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M NITOR DE MÍDIA - DIAGNÓSTICOS - Monitorando

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o jornal descreve onde Neto morou e trabalhou nos últimos anos. O texto tem ainda<br />

declarações do pai e de um amigo do suspeito, mas a matéria encerra da seguinte<br />

maneira: “Mesmo com a negativa da família, a polícia continua suspeitando de<br />

que Neto poderia ter participação nos ataques. A principal evidência é sua ficha<br />

criminal. Além de ter sido preso em 2001, acusado de estupro, ele também teria<br />

crimes sexuais no Paraguai”.<br />

É no dia 20 de outubro, porém, que o exemplo de criminalização de um inocente<br />

pela imprensa fica claro. A chamada de capa é “Exame de DNA inocenta suspeito”,<br />

mas a legenda da foto em que aparece o pai do acusado é “Levino Ramos acredita<br />

na inocência do filho” e dá ao leitor a impressão de que ainda há motivos para que<br />

alguém não acredite nisso. O tom de dúvida vai permanecer nas páginas internas,<br />

a começar pela publicação da foto do suspeito, já inocentado, ao lado do retrato<br />

falado do maníaco. Sobre o resultado do exame de DNA, o jornal traz que “depois<br />

que a reportagem de A Notícia tomou conhecimento, ficou evidente a frustração de<br />

policiais que trabalhavam no caso diante do resultado negativo, pouco esperado<br />

por eles”. Neste episódio, duas hipóteses: Ou AN também ficou frustrado, ou<br />

baseava seu texto somente nas informações dadas por esses policiais. Isso porque<br />

o jornal publica ainda: “Embora tenha a prova científica, a polícia está intrigada<br />

com os fortes indícios que ligavam o agricultor ao temido maníaco sexual (...).<br />

Pesavam contra ele os antecedentes criminais por estupro, a suposta semelhança<br />

com o retrato falado divulgado, a touca apreendida em sua casa e o comportamento<br />

agressivo contra as mulheres”. Um detalhe: a touca encontrada só havia sido<br />

mencionada até então em texto do ANCidade, que circula apenas na região de<br />

Joinville. O leitor do resto do Estado ficou sem essa informação.<br />

Ainda no dia 20, a sub-retranca com declarações do pai do acusado mostra<br />

bem o que pode ocorrer se as informações não forem publicadas com cautela:<br />

“Enquanto trabalha ou descansa, sofre com a perda do filho e as acusações de que<br />

seria pai de um criminoso”. A fonte insiste na inocência do filho que não pôde se<br />

defender das acusações da imprensa. Mesmo inocentado pelo exame de DNA, o<br />

agricultor não se livrou de ter seu nome vinculado aos crimes mais uma vez. O<br />

assunto voltaria às páginas de AN no dia 2 de novembro. Na p. A10, pode-se ler<br />

que “o homem preso pela Polícia Militar, na manhã de ontem, (...) foi reconhecido<br />

por pelo menos cinco vítimas”. O nome do novo suspeito não aparece nesta edição.<br />

O que num primeiro momento pode parecer cautela do próprio jornal, é explicado<br />

no corpo da matéria: “O delegado preferiu não divulgar o nome nem permitiu que<br />

ele fosse fotografado”. Apesar de não publicar informações sobre esse suspeito, o<br />

nome do agricultor inocentado está na última parte do texto: “(...) José Ramos Neto,<br />

que já tinha sido preso por crimes sexuais, morto em São Francisco, chegou a ser<br />

apontado como o possível maníaco. Porém, um teste de DNA mostrou resultado<br />

negativo”.<br />

Na edição do dia 3: lê-se que “o homem preso pela Polícia Militar (...),<br />

suspeito de ser o maníaco da praia, tem 31 anos, é natural de Itajaí e diz trabalhar<br />

em obras como pedreiro. Ele não portava documentos e o nome que apresentou à<br />

polícia é mantido em sigilo”. No dia 4, mais um deslize: o nome do suspeito é<br />

divulgado - Fábio Alexandre de Oliveira – mesmo com o texto apontando que “a<br />

polícia (...) procura uma prova concreta contra ele e usa cautela sobre a hipótese de<br />

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M <strong>NITOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>MÍDIA</strong> - <strong>DIAGNÓSTICOS</strong>

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