Ordem CORRODENTIA - Acervo Digital de Obras Especiais
Ordem CORRODENTIA - Acervo Digital de Obras Especiais
Ordem CORRODENTIA - Acervo Digital de Obras Especiais
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO XVIII<br />
<strong>Or<strong>de</strong>m</strong> <strong>CORRODENTIA</strong> 118<br />
184. Caracteres. - Insetos, em geral, pequenos, tendo,<br />
no maximo, 15 mm. <strong>de</strong> comprimento, <strong>de</strong> côr esbranquiçada,<br />
acinzentada ou parda-olivacea; algumas especies das regiões<br />
tropicais apresentam côres vivas e maculas ou <strong>de</strong>senhos característicos,<br />
principalmente na cabeça e nas asas; apteros ou<br />
alados, neste caso com 4 asas <strong>de</strong>siguais, as anteriores maiores<br />
que as posteriores; cabeça com uma bossa frontal mais ou<br />
menos saliente. Desenvolvem-se por paurometabolia.<br />
185. Anatomia externa. - Cabeça relativamente gran<strong>de</strong>,<br />
hipognata, apresentando a prefonte (post-clypeus, <strong>de</strong> alguns<br />
autores) notavelmente saliente. Olhos, em geral, gran<strong>de</strong>s,<br />
mais <strong>de</strong>senvolvidos nos machos que nas femeas; ás vezes,<br />
porém, reduzidos a alguns omatidios (Troctes). Ocelos (3)<br />
presentes nas formas aladas. Antenas filiformes ou moniliformes,<br />
<strong>de</strong> 13 a 50 segmentos. Aparelho bucal mandibulado,<br />
<strong>de</strong> tipo altamente especializado e caracteristico. Mandibulas<br />
<strong>de</strong>nteadas, assimetricas, tendo, perto da base, uma area mastigadora<br />
corrugada. Maxilas com a galea normal, palpo gran<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> 4 segmentos e palpifero bem saliente no estipe; na parte<br />
interna <strong>de</strong> cada galea ha um sulco longitudinal, no qual <strong>de</strong>slisa<br />
uma peça esclerosada, geralmente dilatada e <strong>de</strong>nteada no<br />
apice, em forma <strong>de</strong> cinzel, com a base repousando no faringe.<br />
118 Lat. corro<strong>de</strong>ns, que corroe.
336 INSETOS DO BRASIL<br />
Tais peças (apendices estiliformes), caracteristicas da or<strong>de</strong>m<br />
Corro<strong>de</strong>ntia119 pois não são encontradas no aparelho bucal<br />
<strong>de</strong> mais nenhum inseto, são consi<strong>de</strong>radas pela maioria dos autores<br />
como lacinias altamente especializadas; po<strong>de</strong>m projetar-se<br />
fora da boca numa extensão consi<strong>de</strong>ravel, funcionando<br />
mais como peças perfurantes. Labium muito curto, provido<br />
<strong>de</strong> glossa e paraglossas completas, porém reduzidas; palpos<br />
labiais vestigiais ou muito pequenos com um ou dois segmentos;<br />
hipofaringe bem <strong>de</strong>senvolvido, provido <strong>de</strong> um par <strong>de</strong> lobos<br />
esclerosados (superlinguae, maxillulae ou paragnathas). No<br />
assoalho do faringe ha o esclerito post-oral do hipofaringe, <strong>de</strong><br />
BADONNEL (esclerito esofagiano, <strong>de</strong> SNODGRAS), homologo a<br />
uma estrutura semelhante que se observa em Mallophaga.<br />
Fig. 157 - Psocus sp. (× 6).<br />
Torax com protorax pequeno, nas formas aladas escondido<br />
por uma projeção do mesotorax; metatorax pequeno, quasi<br />
sempre fundido com o mesotorax, formando um verda<strong>de</strong>iro<br />
119<br />
Dai o nome Copeognatha, dado a estes insetos, <strong>de</strong> kopeus, cinzel e gnathos,<br />
maxilas.
