Edição 47 - Instituto de Engenharia
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Publicação Oficial do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />
São Paulo - SP - 04012-180<br />
www.iengenharia.org.br<br />
Presi<strong>de</strong>nte<br />
E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
índice<br />
06 Entrevista<br />
Kokei Uehara: “Vivi 71% da história<br />
dos cem anos da imigração japonesa”<br />
40 Nikkei<br />
Os caminhos dos<br />
engenheiros nikkeis<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração e Finanças<br />
Camil Eid<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Técnicas<br />
Paulo Ferreira<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Relações Externas<br />
Ozires Silva<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Assuntos<br />
Internos e Associativos<br />
Dario Rais Lopes<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração<br />
da Se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo<br />
Permínio Alves Maia <strong>de</strong> Amorim Neto<br />
Conselho Editorial<br />
E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
Mário Izumi Saito<br />
Paulo Ferreira<br />
Paulo Soichi Nogami<br />
Jornalista Responsável<br />
Fernanda Nagatomi - MTb 43.797<br />
43 Especial<br />
Redação<br />
Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />
São Paulo - SP - 04012-180<br />
Tel.: (11) 3466-9200<br />
E-mail: imprensa@iengenharia.org.br<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
(11) 3466-9200<br />
Diagramação / Projeto<br />
Alexandre Mazega (Just Layout)<br />
João Vitor Reis / Rodrigo Araujo (Just Layout)<br />
Flávio Pavan (Just Layout)<br />
Reminiscências <strong>de</strong> nikkeis pioneiros na <strong>Engenharia</strong><br />
Colaboração<br />
Aldo Takahashi / Isabel Dianin<br />
Mário Izumi Saito / Paulo Soichi Nogami<br />
Viviane Nunes<br />
É permitido o uso <strong>de</strong> reportagens do Jornal do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte<br />
e comunicado à redação. Os artigos publicados<br />
com assinatura não traduzem necessariamente<br />
a opinião do jornal. Sua publicação obe<strong>de</strong>ce ao<br />
propósito <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>bate dos problemas<br />
brasileiros e <strong>de</strong> refletir as diversas tendências<br />
do pensamento contemporâneo.<br />
COMISSÃO 04<br />
EDITORIAL 05<br />
DISCURSO 08<br />
ESCOLAS 12<br />
16 HOMENAGEADOS<br />
38 MAÇAHICO TISAKA<br />
50 MOSAICO<br />
52 ARTIGOS<br />
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comissão<br />
Pelos bastidores<br />
O<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
<strong>de</strong>cidiu, neste ano do<br />
centenário da imigração<br />
japonesa no Brasil, homenagear<br />
os engenheiros nikkeis,<br />
em reconhecimento à contribuição<br />
por eles prestada ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>ste Estado e do País. Para isso,<br />
foi constituída uma comissão com a<br />
incumbência <strong>de</strong> estabelecer a forma<br />
<strong>de</strong> efetivação <strong>de</strong>sse objetivo. Foi <strong>de</strong>signado<br />
para a coor<strong>de</strong>nação geral do<br />
projeto o Eng. Paulo Ferreira, vicepresi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Técnicas<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Logo <strong>de</strong> início, a comissão <strong>de</strong>cidiu<br />
homenagear os 100 primeiros<br />
engenheiros nikkeis formados no<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo, simbolizando<br />
a hoje imensa classe <strong>de</strong> profissionais<br />
nessas condições. Estabeleceuse<br />
ainda a realização, no dia 18 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 2008, <strong>de</strong> uma sessão<br />
especial na se<strong>de</strong> do <strong>Instituto</strong> para<br />
consolidar a homenagem.<br />
Numa primeira etapa, foi realizado<br />
um minucioso levantamento<br />
<strong>de</strong> todos os formados <strong>de</strong> ascendência<br />
japonesa, ano por ano, até<br />
formar o grupo dos chamados 100<br />
nikkeis pioneiros. As escolas existentes,<br />
na época, eram: a Escola<br />
Politécnica da USP, a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
da Universida<strong>de</strong> Presbiteriana<br />
Mackenzie, a Escola Superior<br />
<strong>de</strong> Agricultura Luiz <strong>de</strong> Queiroz da<br />
USP, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Industrial da Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />
Católica e o <strong>Instituto</strong> Tecnológico<br />
<strong>de</strong> Aeronáutica.<br />
I<strong>de</strong>ntificado os nomes dos pioneiros,<br />
teve início o <strong>de</strong>morado e <strong>de</strong>safiante<br />
trabalho <strong>de</strong> localização <strong>de</strong><br />
cada um <strong>de</strong>les. Todos os recursos<br />
<strong>de</strong> comunicação foram utilizados<br />
para esse fim: ligações telefônicas,<br />
apelos a eventuais colegas <strong>de</strong> turma,<br />
comunicados por meio <strong>de</strong> sites,<br />
notícias em jornais e solicitações<br />
<strong>de</strong> colaboração a diversos clubes e<br />
associações da comunida<strong>de</strong> nikkei.<br />
Foi altamente significativo o apoio<br />
