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Edição 47 - Instituto de Engenharia

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Untitled-1 2 8/10/2008 19:03:25


Publicação Oficial do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />

São Paulo - SP - 04012-180<br />

www.iengenharia.org.br<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />

índice<br />

06 Entrevista<br />

Kokei Uehara: “Vivi 71% da história<br />

dos cem anos da imigração japonesa”<br />

40 Nikkei<br />

Os caminhos dos<br />

engenheiros nikkeis<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração e Finanças<br />

Camil Eid<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Técnicas<br />

Paulo Ferreira<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Relações Externas<br />

Ozires Silva<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Assuntos<br />

Internos e Associativos<br />

Dario Rais Lopes<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração<br />

da Se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo<br />

Permínio Alves Maia <strong>de</strong> Amorim Neto<br />

Conselho Editorial<br />

E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />

Mário Izumi Saito<br />

Paulo Ferreira<br />

Paulo Soichi Nogami<br />

Jornalista Responsável<br />

Fernanda Nagatomi - MTb 43.797<br />

43 Especial<br />

Redação<br />

Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />

São Paulo - SP - 04012-180<br />

Tel.: (11) 3466-9200<br />

E-mail: imprensa@iengenharia.org.br<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

(11) 3466-9200<br />

Diagramação / Projeto<br />

Alexandre Mazega (Just Layout)<br />

João Vitor Reis / Rodrigo Araujo (Just Layout)<br />

Flávio Pavan (Just Layout)<br />

Reminiscências <strong>de</strong> nikkeis pioneiros na <strong>Engenharia</strong><br />

Colaboração<br />

Aldo Takahashi / Isabel Dianin<br />

Mário Izumi Saito / Paulo Soichi Nogami<br />

Viviane Nunes<br />

É permitido o uso <strong>de</strong> reportagens do Jornal do<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte<br />

e comunicado à redação. Os artigos publicados<br />

com assinatura não traduzem necessariamente<br />

a opinião do jornal. Sua publicação obe<strong>de</strong>ce ao<br />

propósito <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>bate dos problemas<br />

brasileiros e <strong>de</strong> refletir as diversas tendências<br />

do pensamento contemporâneo.<br />

COMISSÃO 04<br />

EDITORIAL 05<br />

DISCURSO 08<br />

ESCOLAS 12<br />

16 HOMENAGEADOS<br />

38 MAÇAHICO TISAKA<br />

50 MOSAICO<br />

52 ARTIGOS<br />

IndiceEspecial.indd 3 8/10/2008 19:21:27


comissão<br />

Pelos bastidores<br />

O<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

<strong>de</strong>cidiu, neste ano do<br />

centenário da imigração<br />

japonesa no Brasil, homenagear<br />

os engenheiros nikkeis,<br />

em reconhecimento à contribuição<br />

por eles prestada ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>ste Estado e do País. Para isso,<br />

foi constituída uma comissão com a<br />

incumbência <strong>de</strong> estabelecer a forma<br />

<strong>de</strong> efetivação <strong>de</strong>sse objetivo. Foi <strong>de</strong>signado<br />

para a coor<strong>de</strong>nação geral do<br />

projeto o Eng. Paulo Ferreira, vicepresi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Técnicas<br />

do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Logo <strong>de</strong> início, a comissão <strong>de</strong>cidiu<br />

homenagear os 100 primeiros<br />

engenheiros nikkeis formados no<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, simbolizando<br />

a hoje imensa classe <strong>de</strong> profissionais<br />

nessas condições. Estabeleceuse<br />

ainda a realização, no dia 18 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2008, <strong>de</strong> uma sessão<br />

especial na se<strong>de</strong> do <strong>Instituto</strong> para<br />

consolidar a homenagem.<br />

Numa primeira etapa, foi realizado<br />

um minucioso levantamento<br />

<strong>de</strong> todos os formados <strong>de</strong> ascendência<br />

japonesa, ano por ano, até<br />

formar o grupo dos chamados 100<br />

nikkeis pioneiros. As escolas existentes,<br />

na época, eram: a Escola<br />

Politécnica da USP, a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

da Universida<strong>de</strong> Presbiteriana<br />

Mackenzie, a Escola Superior<br />

<strong>de</strong> Agricultura Luiz <strong>de</strong> Queiroz da<br />

USP, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Industrial da Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />

Católica e o <strong>Instituto</strong> Tecnológico<br />

<strong>de</strong> Aeronáutica.<br />

I<strong>de</strong>ntificado os nomes dos pioneiros,<br />

teve início o <strong>de</strong>morado e <strong>de</strong>safiante<br />

trabalho <strong>de</strong> localização <strong>de</strong><br />

cada um <strong>de</strong>les. Todos os recursos<br />

<strong>de</strong> comunicação foram utilizados<br />

para esse fim: ligações telefônicas,<br />

apelos a eventuais colegas <strong>de</strong> turma,<br />

comunicados por meio <strong>de</strong> sites,<br />

notícias em jornais e solicitações<br />

<strong>de</strong> colaboração a diversos clubes e<br />

associações da comunida<strong>de</strong> nikkei.<br />

Foi altamente significativo o apoio<br />

recebido da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong><br />

Cultura Japonesa e Assistência Social<br />

- o Bunkyo – e da Associação<br />

para a Comemoração do Centenário<br />

da Imigração Japonesa no Brasil<br />

que, além <strong>de</strong> proporcionarem<br />

apoio à iniciativa, participaram da<br />

busca e permitiram que fosse disponibilizado<br />

um efetivo sistema <strong>de</strong><br />

intercâmbio operacional <strong>de</strong> informações,<br />

via internet, com o <strong>Instituto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Após alguns meses <strong>de</strong> intenso<br />

trabalho, com a participação <strong>de</strong><br />

membros da comissão e <strong>de</strong> voluntários,<br />

foram localizados todos os<br />

homenageados ou as suas famílias,<br />

resi<strong>de</strong>ntes no Estado <strong>de</strong> São Paulo e<br />

ainda nos Estados do Paraná, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas<br />

Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Os contatos permitiram verificar<br />

que pouco mais que a meta<strong>de</strong> dos<br />

componentes do grupo era falecida,<br />

cabendo a algum representante da<br />

família comparecesse à cerimônia.<br />

Na etapa seguinte, a comissão<br />

passou a cuidar dos <strong>de</strong>talhes da celebração,<br />

quando se <strong>de</strong>cidiu, entre<br />

outras providências, pela publicação<br />

<strong>de</strong> um número especial do Jornal<br />

do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> a ser<br />

distribuído na ocasião. Nele seriam<br />

apresentados todos os homenageados<br />

com sua fotografia e um resumo<br />

Membros da Comissão:<br />

Paulo Ferreira<br />

(coor<strong>de</strong>nador geral)<br />

Aldo Takahashi<br />

Dione Mari Morita<br />

Gentil Nishioka<br />

Guenji Yamazoe<br />

Hiroaki Kokudai<br />

Maçahico Tisaka<br />

biográfico. Essa tarefa envolveu um<br />

esforço incomum <strong>de</strong> novas e repetidas<br />

consultas e contatos com as<br />

famílias até a obtenção <strong>de</strong> materiais<br />

aproveitáveis para o fim. Implicou<br />

ainda numa incansável tarefa <strong>de</strong><br />

redação <strong>de</strong> textos e a<strong>de</strong>quação fotográfica,<br />

por parte <strong>de</strong> membros da<br />

comissão e da equipe especializada<br />

do próprio <strong>Instituto</strong>.<br />

A comissão contou em seus trabalhos<br />

com a colaboração <strong>de</strong> engenheiros<br />

<strong>de</strong> todas as escolas representadas,<br />

inclusive <strong>de</strong> alguns que se<br />

enquadram na categoria <strong>de</strong> homenageados,<br />

por terem eles conhecimento<br />

próximo <strong>de</strong> muitos dos seus<br />

contemporâneos, po<strong>de</strong>ndo facilitar<br />

o contato com os mesmos. Recebeu<br />

também a colaboração <strong>de</strong> um grupo<br />

<strong>de</strong> estudantes nikkeis da Escola<br />

Politécnica que se prontificou a<br />

preparar todo material <strong>de</strong>stinado<br />

às projeções, como ainda prestar<br />

apoio operacional no dia do evento,<br />

juntamente com os jovens universitários<br />

da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie.<br />

À diretoria do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

e suas equipes especializadas,<br />

aos membros da comissão e<br />

a todos que direta ou indiretamente<br />

contribuíram para a realização do<br />

evento consigno aqui os melhores<br />

agra<strong>de</strong>cimentos.<br />

IE<br />

Mário Izumi Saito<br />

Paulo Soichi Nogami<br />

Renato Tsukamoto<br />

Tsuyoshi Kataoka<br />

Mário Izumi Saito<br />

Homenageados colaboradores:<br />

Kazuo Nakashima (Mackenzie)<br />

Makoto Nomura (Poli)<br />

Shigeo Hirama (Esalq)<br />

Tamaaki Sasaoka (FEI)<br />

4 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Comissao.indd 4 8/10/2008 18:41:25


editorial<br />

O alvorecer<br />

<strong>de</strong> uma nação<br />

Eng. E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />

Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Foto: Petrônio Cinque<br />

Num dia <strong>de</strong> inverno há 100<br />

anos, vencendo a resistência<br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças retrógradas<br />

racistas, terminava no<br />

Porto <strong>de</strong> Santos a primeira viagem do<br />

navio que se tornaria símbolo <strong>de</strong> um<br />

dos mais importantes momentos da<br />

criação do Brasil mo<strong>de</strong>rno.<br />

As 165 famílias, num total <strong>de</strong> 781<br />

pessoas, que <strong>de</strong>sceram do Kasato<br />

Maru naquela tar<strong>de</strong>, esperançosas<br />

para reconstruir suas vidas naquela<br />

terra estranha, não sabiam da dimensão<br />

histórica <strong>de</strong> sua viagem nem da<br />

importância e relevância <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

na construção da nação.<br />

Nos anos seguintes, ainda <strong>de</strong>safiando<br />

as duras condições <strong>de</strong> trabalho,<br />

as diferenças culturais, comportamentais<br />

e <strong>de</strong> idioma, milhares <strong>de</strong> famílias<br />

seguiram o caminho do Kasato<br />

Maru e espalharam-se pelo Brasil.<br />

A comemoração do centenário da<br />

viagem que marcou o início da imigração<br />

japonesa no Brasil não é só<br />

um momento <strong>de</strong> festa e alegria para<br />

aqueles que <strong>de</strong>positaram sua confiança,<br />

seu trabalho e suas esperanças<br />

num País distante, mas também<br />

um momento <strong>de</strong> reconhecimento e<br />

agra<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong> um País pela contribuição<br />

inestimável daquelas pessoas<br />

e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

O reconhecimento, nesta ocasião,<br />

dos 100 primeiros engenheiros e engenheira<br />

nikkeis, formados nas escolas<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São Paulo, não<br />

é somente uma justa homenagem a<br />

esses profissionais, mas também um<br />

agra<strong>de</strong>cimento aos seus familiares<br />

por acreditarem no Brasil e por investirem<br />

na construção <strong>de</strong> uma so-<br />

cieda<strong>de</strong> plural e civilizada.<br />

A <strong>Engenharia</strong> brasileira nestes<br />

100 anos <strong>de</strong> história po<strong>de</strong> contar com<br />

inúmeros exemplos <strong>de</strong> sucesso oriundos<br />

da colônia japonesa que merecem<br />

ser <strong>de</strong>stacados. Exemplos como o do<br />

arquiteto e urbanista Ruy Ohtake<br />

gran<strong>de</strong> nome da arquitetura mo<strong>de</strong>rna,<br />

dos engenheiros Maçahico Tisaka<br />

e Tunehiro Uono, presi<strong>de</strong>nte e vice<br />

do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, do Prof.<br />

Kokei Uehara, cuja participação ativa<br />

na construção das mais importantes<br />

obras <strong>de</strong> infra-estrutura no Brasil.<br />

Hoje, infelizmente, o fluxo foi<br />

invertido, o Japão superou seus problemas<br />

estruturais <strong>de</strong> 100 anos atrás,<br />

tornando-se uma das maiores economias<br />

mundiais e, após décadas em que<br />

famílias inteiras <strong>de</strong>sembarcavam nos<br />

portos brasileiros, seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

tomam o caminho <strong>de</strong> volta fugindo<br />

das constantes crises brasileiras em<br />

busca <strong>de</strong> um futuro melhor levando<br />

em sua bagagem um pouco do Brasil<br />

para o Japão, contribuindo para aproximar<br />

ainda mais os dois países.<br />

A imigração japonesa é um marco<br />

na história brasileira pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico e social, pelas contribuições<br />

à socieda<strong>de</strong> e ao País, pela<br />

beleza <strong>de</strong> sua arquitetura, cultura e<br />

gastronomia, pelos valores familiares<br />

e pessoais disseminados e adotados<br />

pelos brasileiros.<br />

Para a sorte dos brasileiros, os habitantes<br />

da Terra do Sol Nascente foram<br />

um dos principais responsáveis<br />

pelo alvorecer <strong>de</strong> uma nova nação, diferenciada,<br />

aberta, tolerante, acolhedora,<br />

batalhadora e com um gran<strong>de</strong><br />

futuro pela frente.<br />

IE<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 5<br />

Editorial.indd 5 8/10/2008 18:43:40


entrevista<br />

Kokei Uehara:<br />

“Vivi 71% da história<br />

dos cem anos da<br />

imigração japonesa”<br />

O engenheiro civil Kokei Uehara foi um dos primeiros japoneses a se formar no<br />

Brasil, pela Politécnica, em 1953. Doutor em <strong>Engenharia</strong>, foi professor titular da<br />

Politécnica e recebeu o título <strong>de</strong> Professor Emérito após sua aposentadoria. Com<br />

55 anos <strong>de</strong> atuação, já foi representante da Unesco por 11 anos. Recebeu diversas<br />

homenagens, entre elas a con<strong>de</strong>coração concedida pelo Imperador do Japão. É<br />

presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e Assistência Social<br />

Foto: Arquivo da família Carlos Augusto Pesce<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />

Com quantos anos o senhor<br />

saiu do Japão<br />

Kokei Uehara – Eu saí do Japão<br />

com oito anos. Fiz nove no Oceano Índico.<br />

E eu estou com 80 aninhos, quer<br />

dizer que estou há 71 anos aqui no<br />

Brasil, isto é, eu vivi 71% da história<br />

dos cem anos da imigração japonesa.<br />

Isso me <strong>de</strong>ixa muito comovido.<br />

Turma <strong>de</strong> Kokei Uehara - Politécnica 1953<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />

Como era São Paulo naquela<br />

época<br />

Kokei Uehara – O Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo tinha fazenda <strong>de</strong> café. Des<strong>de</strong><br />

maio <strong>de</strong> 1888, houve libertação<br />

dos escravos, graças a Deus. Então,<br />

começou a faltar mão-<strong>de</strong>-obra. Junto<br />

com os outros imigrantes, formamos<br />

o que é o Estado <strong>de</strong> São Paulo, trabalhando<br />

nessas fazendas.<br />

6 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Entrevista.indd 6 8/10/2008 18:42:37


entrevista<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />

Como estava o Japão naquela<br />

época<br />

Kokei Uehara – O Japão passava<br />

por dificulda<strong>de</strong>s. A maioria das<br />

pessoas estava saindo <strong>de</strong> lá por questões<br />

<strong>de</strong> sobrevivência. Quando minha<br />

irmã e eu viemos para o Brasil, meu<br />

pai, minha mãe e as duas irmãzinhas<br />

foram correndo até terminar o cais.<br />

Foi muito triste esta parte e a última<br />

vez que vi meu pai porque infelizmente<br />

ele morreu durante a guerra.<br />

Foto: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – De<br />

on<strong>de</strong> o senhor veio<br />

Kokei Uehara – Eu vim <strong>de</strong> Okinawa.<br />

E lá caiu bomba a cada metro<br />

quadrado.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – Quanto<br />

tempo era a viagem<br />

Kokei Uehara – Ah! Era mais<br />

<strong>de</strong> 50 dias. Eu vim no Santos Maru.<br />

Para mim, é o navio mais importante<br />

<strong>de</strong>pois do Kasato Maru. Cheguei ao<br />

Porto <strong>de</strong> Santos no dia 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1916.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – O<br />

que mais impressionou o senhor,<br />

ao chegar ao Brasil<br />

Kokei Uehara – Para mim, o<br />

mais impressionante foi a subida da<br />

Serra do Mar. Eu ficava olhando pela<br />

janela e via que no meio da mata havia<br />

bananeiras. Eu pensei: ‘este país é<br />

rico mesmo!’.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />

Qual a contribuição japonesa<br />

para a agricultura do Brasil<br />

Kokei Uehara – A imigração<br />

japonesa contribuiu muito para a<br />

agricultura brasileira: verduras, legumes.<br />

Muitas eram importadas. Quem<br />

trouxe a soja para o Brasil foram os<br />

japoneses. Hoje, o Brasil tornouse<br />

um dos maiores exportadores <strong>de</strong><br />

soja do mundo. Nós trabalhávamos<br />

muito, com chapéu gran<strong>de</strong> e lencinho<br />

para enxugar o suor. Acredito<br />

Kokei Uehara<br />

que todos os imigrantes passaram<br />

por isso. As camisas eram feitas com<br />

saco <strong>de</strong> farinha. E o sapato era uma<br />

botina que machucava os pés. Sabe<br />

quantos dias <strong>de</strong> folga, oficialmente,<br />

nós tínhamos por ano Três dias. Sábado,<br />

domingo e Natal, esquece, mas<br />

as folgas eram no dia 1° <strong>de</strong> janeiro,<br />

ano novo; dia 29 <strong>de</strong> abril, aniversário<br />

do Imperador, e dia 2 <strong>de</strong> novembro,<br />

no dia <strong>de</strong> Finados.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />

Como o senhor se sentiu no<br />

Brasil<br />

Kokei Uehara – Eu encontrei<br />

aqui um carinho tão gran<strong>de</strong>, que, na<br />

verda<strong>de</strong>, eu estava passando <strong>de</strong> um<br />

pequenino japonês imigrante para<br />

um pequeno brasileiro nascido no Japão.<br />

O Brasil é o país mais japonês do<br />

mundo, com 1,5 milhão e os Estados<br />

Unidos com 1 milhão. Desses 1,5 mi,<br />

40% são mesticinhos. Então, este é o<br />

Brasil. Das cinco criancinhas que vieram<br />

para cá, no Santos Maru, cinco<br />

entraram na USP. Três na Poli, um na<br />

Medicina e outro na Biologia.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – E o<br />

senhor entrou em qual curso<br />

Kokei Uehara – Eu entrei na<br />

Poli porque era a única Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

gratuita. Eu tive a honra <strong>de</strong><br />

ser representante do Brasil na Unesco,<br />

mais <strong>de</strong> 11 anos. O pessoal dizia assim:<br />

‘Nós precisamos apren<strong>de</strong>r com o Brasil.<br />

O Brasil, tirando o problema <strong>de</strong> rico<br />

e pobre, é um país em que tem todas<br />

as famílias, branco preto, amarelo, vivendo<br />

em paz. É budista, candomblé,<br />

é católico vivendo em paz. Vai ser um<br />

país símbolo da paz para o mundo.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – O<br />

que o senhor achou da homenagem<br />

aos cem anos da imigração<br />

japonesa<br />

Kokei Uehara – Eu fico emocionado,<br />

pois é um reconhecimento do governo<br />

brasileiro, do governo japonês,<br />

da socieda<strong>de</strong> brasileira e da socieda<strong>de</strong><br />

japonesa sobre o valor, o trabalho e o<br />

sacrifício dos velhos imigrantes. Que<br />

esse sacrifício não foi em vão. Nosso<br />

centenário é para comemorar tudo<br />

isso e mostrar o que é a integração. IE<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 7<br />

Entrevista.indd 7 8/10/2008 18:42:40


discurso<br />

Discurso do Prof. Dr. Marcel Men<strong>de</strong>s, diretor da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie, no evento em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa<br />

homenageando os 100 primeiros engenheiros nikkeis formados no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, realizado no dia 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008<br />

Introdução<br />

Neste ato <strong>de</strong> celebração<br />

<strong>de</strong>stinado a homenagear<br />

os primeiros engenheiros<br />

nikkeis formados em São<br />

Paulo, coube-me o privilégio <strong>de</strong> ser<br />

o porta-voz das cinco escolas <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> mais antigas <strong>de</strong> São<br />

Paulo, as mesmas que incorporaram<br />

à galeria dos seus egressos as<br />

figuras relevantes <strong>de</strong>ssa centúria<br />

<strong>de</strong> pioneiros.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, alguns já se<br />

retiraram do cenário da vida. Entretanto,<br />

a presença dos seus familiares<br />

e amigos tem por finalida<strong>de</strong><br />

preencher essas lacunas, <strong>de</strong> maneira<br />

que nenhum nome <strong>de</strong>sse seleto Marcel Men<strong>de</strong>s<br />

rol fique sem os aplausos e reverências<br />

que lhes reservamos neste significativo evento<br />

do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, que ainda se insere no calendário<br />

<strong>de</strong> comemorações do Centenário da Imigração<br />

Japonesa.<br />

O que têm a dizer as escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo a respeito dos seus ex-alunos nikkeis Seria possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar traços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> comuns a esses cidadãos<br />

proce<strong>de</strong>ntes da “terra do sol nascente”, que um<br />

dia quiseram se tornar engenheiros no Brasil Quantos<br />

fragmentos do passado <strong>de</strong>vem ser resgatados neste momento<br />

<strong>de</strong> celebração Arrisquemos algumas respostas<br />

para essas questões.<br />

Resgatando os primórdios<br />

Segundo o jornalista Waldir Martins, ao <strong>de</strong>sembarcarem<br />

no porto <strong>de</strong> Santos, com sua bagagem <strong>de</strong> esperança<br />

e otimismo, os 781 pioneiros vinculados ao acordo<br />

migratório firmado entre o Brasil e o Japão não po<strong>de</strong>riam<br />

imaginar como o impacto do seu trabalho, da sua<br />

luta e do seu esforço iria contribuir para a construção<br />

<strong>de</strong> um mundo inteiramente novo. Ao longo do processo<br />

migratório, que se esten<strong>de</strong>u mais intensamente <strong>de</strong> 1908<br />

a 1970, aproximadamente 210 mil imigrantes japoneses<br />

vieram para o Brasil e se integraram na formação <strong>de</strong><br />

uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, a nipo-brasileira.<br />

Não se po<strong>de</strong> negar, contudo, que a construção <strong>de</strong>sse<br />

universo inovador <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma tímida, tensa e<br />

progressiva, colocando em confronto valores e modos<br />

<strong>de</strong> ser inteiramente diversos. Do ethos do povo japonês<br />

ressaltavam alguns traços característicos, tais como<br />

o sentimento da honra e cumprimento<br />

da palavra empenhada; alternativas<br />

<strong>de</strong> orgulho e humilda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> autodomínio e explosão; gran<strong>de</strong><br />

afabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trato e notável propensão<br />

ao exercício do respeito, da<br />

disciplina e da higiene.<br />

Longe <strong>de</strong> serem apenas estereótipos<br />

<strong>de</strong> um povo exótico, essas<br />

virtu<strong>de</strong>s já haviam sido reconhecidas<br />

pelo jesuíta espanhol Francisco<br />

Xavier, em 1549, por ocasião do<br />

primeiro contato <strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntais com<br />

o Japão. Em seus registros missionários,<br />

consignou o mais alto<br />

apreço pela coragem, simplicida<strong>de</strong>,<br />

orgulho e cortesia do povo japonês,<br />

bem como pelas suas qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

inteligência e cultura, afirmando<br />

literalmente: “Gente <strong>de</strong> muito juízo<br />

e curiosa <strong>de</strong> saber, asi nas cousas <strong>de</strong> Deus, como nas<br />

outras cousas da ciência.”<br />

Essa referência traz a lembrança um elemento histórico<br />

poucas vezes mencionado, o <strong>de</strong> que os portugueses<br />

– tanto missionários, como navegadores – tiveram participação<br />

significativa no <strong>de</strong>senvolvimento do Japão,<br />

nos séculos XVI e XVII, com influências que resultaram<br />

na introdução <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 350 palavras portuguesas na<br />

língua japonesa.<br />

Segundo informação da historiadora e antropóloga<br />

Célia Sakurai, chegou a ser editado um dicionário bilíngüe<br />

português-japonês, nos idos <strong>de</strong> 1602, quando o<br />

Japão saía da era feudal e ingressava no processo <strong>de</strong><br />

unificação política e territorial. Po<strong>de</strong> ser que alguns<br />

exemplares <strong>de</strong>ssa preciosida<strong>de</strong> editorial tenham partido<br />

do porto <strong>de</strong> Kobe, em 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1908, a bordo<br />

do navio “Kasato Maru”, e tenham sido transportados<br />

para as fazendas <strong>de</strong> café do Oeste paulista, on<strong>de</strong> esses<br />

imigrantes tiveram que fixar as suas primeiras raízes.<br />

Se lembrarmos que mais <strong>de</strong> dois terços <strong>de</strong>sse primeiro<br />

contingente humano era alfabetizado e alguns<br />

tinham escolarida<strong>de</strong> superior, faz sentido imaginar que<br />

na sua bagagem não havia apenas roupas e utensílios<br />

domésticos, mas também uma carga <strong>de</strong> cultura e uma<br />

porção <strong>de</strong> expectativas auspiciosas. É verda<strong>de</strong> que alguns<br />

sonharam em ficar ricos rapidamente e <strong>de</strong>pois<br />

tiveram que alongar o cronograma dos seus projetos<br />

pessoais e familiares. É o caso <strong>de</strong> lembrar as palavras<br />

<strong>de</strong> Gaston <strong>de</strong> Bachelard: “Nada é fixo para quem, alternadamente,<br />

pensa e sonha.”<br />

Foto: Viviane Nunes<br />

8 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Discurso.indd 8 8/10/2008 18:44:54


discurso<br />

A caminho da ascensão social<br />

As agruras da fase pioneira foram progressivamente<br />

superadas pelo esforço indômito dos que se fizeram agricultores<br />

para po<strong>de</strong>r ingressar no País e ser admitidos nas<br />

fazendas, mas que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum tempo, revelaram-se<br />

mais empreen<strong>de</strong>dores que simples operários, passando a<br />

comprar terras e a <strong>de</strong>senvolver os seus próprios negócios.<br />

Nessas novas condições, não <strong>de</strong>morou a que a produção<br />

agrícola se diversificasse e incorporasse elementos <strong>de</strong> tecnologia<br />

e inovação, contribuindo, também, para a consolidação<br />

<strong>de</strong>sse segmento econômico a organização <strong>de</strong><br />

associações e cooperativas.<br />

Na década <strong>de</strong> 1930, enquanto o Japão mobilizava<br />

as forças armadas para estabelecer<br />

a sua hegemonia regional, as<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes e seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes no Brasil não só ganharam<br />

configuração mais urbana,<br />

como lançaram as bases da ascensão<br />

social que estava prestes a ser<br />

construída. São <strong>de</strong>sse tempo as primeiras<br />

presenças <strong>de</strong> nikkeis nas universida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras, começando<br />

pelos cursos tradicionais, como os<br />

<strong>de</strong> Medicina, <strong>Engenharia</strong> e Agronomia.<br />

Depois surgiram os alunos<br />

<strong>de</strong> Farmácia Odontologia e Direito;<br />

mais tar<strong>de</strong> vieram os Bacharelados<br />

e Licenciaturas; por último, as carreiras<br />

<strong>de</strong> Administrador, Economista<br />

e Psicólogo.<br />

Essa escalada não foi totalmente<br />

linear, uma vez que no teatro da<br />

2ª Guerra Mundial, o alinhamento<br />

do Japão aos países do Eixo teve o<br />

efeito <strong>de</strong> gerar focos <strong>de</strong> tensão que<br />

inibiram a <strong>de</strong>senvoltura sócio-econômica<br />

da comunida<strong>de</strong> nipônica no<br />

Brasil. Essa situação só foi revertida<br />

a partir das tragédias <strong>de</strong> Hiroshima<br />

e Nagazaki, em agosto <strong>de</strong> 1945, que<br />

levaram ao encerramento <strong>de</strong>finitivo<br />

do conflito mundial e ao <strong>de</strong>saparecimento,<br />

no território nacional, dos<br />

preconceitos e hostilida<strong>de</strong>s que, recorrentemente, invocavam<br />

o fantasma do “perigo amarelo”. Em 1952, Brasil<br />

e Japão reataram suas relações diplomáticas e em 1954<br />

começou a primeira fase <strong>de</strong> investimentos japoneses na<br />

indústria brasileira.<br />

Nesse cenário <strong>de</strong> luzes e sombras é que surgiram os<br />

personagens primitivos <strong>de</strong> uma história fascinante, a dos<br />

nikkeis nas escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Aliás,<br />

nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes japoneses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

pensava-se e agia-se assim: melhor que guardar<br />

dinheiro é ter um filho “doutor”. Os exemplos que confirmam<br />

essa visão são inúmeros e eloqüentes.<br />

“Ao longo do<br />

processo migratório,<br />

que se esten<strong>de</strong>u<br />

mais intensamente<br />

<strong>de</strong> 1908 a 1970,<br />

aproximadamente<br />

210 mil imigrantes<br />

japoneses vieram<br />

para o Brasil e<br />

se integraram na<br />

formação <strong>de</strong> uma nova<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural,<br />

a nipo-brasileira”<br />

Foi na década <strong>de</strong> 1930 que entraram em cena os primeiros<br />

atores – eram apenas quatro (yon, não shi). No<br />

<strong>de</strong>cênio seguinte, esse número saltou para 27. Uma década<br />

<strong>de</strong>pois (1950), o total disparou para quase 150. Ainda<br />

assim, os números absolutos eram pequenos, vindo a<br />

crescer significativamente somente após 1960, quando<br />

filhos e netos <strong>de</strong> imigrantes já constituíam uma comunida<strong>de</strong><br />

numerosa no Estado <strong>de</strong> São Paulo, e essas famílias<br />

tinham sido atraídas para os gran<strong>de</strong>s centros urbanos e<br />

seus cinturões ver<strong>de</strong>s. Aliás, foi nessa década que os nikkeis<br />

começaram a ganhar trânsito social, projeção profissional<br />

e visibilida<strong>de</strong> acadêmica. É o caso, por exemplo,<br />

<strong>de</strong> Yokishigue Tamura, que em 1951 tornou-se o primeiro<br />

<strong>de</strong>putado estadual <strong>de</strong> ascendência<br />

japonesa em São Paulo e <strong>de</strong> Kazuo<br />

Watanabe que, aos 26 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

tornou-se o primeiro juiz nissei da<br />

história da imigração japonesa no<br />

Brasil. Isso foi em 1962.<br />

A título <strong>de</strong> ilustração, mencionamos<br />

o Mackenzie College, <strong>de</strong>pois Escola<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie, que<br />