<strong>CORRODENTIA</strong> 337<br />
pterothorax. Pernas subiguais, ambulatorias, ás vezes, porém,<br />
as posteriores com os femures notavelmente dilatados na parte<br />
proximal (Troctes). Tarsos <strong>de</strong> 3 ou 2 articulos nas formas<br />
Fig. 158 - Cabeça <strong>de</strong> Psocus sp.; á esquarda, vista <strong>de</strong> face.<br />
á direita, vista <strong>de</strong> perfil; Aclp, ante-clypeus; Ant, antena; Fr,<br />
fronte; Ge, genae; Md, mandibula; Oc, oceIo; Pclp, post-clypeus;<br />
Plp, palpo maxilar (por baixo vêm-se os apendices estiliformes);<br />
Vx, vertex.<br />
adultas; nas formas jovens, porém, sempre dimeros; pretarso<br />
com um par <strong>de</strong> garras e, entre elas, geralmente um empo-
338<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
dium <strong>de</strong> forma variavel nas especies. Asas (4) membranosas,<br />
<strong>de</strong>siguais, as anteriores sempre maiores que as posteriores, em<br />
repouso dispostas em telhado sobre o abdomen, ás vezes revestidas<br />
<strong>de</strong> escamas; tais escamas, longitudinalmente estriadas,<br />
po<strong>de</strong>m cobrir outras partes do corpo, e, como nos Lepidopteros,<br />
dar origem a belas côres estruturais. As asas po<strong>de</strong>m<br />
faltar completamente ou serem mais ou menos reduzidas. Em<br />
algumas especies as anteriores são <strong>de</strong>senvolvidas sendo, porém,<br />
as posteriores atrofiadas ou representadas por espansões<br />
do tegumento, quasi invisiveis (Psoquilla). Asas anteriores,<br />
frequentemente com pterostigma esclerosado.<br />
Fig. 169 - Cabeça <strong>de</strong> Psocus sp., vista <strong>de</strong> trás; o labium (Pgl + Pll)<br />
acha-se voltado para o buraco ou foramen ocipital, afim <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r<br />
vêr as superlinguae; Ga, galea; Hphy, hipofaringe; Le, lacinia; Lm,<br />
labrum; Md, mandibula; Pgl, paraglosa; Pll, palpo labial; Plm, palpo<br />
maxilar; Slin, superlinguae.<br />
O sistema <strong>de</strong> nervação, em ambas as asas, é caracteristico.<br />
Todavia, como observou ENDERLEIN (1908) e como tambem<br />
verifiquei em Psoquilla, notam-se variações consi<strong>de</strong>rareis,
<strong>CORRODENTIA</strong> 339<br />
não somente nas asas <strong>de</strong> 2 indivíduos da mesma especie, como<br />
nas <strong>de</strong> um mesmo indivíduo.<br />
Multas especies, providas <strong>de</strong> asas bem <strong>de</strong>senvolvidas, quasi<br />
nunca <strong>de</strong>las se utilizam; geralmente correm ou saltam, mesmo<br />
quando perseguidas.<br />
Abdomen <strong>de</strong> 9 a 10 segmentos, <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> cércos distintos.<br />
Genitalia do macho apenas <strong>de</strong>senvolvida. Femeas sem<br />
ovipositor.<br />
186. Anatomia interna. - Tubo digestivo com longo esolago<br />
terminando, no começo do abdomen, numa dilatação formada<br />
pelo papo e proventriculo; mesenteron fortemente curvado<br />
em U, que se continua num curto proctodaeum; com<br />
4 tubos <strong>de</strong> Malpighi. Sistema glandular representado principalmente<br />
por 2 pares <strong>de</strong> glandulas tubulosas, <strong>de</strong> estrutura<br />
diferente, que se esten<strong>de</strong>m até a cavida<strong>de</strong> abdominal; a glandula<br />
mais longa, ventral, segundo RIBAGA, secreta a saliva e a<br />
mais curta o fio <strong>de</strong> seda com que estes insetos tecem a cobertura<br />
dos ninhos.<br />
Sistema traqueal, segundo RIBAGA, com 3 pares <strong>de</strong> estigmas<br />
toracicos e um par em cada um dos 6 primeiros uromeros.<br />
Sistema nervoso altamente concentrado; além da massa<br />
ganglionar cefalica (ganglios cerebroi<strong>de</strong>s e infra-esofagianos),<br />
ba apenas os seguintes centros ganglionares: um protoracico,<br />
um meso-toracico e um abdominal, este parcialmente situado<br />
no metatorax.<br />
Testículos simples ou lobulados; em relação com o canal<br />