recebido da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong><br />
Cultura Japonesa e Assistência Social<br />
- o Bunkyo – e da Associação<br />
para a Comemoração do Centenário<br />
da Imigração Japonesa no Brasil<br />
que, além <strong>de</strong> proporcionarem<br />
apoio à iniciativa, participaram da<br />
busca e permitiram que fosse disponibilizado<br />
um efetivo sistema <strong>de</strong><br />
intercâmbio operacional <strong>de</strong> informações,<br />
via internet, com o <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Após alguns meses <strong>de</strong> intenso<br />
trabalho, com a participação <strong>de</strong><br />
membros da comissão e <strong>de</strong> voluntários,<br />
foram localizados todos os<br />
homenageados ou as suas famílias,<br />
resi<strong>de</strong>ntes no Estado <strong>de</strong> São Paulo e<br />
ainda nos Estados do Paraná, Mato<br />
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas<br />
Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Os contatos permitiram verificar<br />
que pouco mais que a meta<strong>de</strong> dos<br />
componentes do grupo era falecida,<br />
cabendo a algum representante da<br />
família comparecesse à cerimônia.<br />
Na etapa seguinte, a comissão<br />
passou a cuidar dos <strong>de</strong>talhes da celebração,<br />
quando se <strong>de</strong>cidiu, entre<br />
outras providências, pela publicação<br />
<strong>de</strong> um número especial do Jornal<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> a ser<br />
distribuído na ocasião. Nele seriam<br />
apresentados todos os homenageados<br />
com sua fotografia e um resumo<br />
Membros da Comissão:<br />
Paulo Ferreira<br />
(coor<strong>de</strong>nador geral)<br />
Aldo Takahashi<br />
Dione Mari Morita<br />
Gentil Nishioka<br />
Guenji Yamazoe<br />
Hiroaki Kokudai<br />
Maçahico Tisaka<br />
biográfico. Essa tarefa envolveu um<br />
esforço incomum <strong>de</strong> novas e repetidas<br />
consultas e contatos com as<br />
famílias até a obtenção <strong>de</strong> materiais<br />
aproveitáveis para o fim. Implicou<br />
ainda numa incansável tarefa <strong>de</strong><br />
redação <strong>de</strong> textos e a<strong>de</strong>quação fotográfica,<br />
por parte <strong>de</strong> membros da<br />
comissão e da equipe especializada<br />
do próprio <strong>Instituto</strong>.<br />
A comissão contou em seus trabalhos<br />
com a colaboração <strong>de</strong> engenheiros<br />
<strong>de</strong> todas as escolas representadas,<br />
inclusive <strong>de</strong> alguns que se<br />
enquadram na categoria <strong>de</strong> homenageados,<br />
por terem eles conhecimento<br />
próximo <strong>de</strong> muitos dos seus<br />
contemporâneos, po<strong>de</strong>ndo facilitar<br />
o contato com os mesmos. Recebeu<br />
também a colaboração <strong>de</strong> um grupo<br />
<strong>de</strong> estudantes nikkeis da Escola<br />
Politécnica que se prontificou a<br />
preparar todo material <strong>de</strong>stinado<br />
às projeções, como ainda prestar<br />
apoio operacional no dia do evento,<br />
juntamente com os jovens universitários<br />
da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie.<br />
À diretoria do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
e suas equipes especializadas,<br />
aos membros da comissão e<br />
a todos que direta ou indiretamente<br />
contribuíram para a realização do<br />
evento consigno aqui os melhores<br />
agra<strong>de</strong>cimentos.<br />
IE<br />
Mário Izumi Saito<br />
Paulo Soichi Nogami<br />
Renato Tsukamoto<br />
Tsuyoshi Kataoka<br />
Mário Izumi Saito<br />
Homenageados colaboradores:<br />
Kazuo Nakashima (Mackenzie)<br />
Makoto Nomura (Poli)<br />
Shigeo Hirama (Esalq)<br />
Tamaaki Sasaoka (FEI)<br />
4 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
Comissao.indd 4 8/10/2008 18:41:25
editorial<br />
O alvorecer<br />
<strong>de</strong> uma nação<br />
Eng. E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Foto: Petrônio Cinque<br />
Num dia <strong>de</strong> inverno há 100<br />
anos, vencendo a resistência<br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças retrógradas<br />
racistas, terminava no<br />
Porto <strong>de</strong> Santos a primeira viagem do<br />
navio que se tornaria símbolo <strong>de</strong> um<br />
dos mais importantes momentos da<br />
criação do Brasil mo<strong>de</strong>rno.<br />
As 165 famílias, num total <strong>de</strong> 781<br />
pessoas, que <strong>de</strong>sceram do Kasato<br />
Maru naquela tar<strong>de</strong>, esperançosas<br />
para reconstruir suas vidas naquela<br />
terra estranha, não sabiam da dimensão<br />
histórica <strong>de</strong> sua viagem nem da<br />
importância e relevância <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
na construção da nação.<br />
Nos anos seguintes, ainda <strong>de</strong>safiando<br />
as duras condições <strong>de</strong> trabalho,<br />
as diferenças culturais, comportamentais<br />
e <strong>de</strong> idioma, milhares <strong>de</strong> famílias<br />
seguiram o caminho do Kasato<br />
Maru e espalharam-se pelo Brasil.<br />
A comemoração do centenário da<br />
viagem que marcou o início da imigração<br />
japonesa no Brasil não é só<br />
um momento <strong>de</strong> festa e alegria para<br />
