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Jan-Fev - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Membrana neovascular sub-retineana justapapilar em paciente com papile<strong>de</strong>ma e hipertensão intracraniana idiopática<br />

45<br />

Figura 3: Retinografia <strong>de</strong>monstrando redução do papile<strong>de</strong>ma em ambos<br />

os olhos e da exsudação macular à direita quando comparado ao exame<br />

anterior. Abaixo, campo visual computadorizado evi<strong>de</strong>nciando melhora<br />

do <strong>de</strong>feito, mas persistência <strong>de</strong> escotoma cecocentral no olho direito<br />

alguma fase da doença (2,3, 8,9) . As alterações campimétricas<br />

geralmente são indicativas <strong>de</strong> perda axonal <strong>de</strong> evolução<br />

crônica sendo mais comuns os <strong>de</strong>feitos no quadrante<br />

nasal inferior, a constrição generalizada do campo visual,<br />

os <strong>de</strong>feitos arqueados e, menos frequentemente, os<br />

escotomas centrais ou cecocentrais (10) .<br />

O caso atual evi<strong>de</strong>ncia uma complicação muito<br />

mais rara da HII que é a perda visual <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma<br />

membrana neovascular sub-retiniana. Wen<strong>de</strong>l et al. (11)<br />

revisaram 1140 casos <strong>de</strong> HII e encontraram apenas 6<br />

pacientes com MNSR unilateral, o que sugere uma incidência<br />

<strong>de</strong> apenas 0,53% dos casos. Não se sabe o mecanismo<br />

pelo qual alguns pacientes com papile<strong>de</strong>ma <strong>de</strong>senvolvem<br />

MNDR, mas a existência <strong>de</strong> vários casos acometendo<br />

ambos os olhos (4, 6, 12) sugere uma predisposição<br />

individual para tal ocorrência. A patogênese presumida<br />

para tal complicação é que a <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> provocada<br />

pela pressão exercida nas margens da membrana <strong>de</strong><br />

Bruch ao nível do disco óptico po<strong>de</strong>ria levar a uma<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> da aposição normal das camadas<br />

coriorretinianas naquela região que, associada à hipóxia<br />

criada pelo e<strong>de</strong>ma axonal po<strong>de</strong>ria promover a<br />

angiogênese levando à formação da membrana<br />

neovascular (6).<br />

Devido à rarida<strong>de</strong> da complicação, não se conhece<br />

bem a história natural da doença, mas o conceito mais<br />

difundido é que a maior parte das MNSR nos pacientes<br />

com papile<strong>de</strong>ma são relativamente benignas e permanecem<br />

na região peripapilar (4, 11). No entanto, se houver<br />

envolvimento foveal e comprometimento do feixe<br />

papilomacular po<strong>de</strong> haver perda visual grave como <strong>de</strong>monstrado<br />

no OD <strong>de</strong> nossa paciente. Embora no caso<br />

atual a perda axonal <strong>de</strong>corrente do papile<strong>de</strong>ma crônico<br />

possa ter contribuído em parte para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do <strong>de</strong>feito campimétrico, a redução da acuida<strong>de</strong> visual e<br />

o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> campo se <strong>de</strong>veu fundamentalmente à presença<br />

<strong>de</strong> uma membrana neovascular sub-retiniana que<br />

ocasionou redução da acuida<strong>de</strong> pela distorção dos<br />

fotorreceptores secundária a membrana e à exsudação<br />

macular no OD, <strong>de</strong> forma semelhante aquela observada<br />

por outros autores na literatura (4-6, 11) . Com relação ao OE,<br />

o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> campo po<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>corrente em parte da<br />

perda axonal que ocorre no papile<strong>de</strong>ma crônico, mas a<br />

análise cuidadosa dos achados à angiofluoresceinografia<br />

e indocianina ver<strong>de</strong> indicam que provavelmente tenha<br />

existido uma membrana neovascular sub-retiniana<br />

peripapilar que involuiu, mas que provocou cicatriz<br />

justapapilar seja pela sua presença seja por ter tido hemorragia<br />

peripapilar prévia (Figuras 1 e 2).<br />

O tratamento da membrana neovascular no<br />

papile<strong>de</strong>ma ainda não é bem estabelecido. Muitos autores<br />

já trataram estas membranas com laser <strong>de</strong> argônio,<br />

terapia fotodinâmica ou cirurgia para prevenir a extensão<br />

subfoveal (5, 6, 11, 13, 14) . Jamison (5) relatou uma paciente<br />

que <strong>de</strong>senvolveu membrana neovascular sub-retiniana<br />

associada a papile<strong>de</strong>ma em paciente com pseudotumor<br />

cerebral. Apesar do tratamento da hipertensão<br />

intracraniana ter levado a redução do e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> papila<br />

houve progressão da MNSR necessitando tratamento<br />

com laser <strong>de</strong> argônio e levando a redução da acuida<strong>de</strong><br />

visual. Morse et al. (6)<br />

relataram uma paciente com<br />

pseudotumor cerebral que <strong>de</strong>senvolveu MNDR bilateral<br />

associada a papile<strong>de</strong>ma. A paciente foi submetida a<br />

tratamento do pseudotumor cerebral com melhora do<br />

papile<strong>de</strong>ma. Em um olho houve resolução da MNSR,<br />

enquanto que no outro houve piora progressiva da membrana,<br />

levando a redução da acuida<strong>de</strong> visual e necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tratamento com laser <strong>de</strong> argônio. Castellarin et<br />

al. (13) realizaram a remoção cirúrgica <strong>de</strong> uma MNSR em<br />

paciente com pseudotumor cerebral, mas não houve<br />

melhora na função visual. Mais recentemente, Tewari et<br />

al. (14) realizaram tratamento com terapia fotodinâmica<br />

combinada com a injeção justaescleral <strong>de</strong> triamcinolona<br />

que resultou em involução da membrana e melhora da<br />

acuida<strong>de</strong> visual. No entanto, esta membrana não se situava<br />

na região foveal e se mostrava restrita à região do<br />

disco óptico.<br />

Outros autores sugerem que estas membranas po<strong>de</strong>m<br />

não necessitar tratamento e que tem um bom prog-<br />

Rev Bras Oftalmol. 2008; 68 (1): 42-7

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