ejaculador ha um par <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s vesículas seminais e outro<br />
<strong>de</strong> glandulas <strong>de</strong> mucus que secretam o envoltorio dos espermatoforos.<br />
Ovarios representados por 3 a 5 ovariolos; ovidutos<br />
muito curtos; em relação com a vagina, uma pequena espermateca<br />
globulosa.<br />
187. Desenvolvimento. - Os ovos são dispostos isoladamente<br />
ou em massas <strong>de</strong> alguns ou muitos ovos (80 a 90). Em<br />
varias especies, a femea, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pôr uns 10 ovos, cobre-os<br />
com substancia escrementicial, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seca, fica com
340<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
o aspecto <strong>de</strong> um minusculo salpico <strong>de</strong> lama. Em quasi todos<br />
os casos, porém, feita a postura, ela protege os ovos com uma<br />
teia <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> seda. O <strong>de</strong>senvolvimento realiza-se rapidamente<br />
(num mez aproximadamente), por paurometabolia, havendo<br />
<strong>de</strong> 4 a 6 estadios <strong>de</strong> formas jovens. As técas alares surgem<br />
<strong>de</strong>pois da 2ª muda.<br />
188. Habitos e importancia economica. - Quasi nada se<br />
sabe respeito á biologia das especies que vivem em nosso territorio.<br />
As especies <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m alimentam-se <strong>de</strong> materia organica<br />
<strong>de</strong> origem-vegetal ou animal. Muitas são fungivoras.<br />
As especies da subor<strong>de</strong>m Parapsocida, em geral apteras,<br />
com um pouco mais <strong>de</strong> 1 mm. <strong>de</strong> comprimento e <strong>de</strong> aspecto<br />
pediculoi<strong>de</strong>, são frequentemente encontradas em papeis e livros<br />
velhos, nestes elas roem a goma do lombo. Não raro tambem<br />
se as encontra nas coleções <strong>de</strong> insetos mal cuidados, que<br />
po<strong>de</strong>m ser por elas totalmente arruinadas. Algumas especies<br />
da citada subor<strong>de</strong>m, como Troctes divinatorius (Müller) e Trogiurn<br />
pulsatorium (L.) vulgarmente conhecidas na Europa,<br />
pela <strong>de</strong>signação - "relogio da morte", foram introduzidas<br />
pelo homem nas <strong>de</strong>mais regiões da terra. Aliás, a primeira especie<br />
recebeu o nome cientifico divinatorius, correspon<strong>de</strong>nte<br />
áquele nome vulgar, por se acreditar que, á noite, produzisse<br />
ruídos ritmados, como o tic-tac <strong>de</strong> um relogio, interpretados<br />
pelos supersticiosos como aviso <strong>de</strong> morte proxima <strong>de</strong> qualquer<br />
pessoa da casa. Tais ruídos, provavelmente apêlos sexuais da<br />
femea, foram verificados por SOLOWIOW (1924) e PEARMAN<br />
(1928), somente em Trogium pulsatorium e são produzidos<br />
quando o inseto bate a parte saliente do esternito pregenital<br />
<strong>de</strong> encontro a superfície em que repousa. As especies <strong>de</strong> Troctidae<br />
são tambem encontradiças em péles <strong>de</strong> mamiferos e entre<br />
as penas das aves. Possivelmente aí se criam e se alimentam,<br />
como os Malophagos, <strong>de</strong> peliculas do tegumento e <strong>de</strong> outras<br />
produções epiteliais.<br />
Ha tempos enviaram-me para <strong>de</strong>terminar exemplares <strong>de</strong><br />
um Psoci<strong>de</strong>o, apanhados, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, "em um muro<br />
caiado". Tendo verificado tratar-se <strong>de</strong> uma especie <strong>de</strong> Pso-
<strong>CORRODENTIA</strong> 341<br />
quilla (=Psocinella Banks, 1900 - Axinopsocus En<strong>de</strong>rlein,<br />
1904), pu<strong>de</strong> tambem observar nesses exemplares todos os caracteres<br />
<strong>de</strong> Vulturops termitorum Townsend, 1912, especie<br />
tipo do genero Vulturops, por sua vez tipo da subfamilia VuIturopinae.<br />
Tambem Vulturops flori<strong>de</strong>nsis Corbett & Hargreaves,<br />