aqueles que <strong>de</strong>positaram sua confiança,<br />
seu trabalho e suas esperanças<br />
num País distante, mas também<br />
um momento <strong>de</strong> reconhecimento e<br />
agra<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong> um País pela contribuição<br />
inestimável daquelas pessoas<br />
e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />
O reconhecimento, nesta ocasião,<br />
dos 100 primeiros engenheiros e engenheira<br />
nikkeis, formados nas escolas<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São Paulo, não<br />
é somente uma justa homenagem a<br />
esses profissionais, mas também um<br />
agra<strong>de</strong>cimento aos seus familiares<br />
por acreditarem no Brasil e por investirem<br />
na construção <strong>de</strong> uma so-<br />
cieda<strong>de</strong> plural e civilizada.<br />
A <strong>Engenharia</strong> brasileira nestes<br />
100 anos <strong>de</strong> história po<strong>de</strong> contar com<br />
inúmeros exemplos <strong>de</strong> sucesso oriundos<br />
da colônia japonesa que merecem<br />
ser <strong>de</strong>stacados. Exemplos como o do<br />
arquiteto e urbanista Ruy Ohtake<br />
gran<strong>de</strong> nome da arquitetura mo<strong>de</strong>rna,<br />
dos engenheiros Maçahico Tisaka<br />
e Tunehiro Uono, presi<strong>de</strong>nte e vice<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, do Prof.<br />
Kokei Uehara, cuja participação ativa<br />
na construção das mais importantes<br />
obras <strong>de</strong> infra-estrutura no Brasil.<br />
Hoje, infelizmente, o fluxo foi<br />
invertido, o Japão superou seus problemas<br />
estruturais <strong>de</strong> 100 anos atrás,<br />
tornando-se uma das maiores economias<br />
mundiais e, após décadas em que<br />
famílias inteiras <strong>de</strong>sembarcavam nos<br />
portos brasileiros, seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
tomam o caminho <strong>de</strong> volta fugindo<br />
das constantes crises brasileiras em<br />
busca <strong>de</strong> um futuro melhor levando<br />
em sua bagagem um pouco do Brasil<br />
para o Japão, contribuindo para aproximar<br />
ainda mais os dois países.<br />
A imigração japonesa é um marco<br />
na história brasileira pelo <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico e social, pelas contribuições<br />
à socieda<strong>de</strong> e ao País, pela<br />
beleza <strong>de</strong> sua arquitetura, cultura e<br />
gastronomia, pelos valores familiares<br />
e pessoais disseminados e adotados<br />
pelos brasileiros.<br />
Para a sorte dos brasileiros, os habitantes<br />
da Terra do Sol Nascente foram<br />
um dos principais responsáveis<br />
pelo alvorecer <strong>de</strong> uma nova nação, diferenciada,<br />
aberta, tolerante, acolhedora,<br />
batalhadora e com um gran<strong>de</strong><br />
futuro pela frente.<br />
IE<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 5<br />
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entrevista<br />
Kokei Uehara:<br />
“Vivi 71% da história<br />
dos cem anos da<br />
imigração japonesa”<br />
O engenheiro civil Kokei Uehara foi um dos primeiros japoneses a se formar no<br />
Brasil, pela Politécnica, em 1953. Doutor em <strong>Engenharia</strong>, foi professor titular da<br />
Politécnica e recebeu o título <strong>de</strong> Professor Emérito após sua aposentadoria. Com<br />
55 anos <strong>de</strong> atuação, já foi representante da Unesco por 11 anos. Recebeu diversas<br />
homenagens, entre elas a con<strong>de</strong>coração concedida pelo Imperador do Japão. É<br />
presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e Assistência Social<br />
Foto: Arquivo da família Carlos Augusto Pesce<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />
Com quantos anos o senhor<br />
saiu do Japão<br />
Kokei Uehara – Eu saí do Japão<br />
com oito anos. Fiz nove no Oceano Índico.<br />
E eu estou com 80 aninhos, quer<br />
dizer que estou há 71 anos aqui no<br />
Brasil, isto é, eu vivi 71% da história<br />
dos cem anos da imigração japonesa.<br />
Isso me <strong>de</strong>ixa muito comovido.<br />
Turma <strong>de</strong> Kokei Uehara - Politécnica 1953<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />
Como era São Paulo naquela<br />
época<br />
Kokei Uehara – O Estado <strong>de</strong><br />
São Paulo tinha fazenda <strong>de</strong> café. Des<strong>de</strong><br />
maio <strong>de</strong> 1888, houve libertação<br />
dos escravos, graças a Deus. Então,<br />
começou a faltar mão-<strong>de</strong>-obra. Junto<br />
com os outros imigrantes, formamos<br />
o que é o Estado <strong>de</strong> São Paulo, trabalhando<br />
nessas fazendas.<br />
6 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
Entrevista.indd 6 8/10/2008 18:42:37
entrevista<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />
Como estava o Japão naquela<br />
época<br />
Kokei Uehara – O Japão passava<br />
por dificulda<strong>de</strong>s. A maioria das<br />
pessoas estava saindo <strong>de</strong> lá por questões<br />
<strong>de</strong> sobrevivência. Quando minha<br />
irmã e eu viemos para o Brasil, meu<br />
pai, minha mãe e as duas irmãzinhas<br />
foram correndo até terminar o cais.<br />
Foi muito triste esta parte e a última<br />
vez que vi meu pai porque infelizmente<br />
ele morreu durante a guerra.<br />