<strong>de</strong> 1900 a 1960, formou 3.462 engenheiros,<br />

dos quais apenas 88 nikkeis<br />

(2,54%). Essa proporção cresceu, e<br />

já em 1971 o contingente <strong>de</strong> nikkeis<br />

no Mackenzie subiu para mais <strong>de</strong> 6%<br />

do total <strong>de</strong> engenheiros. É uma coincidência<br />

que na Escola Politécnica tenha<br />

se formado o mesmo número <strong>de</strong><br />

nikkeis, no período que vai dos seus<br />

primórdios, até 1960: foram exatamente<br />

88. Isso representa menos <strong>de</strong><br />

2% do número total <strong>de</strong> engenheiros<br />

politécnicos. Mas em 1971, a proporção<br />

<strong>de</strong> nikkeis na Escola Politécnica<br />

já subia para mais <strong>de</strong> 13%, reforçando<br />

uma tendência <strong>de</strong>ssa época.<br />

Dizia-se, então, como brinca<strong>de</strong>ira:<br />

“Se Você quer entrar na Poli, mate<br />

um japonês!”<br />

Ainda no tocante à presença <strong>de</strong><br />

nikkeis nas listas <strong>de</strong> formandos, promovemos<br />

o levantamento dos números<br />

da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura Luiz <strong>de</strong> Queiroz –<br />

Esalq, em Piracicaba (SP), compreen<strong>de</strong>ndo agrônomos e<br />

engenheiros florestais. Des<strong>de</strong> a primeira turma, em 1903,<br />

e até a mais recente, em 2007, a Esalq formou 10.497 profissionais,<br />

dos quais 999 são nikkeis, isto é, 9,5% <strong>de</strong>sse<br />

universo total <strong>de</strong> esalquianos. O primeiro <strong>de</strong> todos eles<br />

foi Shisuto José Murayama, graduado em Agronomia em<br />

1942, ano em que o Brasil <strong>de</strong>clarou guerra aos países do<br />

Eixo. A propósito dos agrônomos e engenheiros florestais<br />

formados na Esalq, cabe referir as palavras do historiador<br />

Oracy Nogueira: “Ainda está por se fazer um estudo<br />

sistemático da influência japonesa na transformação da<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 9<br />

Discurso.indd 9 8/10/2008 18:44:54


discurso<br />

agricultura em São Paulo, do preparo e trato do solo à<br />

experimentação agrícola; da criação <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s mais<br />

econômicas à indústria <strong>de</strong> mudas e sementes; da organização<br />

<strong>de</strong> pequenos estabelecimentos agrícolas e granjas<br />

ao cooperativismo e comercialização dos produtos”.<br />

Pioneirismo na<br />

década <strong>de</strong> 1930<br />

O <strong>de</strong>staque inicial cabe ao issei Takeo Kawai, que ingressou<br />

na Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> do Mackenzie College<br />

em 1927, ano em que foi fundada nos arredores <strong>de</strong> São<br />

Paulo a Cooperativa dos Plantadores <strong>de</strong> Batata, futura<br />

Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Takeo Kawai formou-se<br />

em 1931, ao lado <strong>de</strong> outros 25 engenheiros<br />

civis, cinco engenheirosarquitetos,<br />

quatro engenheiros mecânicos-eletricistas<br />

e um engenheiro<br />

químico – todos brasileiros. Como<br />

requisito para a graduação em <strong>Engenharia</strong><br />

Civil, apresentou “projecto-these”<br />

com o seguinte título:<br />

“Projecto <strong>de</strong> uma ponte pênsil sobre<br />

o Rio Tietê”. Fez jus a dois diplomas,<br />

um nacional, <strong>de</strong> número 421, expedido<br />

em 4 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1932, outro<br />

norte-americano, <strong>de</strong> número 396,<br />

com o timbre da University of the<br />

State of New York. Por razões hoje<br />

<strong>de</strong>sconhecidas, Takeo Kawai retirou<br />

apenas o diploma brasileiro, em 14<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1933, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> receber<br />

o título acadêmico emitido em<br />

inglês e chancelado em Nova York.<br />

Definitivamente, ele foi o primeiro<br />

imigrante japonês a se formar engenheiro<br />

no Brasil.<br />

Na seqüência dos profissionais<br />

oriundos das escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />

segue-se Takeshi Suzuki, graduado<br />

engenheiro-arquiteto pelo Mackenzie,<br />

em 1933, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>fendido<br />

tese com o título: Projeto para a<br />

construção <strong>de</strong> um Teatro Mo<strong>de</strong>rno,<br />

situado entre a Av. S. João, Rua Ipiranga,<br />

Praça da República e Rua dos Timbiras. Nascido<br />

em Tókio, em 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1908, Takeshi Suzuki<br />

cultivou vínculos profissionais com o Mackenzie. Nesse<br />

contexto <strong>de</strong> cooperação, foi vencedor do concurso para<br />

o projeto arquitetônico do novo Edifício Chamberlain,<br />

que abrigaria no seu interior o tradicional Auditório Ruy<br />

Barbosa, inaugurado em 1959, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> salas<br />

<strong>de</strong> aula e amplas instalações <strong>de</strong> apoio. Nesse empreendimento,<br />

Takeshi Suzuki não só atuou como arquiteto-projetista,<br />

mas também como engenheiro-construtor <strong>de</strong>sse<br />

monumental prédio escolar, que durante meio século foi<br />

a edificação <strong>de</strong> maior porte do campus da Universida<strong>de</strong><br />

“Nas comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> imigrantes<br />

japoneses e seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

pensava-se e agia-se<br />

assim: melhor<br />

que guardar<br />

dinheiro é ter<br />

um filho “doutor”.<br />

Os exemplos que<br />

confirmam essa visão<br />

são inúmeros<br />

e eloqüentes”<br />

Presbiteriana Mackenzie. Este nosso distinto homenageado<br />

fez, ainda, parte do corpo docente da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, a mais antiga<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Quanto ao engenheiro eletricista Schigueru Ono, a<strong>de</strong>quadamente<br />

arrolado como terceiro nome mais antigo<br />

<strong>de</strong>ntre os “nikkeis” e primeiro engenheiro formado na Escola<br />

Politécnica, em 1935, há, no mínimo, uma curiosida<strong>de</strong><br />

a ser revelada. Nascido em Kumamoto, Japão, há exatamente<br />

94 anos, isto é, em 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1912, Schigueru<br />

Ono ingressou na Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> do Mackenzie<br />

College no ano <strong>de</strong> 1931, cursando os dois primeiros anos<br />

<strong>de</strong> engenharia. Com a edição do Decreto nº 21.519, <strong>de</strong> 13<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1932, que cassou a valida<strong>de</strong><br />

nacional dos diplomas do Mackenzie,<br />

criou-se uma crise sem prece<strong>de</strong>ntes<br />

na instituição protestante,<br />

<strong>de</strong> origem norte-americana. Em <strong>de</strong>corrência<br />

<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sfecho, 70 alunos<br />

do Mackenzie transferiram-se, no<br />

mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933, para a Escola<br />

Politécnica, encontrando-se entre<br />

eles Shigueru Ono, que iniciava o seu<br />

3º ano <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>. Desse grupo<br />

<strong>de</strong> mackenzistas que se tornaram<br />

politécnicos, fizeram parte algumas<br />

figuras que se projetariam no cenário<br />

profissional e empresarial, tais<br />

como: Salvador Arena, empresário<br />

empreen<strong>de</strong>dor, que fundou a Termomecânica;<br />

Nilo Andra<strong>de</strong> do Amaral,<br />

que se tornou o único Catedrático <strong>de</strong><br />

Concreto Armado da Escola Politécnica<br />

em sua história, além <strong>de</strong> Professor<br />

Emérito; e Ícaro <strong>de</strong> Castro Mello,<br />

notável esportista olímpico e um dos<br />

arquitetos <strong>de</strong> maior projeção nacional<br />

no segmento das instalações esportivas<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, tais como<br />

ginásios e estádios.<br />

Resta-nos, neste tópico, registrar<br />

ainda o nome do engenheiro<br />

eletricista Atsushi Suzuki, formado<br />

no Mackenzie em 1936, o quarto na<br />

sequência dos nikkeis e o último da década <strong>de</strong> 1930. Nascido<br />

em Tókio, no Japão, em 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1912, Atsushi<br />

Suzuki era irmão mais novo <strong>de</strong> Takeshi Suzuki. Enquanto<br />

que Takeshi foi o primeiro engenheiro-arquiteto japonês<br />

formado no Brasil, Atsushi tornou-se o primeiro engenheiro<br />

eletricista formado no Mackenzie, pois o curso<br />

vinha <strong>de</strong> uma configuração anterior, que formava engenheiros<br />

mecânicos-eletricistas. No bojo das adaptações<br />

estruturais do Mackenzie College à legislação brasileira,<br />

em 1934, foi criada a habilitação exclusiva <strong>de</strong> engenheiro<br />

eletricista.<br />

Encerremos, por ora, as referências biográficas indi-<br />

10 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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discurso<br />

viduais dos nossos ilustres nikkeis engenheiros, para tentar<br />

uma síntese <strong>de</strong>sse universo <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s, em que<br />

cada um reúne cre<strong>de</strong>nciais marcantes, compatíveis com a<br />

menção honrosa. Por excesso <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong>, é impossível<br />

distinguir, nessa constelação, quais são as figuras que<br />

projetam mais luz. Tentemos alguns <strong>de</strong>staques.<br />

Destaques <strong>de</strong> um<br />

universo ilustre<br />

Por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

mencionar o nome do engenheiro <strong>de</strong> minas e metalurgia<br />

Tomio Kitice, graduado pela Escola Politécnica em 1946,<br />

pesquisador conceituado e professor das escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie e Mauá. Nessa<br />

sequência, comparece o Prof. Dr.<br />

Eduardo Riomey Yassuda, formado<br />

na Escola Politécnica em 19<strong>47</strong>,<br />

que fez carreira na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública da USP e em órgãos<br />

públicos e autarquias estaduais,<br />

sendo responsável, como secretário<br />

<strong>de</strong> Estado dos Serviços e Obras<br />

Públicas, pela criação do Cetesb,<br />

em 1968. De 1948, ressalta o nome<br />

do engenheiro Civil Jihei Noda, do<br />

Mackenzie, que se elegeu <strong>de</strong>putado<br />

estadual em 1971, sendo reeleito por<br />

mais duas vezes. Do ano seguinte,<br />

1949, <strong>de</strong>stacamos o Prof. Dr. Job<br />

Shuji Nogami, docente da Escola<br />

Politécnica nas áreas <strong>de</strong> Tecnologia<br />

<strong>de</strong> Materiais <strong>de</strong> Pavimentação e<br />

Mecânica dos Solos. Ainda <strong>de</strong> 1949<br />

e da mesma Escola Politécnica, não<br />

po<strong>de</strong>mos escapar da menção do<br />

engenheiro civil Yojiro Takaoka, o<br />

“construtor <strong>de</strong> sonhos”, que ao lado<br />

do seu colega engenheiro-arquiteto<br />

Renato Albuquerque, foi o pioneiro dos condomínios horizontais<br />

no Brasil, criando os empreendimentos referenciais<br />

<strong>de</strong> Alphaville e Al<strong>de</strong>ia da Serra, em 1973.<br />

Obe<strong>de</strong>cendo a or<strong>de</strong>m cronológica, <strong>de</strong>stacamos ainda o<br />

Prof. Dr. Paulo Soichi Nogami, formado na Escola Politécnica<br />

em 1950 e docente veterano nas áreas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Hidráulica e Sanitária. Da geração <strong>de</strong> 1951, ressaltamos<br />

a figura do engenheiro civil Yasuo Yamamoto, formado<br />

pela Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie, que se consagrou<br />

como profissional <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concreto armado,<br />

coadjuvado pelo seu filho, engenheiro civil Athay<strong>de</strong> Rioji<br />

Yamamoto. Da turma <strong>de</strong> 1953, da Escola Politécnica,<br />

não po<strong>de</strong>ríamos omitir o nome do respeitável e ilustre<br />

engenheiro civil Kokei Uehara, Professor Emérito da Escola<br />

Politécnica e da Fatec, Doctor Honoris Causae pela<br />

Osaka City University e presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Cultura Japonesa e <strong>de</strong> Assistência Social – Bunkyo.<br />

Sem ignorar a relevância <strong>de</strong> outras personalida<strong>de</strong>s que<br />

“Não po<strong>de</strong>ríamos<br />

esperar menos <strong>de</strong>ssa<br />

plêia<strong>de</strong> extraordinária<br />

<strong>de</strong> profissionais, cujos<br />

traços étnicos remetem<br />

ao povo e à nação que<br />

soube reconstruir o seu<br />

país – o Japão – <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>vastado<br />

pela guerra”<br />

integram a lista da primeira centena <strong>de</strong> engenheiros <strong>de</strong><br />

origem japonesa, <strong>de</strong>stacamos, por último, o nome <strong>de</strong><br />

Harumi Ohno, formada na Escola Politécnica no ano <strong>de</strong><br />

1957 – primeira mulher a conquistar o título <strong>de</strong> engenheira,<br />

<strong>de</strong>ntre a comunida<strong>de</strong> dos nikkeis em São Paulo. Isso<br />

aconteceu <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Vera Maria Junqueira <strong>de</strong><br />

Mendonça ter sido a primeira engenheira civil da Escola<br />

Politécnica (19<strong>47</strong>).<br />

A todos os arrolados e a cada um dos nominados, as<br />

nossas mais vivas e sinceras homenagens.<br />

Palavras finais<br />

Para encerrar a nossa mensagem, que já vai se alongando<br />

<strong>de</strong>mais, permitimo-nos acrescentar<br />

algumas menções nominais:<br />

o Prof. Dr. Célio Taniguchi, ex-diretor<br />

da Escola Politécnica, por meio<br />

<strong>de</strong> quem cumprimentamos todos os<br />

docentes da Escola Politécnica e da<br />

Esalq; o Prof. Dr. Fujiô Yamada, veterano<br />

docente da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie, por meio <strong>de</strong> quem<br />

cumprimentamos o quadro <strong>de</strong> professores<br />

<strong>de</strong>ssa centenária Escola e da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial<br />

– FEI; o professor engenheiro Hazime<br />

Sato, Diretor da Escola <strong>de</strong> Administração<br />

Mauá, por meio <strong>de</strong> quem<br />

cumprimentos os docentes do Centro<br />

Universitário Mauá; o engenheiro<br />

Civil Maçahico Tisaka, ex-presi<strong>de</strong>nte<br />

do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, por meio<br />

<strong>de</strong> quem cumprimentamos todos os<br />

engenheiros nikkeis <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Saudando essas simpáticas personalida<strong>de</strong>s,<br />

que se <strong>de</strong>stacaram em diferentes<br />

contextos, queremos reiterar<br />

os nossos aplausos e reverências aos<br />

engenheiros nikkeis que, mesmo não tendo sido contados<br />

como integrantes da primeira centena, vem contribuindo<br />

relevantemente com seu talento, habilida<strong>de</strong> e disciplina<br />

para o crescimento do nosso País.<br />

Não po<strong>de</strong>ríamos esperar menos <strong>de</strong>ssa plêia<strong>de</strong> extraordinária<br />

<strong>de</strong> profissionais, cujos traços étnicos remetem<br />

ao povo e à nação que soube reconstruir o seu país – o<br />

Japão – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>vastado pela guerra; que<br />

soube investir em tecnologia <strong>de</strong> ponta e <strong>de</strong>senvolveu os<br />

conceitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> total; que se tornou referência<br />

mundial nos campos mais diversos da ciência aplicada,<br />

das telecomunicações, da nanotecnologia, da robótica, da<br />

indústria si<strong>de</strong>rúrgica, automobilística e naval, bem como<br />

da construção civil pesada.<br />

Parabéns a todos! As escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo sentem-se orgulhosas <strong>de</strong> Vocês!<br />

IE<br />

DOMO ARIGATÔ GOSAI MASHITA!<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 11<br />

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escolas<br />

Entre as cerejeiras e os cafezais:<br />

100 anos <strong>de</strong> cooperação<br />

Globalização parece coisa<br />

<strong>de</strong> nosso tempo! Não é.<br />

Há cem anos, ligaram-se<br />

pontos opostos extremos<br />

do globo, somando experiências e<br />

culturas, mesclando etnias – amarela<br />

com morena, mulata, negra e branca<br />

(a “flor amorosa <strong>de</strong> três raças tristes”,<br />

como i<strong>de</strong>ntificou o poeta), diversificando<br />

mais ainda a miscigenação entre<br />

as espécies humanas.<br />

Ao lado <strong>de</strong>sta amplificação bioétnica<br />

agregou-se a aculturação <strong>de</strong> usos e<br />

costumes, na vida social e nas práticas<br />

técnicas e científicas. A soma do conhecimento<br />

milenar oriental se fundiu<br />

com a cultura jovem <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong><br />

quinhentos anos e transformou o perfil<br />

do País. Nesta breve síntese, po<strong>de</strong>mos<br />

vislumbrar o que foi o cal<strong>de</strong>amento<br />

agronômico, zoológico e industrial entre<br />

as culturas nipônica e brasileira.<br />

As informações mostram como foi<br />

gran<strong>de</strong> a contribuição técnica do Japão<br />

também para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das universida<strong>de</strong>s paulistas e para a<br />

evolução dos agronegócios brasileiros.<br />

Apesar <strong>de</strong> a chegada dos imigrantes<br />

japoneses ao Brasil estar completando<br />

um século e eles tenham sido<br />

encaminhados diretamente para a<br />

lida na agricultura, paralelamente<br />

houve um intercâmbio técnico-agronômico,<br />

em seu sentido mais restrito,<br />

que se acentuou no último meio<br />

século. Muitas novas espécies, principalmente<br />

<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s frutíferas,<br />

vieram do Japão, até mesmo antes<br />

dos registros pelos meios técnicos e<br />

científicos brasileiros.<br />

Outros pesquisadores e empreen<strong>de</strong>dores,<br />

por iniciativa própria, realizaram<br />

importantes trabalhos científicos<br />

em contato com instituições <strong>de</strong><br />

pesquisa e <strong>de</strong> ensino japoneses que<br />

redundaram em efetiva e fecunda<br />

contribuição, principalmente à horticultura<br />

brasileira. Vários pesquisadores<br />

promoveram intercâmbios<br />

formais com outros pesquisadores,<br />

Julio Nakagawa e Antonio R. Dechen<br />

ou com a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les, buscando informações<br />

no Consulado Japonês.<br />

Não foi possível precisar o número<br />

total <strong>de</strong> pessoas que <strong>de</strong>sfrutaram<br />

dos diferentes meios <strong>de</strong> intercâmbios<br />

como docentes/pesquisadores que realizaram<br />

estágios ou participaram <strong>de</strong><br />

cursos <strong>de</strong> diferentes níveis: graduação,<br />

pós-graduação, doutorado ou pósdoutorado<br />

<strong>de</strong>ntro das diversas modalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Estudo oferecidas<br />

pelos governos japonês e brasileiro.<br />

“A soma do<br />

conhecimento milenar<br />

oriental se fundiu com a<br />

cultura jovem <strong>de</strong> pouco<br />

mais <strong>de</strong> quinhentos<br />

anos e transformou o<br />

perfil do País”<br />

Foto: Acervo Esalq<br />

Diversas aproximações aconteceram,<br />

seja como intercâmbios, como<br />

bolsistas patrocinados pelo Brasil ou<br />

pelo Japão. Além dos intercâmbios<br />

pessoais, ainda aconteceram intercâmbios<br />

inter-faculda<strong>de</strong>s.<br />

Em 1988, a FCA/Unesp-Botucatu<br />

estabeleceu intercâmbios com a TUA -<br />

Tokyo Agriculture University. Além d os<br />

intercâmbios entre faculda<strong>de</strong>s, também<br />

aconteceram os inter-universida<strong>de</strong>s, como<br />

o que firmou nossa Esalq-USP com a<br />

Hokkaido University, em 1974.<br />

Em 1982, a Unesp firmou intercâmbio<br />

com as TARC - Tropical Agriculture<br />

Research Center - e JIRCAS - Japan International<br />

Research Center for Agricultural<br />

Science -, órgão do Ministério da<br />

Agricultura, Florestas e Pesca do Japão.<br />

Em 1999, Esalq-USP com a Yamaguchi<br />

University. Em 2001, Esalq-<br />

USP com a TUA - Tokyo University<br />

of Agriculture. Em 2001, Unesp com<br />

a TUAT - Tokyo University of Agriculture<br />

and Technology. Esses intercâmbios<br />

<strong>de</strong>senvolveram inúmeros<br />

processos técnicos, científicos, administrativos<br />

e comerciais, em vários<br />

setores da agroindústria. Cinqüenta e<br />

seis professores, pesquisadores e administradores<br />

foram ao Japão em visitas<br />

técnicas ou como palestrantes.<br />

Com foco na Gestão e Tecnologia<br />

Agroindustrial, já neste século, temos<br />

oito participantes como pesquisadores,<br />

professores e alunos intercambiários.<br />

Todos esses seletos e ilustres<br />

acadêmicos foram os verda<strong>de</strong>iros<br />

embaixadores da globalização que<br />

teve início há um século e se multiplicam<br />

continuamente, favorecendo<br />

a pesquisa no ensino e na própria<br />

estruturação administrativa das universida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras, com os mais<br />

importantes reflexos à agricultura. IE<br />

Julio Nakagawa<br />

Professor Emérito da Unesp / FCA – Botucatu<br />

Prof. Dr. Antonio Roque Dechen<br />

Diretor da Esc. <strong>de</strong> Agricultura “Luiz <strong>de</strong> Queiroz”<br />

12 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

<strong>Engenharia</strong>.indd 12 8/10/2008 18:46:16


Nossa <strong>Engenharia</strong><br />

sob o sol nascente<br />

escolas<br />

Équase impossível falar das<br />

contribuições da comunida<strong>de</strong><br />

oriental na <strong>Engenharia</strong> brasileira<br />

sem voltar na história<br />

<strong>de</strong> quando chegaram aqui os seus primeiros<br />

imigrantes que tanto ajudaram<br />

e que, até hoje, ajudam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do País. É difícil olhar para essa<br />

comunida<strong>de</strong> especial sem mergulhar,<br />

também, no crescimento industrial do<br />

Brasil. A contribuição do povo nikkei<br />

está em todas as áreas.<br />

Penso que, quando os 781 primeiros<br />

imigrantes japoneses <strong>de</strong>sembarcaram<br />

em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1908, do navio<br />

Kasato Maru, em Santos, a importância<br />

daquele grupo, cheio <strong>de</strong> esperança<br />

e sonhos <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>, era mais<br />

importante que seus integrantes imaginavam.<br />

O Brasil, carente <strong>de</strong> pessoas<br />

para trabalhar na lavoura, precisava<br />

muito da sua <strong>de</strong>dicação e sabedoria<br />

em outras áreas. Isto logo se confirmou.<br />

Distribuídos, inicialmente, em<br />

lavouras, principalmente em São Paulo,<br />

os imigrantes aos poucos conquistaram<br />

seu espaço, apesar da enorme<br />

dificulda<strong>de</strong> para se adaptar ao idioma,<br />

costumes, clima e tradição.<br />

Na década <strong>de</strong> 1940, a comunida<strong>de</strong><br />

da capital elegia o primeiro vereador.<br />

O País entrava, então, em uma<br />

gran<strong>de</strong> fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Um<br />

episódio marcante, entre outros, foi a<br />

construção da Usina Si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong><br />

Volta Redonda. A obra foi um marco<br />

importante das engenharias civil e<br />

metalurgista nacional, seguidas pelas<br />

obras da Cosipa e da Usiminas. Na<br />

época, a via Anchieta era um canteiro<br />

<strong>de</strong> obras e representava a ousadia e o<br />

arrojo da <strong>Engenharia</strong> paulista.<br />

Todo esse movimento era o prenúncio<br />

do boom industrial que aconteceu<br />

nos anos seguintes. Na época, o<br />

padre jesuíta Roberto Sabóia <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />

notou a necessida<strong>de</strong> do mercado<br />

por profissionais especializados<br />

e fundou, em 1941, a Esan - Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Negó-<br />

Marcio Rillo<br />

“Penso que, quando<br />

os 781 primeiros<br />

imigrantes japoneses<br />

<strong>de</strong>sembarcaram em 18<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1908, do<br />

navio Kasato Maru, em<br />

Santos, a importância<br />

daquele grupo, cheio<br />

<strong>de</strong> esperança e sonhos<br />

<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>,<br />

era mais importante<br />

que seus integrantes<br />

imaginavam”<br />

Foto: Acervo FEI<br />

cios, a primeira na América Latina na<br />

área. Em atendimento ao forte <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da indústria no País,<br />

criou também a FEI - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> Industrial. Essas escolas<br />

iniciaram suas ativida<strong>de</strong>s no bairro<br />

da Liberda<strong>de</strong>, em São Paulo, o famoso<br />

bairro oriental da capital.<br />

Nessa época, a integração dos<br />

nikkeis à socieda<strong>de</strong> brasileira ganhava<br />

mais força. Além da participação<br />

ativa na vida política, os nikkeis começaram<br />

a <strong>de</strong>spontar em outras<br />

áreas. É o caso do engenheiro Sakae<br />

Ishikawa Kobayashi, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

japoneses, que fez parte da primeira<br />

turma do nosso curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Química, formada em 1950. Não <strong>de</strong>morou<br />

e mais japoneses e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

concluíam outros cursos. Vários<br />

passaram a fazer parte <strong>de</strong> nosso corpo<br />

docente. Esses fatos se repetiam<br />

em todas as gran<strong>de</strong>s escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />

o que levou a uma fantástica<br />

contribuição <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> à <strong>Engenharia</strong><br />

nacional.<br />

Então, só nos resta agra<strong>de</strong>cer<br />

aos engenheiros Sakae Ishikawa<br />

Kobayashi, Yukihiko Horita, Hirose<br />

Yamamoto, Luiz Gonzaga Nakaya,<br />

Tamaaki Sasaoka, Ignácio Taira,<br />

Issao Yoshida, Tanamati Ioshissa,<br />

Sadayoshi Ichi e muitos outros japoneses<br />

e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes por terem<br />

escolhido, e ainda escolherem,<br />

o Centro Universitário da FEI para<br />

sua formação ou exercerem o ensino<br />

da <strong>Engenharia</strong>.<br />

No entanto, cabe, sobretudo, reconhecer<br />

que esta maravilhosa comunida<strong>de</strong><br />

muito contribuiu e continua<br />

contribuindo, não apenas para<br />

a <strong>Engenharia</strong> nacional, mas também<br />

para o bem-estar da nossa socieda<strong>de</strong><br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento do Brasil. IE<br />

Prof. Dr. Marcio Rillo<br />

Reitor do Centro Universitário da FEI<br />

(Fundação Educacional Inaciana)<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 13<br />

<strong>Engenharia</strong>.indd 13 8/10/2008 18:46:16


escolas<br />

Mais <strong>de</strong> 10% dos engenheiros<br />

formados pelo ITA são nikkeis<br />

Muito me honra participar<br />

<strong>de</strong>sta ocasião em que,<br />

aproveitando as comemorações<br />

aos cem anos<br />

<strong>de</strong> imigração japonesa no Brasil em<br />

2008, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> homenageia<br />

os primeiros 100 engenheiros<br />

<strong>de</strong> origem japonesa formados no<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O <strong>Instituto</strong> Tecnológico <strong>de</strong> Aeronáutica<br />

