572 - SOVERGS

TÍTULO: OCORRÊNCIA DE SALMONELLA SPP. EM FRANGOS DE CORTE NO OESTE DE
SANTA CATARINA
OCCURRENCE OF SALMONELLA SPP. IN BROILER CHICKENS IN WESTERN SANTA
CATARINA
Amanda Cristina Maria Santos 1 ; Natália Amaral Ambrósio 2* ; Carolina Fontes Prezotto 3 , Lucas Januzzi
Lara 2 , Bruno Antunes Soares 3 , Bruna Martelli Palomino 2 , Artur Teixeira Pereira 4 Nelson Rodrigo da
Silva Martins 5 , Priscilla Rochele Barrios 6 , Stela Márcia Pereira 6
Apoio: FAPEMIG
Resumo
As bactérias do gênero salmonela apresentam grande importância na avicultura, entre outras razões, por
representarem risco de contaminação alimentar para humanos. Desta forma este trabalho objetivou
analisar a ocorrência de Salmonella spp. em granjas de frangos de corte por meio de suabes de arrasto em
uma empresa integradora na região oeste de Santa Catarina, durante o período de abril de 2009 a outubro
de 2010, relacionando a ocorrência de Salmonella spp. com a época do ano, número de vezes em que a
cama foi utilizada e diagnóstico de doenças no lote, assim como a mortalidade. Do total de 6180 suabes
de arrasto analisados no período, 259 (4,19%) foram positivos. Foi observado que a ocorrência de
Salmonella spp. em suabes de arrasto é menor no período da primavera, que existiu uma relação
inversamente proporcional entre o número de vezes que a cama foi utilizada e a freqüência de resultados
positivos, e que não houve diferença significativa entre a mortalidade de lotes positivos e lotes negativos
para Salmonella spp. no período avaliado.
Palavras-chave: avicultura; suabe de arrasto; salmonelose.
Summary
The bacteria of the genus Salmonela have great importance in aviculture, among other reasons, pose as a
risk of food contamination for humans. Thus, this study aimed to analyze the occurrence of Salmonella
spp. in broiler farms using drag swabs in an integrator in the western region of Santa Catarina. The study
occurred during the period of april 2009 to october 2010, relating the occurrence of Salmonella spp. with
the time of the year, number of times that the bed was used and diseases diagnosed in the lot, as well as
mortality. Of the total of 6180 swabs examined, 259 (4,19%) were positive. It was observed that the
occurrence of Salmonella spp swabs in the drag is lower in the spring. It was also observed that there was
an inverse relationship between the number of times that the bed was used with the frequency of positive
results, and there was no significant difference between the mortality of lots positive and negative to
Salmonella spp.
Key words: aviculture; drag swab, Salmonella spp.
Texto
Bactérias do gênero salmonela apresentam grande importância na avicultura, por representarem risco de
contaminação alimentar para humanos, sendo alguns sorotipos capazes de desenvolver toxi-infecções
alimentares. As salmoneloses em humanos ocorrem pela contaminação direta ou indireta de alimentos,
oriundas principalmente de fezes de animais durante o abate, águas poluídas por dejetos e manipuladores
que podem ser portadores crônicos.
A produção intensiva adotada pelas indústrias avícolas favorece a introdução, criação, manutenção e
disseminação de salmonelas, sendo necessário que as empresas do setor agroindustrial tenham um
adequado sistema de biosseguridade, e programas de autocontrole, evitando assim restrições sanitárias
provenientes de alimentos contaminados por salmonela.
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1- Especialista em Defesa Sanitária Animal; 2- Graduando em Medicina Veterinária /UFLA; 3- Pós-Graduandos em
Ciências Veterinárias/UFLA;
4- Graduando em Zootecnia/UFLA;
5- Prof Departamento de Medicina
Veterinária/UFMG; 6- Prof Departamento de Medicina Veterinária/UFLA. *Universidade Federal de Lavras,
Departamento de Medicina Veterinária DMV/UFLA, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000, Lavras, MG. Email:
natinha_ambrosio@hotmail.com

O objetivo deste trabalho foi analisar a ocorrência de Salmonella spp. em granjas de frangos de
corte por meio de suabes de arrasto em uma empresa integradora na região oeste de Santa Catarina,
durante o período de abril de 2009 a outubro de 2010.
