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M NITOR DE MÍDIA - DIAGNÓSTICOS - Monitorando

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continua, apesar das bombas em Bagdá” -, texto que faz uma descrição menos<br />

objetivista da realidade iraquiana, mas que permanece sem assinatura do repórter.<br />

Neste caso em particular, valia a menção ao autor, já que se trata de uma visão de<br />

testemunho, de um relato particular daquele momento.<br />

No mais, as matérias têm um tom majoritariamente declaratório, um problema<br />

do ponto de vista jornalístico, já que versão não é fato. Isso permite que cada edição<br />

abrigue um tiroteio de números errados, de previsões não verificáveis e de factóides.<br />

ercebe-se, no entanto, uma certa descarga emotiva nas capas do jornal. Desde<br />

o ultimato de Bush – no dia 18 – as primeiras páginas trazem manchetes sobre a<br />

guerra e em letras garrafais, maiúsculas do começo ao fim. Fotos são abertas em<br />

cores, ocupando de quatro a seis colunas, preenchendo a primeira dobra do jornal<br />

de fora a fora. Nas onze edições analisadas por este MO<strong>NITOR</strong> (de 17 a 27 de<br />

março), em nove foram estampadas fotos sobre o conflito.<br />

Embora esteja equilibrada e cuidados, a cobertura de A Notícia cometeu duas<br />

mancadas na primeira semana de guerra: no dia 16, nas páginas B6 e B7, há matérias<br />

sobre os países vizinhos do Iraque que apontam os problemas já enfrentados, mas<br />

o leitor não encontra informações sobre as possíveis conseqüências da guerra para<br />

a região. Outro escorregão: no dia 21, o jornal publica dois textos com as mesmas<br />

informações: “UE afirma não ter consenso” (A16) e “Líderes da UE discutem crise,<br />

´mas sem consenso´” (A18).<br />

Só RBS marca posição nos editoriais<br />

O cenário mundial desperta o pipocar das diferentes opiniões, e como já<br />

afirmava John Stuart Mill, “se toda a humanidade, com exceção de uma pessoa,<br />

tivesse uma dada opinião, apenas essa pessoa tivesse opinião contrária, a<br />

humanidade não teria mais razão em silenciá-la do que ela à humanidade”. Neste<br />

contexto ao redor do mundo as posições anti-guerra expressam-se sob diferentes<br />

formas: antes do conflito começar no Iraque, The New York Times trouxe em editorial<br />

que não desejava a guerra; artistas como Tim Robbins e Barbara Streisand, Sheryl<br />

Crow, Lou Reed, Martin Sheen e Susan Sarandon se manifestaram contra o conflito<br />

– sofrendo represálias, inclusive - e a MTV norte-americana chegou a recusar<br />

comerciais sobre a guerra. Por aqui, a MTV brasileira destoou e se colocou<br />

declaradamente contrária à intervenção norte-americana, proclamando isso em<br />

diversos programas da sua grade.<br />

Independente da natureza deste acontecimento, o expressar de opiniões pelos<br />

jornais ocorre principalmente através dos editoriais, que manifestam as posições<br />

políticas das empresas jornalísticas. No contexto catarinense, o Jornal de Santa<br />

Catarina e o Diário Catarinense assumiram seu repúdio à guerra, como pode ser<br />

percebido no editorial de 16/03 (“Uma nova ordem mundial”): “Homens e mulheres<br />

de boa vontade, que representam a parcela mais expressiva da Humanidade, não<br />

podem e nem devem conformar-se com a opção pela barbárie, quando ainda não se<br />

esgotaram todas as alternativas civilizadas”. Esta postura, tomada desde o período<br />

que antecede a guerra, permanece ao longo dos dias seguintes. Um exemplo é o<br />

editorial de 19/03 (“A primeira baixa”): “Confirma-se mais uma vez, que a civilização<br />

ainda não atingiu um estágio em que prevalecem os interesses gerais e a<br />

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M <strong>NITOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>MÍDIA</strong> - <strong>DIAGNÓSTICOS</strong>

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