Tania Maria Crivilin - CBHA

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19.01.2015 Views

A REPETIÇÃO DA IMAGEM NA OBRA DE ALMEIDA JUNIOR Tania Maria Crivilin UFES Almeida Junior (Itu, SP, 1850-1899), importante artista brasileiro, iniciou a sua formação artística na Academia Imperial de Belas Artes RJ (1869-1875) e posteriormente na Escola Superior de Belas Artes de Paris, onde permaneceu até 1882. Retornou ao Brasil fixando residência no interior de São Paulo. Consideramos ainda que o pintor na França vivenciou a força dos acontecimentos artísticos que se passavam fora da academia. Em trinta anos de produção, deixou-nos um legado de temática variada. Produziu retratos, temas religiosos, paisagens, natureza morta, pinturas de gênero, alegóricas e históricas, criando uma fatura pessoal. Dentro de sua fortuna crítica foi considerado o mais brasileiro dos pintores do século XIX, por representar temas relativos à vida interiorana, onde retratou as figuras dos caipiras, como também pelo recurso técnico de trazer nas pinturas a intensidade de luz que se aproximava da luz do sol comum ao Brasil. Observando questões internas à sua obra, refletiremos sobre aspectos que se tornaram visíveis, a saber, a repetição de imagens. Usaremos o conceito de repetição do filósofo francês Étienne Souriau que trabalha, dentre outras coisas, o conceito de repetição como a ação de refazer a mesma coisa, a repetição da coisa em si mesma ou o ato da revisita. Para o autor, o termo possui vários sentidos, dos quais ressaltaremos a ideia da repetição como estrutura pela retomada do mesmo elemento em obras distintas, sendo que a imagem representada pode conter o mesmo sentido atravessando 1

A REPETIÇÃO DA IMAGEM NA OBRA DE ALMEIDA JUNIOR<br />

<strong>Tania</strong> <strong>Maria</strong> <strong>Crivilin</strong><br />

UFES<br />

Almeida Junior (Itu, SP, 1850-1899), importante artista<br />

brasileiro, iniciou a sua formação artística na Academia Imperial de<br />

Belas Artes RJ (1869-1875) e posteriormente na Escola Superior de<br />

Belas Artes de Paris, onde permaneceu até 1882. Retornou ao Brasil<br />

fixando residência no interior de São Paulo. Consideramos ainda que o<br />

pintor na França vivenciou a força dos acontecimentos artísticos que se<br />

passavam fora da academia. Em trinta anos de produção, deixou-nos um<br />

legado de temática variada. Produziu retratos, temas religiosos,<br />

paisagens, natureza morta, pinturas de gênero, alegóricas e históricas,<br />

criando uma fatura pessoal. Dentro de sua fortuna crítica foi considerado<br />

o mais brasileiro dos pintores do século XIX, por representar temas<br />

relativos à vida interiorana, onde retratou as figuras dos caipiras, como<br />

também pelo recurso técnico de trazer nas pinturas a intensidade de luz<br />

que se aproximava da luz do sol comum ao Brasil. Observando questões<br />

internas à sua obra, refletiremos sobre aspectos que se tornaram visíveis,<br />

a saber, a repetição de imagens. Usaremos o conceito de repetição do<br />

filósofo francês Étienne Souriau que trabalha, dentre outras coisas, o<br />

conceito de repetição como a ação de refazer a mesma coisa, a repetição<br />

da coisa em si mesma ou o ato da revisita. Para o autor, o termo possui<br />

vários sentidos, dos quais ressaltaremos a ideia da repetição como<br />

estrutura pela retomada do mesmo elemento em obras distintas, sendo<br />

que a imagem representada pode conter o mesmo sentido atravessando<br />

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de uma obra a outra. Em Almeida Junior encontramos a recorrência de<br />

temas, de objetos e de personagens. Nossa análise trata da repetição de<br />

objetos como: a representação da paleta de tintas e da bilha de água. No<br />

caso da paleta de tintas observa-se a sua figuração tanto como tema<br />

principal ou como elemento secundário, aparecendo representada em<br />

seis obras estudadas: O pintor, 1880, Descanso do modelo, 1882, O<br />

modelo, 1882, A pintura, 1892, No atelier, 1894 e O importuno, 1898.<br />

Esta repetição leva-nos a refletir questões como a representação<br />

metafórica da própria pintura. Já a representação da bilha aparece em<br />

cinco obras: Fuga da sacra família para o Egito, 1881, Partida da<br />

Monção, 1897, Batismo de Jesus, 1895, Derrubador brasileiro, 1879 e<br />

Amolação interrompida, 1894, revelando o caráter de um grupo de<br />

pessoas cujos hábitos culturais lhe eram bem conhecidos. A bilha pode<br />

adquirir significados que nos auxiliam a reflexão e à investigação social<br />

da pintura<br />

Repetição, pintura, Almeida Junior.<br />

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