culto, quanto naqueles versos, cuja transparência lembra a atmosfera grega, nos <strong>de</strong>fine em Sakontala, a pérola indiana, o mundo inteiro da bonda<strong>de</strong>, da graça e dos prazeres imaculados “Queres as flores da primavera e os frutos do outono Queres o que encanta e arrebata Queres o que nutre e satisfaz Queres em um só nome abranger o céu e a terra Nomeio-te Sakontala, e disse tudo!” 35 x Conclusão “Abranger o céu e a terra” Citando esses versos <strong>de</strong> Goethe, <strong>Rui</strong> não pretendia apenas exaltar a arte pela arte Mostrava-nos a importância que ela po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ter na formação do homem, na influência que exerce, a cada instante, como força inspiradora e criadora, e, portanto, como energia que ao homem libera Uma das bases da educação popular, pregava ele, <strong>de</strong>ve ser o ensino artístico, porque a arte influi na formação moral, porque por ela o homem se humaniza <strong>Rui</strong> não o faz apenas para retornar ao imperativo categórico, mas para retornar ao todo, ao universo e à vida, que o racionalismo naturalista separa do homem À época dos pareceres, já <strong>de</strong>via ele pensar, como Eucken o diria <strong>de</strong>pois, que a arte, <strong>de</strong> certo modo, po<strong>de</strong> preencher essa lacuna, simbolizando a idéia <strong>de</strong> que a natureza e o espírito, o sensível e o insensível, o racional e o irracional, as verda<strong>de</strong>s da ação e as verda<strong>de</strong>s do sentimento, estão sempre e sempre estreitamente unidas 36 Ou, como o queria Schiller, no dizer que é pelo caminho da beleza que se encontra o da liberda<strong>de</strong> <strong>Rui</strong> já não mais reflete Comte e Spencer Retorna a Kant e a Fichte Já não é Galloway e Calkins, mas, a inspiração e o conselho que ainda emanavam da figura paterna É o retorno ao seu íntimo, ao seu natural, ao seu próprio espírito, o mundo dos valores não só o das realida<strong>de</strong>s práticas Pois não haveria ele <strong>de</strong> escrever, na Oração aos moços, que “tudo é viver num mundo em que estamos fora <strong>de</strong>ste () E assim está o coração, cada ano, cada dia, cada hora, sempre aumentando em contemplar o que não vê, por ter em dote dos céus a preexcelência <strong>de</strong> ver, ouvir e palpar o que os olhos não divisam Os ouvidos não escutam, o tato não sente” Afinal, o mundo dos valores, o mundo do espírito, o mundo da cultura Nem por prezar a ciência, que viria transformar a vida <strong>de</strong>sse século, <strong>Rui</strong>, o humanista, a isso podia esquecer ou <strong>de</strong>sprezar Nesse ponto resi<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong> lição da <strong>pedagogia</strong> <strong>de</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Barbosa</strong> I<strong>de</strong>alista por tendência; racionalista por sistema, ou influências <strong>de</strong> formação; naturalista por amor à certeza e à eficiência do método – ela espelha a insegurança e as angústias da época em que vivia; ou, mais exatamente, das que se ofereciam aos homens que, como ele, pu<strong>de</strong>ssem pressentir a mudança dos tempos e as tempesta<strong>de</strong>s do futuro Ela nos ensina, sem dúvida, o amor à pátria e à comunida<strong>de</strong> universal, a compreensão da vida social, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aumentar a riqueza pública Ela nos aponta o respeito à verda<strong>de</strong>, ao bem e ao belo, relativos que sejam Ela nos mostra que a técnica muito po<strong>de</strong>, e que o saber se acumula e se multiplica Ensina-nos, porém, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo isso, e com isso, esta coisa, aparentemente tão singela e rudimentar: que ao lado da ciência <strong>de</strong>ve haver uma sabedoria, e que essa é a categoria do espírito humano, quando realmente queira ser livre Ela nos ensina, enfim, em face dos problemas sempre renovados da vida do homem e das forças incertas que lhe traçam o <strong>de</strong>stino, a gran<strong>de</strong>za e a humilda<strong>de</strong> das concepções <strong>de</strong> reforma do homem Faz-nos sentir, numa palavra, a gran<strong>de</strong>za eterna e a eterna humilda<strong>de</strong> da <strong>pedagogia</strong> 35 Obras completas, v IX, t II, p 237 36 Eucken, R El hombre y el mundo Trad <strong>de</strong> Ovejero y Maury Madrid, 1926 54 A <strong>pedagogia</strong> <strong>de</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Barbosa</strong>