1915, me parece i<strong>de</strong>ntico a especie <strong>de</strong>scrita por TOWNSEND.<br />
Os nossos exemplares, apanhados no mesmo local e na mesma<br />
ocasião, exibem nas asas as variações notaveis que se po<strong>de</strong><br />
ver na fig. 161, aliás já assinaladas por ENDERLEIN (1908)<br />
para a Psoquilla microps.<br />
Fig. 160 - Asas <strong>de</strong> Psocus sp. (Fam. Psocidae); Ap, areola postica;<br />
Pt, pterostigma.<br />
As especies da subor<strong>de</strong>m Eupsocida são habitualmente<br />
vistas na face inferior das folhas das plantas ou sobre o tronco<br />
das arvores, em ninhos mais ou menos populosos, cobertos<br />
por um véo ou tela <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> seda. Ás vezes tais ninhos são<br />
bastante gran<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>les emigram, como numa enxamagem,<br />
as formas aladas, que pousam gregariamente nos troncos das
342<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
arvores, cobrindo-os numa gran<strong>de</strong> extensão ENDERLEIN <strong>de</strong>screveu<br />
os habitos <strong>de</strong> Archipsocus brasilianus End., 1907, observado<br />
no Pará pelo Dr. HAGMANN, e BORGMEIER (1928) O ninho<br />
<strong>de</strong> Epipsocus borgmeieri Karny, 1926.<br />
As especies que se encontram sobre plantas ou são saprofagas<br />
ou micofagas, aí vivendo sem prejudica-las. Eventualmente,<br />
dizem os autores, po<strong>de</strong>m transportar esporos <strong>de</strong><br />
fungos parasitos, sendo portanto prejudiciais. Porém, como<br />
tambem eventualmente po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>vorar Cocci<strong>de</strong>os, em ultima<br />
analise não se as <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar como insetos realmente daninhos.<br />
Têm sido, todavia, observados danos <strong>de</strong> alguma importancia,<br />
em milho e outras sementes, causadas por especies<br />
<strong>de</strong> Corro<strong>de</strong>ntia. Assim, na Baía, segundo BONDAR, O Archipsocus<br />
brasilianus prejudica as plantas do genero Citrus. Eis o<br />
que êle escreveu respeito a esta especie:<br />
"Os ovos <strong>de</strong> côr amarella luzidia, são alongados, <strong>de</strong> um<br />
terço <strong>de</strong> millimetro <strong>de</strong> comprimento. São <strong>de</strong>positados em grupos<br />
<strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>zenas ou centenas, um perto <strong>de</strong> outro, nas<br />
folhas ver<strong>de</strong>s ou mortas, envolvidos na teia. As larvas ecloem<br />
poucos dias <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>sova, e logo apparecem activas, correndo<br />
com ligeireza entre as teias e nas folhas.<br />
O insecto alimenta-se principalmente das partes mortas<br />
da planta, que elle carcome. Verifica-se frequentemente que<br />
os brotos envoltos em teia, não se <strong>de</strong>senvolvem, por serem<br />
tambem carmomidos pelo insecto, pelo menos, parcialmente.<br />
É preciso dizer-se que as lesões causadas pelas mandibulas<br />
do insecto em caso algum justificam a morte rapida das folhas<br />
e dos galhos envoltos na teia. A influencia do insecto<br />
é, antes mecanica, indirecta. A folhas presas pelas teias, retorcidas<br />
em posições forçadas, apertadas umas contra as outras,<br />
morrem asphyxiadas, ou antes queimadas pelo calor,<br />
pois recebendo a luz solar, con<strong>de</strong>nsam a temperatura nas<br />
bolas entre as teias, que impe<strong>de</strong>m a circulação do ar.<br />
A doença manifesta-se em todas as aurantiaceas, com<br />
maior intensida<strong>de</strong> nos limoeiros e nas cidreiras. No Estado<br />
da Bahia observamos esta enfermida<strong>de</strong> nos laranjaes da capital,<br />
no vale do rio Iguape como tambem no Sul do Estado.<br />
Além das aurantiaceas o insecto é encontrado frequentemente<br />
nos troncos <strong>de</strong> oitizeiros, não acarretando entretanto damnos<br />
visíveis, pois não envolve as folhas, limitando-se a fazer<br />
suas teias nos troncos.