(ITA) nasceu como realização<br />

do sonho <strong>de</strong> um brilhante brasileiro,<br />

o Marechal do Ar Casimiro Montenegro<br />

Filho, que vislumbrava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a década <strong>de</strong> 1940, o Brasil como um<br />

dos países fabricantes <strong>de</strong> aviões, mas<br />

que, antes, era necessário formar engenheiros<br />

com competência técnica<br />

para tal <strong>de</strong>safio. Este sonho tornouse<br />

realida<strong>de</strong> com a criação do ITA, em<br />

1950, e da Embraer, em 1968.<br />

Des<strong>de</strong> então, é cultuado no <strong>Instituto</strong><br />

o legado <strong>de</strong>ixado por Casimiro<br />

Montenegro, ou seja: “formar técnicos<br />

competentes e cidadãos conscientes”,<br />

perseguindo nada menos que a excelência.<br />

Esse lema vai <strong>de</strong> encontro à<br />

Reginaldo dos Santos<br />

tradição cultural dos imigrantes japoneses<br />

que aqui chegaram e se estabeleceram<br />

a partir <strong>de</strong> 1908, tendo<br />

sempre a preocupação <strong>de</strong> garantir a<br />

seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes uma boa formação<br />

profissional, o que advém <strong>de</strong> institui-<br />

Foto: Acervo ITA<br />

ções que apresentem um ensino <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>.<br />

A procura pelo ITA, ainda em<br />

seus primeiros passos, foi inevitável.<br />

O primeiro nikkei — Antonio Hi<strong>de</strong>to<br />

Kobayashi — chegou a São José dos<br />

Campos em 1951 e graduou-se em <strong>Engenharia</strong><br />

<strong>de</strong> Aeronaves em 1955.<br />

Posteriormente muitos outros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> japoneses se formaram<br />

no ITA. Em 1967, o contingente da<br />

turma chegou a 18%. Na minha turma<br />

(1970) foi <strong>de</strong> 15%. Convém ressaltar<br />

que, até 2007, o ITA formou um pouco<br />

mais <strong>de</strong> 5 mil engenheiros e, <strong>de</strong>ste<br />

total, cerca 650 foram nikkeis. Muitos<br />

<strong>de</strong>les, como o próprio Hi<strong>de</strong>to, <strong>de</strong>sempenharam<br />

funções <strong>de</strong> relevância no<br />

nosso País e, também, no exterior. O<br />

engenheiro Hi<strong>de</strong>to trabalhou na Real<br />

Aerovias, na Vasp e na Embraer.<br />

Parabéns ao <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

e à comunida<strong>de</strong> japonesa no<br />

Brasil!<br />

IE<br />

Reginaldo dos Santos<br />

Reitor do ITA<br />

Foto: Acervo ITA<br />

Vista aérea do Campus<br />

14 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

<strong>Engenharia</strong>.indd 14 8/10/2008 18:46:33


escolas<br />

Inauguração do Jardim Japonês<br />

Em 26 <strong>de</strong> junho passado, para<br />

lembrar os cem anos <strong>de</strong> imigração<br />

japonesa, a Escola<br />

Politécnica da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo inaugurou um jardim<br />

japonês. O jardim está no pátio central<br />

do edifício Eng. Mário Covas Júnior,<br />

on<strong>de</strong> funciona a administração<br />

da Poli. A área reservada fica junto<br />

ao obelisco, que já continha a placa<br />

comemorativa <strong>de</strong> 100 anos da Escola<br />

(1993); esse obelisco tem agora também<br />

a placa alusiva ao centenário da<br />

imigração japonesa.<br />

Na ocasião, na presença do Sr.<br />

Masuo Nishibayashi, Cônsul Geral<br />

do Japão em São Paulo, eu como diretor<br />

da Escola Politécnica fiz o seguinte<br />

discurso:<br />

“Em meados do século XIX, um<br />

gran<strong>de</strong> povo milenar <strong>de</strong>cidiu se abrir<br />

para o resto do mundo. Fez a abertura<br />

sem corromper seus valores nacionais,<br />

culturais, familiares e individuais<br />

construídos e mantidos por séculos.<br />

Apren<strong>de</strong>u sobre a construção <strong>de</strong><br />

estradas <strong>de</strong> ferro com os ingleses e<br />

fez trens mais rápidos e mais pontuais.<br />

Apren<strong>de</strong>u sobre fabricação <strong>de</strong> aço<br />

com os europeus e fez as usinas mais<br />

produtivas do mundo.<br />

Apren<strong>de</strong>u sobre produção industrial<br />

com os norte-americanos e fez<br />

da gestão da qualida<strong>de</strong> uma ciência<br />

aplicada. No país <strong>de</strong> Henry Ford, ensinou<br />

o Sistema Toyota <strong>de</strong> produção<br />

e cuidados extremos com o <strong>de</strong>sejo do<br />

cliente; chegaram até ao pormenor<br />

do barulho <strong>de</strong> motor que mais agrada<br />

aos ouvidos dos consumidores norteamericanos.<br />

Em todas as ativida<strong>de</strong>s, o povo<br />

japonês consegue tirar o melhor do<br />

potencial <strong>de</strong> cada indivíduo, mas<br />

valorizando <strong>de</strong> preferência o grupo,<br />

sem <strong>de</strong>ixar ninguém excluído. Construindo<br />

<strong>de</strong>cisões, ao invés <strong>de</strong> tomar<br />

<strong>de</strong>cisões, como nós oci<strong>de</strong>ntais gostamos<br />

<strong>de</strong> dizer e fazer, levam sempre<br />

gran<strong>de</strong> vantagem nos prazos <strong>de</strong> reali-<br />

Ivan Gilberto Sandoval Falleiros<br />

zações <strong>de</strong> planos.<br />

Um povo <strong>de</strong> tradição agrícola, ao<br />

emigrar e conhecer um novo solo nessa<br />

América do Sul, cem anos atrás,<br />

apren<strong>de</strong>u a tirar o melhor da terra,<br />

ensinando aos locais.<br />

Esses novos brasileiros não ficaram<br />

na situação <strong>de</strong> colonos. Logo<br />

“Esses novos<br />

brasileiros não ficaram<br />

na situação <strong>de</strong> colonos.<br />

Logo transformaram<br />

o trabalho em<br />

proprieda<strong>de</strong>s, sem<br />

jamais <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

lado a educação dos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes”<br />

Foto: Acervo Escola Politécnica<br />

transformaram o trabalho em proprieda<strong>de</strong>s,<br />

sem jamais <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado<br />

a educação dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Esses<br />

passaram pelo processo da urbanização<br />

e também nas cida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>stacaram<br />

pela integrida<strong>de</strong> e pela crença<br />

incondicional no valor do trabalho,<br />

do estudo e do conhecimento.<br />

Menos que um por cento da população<br />

no Brasil é <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

japoneses. Se todos morassem no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, seriam cerca <strong>de</strong> 5%<br />

da população do Estado. No entanto,<br />

a porcentagem <strong>de</strong> japoneses natos e<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que passou e passa por<br />

essa Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo é muito maior, entre<br />

20% e 25%, nos últimos anos, com<br />

miscigenação cada vez mais presente.<br />

A história dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> japoneses<br />

na Escola Politécnica já tem um<br />

número riquíssimo <strong>de</strong> personagens<br />

<strong>de</strong>stacados, entre nossos professores,<br />

alunos e funcionários.<br />

Por ocasião dos cem anos da Escola<br />

Politécnica, em 1993, foi feito o<br />

obelisco on<strong>de</strong> se encontra uma placa<br />

comemorativa. Hoje, para marcar os<br />

cem anos da chegada dos primeiros<br />

imigrantes japoneses e agra<strong>de</strong>cer<br />

o que eles têm feito pelo País e pela<br />

Escola em particular coloca-se no<br />

mesmo obelisco uma placa. Em torno<br />

do obelisco construiu-se um jardim<br />

japonês, uma pequena homenagem,<br />

<strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> que<br />

<strong>de</strong>ve um pouco <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong>za aos<br />

japoneses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Que<br />

essa cerimônia pequena celebre os<br />

primeiros cem anos <strong>de</strong> convívio <strong>de</strong><br />

um País geograficamente gran<strong>de</strong> com<br />

os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um povo humanamente<br />

gran<strong>de</strong>.<br />

Muito obrigado pelos próximos<br />

cem anos.”<br />

IE<br />

Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros<br />

Diretor da Escola Politécnica da USP<br />

(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo)<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 15<br />

<strong>Engenharia</strong>.indd 15 8/10/2008 18:46:33


homenageados<br />

Homenagem aos 100 primeiros engenheiros<br />

nikkeis formados no Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

TURMA NOME MODALIDADE ESCOLA<br />

1931 TAKEO KAWAI CIVIL MACK<br />

1933 TAKESHI SUZUKI ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />

1935 SCHIGUERU ONO ELÉTRICA POLI<br />

1936 ATSUSHI SUZUKI ELÉTRICA MACK<br />

1940 MASAO SUGAYA CIVIL POLI<br />

1942 JORGE TAQUEDA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />

SHISUTO JOSÉ MURAYAMA AGRONOMIA ESALQ<br />

1943 HAJIMU OHNO CIVIL POLI<br />

MASSAMI HIROTA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />

1944 KIRA YSSAO CIVIL POLI<br />

SHINICHI KUBO MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />

1945 KAOL SUGIMOTO INDUSTRIAL MACK<br />

1946 JORGE WATANABE CIVIL POLI<br />

TOMIO KITICE MINAS E METALURGIA POLI<br />

19<strong>47</strong> EDUARDO RIOMEY YASSUDA CIVIL POLI<br />

KAZUO SAKAMOTO CIVIL MACK<br />

MASSAKAZU OUTA QUÍMICA POLI<br />

QUINCAS KAJIMOTO CIVIL POLI<br />

SIUCO IBA AGRONOMIA ESALQ<br />

1948 JIHEI NODA CIVIL MACK<br />

MINEO ISHIKAWA CIVIL MACK<br />

SHIGUEHARO DEYAMA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />

1949 EDMUNDO TAKAHASHI CIVIL POLI<br />

GOITI SUZUKI CIVIL POLI<br />

GOO SUGAYA CIVIL POLI<br />

ITSURO MYAZAKI AGRONOMIA ESALQ<br />

IZUMI YUASA CIVIL MACK<br />

JOB SHUJI NOGAMI MINAS E METALURGIA POLI<br />

LUIZ SATTO JUNIOR AGRONOMIA ESALQ<br />

MASAYUKI FURUYA QUÍMICA POLI<br />

RENATO TERUO TANAKA CIVIL POLI<br />

YOJIRO TAKAOKA CIVIL POLI<br />

1950 GEN TSUNASHIMA CIVIL POLI<br />

PAULO SOICHI NOGAMI CIVIL POLI<br />

ROMEU BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI<br />

SAKAE ISHIKAWA KOBAYASHI QUÍMICA FEI<br />

SIGUER MITSUTANI CIVIL POLI<br />

TUYOSHI YOSHIMURA CIVIL MACK<br />

YOSHIHIKO MIO CIVIL POLI<br />

1951 AYRSON IABUTTI CIVIL POLI<br />

HIROSE YAMAMOTO MECÂNICA FEI<br />

IWAO INADA AGRONOMIA ESALQ<br />

KIYOSHI KATO CIVIL MACK<br />

NODA HIROSHI AGRONOMIA ESALQ<br />

SANCHO MORITA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />

SHIRO MIYASAKA AGRONOMIA ESALQ<br />

TAKEKI TUBOI AGRONOMIA ESALQ<br />

TETSUAKI MISAWA CIVIL POLI<br />

TSUGIO HATANAKA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />

YASUO YAMAMOTO CIVIL MACK<br />

16 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

YUKIHIKO HORITA QUÍMICA FEI<br />

1952 CHINYA ASSAHINA QUÍMICA POLI<br />

CIÃO ENDO AGRONOMIA ESALQ<br />

HIDEO HAIBARA CIVIL POLI<br />

HISSAO MOMOI CIVIL POLI<br />

KANEMITSU IDEMORI CIVIL POLI<br />

KAZUNORI NISHIMURA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />

KAZUO NAKASHIMA CIVIL MACK<br />

MINORO ITTO AGRONOMIA ESALQ<br />

MITOMU SIMAMURA CIVIL POLI<br />

NATALINO BABA AGRONOMIA ESALQ<br />

SATYRO SAKAMOTO CIVIL ELÉTRICA MACK<br />

SHIGUEO UENO CIVIL POLI<br />

YOSHIKAZU MORITA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />

1953 ARIOSTO TANOUE CIVIL POLI<br />

EIZO WAKABARA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

IWAO HIRATA CIVIL POLI<br />

KOKEI UEHARA CIVIL POLI<br />

LUIZ GONZAGA NAKAYA MECÂNICA FEI<br />

MAKOTO NOMURA CIVIL POLI<br />

NELSON NACAO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

NILO BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI<br />

SHOZO NOGAMI AGRONOMIA ESALQ<br />

TAMAAKI SASAOKA MECÂNICA FEI<br />

YSUMY NISHIKAVA CIVIL POLI<br />

YUKINOBU YAMADA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />

1954 AKIO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

EDUARDO TOSHIO FUJIWARA AGRONOMIA ESALQ<br />

HIROSHI IKUTA AGRONOMIA ESALQ<br />

HISACHIYO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

HITOSHI NAGAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

JORGE ATSUSHI KAYANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

MITSUO OHNO CIVIL POLI<br />

REOZO II AGRONOMIA ESALQ<br />

ROBERTO MURAKAMI CIVIL POLI<br />

SEIKI UETA QUIMICA POLI<br />

SEITI SACAY MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

SHIGEO HIRAMA AGRONOMIA ESALQ<br />

SHIGEO MIZOGUCHI AGRONOMIA ESALQ<br />

TAKAO SUGAHARA AGRONOMIA ESALQ<br />

TAKEO AIBE CIVIL POLI<br />

TAMOTSU SAWAKI ELÉTRICA MACK<br />

YOSIZO KUBOTA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

1955 AKIRA KAGANO CIVIL MACK<br />

1957<br />

ALBERTO KAWANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

ANTONIO HIDETO KOBAYASHI AERONÁUTICA ITA<br />

KATUYUKI TAKITA CIVIL POLI<br />

KAZUYUKI IKAWA CIVIL MACK<br />

MAMORU SAMOMIYA CIVIL POLI<br />

MINOLO MORITA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />

NOZOMU MAKISHIMA AGRONOMIA ESALQ<br />

PEDRO ISSAO ITO CIVIL POLI<br />

SADAME ITINOSE QUÍMICA POLI<br />

HARUMI OHNO DAL PORTO<br />

Primeira mulher nikkei na <strong>Engenharia</strong><br />

CIVIL<br />

POLI<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 17<br />

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Fotos: Arquivo Pessoal<br />

homenageados<br />

1931<br />

Takeo Kawai<br />

Nasceu em Mie-ken (Japão), em 1906. Chegou ao Brasil com 19 anos. Em 1931, tornou-se<br />

o 1º engenheiro nikkei formado no Brasil, ao concluir no Mackenzie o curso <strong>de</strong> Civil. Retornou<br />

ao Japão para se aperfeiçoar. De volta ao Brasil, trabalhou na Bratac em projetos<br />

<strong>de</strong> colonização, em São Paulo e no Paraná. Ingressando na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia,<br />

executou gran<strong>de</strong>s e variadas obras, atuando ainda como assessor técnico da presidência.<br />

Ao se aposentar, exerceu consultoria para várias firmas. Foi um dos fundadores do Centro<br />

<strong>de</strong> Estudos Nipo-Brasileiros. Faleceu em 2005, aos 99 anos.<br />

1933<br />

Takeshi Suzuki<br />

Nascido em Tóquio (Japão), em 1908, veio ao Brasil para <strong>de</strong>dicar-se à lavoura. Não se<br />

adaptando, foi para São Paulo e estudou no Mackenzie o curso <strong>de</strong> engenheiro - arquiteto.<br />

Formou-se em 1933. Entre as obras que executou, <strong>de</strong>stacam-se o Hospital Santa Cruz, o<br />

prédio do Bunkyo e o auditório do Mackenzie. Foi o 1º professor universitário nikkei. Na<br />

mocida<strong>de</strong>, foi praticante <strong>de</strong> beisebol, kendô, remo e exímio atleta. Foi ainda o 1º nikkei<br />

aqui brevetado. Foi laureado pelo governo japonês com a Or<strong>de</strong>m do Tesouro Sagrado <strong>de</strong><br />

4º grau. Faleceu em 1987, aos 79 anos.<br />

1935<br />

Schigueru Ono<br />

Nasceu em Kumamoto (Japão), em 1912. Em 1935, tornou-se o primeiro nikkei a concluir<br />

a Politécnica, diplomando-se inicialmente em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e <strong>de</strong>pois em Civil. Após<br />

ter trabalhado com o engenhario Plínio <strong>de</strong> Queiroz, em São Paulo, transferiu-se para Poços<br />

<strong>de</strong> Caldas, MG. Na prefeitura local, executou diversas obras sanitárias e, como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

construiu variadas obras <strong>de</strong> vulto. Retornando a São Paulo em 1955, atuou em<br />

gran<strong>de</strong>s empresas e instituições, como na CBA e no Hospital da Beneficência Portuguesa.<br />

Faleceu em 1982.<br />

1936<br />

Atsushi Suzuki<br />

Natural <strong>de</strong> Tóquio (Japão), nasceu em 1912. Veio para o Brasil, após ter concluído o curso<br />

secundário. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> no Mackenzie, em 1936. Após, retornou ao Japão e<br />

foi convocado pelo Exército para participar da guerra. Ao voltar, não conseguiu trabalhar<br />

como engenheiro. Casou-se, em 1952, e veio mais uma vez ao Brasil. Trabalhou no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro na Yamagata <strong>Engenharia</strong> e <strong>de</strong>pois na Usiminas. Em 1992, retornou <strong>de</strong> novo ao<br />

Japão, on<strong>de</strong> faleceu. Não teve filhos.<br />

1940<br />

Masao Sugaya<br />

Nasceu em Tóquio (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com os pais aos 7 anos. Foi o 2º nikkei<br />

formado pela Politécnica, em 1940. Trabalhou inicialmente na empresa Bianc Cia. Ltda.<br />

Transferiu-se para a recém-constituída Confab – Companhia Nacional <strong>de</strong> Forjagem <strong>de</strong><br />

Aço Brasileiro, sediada em São Caetano do Sul (SP). Atuou na empresa durante 53 anos,<br />

tendo sido membro engenheiro <strong>de</strong> sua diretoria. Após a aposentadoria em 1983, continuou<br />

a ela prestando serviços, como autônomo. Faleceu em 1996. Foi casado com Toyoko<br />

Ohno Sugaya.<br />

18 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1942<br />

Jorge Taqueda<br />

Natural <strong>de</strong> Nova Paulicéia (SP), nasceu em 1916. Na formatura pela Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie, recebeu o prêmio Pandiá Calogeras como melhor aluno durante todo o curso.<br />

No CPOR, recebeu a espada-prêmio <strong>de</strong> melhor aspirante. Trabalhou como engenheiro em<br />

várias empresas <strong>de</strong> porte, como a Mario Barros Amaral S.A., tendo sido ainda professor no<br />

Mackenzie durante 12 anos. Após a aposentadoria, <strong>de</strong>dicou-se ao comércio. Casado com<br />

Nazira Tebexereni Taqueda, teve quatro filhos. Faleceu em 2002 com 86 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1942<br />

Shisuto José Murayama<br />

Natural <strong>de</strong> Rincão (SP), nasceu em 1914. Seu pai foi um dos imigrantes vindos no Kasato<br />

Maru. Foi o primeiro nikkei formado na Esalq. Trabalhou a vida toda para a Secretaria da<br />

Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo, no <strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas e na Casa da<br />

Agricultura <strong>de</strong> Campos do Jordão, da qual foi chefe. É autor <strong>de</strong> 26 livros sobre Agronomia.<br />

Foi duas vezes <strong>de</strong>putado estadual e membro da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras <strong>de</strong> Campos do Jordão.<br />

Foi casado com Cecília <strong>de</strong> Almeida Murayama, com quem teve dois filhos. Faleceu em<br />

1994, aos 80 anos.<br />

1943<br />

Hajimu Ohno<br />

Nasceu em Registro (SP), em 1917. É o primogênito <strong>de</strong> um imigrante engenheiro vindo<br />

do Japão para trabalhar na abertura da 1ª colônia japonesa no Brasil, na região <strong>de</strong> Iguape<br />

(SP). Formando-se na Politécnica em 1943, trabalhou no DER - Departamento <strong>de</strong> Estradas<br />

<strong>de</strong> Rodagem - durante 15 anos. Transferiu-se <strong>de</strong>pois para o Departamento Ferroviário e,<br />

mais tar<strong>de</strong>, para o Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas. Durante a permanência no serviço<br />

público, exerceu também trabalhos para empresas privadas. Foi casado com Atsu Tanaka<br />

Ohno e teve quatro filhos. Faleceu em 1987.<br />

1943<br />

Massami Hirota<br />

Nascido, em 1916, em Koochi (Japão), veio ao Brasil aos quatro anos. Após iniciar seus<br />

estudos em Cotia e São Paulo, formou-se em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Mecânica na Politécnica,<br />

em 1943. Após breve passagem pelas Indústrias Matarazzo, constituiu firma própria<br />

<strong>de</strong> projetos e execução <strong>de</strong> instalações elétricas e hidráulicas. Ingressando, após, na firma<br />

Construtécnica S.A., tornou-se diretor e foi o engenheiro responsável <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> vulto<br />

por todo o País. Foi ainda sócio e vice-presi<strong>de</strong>nte da CBC – Cia. Brasileira <strong>de</strong> Construções.<br />

Faleceu em 1996.<br />

1944<br />

Kira Yssao<br />

Nascido em Santa Barbara do Rio Pardo (SP), em 1918. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil<br />

na Politécnica e durante a sua trajetória profissional trabalhou na Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica<br />

Paulista – Cosipa, na Construções e Comércio Camargo Corrêa e na Themag <strong>Engenharia</strong><br />

e Gerenciamento Ltda. Foi casado com Sati Kira e teve três filhos. Faleceu em 1978,<br />

em São Paulo.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 19<br />

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homenageados<br />

1944<br />

Shinichi Kubo<br />

Nasceu em Kumamoto (Japão), em 1913. Chegou ao Brasil com 15 anos. Devido à crise<br />

cafeeira, <strong>de</strong>ixou a fazenda. Em São Paulo, estudou e ingressou na Politécnica, formou-se<br />

em 1944. Após ter trabalhado na Usina Lunar<strong>de</strong>lli, no Paraná, retornou a São Paulo e com<br />

Ayami Tsukamoto, montou o Escritório Técnico Central, que se transformou em TetraEng.<br />

Participou <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras como as do Bunkyo, Toyota, Usina da Camargo Corrêa em<br />

Apiaí e Aca<strong>de</strong>mia da Força Aérea em Pirassununga. Foi casado com Masako Kubo e teve<br />

quatro filhos. Faleceu em 1984.<br />

1945<br />

Kaol Sugimoto<br />

Nasceu em São Paulo (SP), em 1917. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Industrial pelo Mackenzie<br />

em 1945, passando a trabalhar na indústria <strong>de</strong> móveis da família. A seguir, foi engenheiro<br />

da Socieda<strong>de</strong> Anônima Martinelli, nos setores <strong>de</strong> navegação e indústria salineira. Pertenceu<br />

ao quadro <strong>de</strong> funcionários da Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Dedicou-se muito ao escotismo,<br />

tendo sido fundador do Grupo Escoteiro Falcão Peregrino. A Câmara Municipal <strong>de</strong><br />

São Paulo conferiu-lhe a Medalha Anchieta e o diploma <strong>de</strong> gratidão. Faleceu em 1998.<br />

1946<br />

Jorge Watanabe<br />

Nascido em Registro (SP), em 1920. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica. Trabalhou<br />

no DER como engenheiro encarregado <strong>de</strong> obras, em Pirassununga, até 1952, período<br />

em que foi responsável pela construção <strong>de</strong> várias pontes, <strong>de</strong>stacando-se a ponte<br />

em arco com 54 m <strong>de</strong> vão livre, em São João da Boa Vista. No DER-SP trabalhou como<br />

engenheiro - chefe do Serviço <strong>de</strong> Avaliações e Cadastro, no qual se <strong>de</strong>parou com os problemas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> rodovias. Aposentou-se em 1979. É casado com Yasco<br />

Watanabe e tem uma filha.<br />

1946<br />

Tomio Kitice<br />

Nasceu em Igarapava (SP), em 1918. É o 1º nikkei que se <strong>de</strong>dicou à metalurgia. Ainda<br />

como estudante, teve contato com as gran<strong>de</strong>s questões do País nessa área. Formado na Politécnica,<br />

em 1946, trabalhou no IPT - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas -, inclusive nos<br />

trabalhos para a criação das suas novas instalações na Cida<strong>de</strong> Universitária. A seguir, atuou<br />

na empresa Conexões <strong>de</strong> Ferro Foz, <strong>de</strong>dicando-se ao avanço do processo <strong>de</strong> maleabilização<br />

do aço. Foi consultor <strong>de</strong> muitas empresas e professor no Mackenzie e na Faap. Na Escola <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> Mauá, foi seu diretor. Foi casado com Helena Kitice e faleceu em 1998.<br />

19<strong>47</strong><br />

Eduardo RiomeyYassuda<br />

Nasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1924. Formou-se na Politécnica em 1º lugar. Foi o<br />

melhor aluno em <strong>Engenharia</strong> Sanitária na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, em que passou a lecionar<br />

tornando-se o 1º professor catedrático nikkei, em São Paulo. Foi secretário <strong>de</strong> Serviços<br />

e Obras Públicas do Estado <strong>de</strong> São Paulo, quando introduziu um novo mo<strong>de</strong>lo administrativo<br />

na área do saneamento. Exerceu a Presidência da Companhia Paulista <strong>de</strong> Força e Luz e a Diretoria<br />

<strong>de</strong> Planejamento da Sabesp. Cidadão Honorário <strong>de</strong> vários municípios, foi ainda agraciado<br />

com inúmeras distinções, entre as quais com a Or<strong>de</strong>m do Rio Branco. Faleceu em 1996.<br />

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homenageados<br />

19<strong>47</strong><br />

Kazuo Sakamoto<br />

Nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 1923. Fez os dois primeiros anos do curso primário em Tóquio (Japão). Trabalhou<br />

como aprendiz com Takeo Kawai no garimpo <strong>de</strong> diamantes e <strong>de</strong> chumbo explorada pela KKKK - Kaigai Koogyo Kabushiki<br />

Kaisha -, em Apiaí (SP). Formou-se engenheiro civil pelo Mackenzie e foi servidor público na Secretaria do Trabalho<br />

e diretor <strong>de</strong> Obras da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Birigüi e <strong>de</strong> Araçatuba. Prestou inúmeros serviços <strong>de</strong> assessoria na área<br />

<strong>de</strong> segurança no trabalho para a maioria dos municípios da Alta Noroeste do Estado. Realizou vários levantamentos <strong>de</strong><br />

terras <strong>de</strong>volutas nos Estados <strong>de</strong> MT, RO, AM e Norte do Paraná. Está com 85 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

19<strong>47</strong><br />

Massakazu Outa<br />

Nasceu em 1922, em São Paulo (SP). Formado pela Politécnica em <strong>Engenharia</strong> Química,<br />

trabalhou durante 37 anos seguidos no IPT. Atuou essencialmente no setor <strong>de</strong> materiais<br />

poliméricos (elastômeros, plásticos, resinas têxteis e tintas), ocupando vários cargos <strong>de</strong><br />

chefia, assistência e direção. Dedicou-se ainda ao treinamento <strong>de</strong> profissionais, ministrando<br />

e coor<strong>de</strong>nando cursos <strong>de</strong> especialização, inclusive no exterior, sob os auspícios <strong>de</strong> governo<br />

fe<strong>de</strong>ral. Exerceu ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consultoria após a aposentadoria. Tem 86 anos.<br />

19<strong>47</strong><br />

Quincas Kajimoto<br />

Nasceu em 1923, em Lins (SP). Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica, trabalhou<br />

nas construtoras Coccaro e Mofarrej. Dentre as inúmeras obras realizadas, <strong>de</strong>stacam-se<br />

vários edifícios construídos na Cida<strong>de</strong> Universitária, como: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Geociências, Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Economia e Administração, Anfiteatro e outros. Além disso, inclui-se o Continental<br />

Shopping Center, Cetesb e o edifício na av. Paulista esquina com a Carlos Sampaio.<br />

Foi nadador master com vários títulos. Casou-se com Taeko Kajimoto e teve seis filhos.<br />

Faleceu em 2001.<br />

19<strong>47</strong><br />

Siuco Iba<br />

Nascido em Jaboticabal (SP), em 1921, formou-se na Esalq em 19<strong>47</strong>. Logo após, fez o Curso<br />