À margem dos pareceres sobre o ensino * * Conferência na <strong>Casa</strong> <strong>de</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Barbosa</strong>, promovida pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Educação, em 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1943
- Page 1 and 2:
COLEÇÃO LOURENÇO FILHO 2 Manoel
- Page 3: A Abgar Renault
- Page 6 and 7: O espírito da obra 83 Influência
- Page 8 and 9: da pequena história que o Imperado
- Page 10 and 11: 5/4/1889), - confirmando, mais uma
- Page 12 and 13: era a posse do título de bacharel
- Page 14 and 15: espiritual que recebia luz e calor
- Page 16 and 17: Vê-se que o arco que nele une os a
- Page 18 and 19: Para estabelecer as perspectivas co
- Page 20 and 21: Direito E Lourenço Filho em tudo i
- Page 23 and 24: Prefácio da 3 a edição Nenhum es
- Page 25 and 26: Cronologia da produção e da publi
- Page 27: Alterações manuscritas de Louren
- Page 30 and 31: povo; Introdução ao estudo da Esc
- Page 33: A pedagogia de Rui * * Conferência
- Page 36 and 37: sempre, copioso Na coleção das Ob
- Page 38 and 39: Em prefácio para a reedição de L
- Page 40 and 41: da força, servida pelo gênio e pe
- Page 42 and 43: Assim aconteceu com Rui Barbosa Nã
- Page 44 and 45: Fichte pregava a educação popular
- Page 46 and 47: dos estados sucessivos de desenvolv
- Page 48 and 49: tão abundante que reúne, Rui nos
- Page 50 and 51: que as suas armas de trabalho fosse
- Page 52 and 53: E, acrescentando idéias, que faz s
- Page 57 and 58: x As Obras completas Determinou um
- Page 59 and 60: Folha de rosto da separata do Anexo
- Page 61 and 62: de seu supremo dever para com a pá
- Page 63 and 64: Não se encontra, no frontispício
- Page 65 and 66: declarando-se textualmente: “O go
- Page 67 and 68: ao aviltamento do direito do sufrá
- Page 69 and 70: educador do caráter, pertence-lhe
- Page 71 and 72: Com aquela sobranceria e elegância
- Page 73: Rui e as Lições de coisas * * Pre
- Page 76 and 77: Tributando ao pai imenso respeito e
- Page 78 and 79: professora norte-americana Eleanor
- Page 80 and 81: edição americana” Na folha de r
- Page 82 and 83: dessa gestão Dela se sabe, porém,
- Page 84 and 85: ências pedagógicas na Escola da G
- Page 86 and 87: infância, vemos no nome que traço
- Page 89 and 90: x Cronologia dos escritos pedagógi
- Page 91 and 92: Folha de rosto do volume IX, tomo I
- Page 93 and 94: O primeiro desses trabalhos começa
- Page 95 and 96: Rui, a esse tempo (v IX, t II, p 23
- Page 97 and 98: da miséria” E, repetindo um auto
- Page 99: As fontes dos pareceres
- Page 102 and 103: acentuadas Não se prendia a nenhum
- Page 104 and 105:
legislação comparada, especialmen
- Page 106 and 107:
Rui os cita, embora ao último não
- Page 108 and 109:
impressões sensíveis, tidas como
- Page 110 and 111:
Não se nega que ele amava o jogo d
- Page 112 and 113:
É então materialista a ciência d
- Page 114 and 115:
Decorriam daí duas conseqüências
- Page 116 and 117:
poderiam isolar-se, umas de outras
- Page 118 and 119:
Ao ensino das ciências físicas e
- Page 120 and 121:
As fontes de que Rui se serve para
- Page 122 and 123:
Com relação ao ensino na capital
- Page 125 and 126:
x Observação preliminar Uma súmu
- Page 127 and 128:
O Estado é o governo exercido pela
- Page 129 and 130:
a que o Estado não as afronte, pro
- Page 131 and 132:
morigeração nos costumes Triviali
- Page 133 and 134:
ninguém, neste país, lhe é fiel,
- Page 135 and 136:
x b) Sociologia educacional x 1 Ada
- Page 137 and 138:
avaliar a relatividade das distânc
- Page 139 and 140:
estado meramente passivo, como o in
- Page 141 and 142:
x 5 Higiene escolar As condições
- Page 143 and 144:
nossa evolução mental os segredos
- Page 145 and 146:
com as ciências, numa combinação
- Page 147 and 148:
pedagógicas deste século estão i
- Page 149 and 150:
na luta pela vida No projeto, pois,
- Page 151 and 152:
x 8 O ensino da história Um bem co
- Page 153 and 154:
Índice de assuntos Adaptação e o
- Page 155 and 156:
- influência no país, 36, 84 - po
- Page 157:
Racionalismo naturalista, 53, 54 Re
- Page 160 and 161:
Brouard, 118 Brougham (Lord), 46, 1
- Page 162 and 163:
Macaé (Visconde de), 78 Macaúbas
- Page 164:
Virchow, 111 Voltaire, 70 Yabar, Lu