Foto: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – De<br />
on<strong>de</strong> o senhor veio<br />
Kokei Uehara – Eu vim <strong>de</strong> Okinawa.<br />
E lá caiu bomba a cada metro<br />
quadrado.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – Quanto<br />
tempo era a viagem<br />
Kokei Uehara – Ah! Era mais<br />
<strong>de</strong> 50 dias. Eu vim no Santos Maru.<br />
Para mim, é o navio mais importante<br />
<strong>de</strong>pois do Kasato Maru. Cheguei ao<br />
Porto <strong>de</strong> Santos no dia 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1916.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – O<br />
que mais impressionou o senhor,<br />
ao chegar ao Brasil<br />
Kokei Uehara – Para mim, o<br />
mais impressionante foi a subida da<br />
Serra do Mar. Eu ficava olhando pela<br />
janela e via que no meio da mata havia<br />
bananeiras. Eu pensei: ‘este país é<br />
rico mesmo!’.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />
Qual a contribuição japonesa<br />
para a agricultura do Brasil<br />
Kokei Uehara – A imigração<br />
japonesa contribuiu muito para a<br />
agricultura brasileira: verduras, legumes.<br />
Muitas eram importadas. Quem<br />
trouxe a soja para o Brasil foram os<br />
japoneses. Hoje, o Brasil tornouse<br />
um dos maiores exportadores <strong>de</strong><br />
soja do mundo. Nós trabalhávamos<br />
muito, com chapéu gran<strong>de</strong> e lencinho<br />
para enxugar o suor. Acredito<br />
Kokei Uehara<br />
que todos os imigrantes passaram<br />
por isso. As camisas eram feitas com<br />
saco <strong>de</strong> farinha. E o sapato era uma<br />
botina que machucava os pés. Sabe<br />
quantos dias <strong>de</strong> folga, oficialmente,<br />
nós tínhamos por ano Três dias. Sábado,<br />
domingo e Natal, esquece, mas<br />
as folgas eram no dia 1° <strong>de</strong> janeiro,<br />
ano novo; dia 29 <strong>de</strong> abril, aniversário<br />
do Imperador, e dia 2 <strong>de</strong> novembro,<br />
no dia <strong>de</strong> Finados.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> –<br />
Como o senhor se sentiu no<br />
Brasil<br />
Kokei Uehara – Eu encontrei<br />
aqui um carinho tão gran<strong>de</strong>, que, na<br />
verda<strong>de</strong>, eu estava passando <strong>de</strong> um<br />
pequenino japonês imigrante para<br />
um pequeno brasileiro nascido no Japão.<br />
O Brasil é o país mais japonês do<br />
mundo, com 1,5 milhão e os Estados<br />
Unidos com 1 milhão. Desses 1,5 mi,<br />
40% são mesticinhos. Então, este é o<br />
Brasil. Das cinco criancinhas que vieram<br />
para cá, no Santos Maru, cinco<br />
entraram na USP. Três na Poli, um na<br />
Medicina e outro na Biologia.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – E o<br />
senhor entrou em qual curso<br />
Kokei Uehara – Eu entrei na<br />
Poli porque era a única Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
gratuita. Eu tive a honra <strong>de</strong><br />
ser representante do Brasil na Unesco,<br />
mais <strong>de</strong> 11 anos. O pessoal dizia assim:<br />
‘Nós precisamos apren<strong>de</strong>r com o Brasil.<br />
O Brasil, tirando o problema <strong>de</strong> rico<br />
e pobre, é um país em que tem todas<br />
as famílias, branco preto, amarelo, vivendo<br />
em paz. É budista, candomblé,<br />
é católico vivendo em paz. Vai ser um<br />
país símbolo da paz para o mundo.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> – O<br />
que o senhor achou da homenagem<br />
aos cem anos da imigração<br />
japonesa<br />
Kokei Uehara – Eu fico emocionado,<br />
pois é um reconhecimento do governo<br />
brasileiro, do governo japonês,<br />
da socieda<strong>de</strong> brasileira e da socieda<strong>de</strong><br />
japonesa sobre o valor, o trabalho e o<br />
sacrifício dos velhos imigrantes. Que<br />
esse sacrifício não foi em vão. Nosso<br />
centenário é para comemorar tudo<br />
isso e mostrar o que é a integração. IE<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 7<br />
Entrevista.indd 7 8/10/2008 18:42:40
discurso<br />
Discurso do Prof. Dr. Marcel Men<strong>de</strong>s, diretor da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie, no evento em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa<br />
homenageando os 100 primeiros engenheiros nikkeis formados no Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo, realizado no dia 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008<br />
Introdução<br />
Neste ato <strong>de</strong> celebração<br />
<strong>de</strong>stinado a homenagear<br />
os primeiros engenheiros<br />
nikkeis formados em São<br />
Paulo, coube-me o privilégio <strong>de</strong> ser<br />
o porta-voz das cinco escolas <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> mais antigas <strong>de</strong> São<br />
Paulo, as mesmas que incorporaram<br />
à galeria dos seus egressos as<br />
figuras relevantes <strong>de</strong>ssa centúria<br />
<strong>de</strong> pioneiros.<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente, alguns já se<br />
retiraram do cenário da vida. Entretanto,<br />
a presença dos seus familiares<br />
e amigos tem por finalida<strong>de</strong><br />
preencher essas lacunas, <strong>de</strong> maneira<br />
que nenhum nome <strong>de</strong>sse seleto Marcel Men<strong>de</strong>s<br />