<strong>de</strong> Entomologia no <strong>Instituto</strong> Biológico e produziu três trabalhos científicos <strong>de</strong> interesse à<br />

agricultura. Foi engenheiro agrônomo das Casas da Lavoura em vários municípios. Em Ituverava,<br />

recebeu o título <strong>de</strong> Cidadão Ituveravense. Trabalhou na Divisão Regional Agrícola<br />

<strong>de</strong> Ribeirão Preto, como Assistente Agropecuário <strong>de</strong> Direção. Ao se aposentar, transferiuse<br />

para Araraquara. Casou-se com Brígida Tsuha e tem cinco filhos.<br />

1948<br />

Jihei Noda<br />

Nasceu em 1918, em Saga (Japão). Chegou ao Brasil aos sete anos. A família se instalou<br />

na região <strong>de</strong> Mirandópolis, vindo <strong>de</strong>pois para São Paulo. Formou-se engenheiro civil pelo<br />

Mackenzie, em 1948. Naturalizou-se em 1949. Como autônomo, construiu o Cine Itapura,<br />

o Templo Budista do Jabaquara e a Catedral Budista <strong>de</strong> Brasília, entre outras obras. Por 10<br />

anos, foi engenheiro da Prefeitura <strong>de</strong> São Paulo. Foi vereador na Câmara Municipal <strong>de</strong> São<br />

Paulo e <strong>de</strong>putado estadual por três legislaturas. Foi casado com Elvira Sansone Noda e teve<br />

três filhos. Faleceu em 1993.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 21<br />

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homenageados<br />

1948<br />

Mineo Ishikawa<br />

Nasceu em 1929, em Campo Gran<strong>de</strong> (MS). Seu pai veio ao Brasil no Kasato Maru. Estudou<br />

no Mackenzie auxiliado pelos irmãos. Retornando à sua terra, trabalhou na Prefeitura<br />

Municipal e na Comissão <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem, na qual foi chefe <strong>de</strong> distrito rodoviário.<br />

Instalando sua própria firma, executou obras públicas. Recebeu em 1998 a medalha do Mérito<br />

Legislativo da Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul. Casado com Geny Nacao<br />

Ishikawa, teve quatro filhos. Faleceu em junho <strong>de</strong> 2008, aos 87 anos.<br />

1948<br />

Shigueharo Deyama<br />

É natural <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP), nasceu em 1924. Formado na Politécnica em 1948,<br />

fez vários cursos <strong>de</strong> especialização pós-graduação e estágios no exterior. Dedicou-se longamente<br />

ao ensino <strong>de</strong> várias disciplinas na própria Politécnica, chegando a regente da ca<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong> Instalações Elétricas. Ao mesmo tempo, foi engenheiro e chefe da Seção <strong>de</strong> Máquinas do<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Eletrotécnica, da USP. Foi consultor da Cesp e atuou como engenheiro responsável<br />

na Eletro Mecânica Suíça S.A. Aposentou-se em 1985. Está com 84 anos.<br />

1949<br />

Edmundo Takahashi<br />

Nasceu em Santa Veridiana (SP), em 1922. Formou-se em civil na Politécnica, em 1949.<br />

Trabalhou <strong>de</strong> início no IPT com o Prof. Milton Vargas. Em concurso público para engenheiro<br />

do Estado, obteve o 1º lugar. Foi diretor do DOP. No Plano <strong>de</strong> Ação do Governo Carvalho<br />

Pinto, foi o responsável pelas obras <strong>de</strong> terraplenagem do Aeroporto <strong>de</strong> Congonhas.<br />

Em 1960, constituiu empresa própria <strong>de</strong> fundações e sondagens. Foi casado com Luiza da<br />

Silveira Moraes Takahashi e teve três filhos. Faleceu em 1994.<br />

1949<br />

Goiti Suzuki<br />

Natural da província <strong>de</strong> Hyogo (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com 11 anos, dirigindose<br />

com a família à Fazenda Aliança. Engenheiro civil formado na Politécnica em 1949,<br />

especializou-se em estruturas para telhados. Nessa função, trabalhou em empresas <strong>de</strong> São<br />

Paulo, Porto Alegre e Rio <strong>de</strong> Janeiro, como Sopatel, Lanifício Kurashiki, Ishikawajima e<br />

Metaltécnica, nesta última como diretor. Tornando-se autônomo, continuou como consultor<br />

e projetista na área <strong>de</strong> sua especialida<strong>de</strong> até se aposentar. Tem 89 anos e é casado com<br />

Guaraciaba <strong>de</strong> Abreu Suzuki.<br />

1949<br />

Goo Sugaya<br />

Nasceu em Tóquio (Japão), em 1918. Chegou ao Brasil com os pais em 1920. Formouse<br />

engenheiro civil pela Escola Politécnica, em 1949. Ao longo <strong>de</strong> sua vida profissional,<br />

projetou e construiu casas resi<strong>de</strong>nciais e estabelecimentos comerciais. Foi funcionário<br />

durante alguns anos da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Poá, SP. Trabalhou igualmente como<br />

engenheiro em indústrias. Foi casado com Vitória Ocimoto Sugaya. Faleceu em 1976,<br />

aos 57 anos.<br />

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homenageados<br />

1949<br />

Itsuro Myazaki<br />

Natural <strong>de</strong> Birigui (SP), nasceu em 1923. Estudou na Esalq e se formou em 1949. Permaneceu<br />

um tempo na empresa An<strong>de</strong>rson Clayton <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, ingressando, em<br />

seguida, na Secretaria da Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Foi o primeiro agrônomo da<br />

Casa da Lavoura <strong>de</strong> Bilac. Inclinado a pesquisas, passou a trabalhar no <strong>Instituto</strong> Biológico,<br />

em que chegou à chefia do Setor <strong>de</strong> Entomologia. Cursou pós-graduação na Esalq nessa<br />

especialida<strong>de</strong>, tornando-se Mestre em 1983. Faleceu em 1985, aos 62 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1949<br />

Izumi Yuasa<br />

Nasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Formou-se pelo Mackenzie em 1949. De início, trabalhou<br />

na Construtora Soutello, em São Paulo. Nesse tempo, foi instrutor no curso noturno<br />

<strong>de</strong> Mestre <strong>de</strong> Obras do Senai. Passou por outras empresas e foi também autônomo. Em<br />

1956, ingressou na Usiminas para trabalhar na construção da usina, chegando a Superinten<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Projetos. Esteve várias vezes no Japão a serviço da empresa. Ao<br />

se aposentar, tornou-se consultor na implantação das si<strong>de</strong>rúrgicas Tubarão e Açominas.<br />

Tem 86 anos.<br />

1949<br />

Job Shuji Nogami<br />

É natural <strong>de</strong> Ribeirão Pires (SP), nasceu em 1925. Formado em <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Minas e<br />

Metalurgia na Politécnica em 1949, <strong>de</strong>dicou-se a estudos geológicos e geotécnicos aplicados<br />

a rodovias, no DER. Como docente da própria Politécnica, realizou pesquisas e<br />

<strong>de</strong>senvolveu métodos construtivos <strong>de</strong> pavimentos <strong>de</strong> baixo custo aplicáveis às condições<br />

tropicais. É autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> trabalhos técnicos. O Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia<br />

<strong>de</strong> Pavimentos da Escola Politécnica é i<strong>de</strong>ntificado pelo seu nome. É solteiro e<br />

tem 83 anos.<br />

1949<br />

Luiz Satto Júnior<br />

Nasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1922. Por orientação do pai, recusou o convite <strong>de</strong><br />

jogar futebol no Corinthians, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser o primeiro nissei profissional no XV <strong>de</strong> Piracicaba.<br />

Formou-se na Esalq aos 27 anos. Como agrônomo, lutou para que os pequenos e<br />

médios agricultores pu<strong>de</strong>ssem aumentar a safra e ter acesso a créditos oficiais. Trabalhou<br />

na Secretaria da Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> Registro, Tatuí e Sorocaba, em que<br />

foi diretor da Divisão Regional Agrícola. É viúvo e tem seis filhos.<br />

1949<br />

Masayuki Furuya<br />

Nasceu na província <strong>de</strong> Nagano (Japão), em 1924. Concluiu o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Química<br />

na Escola Politécnica. Trabalhou no <strong>Instituto</strong> Oceanográfico quando fez estágio <strong>de</strong> especialização<br />

no Japão. Posteriormente, foi trabalhar na Usiminas, na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ipatinga<br />

(MG). Foi casado com Miya Furuya com quem teve uma filha. Faleceu em 1997.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 23<br />

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homenageados<br />

1949<br />

Renato Teruo Tanaka<br />

Nascido em Cafelândia (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil na Politécnica e cursou<br />

extensão universitária na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da USP. Foi admitido na Repartição<br />

<strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Santos em 1950, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então atuou por 35 anos nos órgãos públicos<br />

<strong>de</strong> saneamento básico e controle ambiental <strong>de</strong> Santos, Cubatão e Guarujá. Foi diretor e<br />

presi<strong>de</strong>nte da Companhia <strong>de</strong> Saneamento da Baixada Santista – SBS. Casado com Paulina<br />

Tanaka, teve três filhas. Faleceu em 1985.<br />

1949<br />

Yojiro Takaoka<br />

Nascido em São Paulo (SP), em 1923, formou-se na Politécnica em 1949. Dois anos <strong>de</strong>pois,<br />

fundou a Construtora Albuquerque e Takaoka S.A., empresa da qual era o co-responsável<br />

técnico. Os empreendimentos da firma marcaram época em São Paulo pelo seu vulto e<br />

qualida<strong>de</strong> e pela adoção <strong>de</strong> concepções novas em projetos habitacionais. Além disso, a empresa<br />

foi a responsável pela abertura <strong>de</strong> gigantescos e bem-sucedidos planos urbanísticos,<br />

dotados <strong>de</strong> todos os equipamentos, como os <strong>de</strong> Alphaville e Al<strong>de</strong>ia da Serra junto à capital.<br />

Faleceu em 1994.<br />

1950<br />

Gen Tsunashima<br />

É natural <strong>de</strong> Hokkaido (Japão), nasceu em 1919. Formou-se engenheiro civil pela Politécnica<br />

em 1950. Trabalhou cinco anos na Sobraf – Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Fundações.<br />

Tornou-se engenheiro responsável da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, em que permaneceu<br />

por 20 anos. Em seguida, foi o engenheiro-chefe das construtoras Takiplan e Huma.<br />

Foi um gran<strong>de</strong> colaborador da Socieda<strong>de</strong> Beneficente Casa da Esperança (Kibô-no-ie), na<br />

qual exerceu o cargo <strong>de</strong> diretor por onze anos e <strong>de</strong> diretor-presi<strong>de</strong>nte durante quatro anos.<br />

Faleceu em 1998.<br />

1950<br />

Paulo Soichi Nogami<br />

Nasceu em São Paulo (SP), em 1923. Sua mãe e seus avós chegaram ao Brasil dois anos<br />

antes do Kasato Maru. Após se formar em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, cursou a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da USP, na qual se especializou em <strong>Engenharia</strong> Sanitária. Foi<br />

professor <strong>de</strong> ambas as faculda<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong> assessor técnico <strong>de</strong> gabinete da Secretaria <strong>de</strong><br />

Serviços e Obras do Estado <strong>de</strong> São Paulo, na gestão do secretário Eduardo Riomey Yassuda,<br />

foi diretor da Cetesb e superinten<strong>de</strong>nte da Sabesp, quando se aposentou. Aos 85 anos,<br />

viúvo <strong>de</strong> Kazue Iamane Nogami, tem três filhos.<br />

1950<br />

Romeu Batista Suguiyama<br />

Nasceu em São Paulo (SP), em 1925. É formado pela Politécnica em 1950. Sua ativida<strong>de</strong> se<br />

concentrou na esfera da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> São Paulo, na área normativa <strong>de</strong> obras.<br />

Atuou como <strong>de</strong>legado executivo na Comissão Permanente do Código <strong>de</strong> Obras e participou<br />

<strong>de</strong> estudos do Código <strong>de</strong> Edificações e do novo Código <strong>de</strong> Obras do município. Foi<br />

membro do Conselho Técnico da Cohab-SP e diretor do Contru. Em 1963, diplomou-se em<br />

Direito pela USP. Ministrou aulas e publicou trabalhos <strong>de</strong> sua especialida<strong>de</strong>. É consultor<br />

do Banco Itaú.<br />

24 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1950<br />

Sakae Ishikawa Kobayashi<br />

Nasceu na Manchúria (China), em 1922, mas foi registrado em Ibaraki (Japão). Ao chegar<br />

ao Brasil, seus pais se fixaram em Rochedo (MT), on<strong>de</strong> tinham um garimpo <strong>de</strong> diamantes,<br />

além <strong>de</strong> uma casa comercial. Após se formar na FEI, na 1ª turma, retornou a<br />

Campo Gran<strong>de</strong>. Foi capataz <strong>de</strong> fazenda <strong>de</strong> pecuária e <strong>de</strong> café até adquirir sua própria<br />

fazenda em Dourados, MS, on<strong>de</strong> foi o pioneiro na cultura do arroz irrigado. Dedicou-se<br />

ainda ao comércio e aos negócios imobiliários. Foi casado com Annita Nacao, com quem<br />

teve seis filhos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1950<br />

Siguer Mitsutani<br />

Nascido em Cotia (SP), em 1923. Cursou <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, tendo sido aluno<br />

do ex-governador Lucas Nogueira Garcez. Foi colega <strong>de</strong> trabalho do Eng. Takeo Kawai<br />

na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Fez parte da equipe técnica que construiu a primeira<br />

escada rolante <strong>de</strong> São Paulo, na galeria Prestes Maia, que liga o Vale do Anhangabaú e a<br />

praça do Patriarca. Foi responsável pela construção da Ponte da Casa Ver<strong>de</strong> sobre o rio<br />

Tietê. Teve firma própria, a <strong>Engenharia</strong> Mitsutani S/C, especializada em concreto armado.<br />

Faleceu em 1994.<br />

1950<br />

Tuyoshi Yoshimura<br />

Nasceu em Promissão (SP), em 1923. É da turma <strong>de</strong> civis <strong>de</strong> 1950, do Mackenzie. Ocupou<br />

na Prefeitura <strong>de</strong> Bauru o cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Obras e Viação e <strong>de</strong> Plantas Particulares. Foi<br />

igualmente avaliador da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral e da Nossa Caixa. Exerceu o magistério<br />

superior na Fundação Educacional <strong>de</strong> Bauru, na Escola <strong>de</strong> Pontes e Estradas e no <strong>Instituto</strong><br />

Toledo <strong>de</strong> Ensino. Seu nome i<strong>de</strong>ntifica uma das ruas do bairro nobre <strong>de</strong> Bauru. Foi casado<br />

com Aiko Matsumoto Yoshimura e teve dois filhos. Faleceu em 1984, aos 61 anos.<br />

1950<br />

Yoshihiko Mio<br />

Nasceu em Lins (SP), em 1920. Quando criança, auxiliava o trabalho <strong>de</strong> seus pais. Com sacrifício,<br />

<strong>de</strong>dicou-se aos estudos, visando alcançar dias melhores. Convocado pelo Exército,<br />

tornou-se expedicionário. Ao retornar, cursou <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, formandose<br />

em 1950. Ingressou como engenheiro no Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem, chegando<br />

ao cargo <strong>de</strong> diretor. Colaborou com o projeto estrutural na construção da se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

entida<strong>de</strong> nikkei, como também da igreja Tenri, ambas em Bauru. Casado com Miya Mio,<br />

teve seis filhos. Faleceu em 1998.<br />

1951<br />

Ayrson Iabutti<br />

Nasceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), em 1923. Cursou a Escola Politécnica, na qual se formou<br />

engenheiro civil em 1951. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional, fez vários cursos <strong>de</strong><br />

extensão universitária nas áreas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, Avaliações e Administração Pública. Foi<br />

diretor <strong>de</strong> Divisão do Departamento <strong>de</strong> Transportes Internos da Secretaria da Fazenda<br />

do Estado e diretor-técnico do Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas do Estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />

em que se aposentou. Atua como perito judicial e como assistente-técnico em avaliações e<br />

perícias <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>. Tem 85 anos.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 25<br />

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homenageados<br />

1951<br />

Hirose Yamamoto<br />

É natural <strong>de</strong> Promissão (SP), nasceu em 1924. Chegou a São Paulo com a família em 1937.<br />

Formou-se na FEI em 1951, no curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mecânica. Especializou-se mais tar<strong>de</strong><br />

em hidráulica. Esteve no Japão por dois anos para estudos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> usinas hidrelétricas.<br />

Foi engenheiro do Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia Elétrica, especializando-se<br />

em transporte fluvial, em especial no Rio Tietê. Ministrou aulas <strong>de</strong> hidráulica na própria<br />

FEI. Faleceu em 1990, já como aposentado. Foi casado com Masumi Yamamoto.<br />

1951<br />

Iwao Inada<br />

Nasceu em Conquista (MG), em 1927. É formado pela Esalq, em 1951. Em 1958, ingressou<br />

na Cati – Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência Integral da Secretaria da Agricultura, atuando<br />

nas Casas da Agricultura <strong>de</strong> Nuporanga, Guará, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Lutou para<br />

aumentar a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias culturas. Foi o responsável pela instalação <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 500 hortas domésticas em instituições <strong>de</strong> Ribeirão Preto, merecendo homenagem da<br />

prefeitura local. Aposentou-se em 1994. Casado com Mituko Tanaka Inada, tem três filhos.<br />

Está com 81 anos.<br />

1951<br />

Kiyoshi Kato<br />

Nasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Chegou ao Brasil em 1934. Seu pai foi o fundador da<br />

Bratac – Socieda<strong>de</strong> Colonizadora do Brasil. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil no Mackenzie<br />

em 1951. Em 1955, estabeleceu a Construtora Engin, empresa que construiu obras para<br />

gran<strong>de</strong>s empresas nacionais e multinacionais como o Banco América do Sul, Banco Mitsubishi,<br />

Toyota do Brasil, McCann Erickson e Oxiteno. Foi um incentivador do intercâmbio<br />

entre o Brasil e o Japão e <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> maior integração entre idosos e jovens da comunida<strong>de</strong><br />

nikkei. Faleceu em 1977.<br />

1951<br />

Noda Hiroshi<br />

Nasceu em Lins (SP), em 1925. Após se formar na Esalq em 1951, ingressou como engenheiro<br />

agrônomo na Companhia Brasileira <strong>de</strong> Produtos Químicos Shell. Trabalhou nessa<br />

empresa durante 21 anos, proporcionando assistência técnica aos produtores, visando aumento<br />

<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e maior rendimento financeiro. Promovido a gerente Regional,<br />

teve <strong>de</strong>stacada atuação na região cafeeira do Norte do Paraná. Possuidor <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong>s em<br />

línguas, fez vários contatos e cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento no exterior. É falecido.<br />

1951<br />

Sancho Morita<br />

Nascido em 1927, é natural <strong>de</strong> Campinas (SP). Formou-se na Politécnica em 1951. Trabalhou<br />

em várias indústrias em cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, entre os quais o <strong>de</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

técnico da Equipamentos Clark S.A. Atuou como autônomo e consultor <strong>de</strong> várias empresas<br />

e foi inventor <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> logística. Obteve o título <strong>de</strong> Engenheiro do Ano, pelo<br />

Iman, em 1988. Foi ainda professor da Politécnica, da FEI e da Unicamp. Viúvo <strong>de</strong> Toshiko<br />

Fujita, com quem teve quatro filhos, casou-se com Maria Faion Saito. Tem 81 anos.<br />

26 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1951<br />

Shiro Miyasaka<br />

Nasceu em Hokkaido (Japão), em 1924. No Brasil, acompanhou os pais a uma fazenda em<br />

Cafelândia (SP). Depois, em Arujá, iniciou os estudos até se formar na Esalq, em 1951. No<br />

<strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas, tornou-se especialista na cultura da soja. É o 1º nikkei<br />

Doutor em Agronomia. É autor do livro “A soja no Brasil”. Lecionou na Universida<strong>de</strong><br />

Tsukuba, no Japão. Profissional atuante, recebeu muitas homenagens, inclusive a recente<br />

“Or<strong>de</strong>m do Mérito Kasato Maru”. É casado com Kazuco Sakiara Miyasaka. Tem 84 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1951<br />

Takeki Tuboi<br />

Nasceu em Quatá (SP), em 1930. Fez o curso secundário em São Paulo, quando foi interno<br />

do <strong>Instituto</strong> Nipo-Brasileiro do Prof. Midori Kobayashi. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Agronômica<br />

na Esalq. Era versado em línguas, tendo o domínio do japonês, inglês, italiano,<br />

espanhol, francês e alemão. Trabalhou nas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo como<br />

engenheiro-correspon<strong>de</strong>nte em Línguas Estrangeiras. Foi casado com Haruko Tuboi, com<br />

quem teve duas filhas. Vítima <strong>de</strong> surto <strong>de</strong> meningite, faleceu em 1974, aos 54 anos.<br />

1951<br />

Tetsuaki Misawa<br />

Nasceu em 1919, em Hokkaido (Japão). Veio ao Brasil, com 12 anos. Formou-se na Politécnica<br />

em 1951 e na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública em 1969. Atuou no DAE <strong>de</strong> São Paulo, no<br />

qual chefiou a expansão <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água da capital. Como bolsista nos Estados Unidos e<br />

no Japão, trouxe inovações para a sua área <strong>de</strong> trabalho. Foi o lí<strong>de</strong>r na criação da Associação<br />

Cultural e Esportiva Piratininga. A Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Heráldica conferiu-lhe a medalha<br />

José Bonifácio. Faleceu em 1971. Foi casado com a médica Yoshiko Asanuma Misawa<br />

e teve dois filhos.<br />

1951<br />

Tsugio Hatanaka<br />

Nasceu em Osaka (Japão), em 1923. Chegou ao Brasil tendo 5 anos. Impulsionado com o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r sempre, ingressou no Mackenzie formando-se engenheiro-arquiteto.<br />

Quando estudante, colaborou no projeto da Casa <strong>de</strong> Estudantes Harmonia. Como profissional,<br />

trabalhou nas empresas Taiyo, Brasil Atlantic e Pesca Nova. Foi o responsável pela<br />

construção da se<strong>de</strong> da Kibô-no-ie, em que foi também seu diretor. Após a aposentadoria,<br />

<strong>de</strong>dicou-se à orqui<strong>de</strong>ocultura profissional. Casado com Tsuyako Okubo Hatanaka, teve<br />

quatro filhos. Faleceu em 2003.<br />

1951<br />

Yasuo Yamamoto<br />

Nascido em Tóquio (Japão), em 1924, chegou ao Brasil com nove anos. Fez o primário em<br />

Araçatuba. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil, com mérito, pelo Mackenzie, em 1951. Calculista<br />

<strong>de</strong> renome, projetou por meio <strong>de</strong> sua empresa Escritório Técnico Estacal Ltda. inúmeros<br />

projetos estruturais, inclusive <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras públicas. Atuou intensamente na<br />

comunida<strong>de</strong> nikkei, ocupando cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias instituições culturais,<br />

assistenciais e religiosas. Faleceu em 1996. Foi casado com a <strong>de</strong>ntista Felicia Watanabe<br />

Yamamoto e teve três filhos.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 27<br />

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homenageados<br />

1951<br />

Yukihiko Horita<br />

Nasceu na província <strong>de</strong> Fukui (Japão), em 1917. Filho <strong>de</strong> lavradores <strong>de</strong> Moinho Velho, no<br />

município <strong>de</strong> Cotia. Dentre os irmãos, foi o único que não quis continuar na agricultura<br />

e, para custear seus estudos, em São Paulo, montou uma pequena oficina <strong>de</strong> consertos <strong>de</strong><br />

rádios. Fez <strong>Engenharia</strong> Química na FEI. Trabalhou na Indústria Nadir Figueiredo e posteriormente<br />

na NGK para ficar mais próximo <strong>de</strong> seus familiares em Mogi das Cruzes. Foi<br />

professor <strong>de</strong> Química Tecnológica na FEI. Casado com Maria Cruz Horita, teve três filhos.<br />

Faleceu em 1971.<br />

1952<br />

Chinya Assahina<br />

Nascido na província <strong>de</strong> Ibaraki (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com um ano e meio. Estudou<br />

em São Paulo e formou-se engenheiro químico na Escola Politécnica. Trabalhou no<br />

IPT por dois anos. Trabalhou na montagem <strong>de</strong> fábricas entre as quais <strong>de</strong> óleo nos estados<br />

<strong>de</strong> São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Maranhão. Adquiriu uma fábrica <strong>de</strong> óleos comestíveis<br />

para exportação, reformou e presidiu por 15 anos. Foi casado com a professora <strong>de</strong> música<br />

Sachiko Assahina e teve uma filha. Faleceu em 1994.<br />

1952<br />

Cião Endo<br />

Natural <strong>de</strong> São Paulo (SP), em 1928. Formou-se engenheiro agrônomo pela Esalq e também<br />

em Direito. Durante a sua trajetória profissional foi funcionário da Secretaria <strong>de</strong> Agricultura<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Foi casado com Dinorah Pupo Endo, com quem teve cinco<br />

filhos. Faleceu em 2000.<br />

1952<br />

Hi<strong>de</strong>o Haibara<br />

Nasceu em Okayama (Japão), em 1925. Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola Politécnica<br />

em 1952, trabalhou inicialmente na Diretoria <strong>de</strong> Aeroportos do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Em 1958, ingressou na Usiminas, empresa que fez carreira ocupando diversos cargos em<br />

Ipatinga e <strong>de</strong>pois em Belo Horizonte. Em 1961 e 1962, fez estágio em laminação a frio, na<br />

Nippon Steel do Japão. Foi casado com Mery Haibara. Faleceu em 2006, aos 81 anos.<br />

1952<br />

Hissao Momoi<br />

Nasceu em Agudos (SP), em 1925. Cursou a Escola Politécnica, formando-se em <strong>Engenharia</strong><br />

Civil. Trabalhou no Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas, no qual foi diretor técnico.<br />

Na Secretaria da Saú<strong>de</strong>, igualmente do Estado, foi assessor técnico no Gabinete do Secretário.<br />

Participou muito <strong>de</strong> ações sociais do governo. Foi durante um tempo professor<br />

na Aca<strong>de</strong>mia do Barro Branco. Autodidata em japonês, pertenceu vários anos a uma organização<br />

filosófica-religiosa. Foi casado com Athanazia Emi Momoi e teve três filhos.<br />

Faleceu em 2002.<br />

28 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1952<br />

Kanemitsu I<strong>de</strong>mori<br />

É natural <strong>de</strong> Kagoshima (Japão), on<strong>de</strong> nasceu em 1923. Com apenas cinco anos, chegou<br />

com os pais ao Brasil, instalando-se primeiro em Promissão (SP) e <strong>de</strong>pois em Penápolis<br />

(SP). Formando-se na Politécnica, em 1952, ingressou na Estrada <strong>de</strong> Ferro Sorocabana,<br />

em que exerceu um cargo <strong>de</strong> chefia no Departamento <strong>de</strong> Construção Civil. Participou da<br />

execução <strong>de</strong> várias obras importantes, inclusive após a fusão das ferrovias estaduais na<br />

Fepasa. Atualmente, aos 85 anos, <strong>de</strong>senvolve o empreendimento imobiliário <strong>de</strong> vulto em<br />

Itapecerica da Serra (SP).<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1952<br />

Kazunori Nishimura<br />

Nascido em Hiroshima (Japão), em 1926. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no<br />

Mackenzie. Inicialmente, atuou no ramo <strong>de</strong> construção civil em Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP).<br />

Posteriormente, trabalhou no projeto, construção e instalação <strong>de</strong> frigorífico bovino para<br />

exportação e <strong>de</strong>stilarias <strong>de</strong> álcool nos Estados <strong>de</strong> São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e<br />

Goiás. Aposentou-se em 1994. Tem 82 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

1952<br />

Kazuo Nakashima<br />

Nasceu em 1923 na província <strong>de</strong> Shizuoka (Japão). Chegou ao Brasil em 1927, com os pais.<br />

Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil pelo Mackenzie em 1952. Abriu cedo uma firma <strong>de</strong>stinada<br />

à construção em geral, bem como ao cálculo e execução <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concreto armado e<br />

<strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para coberturas. Dedicou-se, mais tar<strong>de</strong>, exclusivamente a projetos<br />

estruturais <strong>de</strong> concreto armado. É um praticante avançado da arte caligráfica japonesa.<br />

Casado com Flávia Toshie Nakashima, tem um filho. Está com 85 anos.<br />

1952<br />

Minoro Itto<br />

Nasceu em 1926, em Tabatinga (SP). Cursou a Esalq e se formou em 1952. Foi bolsista<br />

da Fundação Rockefeller para um estágio no México a fim <strong>de</strong> estudar o melhoramento<br />

genético <strong>de</strong> plantas e também para estudos do melhoramento do feijoeiro nos Estados Unidos.<br />

Trabalhou dois anos na Seção <strong>de</strong> Genética no <strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas,<br />

ingressando <strong>de</strong>pois no Banco do Brasil como visitador da Carteira Agrícola e Industrial.<br />

Aposentou-se, após 30 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, nessa função. Tem 82 anos.<br />

1952<br />

Mitomu Simamura<br />

Nasceu em 1925, em Guaiçara (SP). Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica. Iniciou<br />

sua carreira na Construtora Guarantã, <strong>de</strong> São Paulo. Transferindo-se para Londrina<br />

