhadores;<br />

- Utilizar o princípio da precaução;<br />

- Atuar na causa fundamental e não nos efeitos;<br />

- Avaliar to<strong>dos</strong> os procedimentos operacionais incluindo aspectos relativos à compra de insumos<br />

reagentes e matérias-primas de forma a minimizar estoques e a necessidade de realização de<br />

testes de controle de qualidade;


56<br />

- Controlar a qualidade (interna e externamente) das matérias-primas e insumos nanométricos de<br />

forma a garantir o atendimento de níveis de especificações e de contaminantes de forma<br />

satisfatória;<br />

- Minimizar operações, racionalizar etapas de manuseio e evitar a utilização de nanomateriais na<br />

forma de pós (material articulado) ou fibras;<br />

- Buscar a aplicação contínua de melhores práticas e cooperação entre: fabricantesfornecedores-academia-consumidores-sistema<br />

regulatório;<br />

A adoção de uma atitude pró-ativa, bem estruturada e baseada em princípios de similaridade e<br />

da precaução, além da utilização de análises sistematizadas e sistêmicas com foco na melhora<br />

contínua e na garantia da integridade física e saúde <strong>dos</strong> trabalhadores, são etapas fundamentais<br />

para o sucesso da utilização de componentes e compostos nanoestrutua<strong>dos</strong>. Todo o novo<br />

espectro de oportunidades e de novas propriedades decorrente da utilização da nanotecnologia<br />

no desenvolvimento de produtos refratários de matriz cerâmica passa, necessariamente, pela<br />

avaliação e tomada de decisões que, antes de tudo, garantam produtos inovadores e<br />

intrinsecamente seguros em toda a sua cadeia produtiva, especialmente durante as etapas de<br />

maior possibilidade de contato entre os nanomateriais e os trabalhadores.<br />

A figura 29 apresenta de forma resumida o fluxo para avaliação inicial <strong>dos</strong> aspectos<br />

relaciona<strong>dos</strong> à segurança e saúde do trabalhador, de forma a nortear ações e atividades para a<br />

eliminação, minimização e mitigação de possíveis contaminações do ambiente de trabalho.


57<br />

O nanomaterial possui vantagem potencial<br />

(tecnlógica, econômica, ambiental, segurança,<br />

etc.) para ser empregado como uma nova matériaprima<br />

ou insumo produtivo<br />

não<br />

Avaliar outras possibilidades ou alternativas (matéria-prima,<br />

processo, projeto, fornecedor, etc.).<br />

- Existe alguma recomendação ou restrição<br />

técnica, de segurança, saúde-ocupacional ou meioambiente<br />

para a compra, armazenamento,<br />

manuseio e utilização deste nanomaterial<br />

- Existe alguma similaridade com propriedades e<br />

restrições do nanomaterial quando este é<br />

apresentado na forma micrométrica/milimétrica<br />

ou na forma de soluções/dispersões<br />

não<br />

sim<br />

sim<br />

Avaliar as possíveis restrições e<br />

adotar as melhores práticas e<br />

recomendações de forma precautória<br />

(ANVISA, FUNDACENTRO, US-<br />

EPA, NIOSH, ACGIH, CORDIS-EU,<br />

OECD, Nanoforum.org/EU, CDC,<br />

Nanosafe.org/EU, ICON, AIHA,<br />

NNI/EUA, HSE/UK, etc.) buscando<br />

um parecer técnico/legal <strong>dos</strong> setores<br />

competentes para a compra,<br />

estocagem, manuseio e utilização do<br />

nanomaterial.<br />

não<br />

Parecer<br />

O.K. <br />

sim<br />

O nanomaterial escolhido ou a ser avaliado<br />

está na forma mais estável e adequada para<br />

seu manuseio seguro<br />

sim<br />

não<br />

Avaliar novas opções/formas de estabilização do<br />

nanomaterial (meio polimérico, aquoso, óleo,<br />

coating protetivo, camada passivada, etc.) e a<br />

melhor condição de embalagem,<br />

acondicionamento e quantidade de nanomaterial<br />

para a garantia de um manuseio seguro.<br />

não<br />

Avaliação<br />

O.K.<br />

sim<br />

Há a necessidade de instalações especiais ou<br />

adequações para o manuseio e estocagem<br />

seguro deste nanomaterials<br />

sim<br />

Adequar às instalações e<br />

verificar se estão em<br />

conformidade operacional/legal.<br />

Instalação está<br />

O.K.<br />

não<br />

não<br />

sim<br />

Os procedimentos operacionais para o<br />

manuseio e estocagem deste nanomaterial<br />

estão atualiza<strong>dos</strong> e o pessoal envolvido está<br />

treinado<br />

não<br />

Atualizar os procedimentos e<br />

treinar os trabalhadores e pessoal<br />

envolvido.<br />

Procedimentos<br />

e treinamentos<br />

estão O.K.<br />

não<br />

sim<br />

sim<br />

Autoriza-se a aquisição do<br />

nanomaterial (especificação<br />

técnica, quantidade, aplicação,<br />

responsável, etc.)<br />

sim<br />

Aquisição do material<br />

sim<br />

Recebimento e avaliação do lote inicial (confronto e confirmação da especificação, do<br />

certificado de análise, informações técnicas, FISPQ, etc.):<br />

- Coleta de amostra para caracterização;<br />

- Armazemanento;<br />

- Caracterização físico-química, etc.<br />

Processo subsequente<br />

(página seguinte)<br />

(continua)