<strong>CORRODENTIA</strong> 343<br />
Tratamento - O modo <strong>de</strong> combater este insecto consiste<br />
em passar a vassoura <strong>de</strong> piassava nos troncos e ramos grossos,<br />
envolvidos em teia. A vassoura é melhor embebel-a com<br />
carbolineum Kaukmann a 3% na agua, ou emulsão <strong>de</strong> kerozene,<br />
ou solução <strong>de</strong> Nosprasit. Os ramos finos limpam-se,<br />
retirando-se as folhas mortas e emboladas e os galhos seccos.<br />
Fig. 161 - Variações no sistema <strong>de</strong> nervação <strong>de</strong> Psoquilla sp. (Fam.<br />
Psoquillidae); as 2 asas da esquerda são <strong>de</strong> um mesmo exempIar; a da<br />
direita, <strong>de</strong> outro exemplar apanhado no mesmo local e na mesma ocasião,<br />
tem o aspecto observado em Vulturops.<br />
Feita esta limpesa, pulveriza-se abundantemente a arvore,<br />
com jacto forte <strong>de</strong> pulverisador, applicando-se uma solução<br />
<strong>de</strong> emulsão <strong>de</strong> kerozene e sabão, ou Nosprasit, em agua<br />
a dois por cento. Este ultimo insecticida, além <strong>de</strong> matar os<br />
insectinhos pelo contacto directo, actuará tambem, envenenando-lhes<br />
o alimento".<br />
189. Classificação. - Ha cerca <strong>de</strong> 400 especies <strong>de</strong>scritas<br />
<strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m, das quais perto <strong>de</strong> 200 são da região neotropica.<br />
A or<strong>de</strong>m, segundo TILLYARD (1923), compreen<strong>de</strong> 2 subir<strong>de</strong>ns<br />
Parapsocida e Eupsocida, que se distinguem pelos seguintes<br />
caracteres:
344<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
Asas anteriores com Cu 2 e 1A divergentes; antenas com 15<br />
a 47 segmentos, raramente com outro numero; tarsos sempre<br />
<strong>de</strong> 3 segmentos .................................................................. Parapsocida.<br />
Fig. 162 - Asa anterior <strong>de</strong> Caeciliidae.<br />
Asas anteriores com Cu 2 e 1A convergentes ou encontrando-se<br />
no apice; antenas com 13 artículos raramente com<br />
outro numero; tarsos dimeros ou trimeros ................. Eupsocida<br />
Fig. 163 - Asa anteror i<strong>de</strong> Thyrsophoridae (x 11).<br />
A subor<strong>de</strong>m Parapsocida compreen<strong>de</strong> as familias: Phyllipsoeidae,<br />
Perientomidae, Lepidopsocidae, Psoquillidae, Trogiidae,<br />
Troctidae, Archipsocidae.<br />
Á subor<strong>de</strong>m Eupsocida pertencem as familias: Mesopsocidae,<br />
Myopsocidae, Caeciliidae, Psocidae, Amphientomidae e<br />
Thyrsophoridae.<br />
Excetuando as familias Perientomidae e Archipsocidae, da<br />
subor<strong>de</strong>m Parapsocida e a arcaica família Amphientomidae da
<strong>CORRODENTIA</strong> 345<br />
subor<strong>de</strong>m Eupsocida, as <strong>de</strong>mais familias têm representantes<br />
na região neotropica. Peculiar a esta região é a familia Thyrsophoridae,<br />
altamente especializada, com os mais belos e<br />