(PR), foi Presi<strong>de</strong>nte da Construtora Simamura Daiwa House S.A. Trabalhou muito pela<br />

comunida<strong>de</strong> nikkei, tendo sido presi<strong>de</strong>nte da Associação Cultural e Esportiva e tesoureiro<br />

da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Foi presi<strong>de</strong>nte do Rotary Club local e participou<br />

da Missão Econômica do Paraná ao Japão. Foi casado com Nair Tone Simamura, com<br />

quem teve dois filhos. Faleceu em 1976.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 29<br />

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homenageados<br />

1952<br />

Natalino Baba<br />

Nasceu em Rincão (SP), em 1925. Foi o melhor aluno da turma que se formou na Esalq, em<br />

1952. Em sua ativida<strong>de</strong> profissional, especializou-se na área <strong>de</strong> sementes e mudas. Foi gerente<br />

regional da Embrapa – Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisas Agropecuárias –, em Campinas,<br />

e diretor da Cati – Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência Técnica Integral –, em São Paulo,<br />

on<strong>de</strong> se aposentou. Faleceu em agosto <strong>de</strong> 2008, aos 82 anos. Teve três filhas.<br />

1952<br />

Satyro Sakamoto<br />

Nascido em Ribeirão Preto (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil e eletricista na Escola<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie. Trabalhou na São Paulo Light & Power; na Byington, uma<br />

empresa <strong>de</strong> produtos elétricos brasileiros; no Canal 6 <strong>de</strong> Televisão <strong>de</strong> Curitiba (PR); na<br />

Usiminas (MG); na Comasp e na Sabesp. Aposentou-se em 1986. Fez estágio no Japão, na<br />

Fuji Denki e Mitsubishi Denki, na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombas, motores e transformadores,<br />

durante 18 meses, em 1958 e 1959. É casado com Keiko Mônica Sakamoto com quem tem<br />

uma filha.<br />

1952<br />

Yoshikazu Morita<br />

Nasceu em Hokkaido (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com 18 anos, dirigindo-se ao interior.<br />

Uma vez em São Paulo, <strong>de</strong>u aulas para po<strong>de</strong>r estudar. Trabalhou no Consulado da<br />

Suécia, durante a guerra, quando cuidou do interesse dos japoneses e também no Consulado<br />

do Japão. Nesse período, formou-se engenheiro-arquiteto no Mackenzie. Fundando<br />

a firma <strong>Engenharia</strong> e Arquitetura Morita Ltda., construiu <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> prédios e edifícios<br />

industriais <strong>de</strong> empresas japonesas. Foi um dos introdutores no Brasil da Escola Urasenke<br />

<strong>de</strong> cerimônia do chá.<br />

1953<br />

Ariosto Tanoue<br />

Nasceu em Araçatuba (SP), em 1930. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica.<br />

Após a sua formatura, começou a trabalhar no Departamento <strong>de</strong> Águas e Esgotos – DAE,<br />

em São Paulo, e, posteriormente, no <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Previdência do Estado <strong>de</strong> São Paulo –<br />

Ipesp - até aposentar-se. Dedicou-se também ao magistério, durante longo tempo, lecionando<br />

Física no Colégio Estadual Caetano <strong>de</strong> Campos. Casou-se com Nativida<strong>de</strong> Ferreira,<br />

com quem teve um filho. Faleceu em 1998, aos 68 anos.<br />

1953<br />

Iwao Hirata<br />

Natural <strong>de</strong> Promissão (SP), nasceu em 1927. Formado na Politécnica em 1953, tornou-se<br />

Mestre em Recursos Hídricos, em 1979. Inicialmente, trabalhou na Cooperativa Agrícola<br />

<strong>de</strong> Cotia e foi superinten<strong>de</strong>nte na Cia. <strong>de</strong> Melhoramentos <strong>de</strong> Paraibuna. Em 1958, ingressou<br />

no Daee <strong>de</strong> São Paulo, exercendo vários cargos até chegar a superinten<strong>de</strong>nte do Serviço<br />

do Vale do Paraíba. Foi ainda diretor <strong>de</strong> duas divisões técnicas e supervisionou a comissão<br />

fiscalizadora dos estudos do aproveitamento múltiplo das bacias do rios Pardo e Mogi-<br />

Guaçu. Faleceu em 1982.<br />

30 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1953<br />

Kokei Uehara<br />

Nasceu em 1927 em Okinawa (Japão). É engenheiro civil pela Politécnica, turma <strong>de</strong> 1953.<br />

Foi bolsista do governo francês para cursos e estágios na França. Tornou-se professor da<br />

Politécnica e chegou ao cargo <strong>de</strong> professor titular. Recebeu o título <strong>de</strong> professor emérito,<br />

após a aposentadoria. Representou o Brasil na Unesco, no Decênio Hidrológico Internacional.<br />

É Doutor Honoris Causa pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Osaka. Entre as inúmeras homenagens<br />

recebidas, <strong>de</strong>staca-se a con<strong>de</strong>coração que lhe foi outorgada pelo Imperador do Japão. É<br />

atualmente o presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e Assistência Social.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1953<br />

Luiz Gonzaga Nakaya<br />

Nasceu em São Paulo (SP), em 1928. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Mecânica pela Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial - FEI. Após concluir o curso <strong>de</strong> graduação, ingressou na Indústria<br />

Villares e <strong>de</strong>pois na Bar<strong>de</strong>lla. Exerceu ativida<strong>de</strong>s profissionais também na Büssing e na Simca.<br />

Foi professor da Escola Politécnica e da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial. Casouse<br />

com Rúbia Konda Nakaya, com quem teve três filhos. Faleceu em 1967.<br />

1953<br />

Makoto Nomura<br />

Nasceu em 1928, em São Paulo (SP). Com a perda do pai, assassinado pela Shindô-Renmei,<br />

estudou na Politécnica com a ajuda <strong>de</strong> amigos da família, formando-se em 1953. Atuou na<br />

montagem da fábrica da GM em São José dos Campos, transferindo-se, mais tar<strong>de</strong>, para a<br />

Howa do Brasil. Na esfera estadual, colaborou na reorganização do setor <strong>de</strong> transportes do<br />

Daee e na montagem <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte no Laboratório <strong>de</strong> Hidráulica da USP.<br />

É associado <strong>de</strong> várias entida<strong>de</strong>s técnicas e funcionais. É a<strong>de</strong>pto e graduado da Medicina<br />

Nishi, do Japão. Tem 80 anos.<br />

1953<br />

Nelson Nacao<br />

É natural <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> (MS), nasceu em 1927. Formou-se na Politécnica em 1953. Na<br />

terra natal, foi vereador por duas legislaturas e ainda presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal. Foi<br />

dirigente <strong>de</strong> duas entida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> nikkei. Como profissional, atuou na Sanemat<br />

– Companhia <strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Mato Grosso. Dedicou-se ainda ao ensino <strong>de</strong> Física e Matemática,<br />

e não abandonou os estudos mesmo em ida<strong>de</strong> avançada e sofrendo <strong>de</strong> glaucoma.<br />

Faleceu em 2004. Foi casado com Kioko Margarida Aguena e teve seis filhos.<br />

1953<br />

Nilo Batista Suguiyama<br />

Nasceu em São Paulo (SP), em 1928. Tendo se formado na Escola Politécnica em 1953,<br />

<strong>de</strong>dicou sua carreira profissional à Prefeitura Municipal <strong>de</strong> São Paulo, que ingressou mediante<br />

concurso público. De engenheiro <strong>de</strong> obras, chegou ao cargo <strong>de</strong> administrador regional<br />

da Mooca e, em seguida, do Ipiranga. Na gestão do prefeito Jânio Quadros, foi superinten<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> Obras. Entre as honrarias recebidas, <strong>de</strong>stacam-se a Medalha Anchieta,<br />

da Câmara Municipal <strong>de</strong> São Paulo, e a Medalha Santos Dumont, do Comando da IV Zona<br />

Aérea. Tem 78 anos.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 31<br />

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homenageados<br />

1953<br />

Shozo Nogami<br />

Nasceu em Ribeirão Pires (SP), em 1928. Formado na Esalq em 1953, permaneceu um ano<br />

no Japão para se aperfeiçoar. Exerceu ativida<strong>de</strong>s numa empresa multinacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos<br />

agrícolas. Trabalhou na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia, inicialmente em Guapiara (SP),<br />

<strong>de</strong>pois nos escritórios centrais da capital. Colaborou na implantação no Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

dos Clubes 4-H, <strong>de</strong>stinados a formar li<strong>de</strong>ranças entre jovens na vida no campo. Faleceu<br />

em sua terra natal em 2001, aos 73 anos. Era solteiro.<br />

1953<br />

Tamaaki Sasaoka<br />

Nasceu em 1926, em Hokkaido (Japão). Formando-se na FEI em 1953, iniciou as ativida<strong>de</strong>s<br />

profissionais na Real Transportes Aéreos, em manutenção <strong>de</strong> instalações e, em seguida,<br />

na manutenção <strong>de</strong> aeronaves, como dos recém-chegados aviões Convair. Transferindose<br />

para a Alcan Alumínio do Brasil, foi engenheiro assistente na Gerência <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong><br />

Laminados, passando a ser gerente <strong>de</strong> Manutenção Mecânica <strong>de</strong> vários setores. Mais tar<strong>de</strong>,<br />

tornou-se engenheiro ambiental da empresa até alcançar a aposentadoria. Tem 82 anos.<br />

1953<br />

Ysumy Nishikava<br />

Nasceu em 1926, em Birigüi (SP). Formando-se na Politécnica em 1953, instalou-se em<br />

Maringá (PR). Executou gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> obras na crescente cida<strong>de</strong>. Trabalhou também<br />

no Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral e, na Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Maringá,<br />

foi secretário <strong>de</strong> Obras e Viação e diretor do Serviço Autárquico <strong>de</strong> Pavimentação. Foi fundador<br />

do Country Club <strong>de</strong> Maringá e da Acema, da comunida<strong>de</strong> nikkei. Faleceu em 1979.<br />

Maringá homenageou-o dando o nome <strong>de</strong> Eng. Ysumy Nishikava a uma <strong>de</strong> suas ruas. Foi<br />

casado com Kazuko Nishikava e teve dois filhos.<br />

1953<br />

Yukinobu Yamada<br />

Nasceu em 1925, em Hokkaido (Japão). Chegando ao Brasil com nove anos, trabalhou com<br />

os pais no cafezal. Em São Paulo, ingressou na empresa Nadir Figueiredo e iniciou os<br />

estudos <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no Mackenzie. Formando-se em 1953, trabalhou na<br />

Usina Eng. Bernar<strong>de</strong>s Figueiredo sobre o Rio Jaguari e na fábrica <strong>de</strong> louças da própria Nadir,<br />

em suas proximida<strong>de</strong>s. Naturalizou-se brasileiro e fez o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Cerâmica,<br />

em Nagoya (Japão), além <strong>de</strong> inúmeras visitas técnicas a indústrias <strong>de</strong> cerâmica do exterior.<br />

Aposentou-se em 1993. Está com 83 anos.<br />

1954<br />

Akio Takahashi<br />

Nascido em 1929, é natural <strong>de</strong> Tóquio (Japão). Vindo ao Brasil com cinco anos, morou<br />

numa fazenda <strong>de</strong> café e algodão em Bento Quirino, região <strong>de</strong> Ribeirão Preto. Vieram <strong>de</strong>pois<br />

para Guarulhos. Em sua trajetória <strong>de</strong> estudos, passou pela Escola Técnica Getulio<br />

Vargas, antes <strong>de</strong> ingressar na Politécnica. Formou-se engenheiro mecânico-eletricista em<br />

1954. Trabalhou na General Electric durante 25 anos e na Motores Elétricos Brasil por<br />

mais 21 anos, empresa em que foi assessor, gerente <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Avançada até se aposentar.<br />

Tem 79 anos.<br />

32 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1954<br />

Eduardo Toshio Fujiwara<br />

Nasceu em Cafelândia (SP), em 1930. Formado pela Esalq em 1954, adquiriu larga experiência<br />

no Paraná na cultura <strong>de</strong> algodão, soja e café, que o notabilizou como profissional<br />

competente. Conduzido a diretor técnico da empresa agrícola Fujiminas, atuou no cerrado<br />

mineiro durante 30 anos na produção <strong>de</strong> cafés finos, na macrocultura <strong>de</strong> soja e na produção<br />

<strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> várias culturas, quando introduziu avançadas tecnologias <strong>de</strong> irrigação,<br />

em consonância com as variações climatológicas. Faleceu em 2003.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1954<br />

Hiroshi Ikuta<br />

Nascido em Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Formado em agronomia pela Esalq, foi professor<br />

contratado pela mesma faculda<strong>de</strong> para lecionar as disciplinas <strong>de</strong> Genética, Citologia<br />

e Métodos <strong>de</strong> Melhoramentos <strong>de</strong> Plantas. Foi pioneiro na produção <strong>de</strong> híbridos nacionais<br />

<strong>de</strong> couve-flor, repolho, berinjela, pimentão, pepino, tomate, abóboras e milho doce. Atualmente<br />

é professor convidado da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi das Cruzes e <strong>de</strong>senvolve trabalhos<br />

<strong>de</strong> melhoramento <strong>de</strong> Orquí<strong>de</strong>as em convênio com a Aflord e a Fapesp.<br />

1954<br />

Hisachiyo Takahashi<br />

Nasceu em Osaka (Japão), em 1928. Veio para o Brasil em 1930. Formou-se em <strong>Engenharia</strong><br />

Mecânica e Elétrica na Politécnica. Depois <strong>de</strong> trabalhar por três anos como autônomo,<br />

ingressou na São Paulo Light & Power e <strong>de</strong>pois no Daee. Autor <strong>de</strong> vários artigos<br />

e trabalhos técnicos, chegando a exercer o cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Divisão <strong>de</strong> Materiais do<br />

Daee. Trabalhou na Eletropaulo como assessor <strong>de</strong> Diretoria e superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Compras.<br />

Aposentou-se em 1996. Casou-se com Aquico Takahashi e teve uma filha. Faleceu<br />

em 2002, aos 73 anos.<br />

1954<br />

Hitoshi Nagahashi<br />

Nascido na província <strong>de</strong> Ehime (Japão), em 1926. Veio ao Brasil com quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Formou-se engenheiro mecânico-eletecista na Escola Politécnica. Casou-se com Mizu Nagahashi,<br />

com quem teve dois filhos. Faleceu em 1959.<br />

1954<br />

Jorge Atsushi Kayano<br />

Nasceu em 1928, em Cerqueira César (SP). Ao se formar na Politécnica em 1954, especializou-se<br />

em tecnologia <strong>de</strong> refrigeração, ar-condicionado e ventilação, por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong><br />

pós-graduação e estágios no exterior. Após ter trabalhado em empresas privadas, fundou a<br />

Thermoplan <strong>Engenharia</strong> Térmica. Foi consultor técnico do Hospital das Clínicas. Lecionou<br />

a disciplina <strong>de</strong> Termodinâmica e Máquinas Térmicas na Politécnica, na FEI e na Escola <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> Mauá. Aos 80 anos, é casado com Sumiko Emura Kayano e tem cinco filhos.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 33<br />

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homenageados<br />

1954<br />

Mitsuo Ohno<br />

Nasceu em Sete Barras (SP), em 1930. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, on<strong>de</strong><br />

lecionou por 30 anos. Foi supervisor da Seção <strong>de</strong> Levantamentos e Cadastros das Centrais<br />

Elétricas <strong>de</strong> São Paulo - Cesp. Foi perito avaliador da antiga Comasp, da Cesp e do Daee.<br />

Foi responsável pela avaliação e executou planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> imóveis inundados<br />

por represas. Perito <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> juízes e dos tribunais <strong>de</strong> Justiça e <strong>de</strong> Alçada Civil. É<br />

casado com a Tocico Ohno e tem quatro filhos.<br />

1954<br />

Reozo Ii<br />

Nasceu em Uberaba (MG), em 1928. De início, trabalhou na Delegacia <strong>de</strong> Terras e Colonização<br />

<strong>de</strong> Mato Grosso. Depois, tornou-se engenheiro agrônomo da Casa <strong>de</strong> Lavoura <strong>de</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte Venceslau (SP). Foi o organizador da 1ª Exposição Agrícola <strong>de</strong>sse município.<br />

Em sua homenagem, o Governo <strong>de</strong> São Paulo conferiu o nome <strong>de</strong> Reozo Ii à Casa da Agricultura<br />

<strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venceslau. Foi um dos fundadores do Lions Clube local. Casado com<br />

a professora Irene Reiko Ii, teve quatro filhos. Faleceu em 1963.<br />

1954<br />

Seiki Ueta<br />

Natural <strong>de</strong> Santa Bárbara do Rio Pardo (SP), nasceu em 1922. Formou-se engenheiro químico<br />

em 1954 pela Politécnica. Após breve passagem pela Sambra Alimentos, ingressou na<br />

Petrobras em ativida<strong>de</strong>s ligadas à industrialização do xisto, nas usinas <strong>de</strong> Tremembé (SP)<br />

e Curitiba (PR). Transferiu-se para a Refinaria <strong>de</strong> Paulínia, terminando suas ativida<strong>de</strong>s na<br />

Refinaria do Vale do Paraíba, como organizador do seu sistema <strong>de</strong> segurança. Aposentouse<br />

em 1983. Foi <strong>de</strong>dicado colaborador na comunida<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong> Tremembé. É falecido.<br />

1954<br />

Seiti Sacay<br />

Nasceu em Igarapava (SP), em 1928. Quando criança, trabalhou na lavoura. Fez o ginásio<br />

em Birigüi, cida<strong>de</strong> que, 70 anos <strong>de</strong>pois, conce<strong>de</strong>ria-lhe o título <strong>de</strong> Cidadão Birigüiense.<br />

Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Mecânica e Elétrica pela Politécnica, em 1954. Como estagiário,<br />

percorreu todos os <strong>de</strong>partamentos da então Light. Contratado pela Philips, trabalhou na<br />

empresa por 48 anos. Após a aposentadoria, tem se <strong>de</strong>dicado a ativida<strong>de</strong>s culturais e assistenciais,<br />

ocupando cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> em várias instituições nikkeis. Tem seis<br />

filhos. Está com 80 anos.<br />

1954<br />

Shigeo Hirama<br />

Nasceu em Sendai (Japão), em 1931. Chegou ao Brasil com os pais, aos três anos, dirigindose<br />

à região da atual Guaimbê (SP). Formado na Esalq em 1954, tornou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo um<br />

pesquisador <strong>de</strong> renome. Notabilizou-se na cafeicultura, revolucionando métodos <strong>de</strong> cultura.<br />

Foi agraciado com vários prêmios, medalhas e diplomas, entre os quais a medalha Mal. Candido<br />

M.S. Rondon, pela Socieda<strong>de</strong> Geográfica Brasileira. Foi o 1º diretor da Escola Agrícola<br />

<strong>de</strong> Apucarana e o representante da cafeicultura do Paraná com o IBC. Tem 77 anos.<br />

34 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1954<br />

Shigeo Mizoguchi<br />

Nasceu em Yokohama (Japão), em 1924. É brasileiro naturalizado. Formado na Esalq em<br />

1954, <strong>de</strong>dicou-se notadamente à formação e aperfeiçoamento <strong>de</strong> pessoal em ativida<strong>de</strong>s<br />

agrícolas. É o criador <strong>de</strong> escolas-fazenda e <strong>de</strong> escolas agrícolas, tendo sido diretor da Escola<br />

Fazenda <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte. Foi diretor geral do Ensino Agrícola no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo e vice-diretor do Centro Nacional <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal para Formação<br />

Profissional. Foi consultor internacional do BID e da Jica. Faleceu em 2003, com 79 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1954<br />

Takao Sugahara<br />

Nasceu na província <strong>de</strong> Hokkaido (Japão), em 1929. Cursou a Esalq e se formou em 1954.<br />

Trabalhou na Fundação Rockefeller e, em seguida, em diversas empresas multinacionais,<br />

como Dupont, Ciba e Pfizer, e também na estatal Agrobras. Tornou-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ao<br />

montar a firma Dubibras Produtos e Implementos Agrícolas. Faleceu em 1982, aos 52 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Casado com Maria Aparecida M. Sugahara, teve quatro filhos.<br />

1954<br />

Takeo Aibe<br />

Natural <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (SP), em 1929. Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica<br />

e, <strong>de</strong>pois, em Administração <strong>de</strong> Empresas. Sempre trabalhou na área <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />

com cálculo <strong>de</strong> estrutura e fundações, prestando serviços <strong>de</strong> consultoria nas mesmas<br />

áreas. Fez várias obras sociais, como principais, construções <strong>de</strong> escolas. Casou-se com Zilda<br />

Costa Aibe e teve um filho. Faleceu aos 62 anos.<br />

1954<br />

Tamotsu Sawaki<br />

Nascido em Hokkaido (Japão), em 1921. Chegou ao Brasil aos nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, acompanhado<br />

dos seus pais. Morou em Bastos (SP) e <strong>de</strong>pois em Londrina (PR). Mais tar<strong>de</strong>, mudouse<br />

para São Paulo, on<strong>de</strong> se graduou em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no Mackenzie. Por mais<br />

<strong>de</strong> cinco décadas, <strong>de</strong>senvolveu projetos na área <strong>de</strong> construção civil voltado às indústrias<br />

têxteis em Suzano e Mogi das Cruzes e também nas indústrias <strong>de</strong> Portugal. Casou-se com<br />

Kineko Sawaki com quem teve duas filhas. Faleceu em outubro <strong>de</strong> 2005, aos 84 anos.<br />

1954<br />

Yosizo Kubota<br />

Nasceu em 1927, em Fukushima (Japão). É naturalizado brasileiro. Formou-se engenheiro<br />

mecânico-eletricista na Politécnica em 1954. Fez vários cursos <strong>de</strong> pós-graduação e foi bolsista<br />

no Japão durante um ano, quando estagiou na indústria <strong>de</strong> equipamentos pesados da<br />

Toshiba. Foi engenheiro da Light e da Belsa – Ban<strong>de</strong>irantes <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong> S.A. –, ocupando<br />

cargos <strong>de</strong> chefia. Atuou como consultor <strong>de</strong> várias empresas. Foi professor do Senai, da<br />

Escola Técnica Ban<strong>de</strong>irante e da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mauá. Tem 81 anos.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 35<br />

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homenageados<br />

1955<br />

Akira Kagano<br />

É natural <strong>de</strong> Cerqueira César (SP), nasceu em 1923. Chegando a São Paulo para continuar<br />

os estudos, foi interno do <strong>Instituto</strong> Nipo-Brasileiro, do Prof. Midori Kobayashi. Cursou no<br />

<strong>Instituto</strong> Mackenzie a Escola Técnica e, em seguida, a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, on<strong>de</strong> se formou<br />

em 1955 em Eletro-Mecânica. Como profissional, trabalhou em socieda<strong>de</strong> elaborando projetos<br />

e executando instalações elétricas. Foi casado. Faleceu em 1987, aos 64 anos.<br />

1955<br />

Alberto Kawano<br />

Nascido em São Paulo (SP), em 1931. Cursou <strong>Engenharia</strong> Mecânica e Elétrica na Politécnica<br />

e, no primeiro ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, exerceu a função <strong>de</strong> engenheiro projetista <strong>de</strong> instalações<br />

industriais na Sanbra – Socieda<strong>de</strong> Algodoeira do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro. Trabalhou na Vemag<br />

e, <strong>de</strong>pois, na Ford Motors, ambas indústrias montadoras <strong>de</strong> veículos, em controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Foi diretor <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> autopeças <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> bobinas e, posteriormente,<br />

diretor <strong>de</strong> uma indústria eletroeletrônica, quando se aposentou. Está com 77 anos.<br />

1955<br />

Antonio Hi<strong>de</strong>to Kobayashi<br />

Nascido em São Paulo (SP), em 1931, foi o primeiro nikkei a se formar pelo ITA no curso<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Aeronaves. Foi engenheiro <strong>de</strong> vôo na Real Aerovias e, <strong>de</strong>pois, gerente <strong>de</strong><br />

manutenção da Vasp. Em suas funções, permaneceu longo tempo nos Estados Unidos nas<br />

empresas Lockeheed e Boeing. Ocupou o cargo <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> da Embraer, empresa<br />

em que se aposentou. Faleceu em 2003. Seu nome foi atribuído a uma das ruas <strong>de</strong> São<br />

José dos Campos. Casado, teve dois filhos.<br />

1955<br />

Katuyuki Takita<br />

Nasceu em Lins (SP), em 1931. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica. Após a<br />

sua formatura, em 1956, em socieda<strong>de</strong> com seu colega <strong>de</strong> turma Mamoru Samomiya, fundou<br />

a Takita & Samomiya <strong>Engenharia</strong> e Construções, atuando no ramo da construção civil,<br />

trabalhou durante toda a sua vida profissional nessa empresa. Dentre as inúmeras obras<br />

executadas, <strong>de</strong>stacam-se as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi casado com<br />

Shigueko Takita e faleceu em 1997, aos 65 anos.<br />

1955<br />

Kazuyuki Ikawa<br />

Nasceu em Hiroshima (Japão), em 1932. Chegou ao Brasil no dia 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1933, com<br />

seus pais, Shunichi e Sueko Ikawa, para trabalhar na agricultura. Formado em <strong>Engenharia</strong><br />

Civil pelo Mackenzie, era amante da arte e cultura japonesa. Concluído o curso, abriu juntamente<br />

com seu amigo e colega Hi<strong>de</strong>toci Kawata, a empresa Ikawa, Kawata <strong>Engenharia</strong><br />

e Construções Ltda. Com o falecimento <strong>de</strong> Kawata, trabalhou também com outro colega<br />

Setsuo Kamada. Faleceu em janeiro <strong>de</strong> 2001.<br />

36 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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homenageados<br />

1955<br />

Mamoru Samomiya<br />

Nasceu em Araçatuba (SP), em 1927. Formou-se na Politécnica em 1955. No ano seguinte<br />

à formatura, fundou com o engenheiro Katsuyuki Takita a firma Takita & Samomiya<br />

<strong>Engenharia</strong> e Construções. A empresa foi a responsável pela construção <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> importantes obras como as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi um dos<br />

fundadores do Arujá Golf Club, bem como diretor <strong>de</strong> outras associações e entida<strong>de</strong>s da<br />

comunida<strong>de</strong> nikkei. Deu elevada colaboração ao Hospital Santa Cruz, como seu diretor<br />

técnico. Tem 81 anos.<br />

Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />

1955<br />

Minolo Morita<br />

É natural <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s (SP), nasceu em 1931. Fez o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Elétrica<br />

e Mecânica na Escola Politécnica, formando-se em 1955. Foi colega <strong>de</strong> turma do exgovernador<br />

Mário Covas. Em sua ativida<strong>de</strong> profissional, atuou, sobretudo, na área <strong>de</strong> compras<br />

e suprimentos, tendo trabalhado em cargos <strong>de</strong> chefia e direção em gran<strong>de</strong>s empresas<br />

como Sambra, Vemag, Walita, Engesa, Lucas, Brinquedos Estrela, Fiat e Honda. Há 20<br />

anos <strong>de</strong>dica-se à consultoria imobiliária. Tem 78 anos.<br />

1955<br />

Nozomu Makishima<br />

Nasceu em Pindorama (SP), em 1932. Formando-se na Esalq, em 1955, fez na Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa (MG), mestrado em Olericultura. Trabalhou na Embrapa Hortaliças, na qual<br />

foi chefe <strong>de</strong> Pesquisas e difusor <strong>de</strong> tecnologia. Coor<strong>de</strong>nou cursos internacionais sobre produção<br />

<strong>de</strong> hortaliças da Embrapa, em convênio com a Jica. Foi presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olericultura<br />

do Brasil. É autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> obras. Foi contemplado <strong>de</strong>ntre várias honrarias,<br />

com o Prêmio Marcilio Dias da Associação Brasileira <strong>de</strong> Horticultura. Tem 76 anos.<br />

1955<br />

Pedro Issao Ito<br />

Filho do missionário pioneiro João Yasoji Ito, da Igreja Anglicana, nasceu em São Paulo<br />

(SP), em 1931. É formado pela Politécnica em 1955. Trabalhou inicialmente como engenheiro<br />

<strong>de</strong> indústria automobilística na General Motors e na Ford. Transferiu-se, <strong>de</strong>pois,<br />

para a Brown Boveri atuando como gerente <strong>de</strong> Programação. Retornou à Ford, então da<br />

Autolatina. Após a aposentadoria, continuou em ativida<strong>de</strong> como coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> vendas da<br />

NSK Nakanishi Industrial. Casado com Gisela Maria Ito, tem dois filhos.<br />

1955<br />

Sadame Itinose<br />

Nasceu em 1921, em Araçatuba (SP). Ao se formar pela Politécnica, retornou à terra natal,<br />

on<strong>de</strong> teve uma farmácia. Adquiriu <strong>de</strong>pois uma fazenda em Aparecida do Taboão (MS), foi<br />

avaliador do Banco do Brasil. Transferindo-se, em seguida, para Cuiabá, <strong>de</strong>dicou-se à criação<br />