rol fique sem os aplausos e reverências<br />
que lhes reservamos neste significativo evento<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, que ainda se insere no calendário<br />
<strong>de</strong> comemorações do Centenário da Imigração<br />
Japonesa.<br />
O que têm a dizer as escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo a respeito dos seus ex-alunos nikkeis Seria possível<br />
i<strong>de</strong>ntificar traços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> comuns a esses cidadãos<br />
proce<strong>de</strong>ntes da “terra do sol nascente”, que um<br />
dia quiseram se tornar engenheiros no Brasil Quantos<br />
fragmentos do passado <strong>de</strong>vem ser resgatados neste momento<br />
<strong>de</strong> celebração Arrisquemos algumas respostas<br />
para essas questões.<br />
Resgatando os primórdios<br />
Segundo o jornalista Waldir Martins, ao <strong>de</strong>sembarcarem<br />
no porto <strong>de</strong> Santos, com sua bagagem <strong>de</strong> esperança<br />
e otimismo, os 781 pioneiros vinculados ao acordo<br />
migratório firmado entre o Brasil e o Japão não po<strong>de</strong>riam<br />
imaginar como o impacto do seu trabalho, da sua<br />
luta e do seu esforço iria contribuir para a construção<br />
<strong>de</strong> um mundo inteiramente novo. Ao longo do processo<br />
migratório, que se esten<strong>de</strong>u mais intensamente <strong>de</strong> 1908<br />
a 1970, aproximadamente 210 mil imigrantes japoneses<br />
vieram para o Brasil e se integraram na formação <strong>de</strong><br />
uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, a nipo-brasileira.<br />
Não se po<strong>de</strong> negar, contudo, que a construção <strong>de</strong>sse<br />
universo inovador <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma tímida, tensa e<br />
progressiva, colocando em confronto valores e modos<br />
<strong>de</strong> ser inteiramente diversos. Do ethos do povo japonês<br />
ressaltavam alguns traços característicos, tais como<br />
o sentimento da honra e cumprimento<br />
da palavra empenhada; alternativas<br />
<strong>de</strong> orgulho e humilda<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> autodomínio e explosão; gran<strong>de</strong><br />
afabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trato e notável propensão<br />
ao exercício do respeito, da<br />
disciplina e da higiene.<br />
Longe <strong>de</strong> serem apenas estereótipos<br />
<strong>de</strong> um povo exótico, essas<br />
virtu<strong>de</strong>s já haviam sido reconhecidas<br />
pelo jesuíta espanhol Francisco<br />
Xavier, em 1549, por ocasião do<br />
primeiro contato <strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntais com<br />
o Japão. Em seus registros missionários,<br />
consignou o mais alto<br />
apreço pela coragem, simplicida<strong>de</strong>,<br />
orgulho e cortesia do povo japonês,<br />
bem como pelas suas qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
inteligência e cultura, afirmando<br />
literalmente: “Gente <strong>de</strong> muito juízo<br />
e curiosa <strong>de</strong> saber, asi nas cousas <strong>de</strong> Deus, como nas<br />
outras cousas da ciência.”<br />
Essa referência traz a lembrança um elemento histórico<br />
poucas vezes mencionado, o <strong>de</strong> que os portugueses<br />
– tanto missionários, como navegadores – tiveram participação<br />
significativa no <strong>de</strong>senvolvimento do Japão,<br />
nos séculos XVI e XVII, com influências que resultaram<br />
na introdução <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 350 palavras portuguesas na<br />
língua japonesa.<br />
Segundo informação da historiadora e antropóloga<br />
Célia Sakurai, chegou a ser editado um dicionário bilíngüe<br />
português-japonês, nos idos <strong>de</strong> 1602, quando o<br />
Japão saía da era feudal e ingressava no processo <strong>de</strong><br />
unificação política e territorial. Po<strong>de</strong> ser que alguns<br />
exemplares <strong>de</strong>ssa preciosida<strong>de</strong> editorial tenham partido<br />
do porto <strong>de</strong> Kobe, em 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1908, a bordo<br />
do navio “Kasato Maru”, e tenham sido transportados<br />
para as fazendas <strong>de</strong> café do Oeste paulista, on<strong>de</strong> esses<br />
imigrantes tiveram que fixar as suas primeiras raízes.<br />
Se lembrarmos que mais <strong>de</strong> dois terços <strong>de</strong>sse primeiro<br />
contingente humano era alfabetizado e alguns<br />
tinham escolarida<strong>de</strong> superior, faz sentido imaginar que<br />
na sua bagagem não havia apenas roupas e utensílios<br />
domésticos, mas também uma carga <strong>de</strong> cultura e uma<br />
porção <strong>de</strong> expectativas auspiciosas. É verda<strong>de</strong> que alguns<br />
sonharam em ficar ricos rapidamente e <strong>de</strong>pois<br />
tiveram que alongar o cronograma dos seus projetos<br />
pessoais e familiares. É o caso <strong>de</strong> lembrar as palavras<br />
<strong>de</strong> Gaston <strong>de</strong> Bachelard: “Nada é fixo para quem, alternadamente,<br />
pensa e sonha.”<br />
Foto: Viviane Nunes<br />
8 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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discurso<br />