58<br />

(continuação)<br />

Processo subsequênte<br />

(página anterior)<br />

Material atendeu sa<br />

especificações técnicas<br />

não<br />

O material pode ser utilizado fora<br />

da especificação<br />

sim<br />

sim<br />

não<br />

Autoriza o uso do<br />

nanomaterial<br />

sim<br />

não<br />

Seguir os procedimentos de<br />

segurança, saúde<br />

ocupaciocional, meio ambiente e<br />

normas aplicadas para a<br />

utilização do nanomaterial.<br />

Justificar a<br />

reprovação/não<br />

autorização<br />

para do uso do<br />

nanomaterial.<br />

sim<br />

Avaliar os procedimentos<br />

operacionais para a tratativa do<br />

desvio de especificação técnica<br />

(compra/aquisição de nanomateriais):<br />

- Devolução;<br />

- Troca de material;<br />

- Cancelamento do pedido;<br />

- Ressarcimento;<br />

- Exclusão do fornecedor, etc.<br />

sim<br />

sim<br />

Houve anomalia ou há oportunidade de melhoria<br />

<strong>dos</strong> procedimentos operacionais, administrativos,<br />

de segurança ou da instalação/equipamentos para<br />

a garantia de um manuseio cada vez mais seguro<br />

do nanomaterial<br />

- Realizar diagnóstico da anomalia,<br />

- Executar plano de melhoria;<br />

- Avaliar a eficácia e eficiência das<br />

ações e planos implementa<strong>dos</strong>.<br />

não<br />

sim<br />

Avaliar, discutir, implemetar e implantar as ações<br />

de melhoria contínua para a garantia de um<br />

manuseio, estocagem, estabilização, dispersão, e<br />

incorporação <strong>dos</strong> nanomateriais de forma segura<br />

no(s) produto(s) desenvolvido(s).<br />

sim<br />

A utilização e/ou a incorporação do<br />

nanomaterial no processo produtivo<br />

trousse algum ganho efetivo na<br />

melhoria da qualidade, desempenho,<br />

custo, propriedade(s) do(s) produto(s)<br />

desenvolvido(s)<br />

não<br />

sim<br />

Finaliza processo<br />

Figura 29 - Fluxo decisório e de informações para garantir o cumprimento <strong>dos</strong> procedimentos e<br />

ações relacionadas à segurança e saúde do trabalhador, de forma a nortear ações e atividades<br />

para a minimização da contaminação do ambiente de trabalho e a garantia da eficácia/eficiência<br />

na utilização/incorporação de materiais nanoparticula<strong>dos</strong> em novos produtos.


59<br />

5 – COMENTÁRIOS & CONCLUSÕES<br />

A nanotecnologia tem aberto oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos com<br />

propriedades, funcionalidades e características distintas e muitas vezes superiores aos materiais<br />

usuais. Estas características podem ser utilizadas no desenvolvimento de materiais compósitos<br />

refratários de matriz cerâmica, através da incorporação de nanoestruturas como nanografita,<br />

nanofibras e nanotubos de carbono, aditivos metálicos nanométricos e/ou óxi<strong>dos</strong>, carbetos,<br />

nitretos de elevado ponto fusão nas formulações desenvolvidas. Porém, a síntese, estocagem,<br />

manuseio, estabilização, incorporação <strong>dos</strong> nanomateriais traz também desafios e a necessidade<br />

uma análise profunda <strong>dos</strong> processos, adequações de procedimentos operacionais e das<br />

instalações industriais em decorência de novos riscos envolvi<strong>dos</strong> quando da utilização destes<br />

materiais nanoparticula<strong>dos</strong>. A correta identificação, caracterização, determinação das rotas e<br />

mecanismos de exposição, avaliação, gestão <strong>dos</strong> riscos envolvi<strong>dos</strong> e indicação de equipamentos<br />

de proteção coletiva e individual são determinantes para a garantia da saúde e integridade física<br />

<strong>dos</strong> trabalhadores.<br />

Uma série de atitudes prevencionistas e pró-ativas por parte <strong>dos</strong> profissionais envolvi<strong>dos</strong> direta<br />

e indiretamente com o manuseio de espécies nanométricas, aliadas a uma atuação consciente,<br />

responsável e baseada na utilização das melhores práticas disponíveis numa atuação direta e<br />

conjunta da engenharia de segurança e medicina do trabalho, engenharia de processo/produção e<br />

pesquisa e desenvolvimento são pontos chaves para o sucesso da implatanção e utilização da<br />

nanotecnologia nos processo industriais de forma segura.<br />

Os princípios da similariedade das propriedades de substâncias nanométricas, <strong>dos</strong> agrega<strong>dos</strong><br />

micrométricos e o conhecimento de todo o ciclo de processamento - que envolve as rotas de


60<br />

contaminação/exposição, os mecanismos de defesa e a utilização apropriada das tecnologias de<br />

controle e proteção - são condições mais que necessárias, para se inicar e desenvolver os<br />

produtos nanotecnológicos. Não se pode perder de vista que, em função de seu diminuto<br />

tamanho e elevada área superficial, as propriedades e o comportamento <strong>dos</strong> nanomateriais<br />

exigem mudanças e modificações na concepção <strong>dos</strong> processos e produtos. A redução,<br />

minimização e eliminação <strong>dos</strong> riscos envolvi<strong>dos</strong> nas diversas etapas e atividades laborais<br />

envolvendo o contato <strong>dos</strong> trabalhadores com nanopartículas, são as etapas mais importantes<br />

para a garantia de que a nanotecnologia possa ser utlizada de forma completamente segura.


61<br />

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SEGURANÇA DO TRABALHADOR NO MANUSEIO, SÍNTESE E INCORPORAÇÃO DE NANOMATERIAIS<br />

EM COMPÓSITOS REFRATÁRIOS DE MATRIZ CERÂMICA”<br />

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