conspicuos representantes da or<strong>de</strong>m, alguns dos quais po<strong>de</strong>m<br />
atingir 15 mm. <strong>de</strong> comprimento, com 22 a 25 mm. <strong>de</strong> envergadura<br />
<strong>de</strong> asas. Apresento a seguir a chave para distinção das<br />
famílias como se acha no livro <strong>de</strong> BRUES & MELANDER (1932).<br />
1<br />
1'<br />
Tarso <strong>de</strong> tres artículos (Trimera) .......................................................................... 2<br />
Tarso <strong>de</strong> dois artículos (Dimera) ..................................................................... 10<br />
2(1)<br />
2'<br />
Torax composto <strong>de</strong> 3 partes distintas; mesotorax separado<br />
do metatorax por uma sutura; geralmente alados, raramente<br />
com as asas reduzidas ou ausentes ............................... 3<br />
Torax composto <strong>de</strong> 2 partes; mesotorax e metatorax fundidos<br />
e sem sutura entre si; asas geralmente ausentes,<br />
quando presentes, sem nervuras em forquilha; segundo<br />
segmento dos palpos sem orgãos sensoriais claviformes<br />
..................................................................... Troctidae 120 (Liposcelidae)<br />
3(2)<br />
3'<br />
Asas presentes protorax muito menor que o mesotorax 4<br />
Asas anteriores ausentes ou muito pequenas e sem nervuras;<br />
asas posteriores ausentes; protorax maior que o mesotorax<br />
........................................... Trogiidae (Atropidae 121 ; Lepidillidae)<br />
4(3)<br />
4'<br />
Asas bem <strong>de</strong>senvolvidas, com nervação completa .............................. 5<br />
Nervação das asas incompleta, asas anteriores ovais ou arrendondadas<br />
e muito espessadas; nervuras geralmente<br />
muito largas; asas posteriores reduzidas ou ausentes; sem<br />
escamas ............................................................................. Psoquillidae<br />
122<br />
5(4)<br />
5'<br />
Segundo ramo <strong>de</strong> Cu e lA da asa anterior encontrando-se<br />
ou aproximando-se uma da outra no apice ........................................ 7<br />
Segundo ramo <strong>de</strong> Cu e lA da asa anterior divergindo para<br />
o apice ou pelo menos não se aproximando uma da outra;<br />
corpo e asas revestidos <strong>de</strong> pêlos ou escamas; asas<br />
mais ou menos ponteagudas; antenas com mais <strong>de</strong> 13<br />
segmentos ................................................................................................... 6<br />
120 Gr. troctes, comedor, roedor.<br />
121 De Atropos, nome <strong>de</strong> uma das Parcas (Mitologia).<br />
122 Gr. psoco, ou trituro, roo.
346<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
Fig. 164 - Pedaços <strong>de</strong> folhas com pequenas colonias <strong>de</strong> Psoci<strong>de</strong>os<br />
da familia Caeciliidae, protegidos por fios <strong>de</strong> seda.; numa<br />
das folhas vê-se urna postura no ponto indicado pela seta, (fortemente<br />
aumentado).