A caminho da ascensão social<br />
As agruras da fase pioneira foram progressivamente<br />
superadas pelo esforço indômito dos que se fizeram agricultores<br />
para po<strong>de</strong>r ingressar no País e ser admitidos nas<br />
fazendas, mas que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum tempo, revelaram-se<br />
mais empreen<strong>de</strong>dores que simples operários, passando a<br />
comprar terras e a <strong>de</strong>senvolver os seus próprios negócios.<br />
Nessas novas condições, não <strong>de</strong>morou a que a produção<br />
agrícola se diversificasse e incorporasse elementos <strong>de</strong> tecnologia<br />
e inovação, contribuindo, também, para a consolidação<br />
<strong>de</strong>sse segmento econômico a organização <strong>de</strong><br />
associações e cooperativas.<br />
Na década <strong>de</strong> 1930, enquanto o Japão mobilizava<br />
as forças armadas para estabelecer<br />
a sua hegemonia regional, as<br />
comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes e seus<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes no Brasil não só ganharam<br />
configuração mais urbana,<br />
como lançaram as bases da ascensão<br />
social que estava prestes a ser<br />
construída. São <strong>de</strong>sse tempo as primeiras<br />
presenças <strong>de</strong> nikkeis nas universida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras, começando<br />
pelos cursos tradicionais, como os<br />
<strong>de</strong> Medicina, <strong>Engenharia</strong> e Agronomia.<br />
Depois surgiram os alunos<br />
<strong>de</strong> Farmácia Odontologia e Direito;<br />
mais tar<strong>de</strong> vieram os Bacharelados<br />
e Licenciaturas; por último, as carreiras<br />
<strong>de</strong> Administrador, Economista<br />
e Psicólogo.<br />
Essa escalada não foi totalmente<br />
linear, uma vez que no teatro da<br />
2ª Guerra Mundial, o alinhamento<br />
do Japão aos países do Eixo teve o<br />
efeito <strong>de</strong> gerar focos <strong>de</strong> tensão que<br />
inibiram a <strong>de</strong>senvoltura sócio-econômica<br />
da comunida<strong>de</strong> nipônica no<br />
Brasil. Essa situação só foi revertida<br />
a partir das tragédias <strong>de</strong> Hiroshima<br />
e Nagazaki, em agosto <strong>de</strong> 1945, que<br />
levaram ao encerramento <strong>de</strong>finitivo<br />
do conflito mundial e ao <strong>de</strong>saparecimento,<br />
no território nacional, dos<br />
preconceitos e hostilida<strong>de</strong>s que, recorrentemente, invocavam<br />
o fantasma do “perigo amarelo”. Em 1952, Brasil<br />
e Japão reataram suas relações diplomáticas e em 1954<br />
começou a primeira fase <strong>de</strong> investimentos japoneses na<br />
indústria brasileira.<br />
Nesse cenário <strong>de</strong> luzes e sombras é que surgiram os<br />
personagens primitivos <strong>de</strong> uma história fascinante, a dos<br />
nikkeis nas escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Aliás,<br />
nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes japoneses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
pensava-se e agia-se assim: melhor que guardar<br />
dinheiro é ter um filho “doutor”. Os exemplos que confirmam<br />
essa visão são inúmeros e eloqüentes.<br />
“Ao longo do<br />
processo migratório,<br />
que se esten<strong>de</strong>u<br />
mais intensamente<br />
<strong>de</strong> 1908 a 1970,<br />
aproximadamente<br />
210 mil imigrantes<br />
japoneses vieram<br />
para o Brasil e<br />
se integraram na<br />
formação <strong>de</strong> uma nova<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural,<br />
a nipo-brasileira”<br />
Foi na década <strong>de</strong> 1930 que entraram em cena os primeiros<br />
atores – eram apenas quatro (yon, não shi). No<br />
<strong>de</strong>cênio seguinte, esse número saltou para 27. Uma década<br />
<strong>de</strong>pois (1950), o total disparou para quase 150. Ainda<br />
assim, os números absolutos eram pequenos, vindo a<br />
crescer significativamente somente após 1960, quando<br />
filhos e netos <strong>de</strong> imigrantes já constituíam uma comunida<strong>de</strong><br />
numerosa no Estado <strong>de</strong> São Paulo, e essas famílias<br />
tinham sido atraídas para os gran<strong>de</strong>s centros urbanos e<br />
seus cinturões ver<strong>de</strong>s. Aliás, foi nessa década que os nikkeis<br />
começaram a ganhar trânsito social, projeção profissional<br />
e visibilida<strong>de</strong> acadêmica. É o caso, por exemplo,<br />
<strong>de</strong> Yokishigue Tamura, que em 1951 tornou-se o primeiro<br />
<strong>de</strong>putado estadual <strong>de</strong> ascendência<br />
japonesa em São Paulo e <strong>de</strong> Kazuo<br />
Watanabe que, aos 26 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
tornou-se o primeiro juiz nissei da<br />
história da imigração japonesa no<br />
Brasil. Isso foi em 1962.<br />
A título <strong>de</strong> ilustração, mencionamos<br />
o Mackenzie College, <strong>de</strong>pois Escola<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie, que<br />
<strong>de</strong> 1900 a 1960, formou 3.462 engenheiros,<br />
dos quais apenas 88 nikkeis<br />
(2,54%). Essa proporção cresceu, e<br />
já em 1971 o contingente <strong>de</strong> nikkeis<br />
no Mackenzie subiu para mais <strong>de</strong> 6%<br />
