28.01.2015 Views

M NITOR DE MÍDIA - DIAGNÓSTICOS - Monitorando

M NITOR DE MÍDIA - DIAGNÓSTICOS - Monitorando

M NITOR DE MÍDIA - DIAGNÓSTICOS - Monitorando

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Edição 43 – 13/02/2004<br />

Anatomia de uma acusação infundada<br />

184<br />

A gravidez da mulher e a “barriga” do jornal<br />

A gíria das redações tem uma palavra para definir trapalhada jornalística:<br />

“barriga”. Diferente do “furo” (que é a informação dada com exclusividade), uma<br />

“barriga” é tudo o que um jornalista não quer, já que isso afeta diretamente a<br />

seriedade e a credibilidade de seu trabalho. No final de 2003, este MO<strong>NITOR</strong> <strong>DE</strong><br />

<strong>MÍDIA</strong> colheu nas páginas dos jornais catarinenses um episódio recheado de<br />

“barrigas” que transformou a vida de uma anônima mulher em Joinville. Se num<br />

dia ela pensava estar grávida, logo depois seria presa e acusada de ter matado ou<br />

vendido o próprio bebê.<br />

O Caso Juliana tem ingredientes dignos de filme policial: uma mulher com<br />

medo de agulhas, um suposto rapto, um feto desaparecido, e muitas declarações<br />

conflitantes. Some-se a isso alguma imprudência médica, a freqüente pressa<br />

jornalística e contradições entre os depoentes. O MO<strong>NITOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>MÍDIA</strong><br />

acompanhou o caso pelos jornais e escolheu as edições de A Notícia para apontar<br />

os principais deslizes cometidos numa cobertura que, desde o início, escolheu a<br />

vítima como culpada de um crime nunca cometido.<br />

O mistério<br />

No dia 11 de agosto, a microempresária Juliana da Silva Souza de Jesus, de<br />

29 anos, desapareceu quando se dirigia a uma manicure. De acordo com a<br />

reportagem publicada no dia 14, a ida à manicure era um dos preparativos de Juliana<br />

para a cesariana pela qual estava prestes a passar. As informações davam conta de<br />

que a mulher deixara a casa com pouco dinheiro, levando o telefone celular, por<br />

meio do qual fez contato com o marido antes de sair.<br />

Passados mais de três meses, novamente os jornais voltam a noticiar o caso.<br />

Desta vez, a mulher desaparecida passa a ser tratada como suspeita de crime. No<br />

sábado, 22 de novembro, A Notícia traz uma foto no alto da primeira página onde<br />

Juliana aparece algemada. Ao lado, a chamada “Presa mulher que sumiu de casa”.<br />

Na seção policial, a matéria – assinada por Poliana Santos e Oliver T. Albert,<br />

com fotos de Arlei Schmitz – afirma que apesar de localizada a desaparecida, a<br />

polícia tinha outro enigma a decifrar: onde estaria o bebê que Juliana estava<br />

esperando antes de sumir Apesar de negar a gravidez, Juliana recebeu voz de<br />

prisão e ficou detida na Delegacia Regional de Joinville.<br />

No dia seguinte, o jornal traz novos detalhes da história, mas trata Juliana<br />

com desconfiança: “Juliana agora alega gravidez psicológica” é o título da matéria<br />

à página A12 da editoria de Polícia. De acordo com A Notícia, Juliana teria<br />

descoberto que se tratava de uma gravidez psicológica e, por isso, teria fugido<br />

para o Paraná, onde tinha amizades. A edição daquele domingo trazia ainda que “A<br />

M <strong>NITOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>MÍDIA</strong> - <strong>DIAGNÓSTICOS</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!