<strong>CORRODENTIA</strong> 347<br />
6(5')<br />
6'<br />
7(5)<br />
7'<br />
8(7)<br />
8'<br />
9(8)<br />
9<br />
10(1')<br />
10'<br />
Asas posteriores com uma celula muito estreita, fechada na<br />
base entre M e Cu; escamas das asas simetricas, igualmente<br />
curvadas nos 2 lados; antenas <strong>de</strong> 20 a 25 artículos<br />
............................................................................................ Perientomidae<br />
Asas posteriores sem uma celula fechada; escamas das asas<br />
geralmente asimetricas; antenas com 26 a 47 segmentos<br />
......................................................................... Lepidopsocidae (Empheriidae)<br />
Antenas <strong>de</strong> 13 segmentos ........................................................................ 8<br />
Antenas <strong>de</strong> 22 a 25 segmentos; corpo e asas sem escamas; M<br />
bi ou trifurcada; protorax visível <strong>de</strong> cima Phyllipsocidae<br />
Corpo e asas sem escamas; apenas uma nervura anal na<br />
asa anterior ............................................................................................... 9<br />
Corpo e asas escamosos; 2 nervuras anais na asa anterior<br />
........................................................................................ Amphientomidae<br />
Parte apical <strong>de</strong> Cu na asa anterior curvando-se fortemente<br />
para diante em direção a M, porém sem toca-la; especies<br />
muito pequenas ........................................................................... Mesopsocidae<br />
Curvatura <strong>de</strong> Cu na asa anterior tangenciando M ou fundindo-se<br />
com ela numa pequena distancia; especies<br />
maiores .......................................................................................... Myopsocidae<br />
Protorax bem <strong>de</strong>senvolvido, visível <strong>de</strong> cima, asas reduzidas<br />
na femea; bem <strong>de</strong>senvolvidas no macho, porém com a<br />
nervação incompleta .......................................................................... Archipsocidae<br />
Protorax muito pequeno, invisivel <strong>de</strong> cima ...................................................... 11<br />
Fig. 165 - Troctes divinatorius (Müller) (Fam. Troctidae)<br />
(De Osborn, Agric. Entom. 1916, Fig. 44).<br />
123<br />
Lt. caecus, cego
348<br />
11(10')<br />
11'<br />
12(11')<br />
12'<br />
INSETOS DO BRASIL<br />
Porção apical <strong>de</strong> Cu da asa anterior não se curvando fortemente<br />
para diante ou, no caso <strong>de</strong> se curvar, não tangenciando<br />
M .......................................................................................... Caeciliidae 123<br />
Porção apical <strong>de</strong> Cu curvando-se para diante, tocando ou<br />
fundindo-se com M numa pequena distancia ........................................................ 12<br />
Segundo ramo do sector radial (R 4+5 ) fundindo-se com M<br />
ou a ela ligado por uma nervura transversa; 3° e 4°<br />
segmentos antenais alongados, mais espessos e mais <strong>de</strong>nsamente<br />
pilosos que os articulos seguintes; especies gran<strong>de</strong>s<br />
......................................................................................................... Thyrsophoridae 124<br />
Segundo ramo do sector radial (R 4+5<br />
) livre <strong>de</strong> M; 3º e 4°<br />
segmentos antenais semelhantes aos apicais .......................................... Psocidae<br />
190. Bibliografia.<br />
BADONNEL, A.<br />
1932 - Sur les genitalia ales psoques (Note préliminaire).<br />
Bull. Soc. Zool. Fr. 57: 476-481.<br />
1934 - Recherches sur l'anatomie <strong>de</strong>s psoques.<br />
Bull. Biol. Fr. Belg., Suppl. 18:241 p., 80 figs. (gran<strong>de</strong> índice<br />
bibliografico) .<br />
1936 - Sur l'hypopharynx ales psoques.<br />
Bull. Soc. Zool. Fr. 61: 14-17.<br />
BANKS, N.<br />
1929 - A classification of the Psocidae.<br />
Psyche, 36: 321-325.<br />
BOERNER, C.<br />
1929 - Mandibeln und Maxillen bei Psoci<strong>de</strong>n, Thysanopteren und<br />
Rhynchoten.<br />
Zeits. wiss. Insektenbiol. 34: 108-116, 3 figs.<br />
BORGMEIER, T.<br />
1928 - Ein interessantes Copeognathen-Gespinst aus Brasilien.<br />
Ent. Mitt. 17: 155-161, 2 figs.<br />
(Publ. em portuguez no Bol. Mus. Nac. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
4 (3): 59-65, 2 figs.).<br />
BURGESS, E.<br />
1878 - The anatomy of the head and structure of maxillae in Psocidae.<br />
Proc. Bost. Soc. H. N. 19: 291-306.<br />
ENDERLEIN, G.<br />
1900 - Die Psoci<strong>de</strong>nfauna Perus.<br />
Zool. Jahrb. Syst. 14: 133-160, este. 8, 9 e 4 figs.<br />
1903 - Über die Morphologie, Gruppierung und systematische Stellung<br />
<strong>de</strong>r Corro<strong>de</strong>ntien.<br />
ZoIl. Anz. 26: 423-437.<br />
1903 - Zur Kenntniss amerikanischer Psoci<strong>de</strong>n.<br />
Zool. Jahrb. Syst. 18: 351-364, este. 17 e 18.<br />
1905 - Die Copeognathen ales indo-australischen Faunengebietes.<br />
Ann. Mus. Hist. Nat. Hungar: 1: 179-344, esta. 3-14.<br />
1906 - Aussereuropäische Copeognathen aus alem Stettiner Museum.<br />
Zool. Jahrb. Syst. 24: 81-91, est. 6.<br />
1908 - Über die Variabilität <strong>de</strong>r Flügelgeä<strong>de</strong>rs <strong>de</strong>r Copeognathen.<br />
Zool. Anz., 33: 779-782, 12 figs.<br />
124<br />
Gr. thyrsus, haste, talo; fereo, eu trago.