<strong>de</strong> gado. Resi<strong>de</strong> atualmente em Sinop (MT). Por on<strong>de</strong> passou, <strong>de</strong>dicou-se ao magistério<br />

secundário. Mais recentemente, foi professor da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

Está com 87 anos.<br />

1957<br />

Harumi Ohno Dal Porto<br />

É natural <strong>de</strong> Sete Barras (SP), nasceu em 1932. Cursou a Escola Politécnica, na qual se<br />

formou em 1957 como a 1ª mulher nikkei a concluir o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> no Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo. Especializou-se em projetos <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> esgotos<br />

sanitários. Trabalhou em diversas entida<strong>de</strong>s do setor <strong>de</strong> saneamento do governo do Estado<br />

e, por fim, no Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia Elétrica, em assuntos relacionados ao<br />

aproveitamento <strong>de</strong> água subterrânea. Aposentou-se em 1995.<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 37<br />

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entrevista<br />

Maçahico Tisaka:<br />

em quase um século <strong>de</strong><br />

tradição, o único presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> japoneses<br />

Primeiro presi<strong>de</strong>nte nikkei do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, Maçahico Tisaka dirigiu a<br />

instituição em duas gestões (1989-1991 e 1991-1993). Nascido em São Paulo<br />

(SP), formou se em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola Politécnica, em 1964. Fez pósgraduação<br />

em várias disciplinas <strong>de</strong> planejamento e transportes, especialização<br />

em administração <strong>de</strong> empresas e em economia rodoviária, custos e orçamento <strong>de</strong><br />

obras <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Teve intensa participação na execução<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras prediais, rodoviárias,<br />

ferroviárias, obras <strong>de</strong> arte,<br />

túneis, metrô e usina hidrelétrica.<br />

Ocupou importantes cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

em empresas privadas<br />

e no Governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

É autor do livro “Orçamento na Construção<br />

Civil.”<br />

Atualmente é empresário da construção<br />

civil, consultor <strong>de</strong> empresas,<br />

conselheiro do Crea-SP, membro<br />

do Conselho Consultivo da Revista<br />

Construção Mercado. Além disso, no<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, é membro<br />

vitalício do Conselho Consultivo e árbitro<br />

da CMA- Câmara <strong>de</strong> Mediação e<br />

Arbitragem.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> - O<br />

que o motivou a escolher a<br />

<strong>Engenharia</strong> Civil<br />

Maçahico Tisaka - Quando ingressei<br />

na Escola Politécnica pensava<br />

em cursar a <strong>Engenharia</strong> Mecânica,<br />

mas, por uma questão <strong>de</strong> classificação,<br />

acabei me inscrevendo em <strong>Engenharia</strong><br />

Civil. Durante dois anos,<br />

freqüentei várias disciplinas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mecânica, tais como <strong>de</strong>senho<br />

técnico, termodinâmica, oficina mecânica<br />

e outros. No entanto, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>sse período, mesmo po<strong>de</strong>ndo me<br />

transferir para o curso <strong>de</strong> mecânica,<br />

cheguei a conclusão <strong>de</strong> que a <strong>Engenharia</strong><br />

Civil era a minha vocação,<br />

pois po<strong>de</strong>ria executar gran<strong>de</strong>s obras,<br />

estar em vários lugares diferentes e,<br />

sobretudo, trabalhar ao ar livre.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> - O<br />

que o impulsionou a se candidatar<br />

a presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Maçahico Tisaka - Antes <strong>de</strong> me<br />

candidatar à presidência, havia sido<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte por quatro mandatos,<br />

em diferentes épocas e funções, e não<br />

pretendia candidatar-me a cargo algum<br />

para <strong>de</strong>dicar-me mais à família<br />

e à minha empresa. Entretanto, pela<br />

minha recusa, surgiram vários candidatos<br />

à presidência e havia um risco<br />

muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> se eleger um candidato<br />

da oposição, o que não era <strong>de</strong>sejado<br />

pela maioria. Houve um acordo e<br />

acabei me tornando candidato único<br />

a disputar o cargo.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> -<br />

Quais foram os <strong>de</strong>safios nas<br />

suas gestões<br />

Maçahico Tisaka - Durante os<br />

muitos anos que participei das intensas<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro e fora do <strong>Instituto</strong>,<br />

antes <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte, sempre<br />

<strong>de</strong>fendi a tese <strong>de</strong> que a nossa entida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>veria, além <strong>de</strong> promover gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>bates sobre os problemas nacionais<br />

e <strong>de</strong> lutar pela <strong>de</strong>fesa da <strong>Engenharia</strong><br />

e dos engenheiros, sair do casulo,<br />

apresentar-se à socieda<strong>de</strong> e ser protagonista<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> movimento<br />

<strong>de</strong> recuperação econômica e social do<br />

País, em conjunto com as principais<br />

38 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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entrevista<br />

entida<strong>de</strong>s representativas da classe<br />

empresarial e trabalhadora.<br />

Assim, na minha posse como<br />

presi<strong>de</strong>nte, lancei o Movimento Nacional<br />

pela Melhoria da Qualida<strong>de</strong> e<br />

Produtivida<strong>de</strong> com o argumento <strong>de</strong><br />

que a nação brasileira só cresceria<br />

economicamente se melhorasse a sua<br />

produtivida<strong>de</strong>, eliminando os <strong>de</strong>sperdícios<br />

que há em todos os setores e<br />

melhorando também a qualida<strong>de</strong> dos<br />

seus produtos para competir no mundo<br />

globalizado.<br />

Com gran<strong>de</strong> entusiasmo e <strong>de</strong>terminação,<br />

consegui o apoio da Fiesp, das<br />

fe<strong>de</strong>rações empresariais da indústria<br />

e o do comércio <strong>de</strong> vários Estados do<br />

Brasil, das associações comerciais,<br />

das confe<strong>de</strong>rações dos trabalhadores,<br />

como CUT, CGT e Força Sindical, das<br />

entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe profissionais e universida<strong>de</strong>s,<br />

da mídia escrita, falada e<br />

televisada, tendo havido uma enorme<br />

a<strong>de</strong>são e repercussão em todo o Brasil.<br />

Percorri as principais cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras fazendo palestras e promovendo<br />

<strong>de</strong>bates com a presença <strong>de</strong><br />

centenas <strong>de</strong> pessoas, realizadas pelas<br />

entida<strong>de</strong>s engajadas na campanha,<br />

levando a mensagem do movimento e<br />

elevando bem alto o nome do <strong>Instituto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Após o presi<strong>de</strong>nte Collor assumir<br />

o governo, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

teve uma participação relevante na<br />

formulação do PBPQ - Programa Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Produtivida<strong>de</strong><br />

-, criado no início do seu governo, o<br />

que levou o presi<strong>de</strong>nte da República a<br />

ter o presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

como seu convidado especial<br />

no lançamento do Programa.<br />

Foi realizado ainda com gran<strong>de</strong><br />

sucesso, o I Congresso Brasileiro<br />

para a Qualida<strong>de</strong> e Produtivida<strong>de</strong> em<br />

São Paulo, no Anhembi, que contou<br />

com a presença <strong>de</strong> vários ministros<br />

e comparecimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2.300<br />

participantes vindos <strong>de</strong> várias partes<br />

do País.<br />

Maçahico Tisaka<br />

No final da primeira gestão, a entida<strong>de</strong><br />

realizou um importante convênio<br />

com a JPC - Japan Produtivity<br />

Center -, uma das mais conhecidas<br />

organizações internacionais que se<br />

<strong>de</strong>dica à matéria. Essa instituição<br />

enviou um gran<strong>de</strong> especialista que<br />

trouxe enormes contribuições para o<br />

fortalecimento dos conceitos sobre a<br />

qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> no Brasil.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se creditar ao <strong>Instituto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> o início <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong> e significativa mudança na<br />

mentalida<strong>de</strong> dos profissionais <strong>de</strong> todas<br />

as categorias com relação aos<br />

conceitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong><br />

até então restrito a poucos especialistas<br />

<strong>de</strong>dicados ao assunto.<br />

Quanto aos outros <strong>de</strong>safios, foram<br />

vários, porém é importante salientar<br />

que a maioria <strong>de</strong>les foi <strong>de</strong>ntro do<br />

enfoque <strong>de</strong> inserção da entida<strong>de</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong> como catalisador do processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

e social da Nação Brasileira, e não<br />

apenas como um mero <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong><br />

interesses corporativistas ligadas aos<br />

engenheiros e à <strong>Engenharia</strong>, que, em<br />

última análise, são eles os próprios<br />

beneficiários.<br />

<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> -<br />

Qual é a mensagem para os<br />

futuros engenheiros<br />

Maçahico Tisaka - Os futuros<br />

engenheiros têm três caminhos para<br />

escolher, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua vocação.<br />

Seguir a carreira <strong>de</strong> professor,<br />

arranjar um bom emprego ou ser um<br />

empreen<strong>de</strong>dor. Qualquer que seja o<br />

caminho escolhido, para ter sucesso<br />

na profissão, tem <strong>de</strong> se preparar para<br />

os pequenos e gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios que<br />

surgirão pela frente, continuar estudando<br />

muito. Ousar, porém com os<br />

pés no chão, inovar para não cair no<br />

lugar comum, ser paciente perante às<br />

incertezas e não esmorecer diante das<br />

vicissitu<strong>de</strong>s que certamente surgirão<br />

no exercício da profissão.<br />

IE<br />

Foto: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 39<br />

EntrevistaMaca.indd 39 8/10/2008 18:51:<strong>47</strong>


nikkei<br />

Por Fernanda Nagatomi<br />

Os caminhos dos<br />

engenheiros nikkeis<br />

Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />

Trem <strong>de</strong> Santos a São Paulo - década <strong>de</strong> 1920<br />

Após 23 anos da chegada<br />

oficial dos primeiros imigrantes<br />

japoneses no Brasil,<br />

diplomava-se, em <strong>Engenharia</strong><br />

Civil, o primeiro nikkei no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo. Era Takeo Kawai, na<br />

tradicional e centenária Universida<strong>de</strong><br />

Presbiteriana Mackenzie. Depois <strong>de</strong>le,<br />

muitos outros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> japoneses<br />

escolheram essa área <strong>de</strong> atuação.<br />

Famosos pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar<br />

com os números, milhares <strong>de</strong> nikkeis<br />

seguiram a <strong>Engenharia</strong>. Por isso, neste<br />

ano, em comemoração ao centenário<br />

da imigração japonesa, o <strong>Instituto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> homenageia os 100<br />

primeiros engenheiros nikkeis formados<br />

no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Como não seria possível entrevistar<br />

todos os homenageados em virtu<strong>de</strong><br />

da falta <strong>de</strong> tempo, a comissão organizadora<br />

<strong>de</strong>cidiu escolher um engenheiro<br />

pra representar cada escola e nos<br />

mostrar os caminhos trilhados <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a chegada <strong>de</strong> sua família no Brasil até<br />

a sua formação profissional.<br />

Jorge Watanabe – Era 1917, o<br />

Wakasa Maru aportou em Santos e<br />

<strong>de</strong>sceram Tsumetaro e Tsuji Watanabe.<br />

Foram diretamente para Registro<br />

(SP), on<strong>de</strong> haviam adquirido uma<br />

pequena terra da companhia Kaigai<br />

Koogyo Kabushiki Kaisha (KKKK).<br />

Lá cultivavam algodão e banana.<br />

Devido à <strong>de</strong>senvoltura <strong>de</strong> seu pai<br />

para assuntos administrativos da colônia<br />

<strong>de</strong> Registro, ele ficou responsável<br />

pelo registro <strong>de</strong> nascimento,<br />

casamento e falecimento no cartório<br />

da Comarca <strong>de</strong> Iguape (SP) e no arquivo<br />

para o Consulado do Japão, em<br />

Santos (SP). Em 1937, mudaram-se<br />

para Londrina (PR) e se <strong>de</strong>dicaram<br />

ao comércio.<br />

Em 1920, ainda em Registro (SP),<br />

nasceu o primeiro filho, chamado<br />

Jorge Watanabe. Aos 8 anos, começou<br />

a estudar o primário na cida<strong>de</strong>,<br />

mas, como não havia o 4º ano primário,<br />

foi para Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP)<br />

fazê-lo. “Na escola primária <strong>de</strong> Registro<br />

não existia ainda o 4º ano.”<br />

Mudou-se para São Paulo aos 14<br />

anos, com uma bolsa do governo japonês,<br />

que incluía um pensionato na<br />

Liberda<strong>de</strong>. Terminou o Ensino Fundamental,<br />

chamado <strong>de</strong> Ginásio na época,<br />

no colégio Ginásio do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo e prestou o exame vestibular na<br />

Pré-Politécnica. Dois anos mais tar<strong>de</strong>,<br />

ingressou em <strong>Engenharia</strong> Química.<br />

“Como nessa época havia dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho nessa área, após dois anos,<br />

transferi-me para o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mecânica Elétrica.” No entanto, <strong>de</strong>cidiu<br />

mais uma vez mudar <strong>de</strong> curso e<br />

foi para <strong>Engenharia</strong> Civil pela facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> encontrar trabalho nesse ramo<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. “Desta maneira, formeime<br />

em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola<br />

Politécnica da USP, em 1946.”<br />

Pai <strong>de</strong> uma engenheira, sua única<br />

filha, é casado com Yasco Watanabe<br />

há 56 anos.<br />

40 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Reportagem.indd 40 8/10/2008 18:53:<strong>47</strong>


nikkei<br />

Kazuo Nakashima – No final <strong>de</strong><br />

1926, embarcaram no Santos Maru a<br />

família Nakashima. Eram os pais e quatro<br />

filhos, <strong>de</strong>ntre eles Kazuo Nakashima<br />

com apenas quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Chegaram ao Brasil em janeiro <strong>de</strong> 1927<br />

e foram trabalhar na lavoura <strong>de</strong> café na<br />

fazenda São Martinho, entre Barrinha<br />

e Sertãozinho, no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Seus pais, em 1931, compraram terras<br />

em Sete Barras (SP) e começaram a<br />

plantar arroz. “Como não havia uma<br />

maneira <strong>de</strong> transportar a mercadoria,<br />

per<strong>de</strong>ram toda a safra.” Em 1932, voltaram<br />

à fazenda São Martinho, on<strong>de</strong><br />

cultivaram algodão.<br />

Nascido em Shizuoka (Japão),<br />

em 1923, Nakashima começou seus<br />

estudos aos 14 anos, em Jaboticabal,<br />

on<strong>de</strong> sua família havia se mudado no<br />

ano anterior. Em 1944, foi para São<br />

Paulo para fazer o último ano do Ensino<br />

Médio, <strong>de</strong>nominado colegial, no<br />

colégio Roosevelt. Enquanto estava<br />

na capital, morou em uma pensão <strong>de</strong><br />

uma família amiga.<br />

Por duas vezes, tentou a Poli, mas<br />

sem sucesso. Então, em 19<strong>47</strong>, iniciou<br />

Turma <strong>de</strong> 1946 da Politécnica, em 1958<br />

o curso <strong>de</strong> Mecânica na FEI, mas se<br />

transferiu para <strong>Engenharia</strong> Civil no Mackenzie,<br />

formando-se em 1952. Ainda<br />

na faculda<strong>de</strong>, começou a trabalhar com<br />

cálculo numa empresa <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Casou-se, em 1967, com Flavia<br />

Toshie Nakashima, com quem tem<br />

um filho.<br />

Tamaaki Sasaoka – Nascido<br />

na província <strong>de</strong> Hokkaido (Japão),<br />

aos seis anos, chegou, com seus pais,<br />

ao Porto <strong>de</strong> Santos no navio Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro Maru. Seguiram para Cafelândia<br />

(SP), perto <strong>de</strong> Lins, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com café. Após<br />

três meses, a mãe <strong>de</strong> Sasaoka ficou<br />

doente e a família <strong>de</strong>cidiu se mudar<br />

para Santa Isabel (SP), on<strong>de</strong> começaram<br />

a plantar verduras. “Diziam<br />

que o clima <strong>de</strong> Santa Isabel seria bom<br />

para minha mãe”. Foi tão bom que a<br />

Foto: Arquivo Kazuo Nakashima<br />

Foto: Arquivo Jorge Watanabe<br />

Encontro da turma <strong>de</strong> 1952 do Mackenzie, em 2001<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 41<br />

Reportagem.indd 41 8/10/2008 18:53:52


nikkei<br />

mãe <strong>de</strong>le se curou e recebeu um convite<br />

para fundar uma pequena escola<br />

para as crianças da colônia japonesa<br />

em Arujá, cida<strong>de</strong> vizinha.<br />

Em Santa Isabel, seu pai plantava<br />

verduras e Sasaoka iniciava suas<br />

ativida<strong>de</strong>s escolares. Segundo o engenheiro,<br />

aos 10 anos, seus estudos<br />

foram interrompidos porque seu pai<br />

foi convidado a trabalhar no comércio<br />

em São Paulo, ven<strong>de</strong>ndo verduras<br />

no mercado municipal. “Muitas<br />

verduras que o meu pai vendia não<br />

eram conhecidas pela população”,<br />

lembrou sorrindo.<br />

A família mudou para São Paulo<br />

e Sasaoka terminou o primário no<br />

Taisho e cursou o ginásio e colegial<br />

no colégio Paulistano, ambos na Liberda<strong>de</strong>.<br />

Começou a cursar <strong>Engenharia</strong><br />

Mecânica na FEI, quando ainda<br />

era na Rua São Joaquim (Liberda<strong>de</strong>),<br />

formando-se em 1953.<br />

Em 1957, casou-se com Suzuka<br />

Sasaoka e tem uma filha e um filho.<br />

Turma <strong>de</strong> 1953 da FEI<br />

Foto: Acervo Esalq<br />

Hiroshi Ikuta – Nasceu em<br />

Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Filho<br />

<strong>de</strong> Torao e Tamie Ikuta. Seus pais chegaram<br />

ao Brasil em 1918 e trabalharam<br />

na lavoura <strong>de</strong> café na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Guatapará (SP). “Após o término do<br />

contrato, foram para Mogi das Cruzes,<br />

on<strong>de</strong> começaram a trabalhar com<br />

hortaliças e fruticultura”, lembrou.<br />

Em sua terra natal, Hiroshi estudou<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primário até o 2º colegial,<br />

quando foi para São Paulo completar<br />

o colégio. Estudou no colégio Anglo<br />

Latino e morou em uma república.<br />

Como sua família sempre se <strong>de</strong>dicou<br />

à agricultura, tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

estudar <strong>Engenharia</strong> Agronômica. Em<br />

1950, entrou na Esalq, formando-se<br />

em 1954.<br />

Viúvo <strong>de</strong> Suga Neguishi Ikuta,<br />

tem duas filhas e três filhos, sendo<br />

que dois <strong>de</strong>les são engenheiros agrônomos.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter se aposentado<br />

em 1994, ainda continua na ativa.<br />

Atualmente, além <strong>de</strong> professor convidado<br />

da UMC - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi<br />

das Cruzes –, <strong>de</strong>senvolve trabalhos<br />

<strong>de</strong> Melhoramento <strong>de</strong> Orquí<strong>de</strong>as em<br />

convênio com a Aflord – Associação<br />

dos Floricultores da Via Dutra – e a<br />

Fapesp – Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Mesmo diante das dificulda<strong>de</strong>s<br />

com a língua e a cultura, esses profissionais<br />

pioneiros mostraram perseverança,<br />

disciplina e firmeza e venceram<br />

as diferenças. Atualmente, como<br />

parte da socieda<strong>de</strong> brasileira, centenas<br />

<strong>de</strong> engenheiros nikkeis saem da<br />

universida<strong>de</strong> todos os anos, ajudando<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua Pátria. IE<br />

Foto: Arquivo Tamaaki Sasaoka<br />

Quadro da turma <strong>de</strong> 1954 da Esalq<br />

Primeiros<br />

O ITA também faz parte <strong>de</strong>ssa<br />

galeria com um único representante,<br />

formado em <strong>Engenharia</strong><br />

<strong>de</strong> Aeronaves, em 1955, Antonio<br />

Hi<strong>de</strong>to Kobayashi, que morreu aos<br />

72 anos, em 2003.<br />

A única mulher a estar na lista<br />

dos pioneiros é a engenheira civil,<br />

formada pela Politécnica em 1957,<br />

Harumi Ohno Dal Porto.<br />

42 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Reportagem.indd 42 8/10/2008 18:54:01


especial<br />

Por Paulo Soichi Nogami<br />

Reminiscências <strong>de</strong> nikkeis<br />

pioneiros na <strong>Engenharia</strong><br />

Uma explicação inicial<br />

Ao observar a relação divulgada<br />

pelo <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />

contendo o nome<br />

dos primeiros engenheiros<br />

nikkeis formados no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo, verifiquei que conhecia muitos<br />

dos que fazem parte da lista. Eles<br />

eram cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do conjunto.<br />

Alguns <strong>de</strong>les, conheci há quase 70<br />

anos, quando ainda nem estudava <strong>Engenharia</strong>.<br />

Outros tinham sido colegas<br />

<strong>de</strong> internato ou <strong>de</strong> cursos secundários<br />

ou fiquei conhecendo em contato<br />

com famílias <strong>de</strong> meu relacionamento.<br />

E os <strong>de</strong>mais foram contemporâneos<br />

da Escola Politécnica e <strong>de</strong> outras escolas<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, que conheci em<br />

vários graus <strong>de</strong> aproximação.<br />

Detendo-me em cada nome, comecei<br />

a me lembrar da figura <strong>de</strong>les,<br />

associada às particularida<strong>de</strong>s físicas<br />

que me chamaram a atenção na<br />

época. Foi um retorno agradável, que<br />

achei que valeria a pena <strong>de</strong>ixar registrado,<br />

como memória dos tempos<br />

passados, embora <strong>de</strong> forma informal,<br />

superficial e até irreverente. Lamentavelmente,<br />

muitos não estão mais<br />

presentes entre nós. Seria um motivo<br />

Turma <strong>de</strong> Paulo Soichi Nogami - Politécnica 1950<br />

a mais para assinalar a passagem <strong>de</strong>les<br />

pelos caminhos por on<strong>de</strong> percorri<br />

também. Uma razão final para este<br />

registro é o fato <strong>de</strong> não existir quase<br />

nada escrito, que faça referência<br />

à maioria dos engenheiros nikkeis<br />

daquela época. Eles foram os precursores<br />

da imensa corrente <strong>de</strong> profissionais<br />

que iriam contribuir, com sua<br />

competência, disciplina e garra, para<br />

a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong>ste País.<br />

Os primeiros que conheci<br />

Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />

O primeiro nikkei <strong>de</strong> quem tive<br />

conhecimento como estudante <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />

foi Kaol Suguimoto, do<br />

Mackenzie. Quando eu estudava comércio,<br />

no mesmo estabelecimento,<br />

via-o andando esbelto e garboso pelos<br />

pátios arborizados daquela tradicional<br />

escola. Por alguma razão, ele se formou<br />

muito mais tar<strong>de</strong> do que imaginava.<br />

Quando estudava no colégio, fiquei<br />

conhecendo alguns que já eram<br />

formados como Hajimu Ohno, diplomado<br />

na Politécnica, que trabalhava<br />

no Departamento <strong>de</strong> Estradas<br />

<strong>de</strong> Rodagem – DER – <strong>de</strong> São Paulo,<br />

na construção da Via Anhangüera.<br />

E, também seu cunhado Masao Sugaya,<br />

formado três anos antes, também<br />

na Poli, que trabalhava na Confab,<br />

uma gran<strong>de</strong> indústria mecânica localizada<br />

em Santo André. Ele e a esposa<br />

D. Toyoko, irmã <strong>de</strong> Hajimu Ohno,<br />

gostavam <strong>de</strong> reunir jovens estudantes,<br />

moços e moças, na casa <strong>de</strong>les<br />

na Cida<strong>de</strong> Vargas, em animados encontros<br />

<strong>de</strong> confraternização. Tive o<br />

privilégio <strong>de</strong> participar muitas vezes<br />

<strong>de</strong>ssas reuniões.<br />

Um outro que também conheci,<br />

mais, tar<strong>de</strong> foi Ayami Tsukamoto,<br />

japonês <strong>de</strong> nascimento, atarracado,<br />

que foi o primeiro, se não um dos<br />

primeiros nikkeis que se formou em<br />

Curitiba, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

do Paraná. Ele trabalhou algum<br />

tempo na empresa <strong>de</strong> um dos membros<br />

da família Matarazzo e, <strong>de</strong>pois,<br />

abriu uma firma <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, o<br />

Escritório Técnico Central, sediado<br />

no Edifício Central, do mesmo Matarazzo.<br />

Tornei-me muito amigo <strong>de</strong><br />

Tsukamoto. Foi ele quem construiu<br />

bem mais tar<strong>de</strong> a minha residência<br />

no Alto <strong>de</strong> Pinheiros, em São Paulo.<br />

A minha carteira <strong>de</strong> motorista foi tirada<br />

com o veículo que ele me emprestou.<br />

O sócio <strong>de</strong> Tsukamoto, na<br />

firma <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, era Shinichi<br />

Kubo, que também fiquei conhecendo<br />

nessa época. Era engenheiro mecânico-eletricista,<br />

formado na Poli,<br />

nascido no Japão, i<strong>de</strong>ntificado pelo<br />

seu bigo<strong>de</strong>, pela fala pausada à procura<br />

da palavra certa em português<br />

e pelo seu andar ligeiro. Além <strong>de</strong><br />

instalações elétricas, fazia também<br />

muitos trabalhos <strong>de</strong> topografia. Foi<br />

a firma <strong>de</strong>sses dois engenheiros que<br />

construiu o gran<strong>de</strong> edifício da Casa<br />

<strong>de</strong> Estudantes Harmonia, em São<br />

Bernardo do Campo.<br />

Convidado por Tsukamoto, fiz<br />

com ele várias viagens <strong>de</strong> carro e,<br />

numa excursão <strong>de</strong> grupo ao Pico <strong>de</strong><br />

Itatiaia, fiquei conhecendo Takeo<br />

Kawai, da Cooperativa Agrícola <strong>de</strong><br />

Cotia. Ele era japonês também e foi o<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 43<br />

Especial.indd 43 8/10/2008 18:57:53


especial<br />

Primeiro prédio construído, em 1895, que abrigou a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> e, agora,<br />

é o Centro Histórico do Mackenzie<br />

primeiro engenheiro nikkei formado<br />

no Brasil, pelo Mackenzie, em 1931.<br />

Comentava-se que suas obras primavam<br />

pela sobrieda<strong>de</strong> e robustez<br />

folgada. Ele era, além <strong>de</strong> engenheiro,<br />

um intelectual.<br />

Quando eu ainda me preparava<br />

para a <strong>Engenharia</strong>, sabia que Massami<br />

Hirota, que tinha visto algumas<br />

vezes em reuniões da Liga Estudantina<br />

Nipo-Brasileira, sempre elegante,<br />

lábios carnudos, fazia o curso na Politécnica.<br />

Muito mais tar<strong>de</strong>, vim saber<br />

que, na profissão, ele se <strong>de</strong>dicava<br />

a projetos e execuções <strong>de</strong> instalações<br />

elétricas, numa época em que se começava<br />

a utilizar conduítes flexíveis<br />

<strong>de</strong> plástico, em lugar <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> aço<br />

rígidos. E, conheci em outros encontros<br />

Kira Yssao, registrado com o<br />

sobrenome antece<strong>de</strong>ndo o nome, à<br />

maneira japonesa. Entretanto, meus<br />

contatos com ele foram tão ligeiros<br />

que não fiquei sabendo <strong>de</strong> maiores<br />

<strong>de</strong>talhes sobre suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Meu ingresso na Politécnica<br />

Freqüentemente me perguntam<br />

qual foi o momento mais feliz <strong>de</strong> minha<br />

vida. Sempre tenho que refletir<br />

para po<strong>de</strong>r respon<strong>de</strong>r, mas um dos<br />

que mais me marcou e me alegrou<br />

aconteceu quando vi no jornal a lista<br />

<strong>de</strong> aprovações no exame <strong>de</strong> habilitação<br />

da Escola Politécnica, no ano <strong>de</strong><br />

1946. Passando os olhos sofregamente,<br />

encontrei lá o meu nome, pouco<br />

antes do meio da lista. Dei um salto<br />

<strong>de</strong> alegria porque era o coroamento<br />

<strong>de</strong> um período <strong>de</strong> vários anos <strong>de</strong><br />

profunda <strong>de</strong>dicação aos estudos. Eu<br />

tinha feito inicialmente um curso<br />

técnico <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, no <strong>Instituto</strong><br />

