A pedagogia de Rui Barbosa - Fundação Casa de Rui Barbosa
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4º Que, longe <strong>de</strong> sobrecarregar o programa, ele o ameniza; longe <strong>de</strong> retardá-lo, só lhe faz<br />
ganhar tempo; longe <strong>de</strong> dificultar os outros estudos, facilita-os, e auxilia-os enormemente;<br />
5º Que é um elemento essencial ao cultivo das faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação, <strong>de</strong> invenção,<br />
<strong>de</strong> assimilação e retenção mental;<br />
6º Que a sua generalização como disciplina inseparável da escola popular é uma das<br />
forças mais po<strong>de</strong>rosas para a fecundação do trabalho e o engran<strong>de</strong>cimento da riqueza<br />
dos Estados (X, II, 124)<br />
x 10 Educação artística<br />
uma das bases fundamentais da educação popular é a cultura artística, efetuada<br />
principalmente pelo ensino do <strong>de</strong>senho industrial e da mo<strong>de</strong>lação; <strong>de</strong>si<strong>de</strong>ratum a que<br />
será impossível chegar, sem o estabelecimento <strong>de</strong> uma escola superior <strong>de</strong> arte aplicada,<br />
que constitua o foco da irradiação <strong>de</strong>sses estudos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente mágica influência;<br />
sem uma instituição central, que represente, entre os meios <strong>de</strong> difundir a instrução<br />
da arte, neste país, “o que o coração é para o corpo humano: um centro <strong>de</strong> vida, a fonte<br />
da circulação do sangue que anima o indivíduo” (X, II, 191)<br />
Não temos, porém, uma Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas-Artes Para que, pois, o luxo, a que nos<br />
daríamos <strong>de</strong> uma duplicata, instituindo uma Escola Normal Nacional <strong>de</strong> Arte Aplicada<br />
Esta objeção, que, neste país, não nos espantaria, revelará unicamente a mais grosseira<br />
ignorância no assunto São diversas, absolutamente diversas, as competências<br />
<strong>de</strong>sses dois gêneros <strong>de</strong> criações A que ora propomos, não se <strong>de</strong>stina ao cultivo superior<br />
da pintura, da escultura, da estatuária, mas a explorar completamente as opulências<br />
inexauríveis da adaptação da arte ao trabalho industrial, mediante o estudo cabal do<br />
<strong>de</strong>senho e da mo<strong>de</strong>lação sob os seus variadíssimos aspectos, cada um dos quais é uma<br />
mina <strong>de</strong> riquezas para o Estado Trata-se <strong>de</strong> um estabelecimento superior <strong>de</strong> arte aplicada,<br />
“que nada tem com aca<strong>de</strong>mias (X, II, 194)<br />
As ciências e as letras não são dois todos, insulados um do outro, mas dois elementos<br />
inseparáveis <strong>de</strong> um todo harmonioso, <strong>de</strong> um composto único e indivisível Sem o gosto<br />
e a beleza do estudo literário, a ciência <strong>de</strong>cai <strong>de</strong> parte da sua dignida<strong>de</strong>, e per<strong>de</strong> um<br />
meio precioso <strong>de</strong> influência sobre o espírito humano Sem a ciência não há letras dignas<br />
<strong>de</strong>sse nome Elas são, por assim dizer, a forma estética, em que a ciência se há <strong>de</strong><br />
encarnar, e a que só ela po<strong>de</strong> infundir vida, alma e utilida<strong>de</strong> Esta idéia moldará todo o<br />
nosso plano <strong>de</strong> reforma (IX, I, 40)<br />
x 11 Educação moral<br />
Se a moral sobreleva em alcance o ensino das matérias usuais na escola, como lhe não<br />
abrir no programa um curso <strong>de</strong>finido e proporcional, na duração das lições, a preciosida<strong>de</strong><br />
inestimável <strong>de</strong>ste elemento <strong>de</strong> cultura Pelos mais óbvios motivos Ocupamo-nos<br />
em <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro lugar com a cultura moral, porque esta espécie <strong>de</strong> cultura, aos nossos<br />
olhos, há <strong>de</strong> ser um resultado, uma frutificação contínua da direção imprimida à escola<br />
em todas as funções <strong>de</strong> sua vida (X, II, 367)<br />
Para chegar, porém, a resultados sérios, nesta parte da missão que incumbe à aula <strong>de</strong><br />
primeiras letras, não se confie nada aos compêndios, às fórmulas doutrinais, à memória<br />
mecânica A lei da cultura moral, como a <strong>de</strong> toda a cultura abrangida no domínio<br />
escolar, é a ativida<strong>de</strong>, a intuição, a vida (X, II, 379)<br />
Em vez da moral <strong>de</strong> cartilha, portanto, a moral ativa e intuitiva: eis o objetivo da reforma<br />
(X, II, 381)<br />
a cultura, na escola, não po<strong>de</strong> ser feitura, nem objeto <strong>de</strong> um curso: é uma resultante geral<br />
<strong>de</strong>stes elementos (por sua or<strong>de</strong>m: 1) o mestre; 2) a vida escolar; 3) o ensino inteiro, mas,<br />
especialmente: a) a cultura científica; b) a cultura histórica: 4) os livros <strong>de</strong> leitura (X, II, 384)<br />
152 A <strong>pedagogia</strong> <strong>de</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Barbosa</strong>