do total <strong>de</strong> engenheiros. É uma coincidência<br />
que na Escola Politécnica tenha<br />
se formado o mesmo número <strong>de</strong><br />
nikkeis, no período que vai dos seus<br />
primórdios, até 1960: foram exatamente<br />
88. Isso representa menos <strong>de</strong><br />
2% do número total <strong>de</strong> engenheiros<br />
politécnicos. Mas em 1971, a proporção<br />
<strong>de</strong> nikkeis na Escola Politécnica<br />
já subia para mais <strong>de</strong> 13%, reforçando<br />
uma tendência <strong>de</strong>ssa época.<br />
Dizia-se, então, como brinca<strong>de</strong>ira:<br />
“Se Você quer entrar na Poli, mate<br />
um japonês!”<br />
Ainda no tocante à presença <strong>de</strong><br />
nikkeis nas listas <strong>de</strong> formandos, promovemos<br />
o levantamento dos números<br />
da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura Luiz <strong>de</strong> Queiroz –<br />
Esalq, em Piracicaba (SP), compreen<strong>de</strong>ndo agrônomos e<br />
engenheiros florestais. Des<strong>de</strong> a primeira turma, em 1903,<br />
e até a mais recente, em 2007, a Esalq formou 10.497 profissionais,<br />
dos quais 999 são nikkeis, isto é, 9,5% <strong>de</strong>sse<br />
universo total <strong>de</strong> esalquianos. O primeiro <strong>de</strong> todos eles<br />
foi Shisuto José Murayama, graduado em Agronomia em<br />
1942, ano em que o Brasil <strong>de</strong>clarou guerra aos países do<br />
Eixo. A propósito dos agrônomos e engenheiros florestais<br />
formados na Esalq, cabe referir as palavras do historiador<br />
Oracy Nogueira: “Ainda está por se fazer um estudo<br />
sistemático da influência japonesa na transformação da<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 9<br />
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discurso<br />
agricultura em São Paulo, do preparo e trato do solo à<br />
experimentação agrícola; da criação <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s mais<br />
econômicas à indústria <strong>de</strong> mudas e sementes; da organização<br />
<strong>de</strong> pequenos estabelecimentos agrícolas e granjas<br />
ao cooperativismo e comercialização dos produtos”.<br />
Pioneirismo na<br />
década <strong>de</strong> 1930<br />
O <strong>de</strong>staque inicial cabe ao issei Takeo Kawai, que ingressou<br />
na Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> do Mackenzie College<br />
em 1927, ano em que foi fundada nos arredores <strong>de</strong> São<br />
Paulo a Cooperativa dos Plantadores <strong>de</strong> Batata, futura<br />
Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Takeo Kawai formou-se<br />
em 1931, ao lado <strong>de</strong> outros 25 engenheiros<br />
civis, cinco engenheirosarquitetos,<br />
quatro engenheiros mecânicos-eletricistas<br />
e um engenheiro<br />
químico – todos brasileiros. Como<br />
requisito para a graduação em <strong>Engenharia</strong><br />
Civil, apresentou “projecto-these”<br />
com o seguinte título:<br />
“Projecto <strong>de</strong> uma ponte pênsil sobre<br />
o Rio Tietê”. Fez jus a dois diplomas,<br />
um nacional, <strong>de</strong> número 421, expedido<br />
em 4 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1932, outro<br />
norte-americano, <strong>de</strong> número 396,<br />
com o timbre da University of the<br />
State of New York. Por razões hoje<br />
<strong>de</strong>sconhecidas, Takeo Kawai retirou<br />
apenas o diploma brasileiro, em 14<br />
<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1933, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> receber<br />
o título acadêmico emitido em<br />
inglês e chancelado em Nova York.<br />
Definitivamente, ele foi o primeiro<br />
imigrante japonês a se formar engenheiro<br />
no Brasil.<br />
Na seqüência dos profissionais<br />
oriundos das escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
segue-se Takeshi Suzuki, graduado<br />
engenheiro-arquiteto pelo Mackenzie,<br />
em 1933, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>fendido<br />
tese com o título: Projeto para a<br />
construção <strong>de</strong> um Teatro Mo<strong>de</strong>rno,<br />
situado entre a Av. S. João, Rua Ipiranga,<br />
Praça da República e Rua dos Timbiras. Nascido<br />
em Tókio, em 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1908, Takeshi Suzuki<br />
cultivou vínculos profissionais com o Mackenzie. Nesse<br />
contexto <strong>de</strong> cooperação, foi vencedor do concurso para<br />
o projeto arquitetônico do novo Edifício Chamberlain,<br />
que abrigaria no seu interior o tradicional Auditório Ruy<br />
Barbosa, inaugurado em 1959, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> salas<br />
<strong>de</strong> aula e amplas instalações <strong>de</strong> apoio. Nesse empreendimento,<br />
Takeshi Suzuki não só atuou como arquiteto-projetista,<br />
mas também como engenheiro-construtor <strong>de</strong>sse<br />
monumental prédio escolar, que durante meio século foi<br />
a edificação <strong>de</strong> maior porte do campus da Universida<strong>de</strong><br />
“Nas comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> imigrantes<br />
japoneses e seus<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
pensava-se e agia-se<br />
assim: melhor<br />
que guardar<br />
dinheiro é ter<br />