Mackenzie. Quando meu pai me<br />

aconselhou a estudar mais, <strong>de</strong>cidi<br />

fazer <strong>Engenharia</strong>. No entanto, para<br />

isso, tive que começar tudo <strong>de</strong> novo<br />

porque o curso comercial daquela<br />

época não dava equivalência com o<br />

ginásio para fins <strong>de</strong> prosseguimento.<br />

Tive que fazer dois anos <strong>de</strong> madureza<br />

e mais o colégio inteiro. Com isso<br />

e com outros atrasos, entrei na Poli<br />

com 23 anos, que é uma ida<strong>de</strong> para se<br />

formar e não para começar.<br />

O exame vestibular tinha sido difícil.<br />

Muitas das questões não eram<br />

mais como as que foram nos anos<br />

anteriores, do estilo tradicional. Com<br />

o fim da 2ª Guerra Mundial, ocorrido<br />

no ano anterior, o intercâmbio acadêmico<br />

com os países aliados tinha aumentado<br />

e novos tipos <strong>de</strong> problemas<br />

foram introduzidos nos exames, atrapalhando<br />

os candidatos. Dentre cerca<br />

<strong>de</strong> 600 inscritos, para 160 vagas, só<br />

foram aprovados 80. Ficamos sendo<br />

conhecidos como os alunos da “Turma<br />

dos 80”. O exame <strong>de</strong> habilitação não<br />

era apenas classificatório; exigia-se<br />

uma nota mínima para ser aprovado.<br />

Foto: Acervo Histórico do Mackenzie<br />

O ingresso foi difícil, mas, para<br />

mim, acompanhar o ritmo das aulas<br />

foi mais difícil ainda. Não estava<br />

acostumado com a intensida<strong>de</strong> e a<br />

complexida<strong>de</strong> dos assuntos que eram<br />

ministrados durante oito horas por<br />

dia, <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, além<br />

das tar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sábado. Não se podia<br />

<strong>de</strong>scuidar nem um pouco, senão era<br />

<strong>de</strong>pendência na certa.<br />

Contudo, estava satisfeito e orgulhoso<br />

por ter conseguido alcançar<br />

o objetivo a que me propusera. Ao<br />

olhar para a fisionomia <strong>de</strong> meus colegas<br />

<strong>de</strong> turma, ficava imaginando a<br />

inteligência <strong>de</strong>les e nas dificulda<strong>de</strong>s<br />

que também tiveram que enfrentar<br />

para estarem on<strong>de</strong> estavam. E me<br />

sentia feliz por me incluir num grupo<br />

tão heterogêneo mas privilegiado <strong>de</strong><br />

colegas das mais variadas procedências,<br />

como nunca tinha visto anteriormente.<br />

Eles eram paulistanos <strong>de</strong><br />

vários bairros, ricos e pobres, e interioranos<br />

<strong>de</strong> lugares diferentes como<br />

Campinas, Franca, Cotia, Santos, Colônia<br />

Varpa, Getulina e Catanduva,<br />

e <strong>de</strong> outros Estados como do Ceará,<br />

Alagoas, Sergipe e Santa Catarina. As<br />

mais variadas etnias estavam representadas,<br />

inclusive nós, nikkeis, que,<br />

inicialmente, éramos três apenas.<br />

Os colegas <strong>de</strong> turma nikkeis<br />

Um dos que entraram comigo era<br />

Siguer Mitsutani, que já era meu<br />

colega <strong>de</strong> classe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos do<br />

Colégio Estadual Presi<strong>de</strong>nte Roosevelt.<br />

Ele estava lá vindo do famoso<br />

Ginásio do Estado, do Parque D. Pedro<br />

II. Possuindo uma tez fortemente<br />

bronzeada, era inteligente, metódico<br />

nos estudos, <strong>de</strong> agradável trato e <strong>de</strong><br />

sorriso franco e sonante. Foi um dos<br />

três primeiros colocados no exame<br />

<strong>de</strong> habilitação. E já trabalhava fazendo<br />

bico em traduções <strong>de</strong> japonês.<br />

Dedicou-se ao cálculo <strong>de</strong> estruturas,<br />

um assunto que ele dominava muito<br />

bem. O outro era Gen Tsunashima,<br />

que só fui conhecer no primeiro dia<br />

<strong>de</strong> aula. Estranhei-o quando ele veio<br />

falar comigo. De fisionomia bem arredondada,<br />

tinha certo embaraço em<br />

pronunciar as palavras em português<br />

44 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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especial<br />

e aparentava ter mais ida<strong>de</strong> que os<br />

<strong>de</strong>mais. Logo fiquei sabendo que era<br />

japonês <strong>de</strong> origem e que tinha 27<br />

anos, isto é, quatro anos a mais em<br />

relação a mim, que já me consi<strong>de</strong>rava<br />

bastante idoso. Ele era órfão <strong>de</strong> pai e<br />

havia trabalhado e lutado muito para<br />

po<strong>de</strong>r estudar. Cedo aprendi a dar valor<br />

a ele e nós nos tornamos gran<strong>de</strong>s<br />

amigos. Casou-se com Clara Kishimoto,<br />

muito amiga <strong>de</strong> minha esposa,<br />

no tempo <strong>de</strong> solteiras. Foi ele quem<br />

cuidou da reforma <strong>de</strong> minha casa, 27<br />

anos após a formatura. Trabalhou<br />

muito tempo como engenheiro da<br />

Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, mas<br />

antes tinha permanecido um bom<br />

período em Volta Redonda, na firma<br />

Sobraf, <strong>de</strong> São Paulo, na supervisão<br />

<strong>de</strong> obras <strong>de</strong> fundações na Companhia<br />

Si<strong>de</strong>rúrgica Nacional.<br />

No meio do ano <strong>de</strong> 1946, foi aberto<br />

um exame especial <strong>de</strong> habilitação<br />

<strong>de</strong>stinado a expedicionários que tinham<br />

retornado dos campos <strong>de</strong> batalha<br />

da Itália. Entre eles estavam dois<br />

nisseis: Yoshihiko Mio e Paulo<br />

Fueta. Este último ficou certo tempo<br />

como integrante da nossa turma, mas<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser visto. Pensava<br />

que talvez tivesse se transferido para<br />

alguma escola, em outro Estado, ou<br />

mesmo <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> estudar, por alguma<br />

forte razão. Até hoje <strong>de</strong>sconheço<br />

o motivo. Era muito simpático. Mio<br />

viera <strong>de</strong> Getulina, falava pausadamente<br />

e tinha um certo quê <strong>de</strong> caboclo.<br />

Era um pouco reservado, <strong>de</strong> ar<br />

assustado, entretanto era inteligente,<br />

<strong>de</strong> bom gênio e amigo <strong>de</strong> todos. Trabalhou<br />

longos anos no DER - Departamento<br />

<strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem -,<br />

em Bauru.<br />

Os anteriores da Politécnica<br />

Ao chegar à Poli, observava com<br />

curiosida<strong>de</strong> os quadros <strong>de</strong> formatura<br />

que estavam afixados em pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

vários ambientes. Na gran<strong>de</strong> sala <strong>de</strong><br />

aula do 3º piso do edifício Paula Souza,<br />

cheia <strong>de</strong> mesas para <strong>de</strong>senho, havia<br />

um quadro <strong>de</strong> formandos do distante<br />

ano <strong>de</strong> 1935. Lá havia a fotografia<br />

<strong>de</strong> um japonês <strong>de</strong> nome Schigueru<br />

Ono, que não conheci e <strong>de</strong> quem jamais<br />

tinha ouvido falar. Não era parente<br />

<strong>de</strong> Hajimu Ohno, que conhecia,<br />

mas imaginava que ele era o mais<br />

antigo dos nikkeis que se formaram na<br />

Politécnica. Nem <strong>de</strong>pois, na socieda<strong>de</strong><br />

em que freqüentava, ouvi um comentário<br />

qualquer sobre esse engenheiro.<br />

Não era dos que circulava no pequeno<br />

círculo <strong>de</strong> nikkeis da época. Os <strong>de</strong>mais<br />

diplomados não me eram estranhos,<br />

conforme já me referi.<br />

No 6º ano <strong>de</strong> Minas e Metalurgia<br />

estava o Tomio Kitice, com o seu<br />

bigo<strong>de</strong> característico. Trabalhou inicialmente<br />

no IPT - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Tecnológicas -, foi professor e<br />

<strong>de</strong>pois passou a dirigir uma indústria<br />

mecânica constituída por empresários<br />

japoneses aqui resi<strong>de</strong>ntes.<br />

No 5º ano, estava o Jorge Watanabe<br />

que já havia visto anteriormente<br />

andando em companhia <strong>de</strong> Ayami<br />

Tsukamoto. Jorge era calmo, pon<strong>de</strong>rado<br />

e <strong>de</strong> fala pausada. Participava<br />

como o mais veterano dos politécnicos<br />

nas reuniões que alguns nisseis<br />

da Poli realizavam, com a idéia <strong>de</strong><br />

fundar uma associação <strong>de</strong> estudantes<br />

nikkeis. A iniciativa foi combatida<br />

pelos que pertenceram à extinta<br />

Liga Estudantina Nipo-Brasileira<br />

(posteriormente Liga Estudantina <strong>de</strong><br />

São Paulo) e a idéia terminou sendo<br />

abortada. No entanto, <strong>de</strong>u ensejo,<br />

logo a seguir, a um movimento maior<br />

abrangendo universitários <strong>de</strong> outras<br />

Prédio da Politécnica em 19<strong>47</strong><br />

faculda<strong>de</strong>s, que acabou vingando.<br />

No 4º ano, eram alunos nisseis:<br />

Eduardo Riomey Yassuda, Masakazu<br />

Outa e Quincas Kajimoto.<br />

Yassuda andava sempre bem<br />

trajado e era tido como aluno brilhante.<br />

Em casa, contaram-me que<br />

ele <strong>de</strong>via ser filho <strong>de</strong> Ryoiti Yassuda,<br />

que veio ao Brasil com meu avô Saburo<br />

Kumabe, em 1906. Era assistente-aluno<br />

do Prof. Lucas Nogueira<br />

Garcez, catedrático <strong>de</strong> Hidráulica e<br />

Saneamento. Após se formar, tornou-se<br />

assistente da ca<strong>de</strong>ira e, ao<br />

ser instalado o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Sanitária, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública,<br />

tornou-se docente <strong>de</strong> uma das<br />

disciplinas. Nessa faculda<strong>de</strong>, prestou<br />

concurso público para professor<br />

catedrático, tendo sido o primeiro<br />

nissei a alcançar esse título na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo. Foi ainda<br />

secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Obras e Serviços<br />

Públicos no governo Abreu Sodré.<br />

Tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar<br />

com ele durante quase 20 anos, em<br />

vários cargos e <strong>de</strong>vo a ele a consolidação<br />

<strong>de</strong> minha carreira profissional.<br />

Massakazu Outa, que via andando<br />

sempre só, no setor da <strong>Engenharia</strong><br />

Química, passou a trabalhar no IPT.<br />

Quincas Kajimoto, <strong>de</strong> quem ouvia<br />

falar em Ribeirão Pires e conhecia <strong>de</strong><br />

vista, teria se tornado engenheiro do<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Previdência do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 45<br />

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especial<br />

Aréa <strong>de</strong> convivência ao ar livre da FEI em 1963<br />

No 3º ano, faziam o curso Shigueharo<br />

Deyama e Job Shuji<br />

Nogami. Deyama andava sempre<br />

<strong>de</strong> avental e com um ligeiro sorriso<br />

estampado num rosto <strong>de</strong> queixo arredondado.<br />

Sempre <strong>de</strong>notava tranqüilida<strong>de</strong><br />

e bem-estar. Depois <strong>de</strong> formado,<br />

tornou-se professor e pesquisador do<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Eletrotécnica. Job, meu<br />

irmão logo abaixo, fazia o curso <strong>de</strong> Minas<br />

e Metalurgia, que era <strong>de</strong> seis anos,<br />

razão pela qual só se formou com os<br />

alunos da turma seguinte. Ao se diplomar,<br />

foi trabalhar no DER. Quase ao<br />

mesmo tempo, passou a fazer parte do<br />

corpo docente da própria Escola Politécnica.<br />

Reservado e simples em tudo,<br />

era um estudioso e notabilizou-se em<br />

estudos e pesquisas <strong>de</strong> materiais e<br />

métodos construtivos <strong>de</strong> pavimentos<br />

rodoviários <strong>de</strong> baixo custo. O Laboratório<br />

<strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Pavimentos da<br />

Escola Politécnica é i<strong>de</strong>ntificado atualmente<br />

pelo seu nome.<br />

Na turma anterior à nossa, havia<br />

o maior contingente <strong>de</strong> nikkeis. Eram<br />

Airson Iabuti, Chinya Assahina,<br />

Edmundo Takahashi, Goiti Suzuki,<br />

Goo Sugaya, Masayuki Furuya,<br />

Renato Teruo Tanaka, Romeu<br />

Batista Suguiyama e Yojiro<br />

Takaoka. Não tive muito contato<br />

com eles, apesar da proximida<strong>de</strong> em<br />

termos <strong>de</strong> turma e nem soube direito<br />

da carreira <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> formados.<br />

Lembro-me que, na Politécnica,<br />

não havia muita integração entre alunos<br />

<strong>de</strong> níveis diferentes. Os que estavam<br />

na frente, pouca atenção davam<br />

a nós e nós também não nos aproximávamos<br />

muito <strong>de</strong>les e nem dos que<br />

vinham <strong>de</strong>pois. Todos eles pareciam<br />

estar sempre sérios <strong>de</strong>mais, talvez <strong>de</strong>vido<br />

à intensida<strong>de</strong> e dureza das aulas.<br />

De Airson Iabuti, apenas lembrome<br />

bem <strong>de</strong> sua fisionomia alongada,<br />

austera, pouco nipônica. Edmundo<br />

Takahashi, ao contrário, tinha uma<br />

feição meio quadrada e era <strong>de</strong> pouca<br />

fala. Dedicou-se à <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong><br />

Fundações. Goo Sugaya, <strong>de</strong> cabelos<br />

altos, andava meio curvado, pensativo,<br />

com sua bolsa <strong>de</strong>baixo do braço.<br />

Era irmão <strong>de</strong> Masao Sugaya, sendo<br />

morador da Colônia, em Itaquera.<br />

Especializou-se em construções e em<br />

levantamentos topográficos e geodésicos.<br />

Faleceu prematuramente. A<br />

primeira vez que vi Masayuki Furuya,<br />

que fazia o curso <strong>de</strong> Química,<br />

imaginei estar diante <strong>de</strong> um samurai,<br />

tal a semelhança com os espadachins<br />

que via em ilustrações japonesas. Era<br />

filho do ex-embaixador do Japão na<br />

Argentina (escapou milagrosamente<br />

<strong>de</strong> um atentado da Shindo Renmei)<br />

e trabalhou no <strong>Instituto</strong> Oceanográfico<br />

da USP. Formou-se mais tar<strong>de</strong><br />

em <strong>Engenharia</strong> Civil também. Yojiro<br />

Takaoka, boa estatura, <strong>de</strong> feição<br />

triangular, com bigo<strong>de</strong> e uma pinta<br />

no rosto que chamava atenção, era<br />

filho <strong>de</strong> quem foi o primeiro médico<br />

da comunida<strong>de</strong> nipo-brasileira, já na<br />

Foto: Acervo FEI<br />

década <strong>de</strong> 1910. Yojiro tornou-se o<br />

maior empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> construções<br />

imobiliárias e <strong>de</strong> urbanização em São<br />

Paulo. Renato Teruo Tanaka, fui<br />

conhecê-lo melhor mais tar<strong>de</strong>, com<br />

a sua energia e andar apressado e<br />

oscilante, em razão <strong>de</strong> termos sido<br />

colegas <strong>de</strong> trabalho em órgãos estaduais<br />

<strong>de</strong> saneamento. Na gestão <strong>de</strong><br />

Eduardo Riomey Yassuda como<br />

secretário <strong>de</strong> Obras do Estado, Tanaka<br />

foi conduzido à presidência da<br />

Companhia <strong>de</strong> Saneamento da Baixada<br />

Santista – SBS. Romeu Batista<br />

Suguiyama, com um traço meio oci<strong>de</strong>ntal<br />

e <strong>de</strong> bigo<strong>de</strong>, era mais <strong>de</strong>sembaraçado<br />

e comunicativo. Por alguma<br />

razão, ele foi se diplomar na minha<br />

turma. Chinya Assahina, nascido<br />

no Japão, aparentava ser um tanto<br />

idoso. Por ser do curso <strong>de</strong> química,<br />

via-o menos, mas encontrava-o entusiasmado<br />

em reuniões <strong>de</strong> nikkeis fora<br />

da escola. Goiti Suzuki conhecia-o<br />

bem <strong>de</strong> vista, mas não me recordo <strong>de</strong><br />

ter tido algum contato maior.<br />

Os posteriores da Politécnica<br />

Entre os que vieram <strong>de</strong>pois, mas<br />

ainda na Poli, eram poucos com os<br />

quais tinha alguma relação pessoal ou<br />

um conhecimento maior. Um <strong>de</strong>les<br />

era Sancho Morita, da turma imediatamente<br />

posterior, que já conhecia<br />

por razões <strong>de</strong> família. Tornou-se<br />

membro do corpo docente da Poli e<br />

da recém-criada Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Industrial, tendo se <strong>de</strong>dicado<br />

igualmente a várias ativida<strong>de</strong>s no<br />

ramo da indústria mecânica. Casouse<br />

com a minha prima Toshiko Fugita.<br />

Tetsuaki Misawa, nascido no<br />

Japão, e por isso falava fluentemente<br />

o japonês, era um dos que conhecia<br />

bem pelos contatos anteriores e pelo<br />

seu dinamismo e pela sua audácia.<br />

Ele foi um dos fundadores do Curso<br />

Cosmos, um preparatório para<br />

o vestibular, e ainda da Associação<br />

Cultural e Esportiva Piratininga, que<br />

congregava estudantes e recém-formados<br />

nikkeis no pós-guerra. Seus<br />

associados promoviam anualmente a<br />

chamada Caravana Estudantina para<br />

cida<strong>de</strong>s do interior, no período <strong>de</strong> fé-<br />

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especial<br />

rias. Contrariamente às expectativas<br />

<strong>de</strong> que iria exercer a profissão como<br />

autônomo, <strong>de</strong>dicou-se ao setor público,<br />

trabalhando no Departamento <strong>de</strong><br />

Águas e Esgotos da Capital. Casou-se<br />

com Yoshiko Asanuma, que havia se<br />

formado na medicina da USP vencendo<br />

os mais árduos obstáculos, conforme<br />

relatado no seu recente livro autobiográfico<br />

“Histórias <strong>de</strong> uma Vida”.<br />

Hissao Momoi, <strong>de</strong> duas turmas<br />

posteriores, foi meu colega <strong>de</strong> um internato<br />

na Rua Galvão Bueno, anos<br />

atrás, e continuava sendo metódico,<br />

formal e dono <strong>de</strong> um orgulho justificado.<br />

Lembro-me bem <strong>de</strong>le pela tez<br />

clara e pela sua caligrafia impecável.<br />

Muitos anos <strong>de</strong>pois, encontrei-o no<br />

bairro da Liberda<strong>de</strong>, quando me contou<br />

que estava estudando shodô, a<br />

arte tradicional da escrita japonesa,<br />

confirmando que continuava sendo<br />

a<strong>de</strong>pto da caligrafia. Um colega <strong>de</strong><br />

turma <strong>de</strong>le era Mitomu Simamura,<br />

<strong>de</strong> estilo reservado, bem vestido<br />

<strong>de</strong> terno tipo jaquetão azul-marinho,<br />

que já conhecia do tempo em que ele<br />

morava com Tetsuaki Misawa na<br />

região do Mercado Central. Casouse<br />

com Nair Tone, <strong>de</strong> Ourinhos, que<br />

também conheci em reuniões <strong>de</strong> estudantes<br />

na residência <strong>de</strong> uma professora<br />

<strong>de</strong> japonês, em Pinheiros. Mitomu<br />

tornou-se gran<strong>de</strong> empresário <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> em Londrina, on<strong>de</strong> há,<br />

inclusive, uma rua com o seu nome.<br />

Já estava além do meio do curso,<br />

quando conheci entre os “bichos”, a<br />

figura <strong>de</strong> Kokei Uehara. Já nos primeiros<br />

contatos, fiquei sabendo que<br />

ele estava atrasado nos estudos porque<br />

viera do Japão e ainda teve que<br />

trabalhar duro na lavoura com os <strong>de</strong>mais<br />

membros da família. Graças à<br />

ajuda e ao sacrifício <strong>de</strong> seus irmãos,<br />

viera à capital como o único que foi<br />

escolhido para prosseguir os estudos.<br />

Na Poli, foi um aluno maduro e<br />

respeitado. Ao se formar, tornou-se<br />

assistente do Prof. Lucas Nogueira<br />

Garcez. Prosseguindo no magistério,<br />

chegou ao ápice da carreira como professor<br />

titular. Mestre extremamente<br />

<strong>de</strong>dicado e incentivador dos alunos,<br />

recebeu o título <strong>de</strong> Professor Emérito,<br />

o primeiro atribuído a um nikkei<br />

ITA<br />

na Escola Politécnica. Na comunida<strong>de</strong><br />

nipo-brasileira, é a personalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque, uma vez que exerce<br />

o cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong><br />

Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e<br />

<strong>de</strong> Assistência Social. Nessa mesma<br />

turma, estava Makoto Nomura.<br />

Quando apareceu como um novo aluno,<br />

as atenções se voltaram para ele<br />

num misto <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e compaixão.<br />

Isso porque, pouco tempo antes,<br />

o pai <strong>de</strong>le, conhecido empresário,<br />

jornalista esclarecido e redator-chefe<br />

do jornal “Nippak Shimbun”, tinha<br />

sido uma das vítimas fatais da organização<br />

clan<strong>de</strong>stina Shindô Renmei.<br />

No entanto, Makoto não externava<br />

a dor e a tristeza internas que certamente<br />

sentia e circulava com humor,<br />

<strong>de</strong> avental branco, pelos pátios da Escola.<br />

Três décadas após, quando trabalhava<br />

no Laboratório <strong>de</strong> Hidráulica<br />

da Escola Politécnica, ele e outros<br />

colegas <strong>de</strong> serviço almoçavam diariamente<br />

num restaurante <strong>de</strong> comida<br />

japonesa, no bairro <strong>de</strong> Pinheiros. Eu<br />

gostava <strong>de</strong> me juntar a eles, uma vez<br />

por semana.<br />

Em 1950, quando já estava no último<br />

ano, entrou mais uma turma. Lá<br />

estava, entre outros, Mitsuo Ohno,<br />

que era <strong>de</strong> uma família que conhecia<br />

bem. O seu irmão Hajimu Ohno e<br />

o seu cunhado Masao Sugaya, já citados,<br />

incluíam-se entre os primeiros<br />

nikkeis a se formarem na mesma escola.<br />

Mitsuo teve a melhor classificação<br />

no vestibular <strong>de</strong>sse ano. Tornouse<br />

professor da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Topografia<br />

e Geodésia da própria Politécnica.<br />

Entre o grupo dos pioneiros, encontram-se<br />

alguns que ainda estudavam<br />

na Poli após a minha formatura.<br />

Um <strong>de</strong>les, Pedro Issao Ito, já o<br />

conhecia por ser filho do respeitado<br />

Reverendo Yasuji Ito, conhecido da<br />

família, o primeiro pastor evangélico<br />

que trabalhou com extrema <strong>de</strong>dicação<br />

com a comunida<strong>de</strong> japonesa no<br />

Brasil. Sadame Itinose foi um dos<br />

meus colegas do internato da Rua<br />

Galvão Bueno, no início da década<br />

<strong>de</strong> 40. Vinha <strong>de</strong> Araçatuba, cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> origem <strong>de</strong> muitos outros colegas,<br />

nessa casa <strong>de</strong> estudantes. Itinose,<br />

na época, gostava <strong>de</strong> argumentar<br />

e era convicto em suas afirmativas.<br />

Expunha suas idéias sempre com o<br />

<strong>de</strong>do indicador em riste. Foi também<br />

expedicionário. Houve alguma<br />

outra razão, que não vim saber, que<br />

o fez atrasar na conclusão do curso<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Harumi Ohno é a primeira mulher<br />

<strong>de</strong> origem japonesa a se formar<br />

no Estado <strong>de</strong> São Paulo e, certamente,<br />

no Brasil. É irmã <strong>de</strong> dois outros engenheiros<br />

Hajimu Ohno e Mitsuo<br />

Ohno e cunhada <strong>de</strong> Masao Sugaya.<br />

Numa certa época, a família contava,<br />

pois, com quatro engenheiros, todos<br />

formados na Politécnica. Conheci<br />

Foto: Acervo ITA<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 <strong>47</strong><br />

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especial<br />

Edifício central da Esalq<br />

bem Harumi Ohno, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes <strong>de</strong><br />

ela iniciar o estudo da <strong>Engenharia</strong>.<br />

Depois <strong>de</strong> formada e já trabalhando<br />

na profissão no Departamento <strong>de</strong><br />

Obras Sanitárias, ce<strong>de</strong>u-me algumas<br />

horas disponíveis para preparar os<br />

<strong>de</strong>senhos técnicos <strong>de</strong> um livro sobre<br />

poços profundos, do qual eu era um<br />

dos autores, publicado pela Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública.<br />

Os conhecidos<br />

<strong>de</strong> outras escolas<br />

Da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Mackenzie - EEM<br />

Já me referi a Takeo Kawai e<br />

Kaol Suguimoto, dois <strong>de</strong>ntre os<br />

mais antigos do Mackenzie. Ainda no<br />

Mackenzie, conhecia <strong>de</strong> vista, quando<br />

estudava lá, o Kazuo Sakamoto,<br />

mais gordo, e o seu irmão Satiro<br />

Sakamoto, mais magro, que, na época,<br />

faziam o ginásio e mais tar<strong>de</strong> se<br />

formariam também engenheiros por<br />

essa escola. Moravam na rua Major<br />

Sertório, a dois passos do Mackenzie.<br />

O pai <strong>de</strong>les foi personalida<strong>de</strong> proeminente<br />

da comunida<strong>de</strong> japonesa <strong>de</strong> São<br />

Paulo e muito chegado a um tio meu,<br />

por terem pertencido ambos à companhia<br />

colonizadora Kaikô – Kaigai<br />

Kogyô Kabushiki Kaisha (KKKK).<br />

Satiro Sakamoto trabalhou até recentemente<br />

na Sabesp, empresa em<br />

que também trabalhei. Conheci igualmente<br />

Izumi Yuasa, sério, <strong>de</strong> rosto<br />

chupado e <strong>de</strong> óculos <strong>de</strong> aro metálico.<br />

Constava que, sendo ele filho <strong>de</strong> um<br />

pastor evangélico, o Mackenzie, que<br />

é <strong>de</strong> origem religiosa, oferecia-lhe<br />

uma bolsa <strong>de</strong> estudos, como cortesia<br />

da instituição. Kioshi Kato, também<br />

chamado <strong>de</strong> Pedro, fiquei conhecendo<br />

por meio <strong>de</strong> sua irmã Inez, muito<br />

amiga <strong>de</strong> Kazue Iamane, que viria<br />

ser a minha esposa. O pai <strong>de</strong> Kioshi,<br />

Carlos Y. Kato, que tinha um nome<br />

cristão incorporado informalmente<br />

ao seu nome, foi um empresário <strong>de</strong> vivência<br />

internacional e <strong>de</strong> larga experiência,<br />

tendo sido o principal fundador<br />

do Banco América do Sul. Pedro<br />

Kioshi Kato tornou-se o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Construtora Engin, <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Yasuo Yamamoto foi um contemporâneo<br />

do estudo <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />

Minhas relações com ele não eram<br />

nem freqüentes e nem muito próximas,<br />

mas encontrava-o vez ou outra,<br />

ocasião em que trocávamos algumas<br />

palavras. Tornou-se um conceituado<br />

calculista <strong>de</strong> estruturas. Em companhia<br />

<strong>de</strong> Gen Tsunashima, meu colega<br />

<strong>de</strong> classe na Poli, e <strong>de</strong> outros, foi<br />

uma das pessoas que batalhou muito<br />

para a consolidação da instituição<br />

<strong>de</strong> assistência aos <strong>de</strong>ficientes Kibôno-ie.<br />

Kazunori Nishimura morava<br />

na casa <strong>de</strong> uma família que eu<br />

freqüentava amiú<strong>de</strong>. Dotado <strong>de</strong> um<br />

Foto: Acervo Esalq<br />

gênio que agradava a todos, cursava<br />

ainda a Escola Técnica Getúlio Vargas.<br />

Estudioso e lutador, venceu duras<br />

etapas até chegar à <strong>Engenharia</strong> do<br />

Mackenzie, quando perdi totalmente<br />

o contato com ele. Kazuo Nakashima<br />

foi colega <strong>de</strong> turma <strong>de</strong> Kazunori<br />

Nishimura. Nascido no Japão, tinha<br />

uma postura rígida e um olhar firme,<br />

e cumprimentava com forte aperto<br />

<strong>de</strong> mão tendo o braço meio retraído.<br />

Casou-se com Flávia Toshie Wada,<br />

uma gran<strong>de</strong> amiga <strong>de</strong> minhas irmãs,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo em que eram colegas<br />

da mesma faculda<strong>de</strong>, na USP. Uma<br />

particularida<strong>de</strong> do Nakashima era a<br />

<strong>de</strong> ser um vegetariano ortodoxo, que<br />

não transigia <strong>de</strong> modo algum. A sua<br />

especialida<strong>de</strong> na profissão foi e ainda<br />

é <strong>de</strong> calculista <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s estruturas.<br />