A empresa possui 679 avicultores integrados, variando a capacidade de alojamento entre 6.000 a
30.000 aves por galpão. Os galpões aviários possuem área disponível entre 600 m 2 e 3000 m 2 , sendo o
alojamento máximo de 45 pintinhos/m 2 e 34 Kg/m 2 para frangos. A ração é fornecida exclusivamente
pela empresa. A água oferecida é oriunda de poços artesianos, rede pública ou fontes naturais, sendo
realizada analise química e microbiológica anualmente. O controle de roedores é realizado
semanalmente.
As aves foram abatidas com idades entre 42 e 53 dias. A coleta dos suabes foi realizada no
máximo duas semanas antes da previsão de abate de modo que o resultado laboratorial ficasse pronto
pelo menos três dias antes do abate do lote para a destinação de mercado do produto. O abate do lotes
positivos foi realizado no final do turno para posterior lavagem e desinfecção de todos os equipamentos.
O suabe de arrasto pode ser utilizado para o isolamento de salmonela proveniente de cultura
ambiental, demonstrando ser método prático, eficiente e de baixo custo (ANDREATTI FILHO et al.,
2009).
Foram analisados ao total 6180 suabes de arrasto, devendo considerar que cada galpão foi testado
pelo menos uma vez, duas semanas antes do abate das aves. A amostra média foi de 325 galpões
avaliados por mês variando entre 211 a 399 aviários. Nos aviários em que se obtiveram resultados
positivos para Salmonella spp., foi avaliada a ficha de campo e coletados dados, como número de vezes
que a cama foi utilizada, se houve diagnóstico de alguma doença no lote e qual o percentual de
mortalidade. Antes do ingresso de novas aves nestes galpões foi realizado o re-teste para então liberação
do novo lote.
Os suabes foram arrastados sobre a cama dos aviários percorrendo toda a extensão longitudinal
central, após os mesmos foram transferidos para sacos plásticos contendo água peptonada tamponada,
sendo mantidos em caixas térmicas. Os suabes foram encaminhados para o laboratório agropecuário da
própria empresa, incubados a 37ºC por 24 horas, e uma pequena parte foi transferida para tubos contendo
caldo seletivo de enriquecimento (tetrationato), sendo incubados a 37ºC por 24 horas. Posteriormente as
culturas foram semeadas em ágar MacConkey, sendo incubadas novamente a 37ºC por 24 horas
(BRASIL, 1995). As colônias consideradas suspeitas, incolores ou translúcidas, foram selecionadas e
submetidas a provas bioquímicas e sorológicas. Para a sorotipificação, os isolados foram caracterizados
com uma série de reações com soros específicos para diferentes antígenos flagelares “H” e somáticos
“O”, em provas de aglutinação. O método de classificação utilizado foi o esquema de Kauffman-White,
em que os sorogrupos de Salmonella sp são identificados por letras e números.
Do total de 6180 suabes de arrasto analisados no período de abril de 2009 a outubro de 2010, 259
(4,19%) foram positivos para Salmonella spp. Evidenciou-se uma maior ocorrência de Salmonella spp.
durante os meses de fevereiro (9,01%), maio (6,49%) e junho (6,57%) de 2010 (verão e outono) e menor
ocorrência nos meses de abril (1,15%) e novembro (1,25%) de 2009 e setembro (2,01%) de 2010.
Dentre os sorotipos isolados, cinco (1,93%) foram identificados como S. Typhimurium, dois
(0,77%) como S. Enteritidis, 35 (13,51%) como Salmonella spp., 44 (16,98%) sorogrupo B (exceto S.
Typhimurium), 75 (28,95%) sorogrupo C, 7 (2,70%) sorogrupo D (exceto S. Enteritidis, S. Galinarum, S.