<strong>CORRODENTIA</strong> 349<br />
ENDERLEIN, G.<br />
1915 - Paris 2, 3, Psoci<strong>de</strong>s et Termites, 65 p., 5 ests., Fase. III do Catal.<br />
Syst. et Descript. <strong>de</strong>s Collections Zoologiques <strong>de</strong> E. De Sellys-<br />
Lonchamps.<br />
1928 - Copeognatha, in Tierwelt Mitteleuropas.<br />
4 (2): VIl + 1.<br />
HAGEN, H.<br />
1866 - Psocinorum et Embidinorum synopsis synonymica.<br />
Verh. zool. bot. Ges. Wien. 16: 201-222.<br />
KARNY, H. H.<br />
1930 - Zur Systematik <strong>de</strong>r orthopteroi<strong>de</strong>n Insekten. Zweiter Teil.<br />
Treubia, 12 (3-4): 431-461.<br />
LUNDBLAD, O.<br />
1925 - Über das Vorkommen von Trichobothrien bei Neuropteren und<br />
Corro<strong>de</strong>ntien.<br />
Ent. Tidjik., 46: 96-101, 7 figs.<br />
MC CLURE, H. E.<br />
1936 - Psocid habits.<br />
Ent. News. 47: 113-118; 143-146.<br />
NAVAS, L.<br />
1924 - Insectos sudamericanos.<br />
Rev. Acad. Madrid 31: 9-28; 155-184, 62 figs.<br />
NOLAND, R. C.<br />
1924 - The anatomy of Troctes divinatorius Muell.<br />
Trans. Wisc. Acad. Sc. Arts and Lett. 21: 196-199.<br />
PEARMAN, J. V.<br />
1928 - On sound production in the Psocoptera and on a presumed stridulatory<br />
organ.<br />
Ent. Month. Mag. 64: 179-186, 1 fig.<br />
1936 - The taxonomy of the Psocoptera. Preliminary sketch.<br />
Proa. Roy. Ent. Soa. Lond. (B), 5: 58-62.<br />
RIBAGA, C.<br />
1901 - Osservazioni circa l'anatemia <strong>de</strong>l Trichopsocus dahlii Mc. Lachl.<br />
Riv. Par. Veg. 9: 129-176, 6 ests.<br />
SNODGRASS, R. E.<br />
1905 - A revision of the mouth parts of the Corro<strong>de</strong>ntia and the Mallophaga.<br />
Trans. Amer. Ent. Soa. 31: 297-307.<br />
SOLOWIOW, P.<br />
1924 - Biologische Be obachtungen über die Holzlaus (Atropos pulsatoria<br />
L.).<br />
Zeits. wiss. Insektenbiol., 19: 46-48.<br />
TOWNSEND, C. H.<br />
1912 - Vulturopinae a new subfamily of the Psocidae; type Vulturops<br />
gen. nov. (Platyp. Corrod).<br />
Ent. News. 23: 226-269, 3 figo.<br />
WEBER, H.<br />
1931 - Die Lebensgeschichte von Ectopsocus parvulus (Kolbe, 1882).<br />
Ein Beitrage zur Kenntnis <strong>de</strong>r einheimischen Copeognathen.<br />
Zeits. wiss. Zool., 138: 457-486, 19 figs.<br />
1937 - Beitrage zur Kenntnis <strong>de</strong>r Uberordnung Psocoi<strong>de</strong>a. I. Die Labialorusen<br />
<strong>de</strong>r Copeognathen.<br />
Zool. Johrb. Abt. Anat. 64: 243-286, com figs.