You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ESPAÇO ABERTO<br />
Athayde Motta *1<br />
Reflexões sobre<br />
a teoria da<br />
Diáspora<br />
Africana<br />
1 Agradeço pela orientação<br />
dos professores João Costa<br />
Vargas e Edmund T. Gordon,<br />
do Programa de Pós-Graduação<br />
em Estudos da Diáspora<br />
Africana, na Universidade do<br />
Texas, em Austin, EUA, durante<br />
a realização deste artigo.<br />
Agradeço também à récemdoutora<br />
Jacqueline Pólvora e<br />
as doutorandas Sonia Beatriz<br />
dos Santos e Raquel de Souza<br />
pela convivência nesse programa<br />
e pelas inteligentes<br />
discussões sobre a experiência<br />
negra no Brasil e as formas<br />
de luta de homens e<br />
mulheres negros(as) contra a<br />
infame opressão racial em<br />
nosso país.<br />
A proposta deste texto é discutir uma série de questões e problemas no estudo do ativismo<br />
negro contemporâneo no Brasil, especialmente as análises sobre a emergência de novos atores<br />
e novas agendas políticas. A questão central no debate científico e na sociedade civil pode ser<br />
analisada a partir de duas perspectivas: a contradição flagrante entre as atividades e os impactos<br />
das organizações negras contemporâneas na arena pública, por um lado, e as noções dominantes<br />
sobre a capacidade de organização política dos(as) negros(as) e o entendimento sobre<br />
a conformação racial brasileira, por outro – especialmente nas formas como essa pré-define<br />
termos como “identidade negra” e “política racial”. Essa contradição, visível em análises articuladas<br />
por intelectuais e formadores(as) de opinião localizados(as) em campos distintos, revela,<br />
em primeiro lugar, o cenário particularmente complexo no qual as organizações negras operam.<br />
Tal cenário também dificulta a percepção de mudanças nos movimentos sociais negros.<br />
96 DEMOCRACIA VIVA Nº 34