Pullorum), 46 (17,16%) sorogrupo E e 45 (17,37%) sorogrupo G. Nota-se uma incidência elevada do
Grupo B, considerado um importante sorogrupo para a saúde pública. Segundo Brenner (2000), dentro da
espécie S. entérica subgrupo I, estão os sorogrupos mais comuns, A, B, C1, C2, D e E, sendo que as
cepas deste grupo causam aproximadamente 99% de infecções em humanos e animais de sangue quente.
Na ficha de campo foram coletados dados como número de vezes em que a cama do aviário foi
reutilizada para cada resultado positivo para Salmonella spp. As enterobactérias, com especial referência
à E. coli e Salmonella spp., têm a sua população na cama de frangos reduzida na fase final do ciclo de
criação, a amônia inclui-se entre as justificativas para este comportamento, devido à elevação de pH que
ela promove no meio (JORGE et al., 1992). Segundo Nascimento (1997), a reutilização da cama, desde
que livre de salmonela, por estar úmida e conter mais amônia, aumenta o pH do meio, a ponto de ser
inativante para salmonela, o tempo de sobrevivência desta bactéria em cama usada foi de 3 semanas,
enquanto na cama nova foi de 11 semanas. Houve um decréscimo acentuado na ocorrência de positivos
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para Salmonella spp. conforme o número de reutilizações da cama, sendo de 34,75% quando utilizada
uma vez e de 3,09% quando utilizou-se a cama por sete vezes.
A mortalidade média nos 259 resultados positivos para salmonela foi de 6,15%, variando entre
2,8% e 39,9%, este último resultado ocasionado por queda de energia.
A persistência de Salmonella spp. em galpões, após limpeza e desinfecção é um dos maiores
riscos para os lotes de aves que estão sendo alojadas, neste estudo foi verificado reincidência de lotes
positivos em 49 aviários, sendo que um único avicultor teve quatro lotes positivos no período de abril de
2009 e outubro de 2010.
Independente da quantidade de Salmonella spp. isolada, pela importância implícita a esta
bactéria dentro do contexto de produção animal e principalmente avícola, torna-se necessária à
implantação ou manutenção de programa rigoroso de biosseguridade nas granjas avícolas (ANDRETTI
FILHO et al., 2009).
A contaminação por Salmonella spp. é um dos maiores problemas na avicultura moderna,
ocasionando restrições sanitárias ao comércio de aves e seus produtos em todo o mundo causando
severos prejuízos socioeconômicos. A maioria dos países está ampliando a monitoria destes agentes por
meio de testes sorológicos e isolamento bacteriano e impondo barreiras sanitárias, como é o caso da
Rússia, da Coréia do Sul e da África do Sul, evidenciando a importância do controle das salmoneloses.
Referências Bibliográficas
ANDREATTI FILHO, R. L. et al. Pesquisa de Salmonella spp. em suabes de arrasto provenientes de
granjas avícolas. Veterinária e Zootecnia, v.116, n.1, p.190-194, 2009.
BRASIL. Portaria Nº126, de 03 de novembro de 1995. Aprovar as Normas de Credenciamento e
Monitoramento de Laboratórios de Diagnóstico das Salmoneloses Aviárias (S. Enteritidis, S. Gallinarum,
S. Pullorum e S. Typhimurium). Diário Oficial da União de 06/11/1995, Seção 1, p. 17694. 1995.
BRENNER, F.W. et al. Salmonella Nomenclature. Journal of Clinical Microbiology, v. 38, n. 7, p.
2465-2467, 2000.
JORGE, M. A. et al. Efeito da densidade de criação na ocorrência e severidade de aerossaculite em
frangos com reação respiratória vacinal. Arq. Brasileiro Medicina Veterinária Zootecnia, v. 43, n. 4,
p. 255-262, 1992.
NASCIMENTO W.P. et al. O Controle das Salmonelas na cadeia Produtiva Avícola. In: SIMPÓSIO
SOBRE AMBIÊNCIA, SANIDADE E QUALIDADE DA CARCAÇA DE FRANGOS DE CORTE,
1997, Concórdia. Anais. Concórdia: EMBRAPA, p. 32-39, 1997.
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