Akira Kagano, <strong>de</strong> Cerqueira César,<br />

silencioso e pacato, foi meu colega<br />

numa casa <strong>de</strong> cômodos, no bairro da<br />

Liberda<strong>de</strong>. Ao <strong>de</strong>ixar essa casa, quando<br />

me casei, perdi contato com ele.<br />

Da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura<br />

Luiz <strong>de</strong> Queiroz - Esalq<br />

O mais antigo dos diplomados<br />

em Piracicaba, <strong>de</strong> meu conhecimento<br />

pessoal, mas que só fiquei sabendo ao<br />

ser organizada a lista dos pioneiros, é<br />

Takeki Tuboi. Ele foi também um<br />

dos companheiros <strong>de</strong> internato, durante<br />

um curto período. Tenho uma<br />

vaga lembrança que ele era originário<br />

<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> da Sorocabana. Tinha<br />

uma compleição mais ou menos<br />

avantajada, tez clara, e era possuidor<br />

<strong>de</strong> um temperamento calmo e meditativo.<br />

Lembro-me <strong>de</strong> ter emprestado<br />

a ele um bandolim, que foi trazido<br />

por um tio meu, dos Estados Unidos,<br />

após uma longa permanência. Tuboi<br />

queria apren<strong>de</strong>r a tocar esse instrumento.<br />

O outro é meu próprio irmão<br />

Shozo Nogami, formado em 1953.<br />

Após a conclusão do curso, foi levado<br />

pelo meu pai ao Japão, on<strong>de</strong> permaneceu<br />

um ano todo. Ao retornar,<br />

começou a apresentar problemas<br />

comportamentais que o dificultavam<br />

para o trabalho. Colaborou na<br />

implantação dos Clubes 4-H (Head,<br />

Heart, Hand e Health) <strong>de</strong>stinados<br />

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especial<br />

a formar jovens lí<strong>de</strong>res em ativida<strong>de</strong>s<br />

do campo. Por meio <strong>de</strong>le, ouvi<br />

falar <strong>de</strong> alguns outros engenheiros<br />

agrônomos da mesma época, que ele<br />

respeitava pela competência e <strong>de</strong>dicação.<br />

Entretanto, eles não foram <strong>de</strong><br />

meu conhecimento pessoal.<br />

Do <strong>Instituto</strong> Tecnológico<br />

<strong>de</strong> Aeronáutica – ITA<br />

Conheci o único que consta da<br />

lista dos pioneiros: Antonio Hi<strong>de</strong>to<br />

Kobayashi. Era filho <strong>de</strong> Midori<br />

Kobayashi, o diretor do internato da<br />

Rua Galvão Bueno, 407. Na ocasião<br />

em que eu era interno <strong>de</strong> lá, Hi<strong>de</strong>to<br />

não passava <strong>de</strong> um menino <strong>de</strong><br />

menos <strong>de</strong> 10 anos. Tinha os cabelos<br />

bem negros, com o corte em formato<br />

<strong>de</strong> cuia, e falava somente em japonês.<br />

Nem sabia que seu prenome<br />

era Antonio. Na época da 2ª Guerra<br />

Mundial, o internato teve que ser fechado<br />

e os Kobayashi retiraram-se<br />

para a Zona Sul, na periferia da capital.<br />

Perdi contato com eles. Foi uma<br />

surpresa ver o nome <strong>de</strong> Hi<strong>de</strong>to como<br />

o único da lista dos pioneiros e, mais<br />

ainda, na condição <strong>de</strong> primeiro nikkei<br />

formado pelo ITA.<br />

Da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Industrial – FEI<br />

“Detendo-me em cada<br />

nome, comecei a me<br />

lembrar da figura<br />

<strong>de</strong>les, associada às<br />

particularida<strong>de</strong>s físicas<br />

que me chamaram a<br />

atenção na época”<br />

A FEI começou a funcionar em<br />

1946, no mesmo ano em que entrei<br />

na Politécnica. As notícias sobre as<br />

primeiras turmas ainda eram muito<br />

vagas, porém sabia que um colega<br />

conhecido estava estudando na nova<br />

faculda<strong>de</strong>. Era Hirose Yamamoto<br />

que, numa certa época, também morava<br />

no mesmo quarto <strong>de</strong> Tetsuaki<br />

Misawa e Mitomu Simamura, nas<br />

proximida<strong>de</strong>s do Mercado Municipal.<br />

Ele foi o segundo nikkei a se formar<br />

na FEI. Lembro-me que ele gostava <strong>de</strong><br />

jogar baseball. Casou-se com a filha <strong>de</strong><br />

Yasutaro Ishikawa, <strong>de</strong> Santo André,<br />

um amigo <strong>de</strong> meu pai, e foi trabalhar<br />

no Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia<br />

Elétrica. Luiz Gonzaga Nakaya<br />

era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> proprietários da<br />

tradicional Casa Nakaya <strong>de</strong> artigos japoneses<br />

no bairro da Liberda<strong>de</strong>. Embora<br />

abonado, era diferente <strong>de</strong> outros<br />

<strong>de</strong> igual condição, pois era estudioso<br />

e muito sério. Trabalhou na Büssing<br />

e na Bar<strong>de</strong>lla e foi professor tanto da<br />

FEI como da Politécnica. Estive no<br />

casamento <strong>de</strong>le com Rúbia Konda, filha<br />

do abnegado médico Dr. Motomu<br />

Konda, <strong>de</strong> Lins. Ela era colega <strong>de</strong> minhas<br />

irmãs, quando juntas moravam<br />

em São Paulo na residência <strong>de</strong> outro<br />

médico, o Dr. Yoshinobu Takeda. Para<br />

ela, cheguei a dar aulas <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong><br />

matemática. Luiz Nakaya faleceu<br />

cedo, em plena fase <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

De outros Estados<br />

Ao me formar na Escola <strong>de</strong> Comércio<br />

Mackenzie, em 1941, fui até o Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro a fim <strong>de</strong> registrar o meu<br />

diploma no Ministério da Educação.<br />

Nessa ocasião, fui a pedido <strong>de</strong> minha<br />

avó a Niterói, para levar uma pequena<br />

encomenda <strong>de</strong>stinada a Sra. Yamagata.<br />

Ela era a viúva do pioneiro e arrojado<br />

empresário Yuzaburo Yamagata, que<br />

foi o melhor amigo <strong>de</strong> meu avô Saburo<br />

Kumabe, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se conheceram no<br />

Rio, por volta <strong>de</strong> 1913. A casa que procurei<br />

era <strong>de</strong> um dos filhos <strong>de</strong>la, Fumio<br />

Yamagata. Não o encontrei pessoalmente,<br />

mas sabia que ele e seu irmão<br />

maior Takeo Yamagata já eram,<br />

nessa época, engenheiros formados e<br />

estavam em franca ativida<strong>de</strong>. Foram,<br />

com certeza, os primeiros engenheiros<br />

nikkeis no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Pertencia<br />

a eles a firma Yamagata <strong>Engenharia</strong>,<br />

que executou, inclusive em São Paulo,<br />

algumas obras <strong>de</strong> envergadura.<br />

Eles, como também Ayami<br />

Tsukamoto, do Paraná, já citado,<br />

não se acham incluídos na relação<br />

dos engenheiros nikkeis pioneiros<br />

porque a lista do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

contempla apenas os que se<br />

formaram no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

No entanto, foram aqui citados, por<br />

terem pertencido também, e com<br />

gran<strong>de</strong> mérito, ao pelotão <strong>de</strong> vanguarda<br />

da enorme classe <strong>de</strong> profissionais<br />

nikkeis que se formaria ao longo dos<br />

anos na área da engenharia, seguindo<br />

o exemplo <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>sbravadores.<br />

Palavras finais<br />

Resta-me dizer que figuro como<br />

o 34º elemento da relação. Consi<strong>de</strong>rando<br />

somente os diplomados na Escola<br />

Politécnica, ocupo a 21ª posição.<br />

Sinto imenso orgulho em estar entre<br />

os pioneiros.<br />

Formei-me em 1950, com 27 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. E, estando já em ativida<strong>de</strong><br />

profissional, fui cursar a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública para me especializar<br />

em <strong>Engenharia</strong> Sanitária. Fui<br />

sempre ligado ao serviço público.<br />

Comecei na Prefeitura Municipal<br />

<strong>de</strong> Santo André, em que permaneci<br />

por cinco anos, para <strong>de</strong>pois prosseguir<br />

em diversos órgãos estaduais<br />

da área do saneamento básico, ocupando<br />

cargos <strong>de</strong> chefia, assessoria e<br />

direção. Aposentei-me em 1996 na<br />

Sabesp, empresa na qual havia trabalhado<br />

os últimos 20 anos. Durante<br />

um período <strong>de</strong> 14 anos, <strong>de</strong>diquei-me<br />

também ao magistério, ministrando<br />

aulas em cursos <strong>de</strong> pós-graduação<br />

nas escolas da USP.<br />

Li e reli várias vezes este texto,<br />

quando sempre acrescentava, suprimia<br />

ou corrigia alguma frase. Toda<br />

vez que fazia isso, voltava-me à memória<br />

a figura <strong>de</strong> cada um dos que<br />

foram citados, num agradável retrospecto,<br />

como se o tempo tivesse parado<br />

em meados do século passado.<br />

Sobre alguns <strong>de</strong>les, po<strong>de</strong>ria escrever<br />

páginas inteiras, tal a convivência<br />

que tive com eles. Um dia talvez, vou<br />

me <strong>de</strong>dicar a isso.<br />

IE<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 49<br />

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mosaico<br />

Foto: Acervo Esalq<br />

Pavilhão <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Esalq<br />

Placa comemorativa dos 100 anos da Poli<br />

e da inauguração do Jardim Japonês<br />

Foto: Acervo Politécnica<br />

Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />

Alunos no pátio em frente ao edifício<br />

Paula Souza da Politécnica<br />

50 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Mosaico.indd 50 8/10/2008 19:00:37


mosaico<br />

Kawachi Maru na partida<br />

do porto <strong>de</strong> Kobe em 1914<br />

Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />

Foto: Acervo FEI<br />

Estacionamento e<br />

<strong>de</strong>pendência da FEI<br />

Foto: Acervo ITA<br />

Biblioteca do ITA em 1950<br />

Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />

kasato Maru em 1910<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 51<br />

Mosaico.indd 51 8/10/2008 19:00:54


artigos<br />

Lições apreendidas<br />

com Yojiro Takaoka<br />

Yojiro Takaoka era um gran<strong>de</strong><br />

homem, tinha sempre<br />

claros seus objetivos, não<br />

via problemas em seu caminho<br />

e sim <strong>de</strong>safios.<br />

Tinha seus pensamentos no futuro<br />

e suas ações no presente, seguia<br />

sempre em frente, levando do passado<br />

apenas a experiência vivida.<br />

Tinha personalida<strong>de</strong> forte e não<br />

se <strong>de</strong>ixava levar pelos fracos e nem<br />

permitia que o medo tomasse conta<br />

<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino.<br />

“Se você quiser construir uma<br />

ponte sobre um rio, estu<strong>de</strong> bem os<br />

níveis históricos <strong>de</strong> enchentes, veja<br />

a topografia, seja cuidadoso com a<br />

técnica. Mas não se esqueça <strong>de</strong> falar<br />

com o caboclo que viveu ali toda sua<br />

vida. Ele provavelmente saberá dizer<br />

quando a água subiu mais alto,<br />

muito melhor do que todos os boletins<br />

técnicos. Preste sempre a atenção<br />

no que as pessoas têm a dizer.”<br />

(Yojiro Takaoka)<br />

Não era inflexível, sabia ouvir as<br />

pessoas, reconhecer seus erros com<br />

humilda<strong>de</strong> e ser perseverante na realização<br />

<strong>de</strong> seus sonhos.<br />

“O lugar on<strong>de</strong> se mora não precisa<br />

ser rico nem mesmo estar totalmente<br />

acabado, o que importa é<br />

a sua história. A casa <strong>de</strong>ve ser o seu<br />

sonho, o lugar <strong>de</strong> referência que você<br />

criou e on<strong>de</strong> se sente bem. Daí eu valorizo<br />

mais o sonho que a realida<strong>de</strong>.”<br />

(Yojiro Takaoka)<br />

Ele conceituava <strong>de</strong> forma sistêmica<br />

seus projetos, imaginando-os<br />

sempre com pessoas nele vivendo,<br />

trabalhando e <strong>de</strong>les se utilizando e<br />

não como simples traços no papel.<br />

“A urbanização é a partida para<br />

a habitação organizada, mas não é<br />

o único elemento responsável pela<br />

qualida<strong>de</strong> da vida urbana. Tanto assim,<br />

que não se consegue <strong>de</strong>finir qual<br />

a pessoa mais feliz: aquela que mora<br />

num palacete, numa casa ou num<br />

barraco.” (Yojiro Takaoka)<br />

Marcelo Vespoli Takaoka<br />

Ele sabia muito bem como trabalhar<br />

com expectativas e como gerar a<br />

imagem do que <strong>de</strong>veria ser seus projetos<br />

no futuro para aqueles que se<br />

interessavam e acreditavam em seus<br />

sonhos.<br />

O homem mais feliz é o que se julga<br />

feliz.”( Yojiro Takaoka)<br />

“Ele conceituava <strong>de</strong><br />

forma sistêmica seus<br />

projetos, imaginandoos<br />

sempre com<br />

pessoas nele vivendo,<br />

trabalhando e <strong>de</strong>les se<br />

utilizando e não como<br />

simples traços<br />

no papel”<br />

Foto: Arquivo Pessoal<br />

Ele se preocupava com o entorno<br />

<strong>de</strong> seus projetos, pintava casas que<br />

estavam na mesma rua para embelezar<br />

e dar vida ao local, e entendia que<br />

muros, por si só, não são suficientes<br />

para construir uma socieda<strong>de</strong> segura<br />

e feliz.<br />

“Todo o esforço que fiz, o investimento,<br />

essa minha luta não foi para<br />

provocar uma segregação, quero que<br />

todos tenham direito a riqueza que<br />

será produzida.” (Yojiro Takaoka)<br />

Estabelecer uma relação <strong>de</strong> confiança,<br />

lealda<strong>de</strong> e parceria com seus<br />

clientes era um <strong>de</strong> seus valores mais<br />

importantes, no sentido <strong>de</strong> proporcionar<br />

uma vida longa e próspera<br />

para sua empresa.<br />

“Po<strong>de</strong> ser que os outros tenham<br />

se dado mal trabalhando <strong>de</strong>sta forma,<br />

mas comigo a relação <strong>de</strong> confiança<br />

e lealda<strong>de</strong> sempre <strong>de</strong>u certo.”<br />

(Yojiro Takaoka)<br />

Ele gostava <strong>de</strong> ensinar, pois acreditava<br />

que quem mais apreendia com<br />

isso era ele mesmo, na medida em que<br />

seus ensinamentos geravam dúvidas,<br />

questionamentos e novas idéias.<br />

“Você não po<strong>de</strong> crescer sem que os<br />

outros também cresçam à sua volta.<br />

Só <strong>de</strong>ssa forma você se sentirá realmente<br />

realizado.” (Yojiro Takaoka)<br />

Finalmente, dizia ele, o importante<br />

é fazer o que gosta, há que se ter<br />

prazer e amor com o trabalho que se<br />

faz para se alcançar seus objetivos.<br />

“A melhor profissão é aquela cujo<br />

exercício nos dá prazer. Trabalho<br />

feito sem prazer, além <strong>de</strong> representar<br />

gran<strong>de</strong>s sacrifícios, não tem qualida<strong>de</strong>.<br />

Torna-se penoso e, provavelmente,<br />

não levará a obtenção dos<br />

vossos objetivos.” (Yojiro Takaoka)<br />

(Frases retiradas do Livro Yojiro<br />

Takaoka: o construtor <strong>de</strong> sonhos, <strong>de</strong><br />

Even Sacchi)<br />

IE<br />

Marcelo Vespoli Takaoka<br />

Filho <strong>de</strong> Yojiro Takaoka,<br />

homenageado formado em 1949<br />

52 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

Artigos.indd 52 8/10/2008 19:31:39


artigos<br />

Lembranças <strong>de</strong> meu pai, Takeo Kawai<br />

Meu pai nasceu em 30 <strong>de</strong><br />

abril <strong>de</strong> 1906, em Gokatsura,<br />

província <strong>de</strong> Mieken,<br />

no Japão, on<strong>de</strong> sua<br />

família era proprietária <strong>de</strong> uma fábrica<br />

<strong>de</strong> saquê já há algumas gerações.<br />

Des<strong>de</strong> muito jovem, dizia que viveria<br />

fora do país natal. Lia literatura russa,<br />

muito em voga no meio estudantil<br />

japonês da época, literatura essa que<br />

exaltava o socialismo e valorizava o<br />

trabalho com a terra como a mais nobre<br />

ativida<strong>de</strong> do homem. Não via perspectivas<br />

para seu futuro no Japão, em<br />

pleno regime militarizado. Escolheu o<br />

Brasil como <strong>de</strong>stino, pois lera e ouvira<br />

falar que era um país com potencial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e que acolhia bem os<br />

estrangeiros. Pensou que aqui po<strong>de</strong>ria<br />

iniciar uma vida honesta <strong>de</strong> agricultor,<br />

apesar <strong>de</strong> nunca ter tido experiência<br />

no trato com a terra.<br />

Assim, encerrado o curso secundário,<br />

<strong>de</strong>ixou sua família e partiu,<br />

juntamente com imigrantes japoneses,<br />

rumo ao Brasil, on<strong>de</strong> chegou em<br />

6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1925, no porto <strong>de</strong> Santos.<br />

Logo se dirigiu a uma fazenda em<br />

Bauru, no Estado <strong>de</strong> São Paulo (Bauru<br />

fazia parte da frente <strong>de</strong> expansão cafeeira<br />

da época. Lembro <strong>de</strong> meu pai<br />

comentando que o sol estava sempre<br />

encoberto pela fumaça das queimadas<br />

das matas). A primeira coisa solicitada<br />

pelo fazen<strong>de</strong>iro aos imigrantes foi que<br />

mostrassem suas mãos. As <strong>de</strong> meu pai,<br />

lisas e macias, eram as <strong>de</strong> quem, até<br />

aquele momento, não tinha feito outra<br />

coisa senão estudar. O fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>stinou-o,<br />

então, a trabalhar como ajudante<br />

na se<strong>de</strong> da fazenda para cuidar<br />

das galinhas, varrer o terreiro, ajudar<br />

na copa etc., ativida<strong>de</strong>s muito distantes<br />

do agricultor que pretendia ser. Ficou<br />

lá alguns meses; frustrado, percebeu<br />

que <strong>de</strong>veria tomar outro rumo.<br />

Como contava com o apoio da família,<br />

caso se <strong>de</strong>cidisse continuar os<br />

estudos, acabou vindo para São Paulo,<br />

ingressando no curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

Celia Kawai<br />

na Universida<strong>de</strong> Mackenzie em 1927.<br />

Apesar das dificulda<strong>de</strong>s com a língua,<br />

sua força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> garantiu-lhe um<br />

bom <strong>de</strong>sempenho na escola, tendo se<br />

formado em <strong>Engenharia</strong> Civil em 1931.<br />

Voltou ao Japão, on<strong>de</strong> ficou quatro<br />

anos para complementar os estudos<br />

em <strong>Engenharia</strong>. Retornando ao Brasil,<br />

trabalhou em empresas japonesas, o<br />

que lhe propiciou conhecer o interior<br />

do Brasil em viagens memoráveis,<br />

como a que fez, a cavalo, pelo sertão<br />

<strong>de</strong> Goiás. Uma das suas principais características<br />

era a <strong>de</strong> aliar o espírito <strong>de</strong><br />

aventura com a aventura do espírito.<br />

“Uma das suas<br />

principais<br />

características era<br />

a <strong>de</strong> aliar o espírito<br />

<strong>de</strong> aventura com a<br />

aventura do espírito”<br />

Foto: Arquivo Pessoal<br />

Assim, as viagens eram para ele uma<br />

ocasião para ampliar seus conhecimentos,<br />

um pretexto para iniciar ou<br />

aprofundar investigações sobre os<br />

mais diversos assuntos.<br />

Em 1940, já com 34 anos, casou-se<br />

com minha mãe por apresentação, um<br />

costume muito difundido entre os japoneses.<br />

Tiveram quatro filhos.<br />

Nossa infância toda foi marcada<br />

pelo novo emprego <strong>de</strong> meu pai na<br />

Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Esse<br />

trabalho resgatava o sonho que o impulsionou<br />

a vir para o Brasil, o <strong>de</strong> ter<br />

um trabalho ligado à terra. Ele pô<strong>de</strong> ali<br />

aplicar os seus conhecimentos técnicos<br />

para atingir os i<strong>de</strong>ais a que a cooperativa<br />

se propunha. Acompanhou com<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação o seu crescimento,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a pequena associação <strong>de</strong> agricultores<br />

até ela se transformar em uma<br />

organização agroindustrial mais complexa.<br />

Até os anos 60, a cooperativa era<br />

para meu pai como uma gran<strong>de</strong> família,<br />

tanto que freqüentávamos as casas<br />

e as festas dos cooperados e dos funcionários.<br />

À medida que sua estrutura<br />

se tornava mais complexa e impessoal,<br />

meu pai foi se <strong>de</strong>sencantando até se<br />

<strong>de</strong>sligar completamente.<br />

Aposentado, pô<strong>de</strong> se envolver<br />

mais intensamente em ativida<strong>de</strong>s pelas<br />

quais sempre se interessou, como<br />

a participação em grupos <strong>de</strong> estudos<br />

e pesquisas sociológicas no Centro <strong>de</strong><br />

Estudos Nipo-Brasileiros.<br />

Já bem idoso e com mobilida<strong>de</strong> restrita,<br />

manteve acesa sua vida intelectual<br />

por meio <strong>de</strong> leituras e estudos que<br />

conduzia por conta própria. A par da<br />

ativida<strong>de</strong> intelectual, nunca <strong>de</strong>scuidou<br />

<strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> física, praticando natação<br />

diariamente até quase o fim da vida.<br />

Recapitulando todos esses momentos<br />

da trajetória <strong>de</strong> meu pai, fico<br />

convencida <strong>de</strong> que ele teve, enfim, a<br />

vida que almejava.<br />

IE<br />

Celia Kawai<br />

Filha <strong>de</strong> Takeo Kawai, 1º engenheiro<br />

nikkei formado em São Paulo<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 53<br />

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artigos<br />

Tetsuaki Misawa<br />

Tetsuaki Misawa, filho <strong>de</strong> Nitaro<br />

e Shizue Misawa, nasceu<br />

em Kitami, província <strong>de</strong><br />

Hokkaido, no Japão, em 1.º<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1919. Aos 12 anos, após<br />

cursar parte do primário, imigrou para<br />

o Brasil, juntamente com seus pais e<br />

cinco irmãos. Estabeleceram-se na zona<br />

rural, como todos os imigrantes japoneses,<br />

on<strong>de</strong> ele iniciou o seu périplo <strong>de</strong><br />

estudos, com todas as dificulda<strong>de</strong>s inerentes<br />

à época. Diariamente, caminhava<br />

doze quilômetros, <strong>de</strong> ida e volta, sob sol<br />

ou chuva, para ir à escola. Vencer tantos<br />

obstáculos, amalgamou a sua personalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> lutas e sacrifícios.<br />

Fez o ginásio em São Paulo, no então<br />

afamado Colégio Paulistano, à Rua<br />

Taguá, trabalhando como office-boy<br />

e estudando até ingressar na Poli, formando-se<br />

em 1951. Em 1969, formouse<br />

engenheiro sanitarista, pela Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Higiene e Saú<strong>de</strong> Pública da USP.<br />

Aprimorou seus conhecimentos em<br />

viagens <strong>de</strong> estudos ao exterior, em 1959,<br />

para os EUA e, em 1967, para o Japão,<br />

trazendo importantes contribuições ao<br />

Departamento <strong>de</strong> Águas e Esgotos (atual<br />

Sabesp), em que trabalhou. Foi agraciado<br />

com a Medalha Cultural e Cívica<br />

José Bonifácio, pela Socieda<strong>de</strong> Brasileira<br />

<strong>de</strong> Heráldica e Medalhística.<br />

Ainda estudante, juntamente com<br />

alguns <strong>de</strong> seus colegas, fundou o Cursinho<br />

Kosmos, o qual se tornaria famoso<br />

no cenário educacional <strong>de</strong> São Paulo,<br />

quando um dos seus alunos foi aprovado<br />

em 1º lugar na Poli. Ele foi sempre um<br />

bom didata, segundo seus alunos. Tinha<br />

o dom da oratória, captando a simpatia<br />

do público, falando tanto em português<br />

como em japonês, pois dominava muito<br />

bem ambas as línguas. Atingia o âmago<br />

da alma das pessoas, conquistando-as<br />

com seu carisma e otimismo.<br />

No final da década <strong>de</strong> 40 e início<br />

<strong>de</strong> 50, os isseis e nisseis viviam ainda<br />

uma época <strong>de</strong> incertezas políticas e sociais,<br />

conseqüência da <strong>de</strong>sastrosa 2ª<br />

Guerra Mundial, culminando com a<br />

Dra. Yoshiko Asanuma Misawa<br />

chamada Shindorenmei, como muitos<br />

ainda se lembram.<br />

Para minimizar essa atmosfera e levantar<br />

o ânimo dos nossos pais e irmãos<br />

em ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressar no curso superior,<br />

um grupo <strong>de</strong> universitários <strong>de</strong> São<br />

Paulo levantou a ban<strong>de</strong>ira da “Caravana<br />

Cultural Estudantil”, que se concretizou<br />

em 1949. Dela participaram universitários<br />

da Poli, Medicina e Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Filosofia, Ciências e Letras. As três primeiras<br />

caravanas foram li<strong>de</strong>radas por<br />

Tetsuaki e Kiyono, por falarem fluentemente<br />

o japonês e o português. Graças a<br />

essa feliz iniciativa, muitos nikkeis vieram<br />

a São Paulo para prosseguirem os<br />

seus estudos e ingressarem em diversas<br />

faculda<strong>de</strong>s da capital.<br />

Foi durante essas caravanas que o<br />

<strong>de</strong>stino uniu o meu coração ao <strong>de</strong> Tetsuaki,<br />

éramos então estudantes <strong>de</strong> medicina<br />

da Pinheiros e <strong>de</strong> engenharia da<br />

Poli, respectivamente. Casamos em 1954,<br />

tendo dois filhos, Horácio (engenheiro) e<br />

Henrique (médico), e cinco netos.<br />

O <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> houve<br />

por bem homenagear Tetsuaki Misawa<br />

entre os “Engenheiros Nikkeis Pioneiros”<br />

neste ano do centenário da imigração<br />

japonesa no Brasil, inserindo em<br />

Foto: Arquivo Pessoal<br />

seus anais alguns dados biográficos.<br />

Tetsuaki era uma pessoa extremamente<br />

humana, cordial, atenciosa,<br />

não só com seus familiares, amigos,<br />

clientes e colegas do Departamento <strong>de</strong><br />

Águas e Esgotos.<br />

Quando fazia plantão noturno,<br />

como engenheiro responsável pelo assentamento<br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> águas na capital,<br />

procurava sempre, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

minimizar as árduas condições <strong>de</strong><br />

trabalho noturno dos trabalhadores.<br />

Foi, por isso, muito bem quisto pelos<br />

seus subordinados. O reconhecimento<br />

pelo seu brilhante trabalho técnico<br />

ren<strong>de</strong>u-lhe uma linda homenagem<br />

póstuma, com o seu nome dado a uma<br />

rua na Vila Mariana.<br />

Ele prezava todas as amiza<strong>de</strong>s e a<br />

convivência harmoniosa, sendo querido<br />

por todos na verda<strong>de</strong>ira acepção da<br />

palavra. Tanto que, nos congressos em<br />

que participava, os colegas sempre lhe<br />

cantavam o “Parabéns a você”, fosse seu<br />

aniversário ou não.<br />

Cumpridor da palavra, não titubeava<br />

em contrariar o seu superior se assim<br />

fosse preciso. Certa feita, o governador<br />

Jânio Quadros <strong>de</strong>terminou que uma<br />

linha <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> águas fosse inaugurada<br />

em um <strong>de</strong>terminado dia, a qualquer<br />

custo. Tetsuaki, como engenheiro responsável<br />

da obra, contrariou-o dizendo<br />

que o término da obra só se daria <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> mais uma semana. Dito e feito,<br />

na data, Jânio Quadros, com todo o<br />

espalhafato próprio da sua personalida<strong>de</strong>,<br />

abriu a torneira que fez jorrar a<br />

santificada água, para gáudio <strong>de</strong> toda<br />

a população da sua querida Vila Maria,<br />

seu eterno reduto eleitoral.<br />

Tetsuaki Misawa foi pai amantíssimo,<br />

carinhoso, filho sempre presente,<br />

esposo irrepreensível. A sua<br />

perda precoce, em 1971, foi dolorosa<br />

e irreparável.<br />

IE<br />

Dra. Yoshiko Asanuma Misawa<br />

Esposa <strong>de</strong> Tetsuaki Misawa,<br />

homenageado formado em 1951<br />

54 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />

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