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A pedagogia de Rui Barbosa - Fundação Casa de Rui Barbosa

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x A Reforma Leôncio <strong>de</strong> Carvalho<br />

Não o iremos tentar, aqui Antes, vejamos o que <strong>de</strong> essencial se apresentava na<br />

reforma Leôncio <strong>de</strong> Carvalho, e que <strong>de</strong>u motivo a tanto labor E, para o compreen<strong>de</strong>rmos,<br />

vejamos, ainda, em breves notas, qual a situação do ensino no país<br />

A situação da administração po<strong>de</strong> ser assim resumida: o governo imperial mantinha<br />

estabelecimentos <strong>de</strong> instrução primária e secundária na Corte; as faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Direito<br />

<strong>de</strong> São Paulo e Recife, a <strong>de</strong> Medicina, na Bahia; a <strong>de</strong> Minas, em Ouro Preto; <strong>de</strong> Ensino Médico,<br />

Engenharia e Belas-Artes no Rio <strong>de</strong> Janeiro O ensino primário, o secundário e o normal,<br />

nas províncias, estavam entregues aos respectivos governos Nas escolas primárias <strong>de</strong> todo o<br />

país, ao todo 15561, a matrícula, no ano <strong>de</strong> 1878, havia sido <strong>de</strong> 175 mil alunos apenas<br />

No município da Corte, as escolas eram 211, sendo 95 públicas e 116 particulares;<br />

os alunos orçavam por 12 mil, dos quais apenas meta<strong>de</strong> se achava no ensino público<br />

Admitia-se que a população do Município Neutro fosse <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 mil habitantes, dos<br />

quais 70 mil escravos O número <strong>de</strong> alunos, portanto, não chegava a representar 5% da<br />

população livre da Corte Para todo o país, a população livre era <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 9 milhões, o<br />

que logo mostra que o total dos alunos matriculados não representava 2% da população<br />

Relembre-se que o recenseamento <strong>de</strong> 1870 havia dado a taxa <strong>de</strong> 78% <strong>de</strong> analfabetos, nos<br />

grupos da população nas ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 15 anos e mais<br />

A situação – acabrunhadora e <strong>de</strong>primente para o Brasil, quando comparada a<br />

<strong>de</strong> outros países, não só da Europa, mas da América, pois a Argentina já apresentava mais<br />

<strong>de</strong> 5% da população total nas escolas – era explicada, segundo muitos, pela falta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

aos particulares para fundar e manter escolas Na bibliografia pedagógica dos anos<br />

anteriores e, ainda, nas memórias do malogrado Congresso <strong>de</strong> Instrução <strong>de</strong> 1882, verificase<br />

que essa era, realmente, a idéia generalizada entre nossos políticos e educadores para<br />

justificação da insuficiência do ensino<br />

Diante <strong>de</strong>ssa situação, o ministro Carlos Leôncio <strong>de</strong> Carvalho provi<strong>de</strong>nciou a<br />

expedição do Decreto nº 7247, em que a idéia central é a da liberda<strong>de</strong> do ensino Diz o<br />

artigo 1º <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>creto: “É completamente livre o ensino primário e secundário no município<br />

da Corte, e o superior em todo o Império, salvo a inspeção necessária para garantir as<br />

condições <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> e higiene” No artigo 2º, estabelece a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> freqüência<br />

às escolas primárias <strong>de</strong> 1º grau, para todos os indivíduos, <strong>de</strong> um e outro sexo, <strong>de</strong> 7 a 14<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Regula, a seguir, o ensino das escolas primárias <strong>de</strong> 1º e 2º graus, com 6 e 2<br />

anos <strong>de</strong> curso, respectivamente Diz que serão fundados jardins <strong>de</strong> infância Estabelece<br />

que o Governo Imperial po<strong>de</strong>rá, na corte, como nas províncias, subvencionar escolas e<br />

contratar professores; auxiliar ou criar escolas normais e conce<strong>de</strong>r-lhes as prerrogativas <strong>de</strong><br />

que gozava o Imperial Colégio Pedro II; criar ou auxiliar, nas províncias e na Corte, escolas<br />

profissionais, e escolas especiais ou <strong>de</strong> aprendizado profissional; fundar ou auxiliar bibliotecas<br />

e museus pedagógicos Traça, <strong>de</strong>pois, o plano <strong>de</strong> estudo nas escolas normais<br />

Vários artigos são <strong>de</strong>dicados aos exames <strong>de</strong> preparatórios para matrícula nos<br />

cursos superiores; as “mesas”, ou bancas, como ora dizemos, para esses exames, seriam<br />

formadas por professores das escolas normais, ou por cidadãos habilitados, escolhidos <strong>de</strong><br />

preferência entre os que exercessem o magistério oficial; teriam elas a fiscalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados<br />

do governo<br />

Criava o <strong>de</strong>creto seis lugares <strong>de</strong> inspetores <strong>de</strong> ensino, no município da Corte,<br />

como auxiliares do inspetor geral da instrução primária e secundária; reorganizava o Conselho<br />

Diretor da Instrução; concedia, enfim, plena liberda<strong>de</strong> para o ensino superior Nas<br />

escolas oficiais, sem obrigação <strong>de</strong> freqüência, qualquer estudante po<strong>de</strong>ria habilitar-se, submetendo-se<br />

aos exames <strong>de</strong> cada série, em que se dividisse o ensino<br />

Ao mesmo tempo, permitia a associação <strong>de</strong> particulares para a fundação <strong>de</strong><br />

escolas, on<strong>de</strong> se ensinassem as matérias <strong>de</strong> qualquer curso oficial <strong>de</strong> ensino superior,<br />

64 A <strong>pedagogia</strong> <strong>de</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Barbosa</strong>

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