um filho “doutor”.<br />
Os exemplos que<br />
confirmam essa visão<br />
são inúmeros<br />
e eloqüentes”<br />
Presbiteriana Mackenzie. Este nosso distinto homenageado<br />
fez, ainda, parte do corpo docente da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, a mais antiga<br />
<strong>de</strong> São Paulo.<br />
Quanto ao engenheiro eletricista Schigueru Ono, a<strong>de</strong>quadamente<br />
arrolado como terceiro nome mais antigo<br />
<strong>de</strong>ntre os “nikkeis” e primeiro engenheiro formado na Escola<br />
Politécnica, em 1935, há, no mínimo, uma curiosida<strong>de</strong><br />
a ser revelada. Nascido em Kumamoto, Japão, há exatamente<br />
94 anos, isto é, em 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1912, Schigueru<br />
Ono ingressou na Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> do Mackenzie<br />
College no ano <strong>de</strong> 1931, cursando os dois primeiros anos<br />
<strong>de</strong> engenharia. Com a edição do Decreto nº 21.519, <strong>de</strong> 13<br />
<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1932, que cassou a valida<strong>de</strong><br />
nacional dos diplomas do Mackenzie,<br />
criou-se uma crise sem prece<strong>de</strong>ntes<br />
na instituição protestante,<br />
<strong>de</strong> origem norte-americana. Em <strong>de</strong>corrência<br />
<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sfecho, 70 alunos<br />
do Mackenzie transferiram-se, no<br />
mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933, para a Escola<br />
Politécnica, encontrando-se entre<br />
eles Shigueru Ono, que iniciava o seu<br />
3º ano <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>. Desse grupo<br />
<strong>de</strong> mackenzistas que se tornaram<br />
politécnicos, fizeram parte algumas<br />
figuras que se projetariam no cenário<br />
profissional e empresarial, tais<br />
como: Salvador Arena, empresário<br />
empreen<strong>de</strong>dor, que fundou a Termomecânica;<br />
Nilo Andra<strong>de</strong> do Amaral,<br />
que se tornou o único Catedrático <strong>de</strong><br />
Concreto Armado da Escola Politécnica<br />
em sua história, além <strong>de</strong> Professor<br />
Emérito; e Ícaro <strong>de</strong> Castro Mello,<br />
notável esportista olímpico e um dos<br />
arquitetos <strong>de</strong> maior projeção nacional<br />
no segmento das instalações esportivas<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, tais como<br />
ginásios e estádios.<br />
Resta-nos, neste tópico, registrar<br />
ainda o nome do engenheiro<br />
eletricista Atsushi Suzuki, formado<br />
no Mackenzie em 1936, o quarto na<br />
sequência dos nikkeis e o último da década <strong>de</strong> 1930. Nascido<br />
em Tókio, no Japão, em 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1912, Atsushi<br />
Suzuki era irmão mais novo <strong>de</strong> Takeshi Suzuki. Enquanto<br />
que Takeshi foi o primeiro engenheiro-arquiteto japonês<br />
formado no Brasil, Atsushi tornou-se o primeiro engenheiro<br />
eletricista formado no Mackenzie, pois o curso<br />
vinha <strong>de</strong> uma configuração anterior, que formava engenheiros<br />
mecânicos-eletricistas. No bojo das adaptações<br />
estruturais do Mackenzie College à legislação brasileira,<br />
em 1934, foi criada a habilitação exclusiva <strong>de</strong> engenheiro<br />
eletricista.<br />
Encerremos, por ora, as referências biográficas indi-<br />
10 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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discurso<br />
viduais dos nossos ilustres nikkeis engenheiros, para tentar<br />
uma síntese <strong>de</strong>sse universo <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s, em que<br />
cada um reúne cre<strong>de</strong>nciais marcantes, compatíveis com a<br />
menção honrosa. Por excesso <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong>, é impossível<br />
distinguir, nessa constelação, quais são as figuras que<br />
projetam mais luz. Tentemos alguns <strong>de</strong>staques.<br />
Destaques <strong>de</strong> um<br />
universo ilustre<br />
Por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
mencionar o nome do engenheiro <strong>de</strong> minas e metalurgia<br />
Tomio Kitice, graduado pela Escola Politécnica em 1946,<br />
pesquisador conceituado e professor das escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie e Mauá. Nessa<br />
sequência, comparece o Prof. Dr.<br />
Eduardo Riomey Yassuda, formado<br />
na Escola Politécnica em 19<strong>47</strong>,<br />
que fez carreira na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> Pública da USP e em órgãos<br />
públicos e autarquias estaduais,<br />
sendo responsável, como secretário<br />
<strong>de</strong> Estado dos Serviços e Obras<br />
Públicas, pela criação do Cetesb,<br />
em 1968. De 1948, ressalta o nome<br />
do engenheiro Civil Jihei Noda, do<br />
Mackenzie, que se elegeu <strong>de</strong>putado<br />
estadual em 1971, sendo reeleito por<br />
mais duas vezes. Do ano seguinte,<br />
1949, <strong>de</strong>stacamos o Prof. Dr. Job<br />
Shuji Nogami, docente da Escola<br />
Politécnica nas áreas <strong>de</strong> Tecnologia<br />
<strong>de</strong> Materiais <strong>de</strong> Pavimentação e<br />
Mecânica dos Solos. Ainda <strong>de</strong> 1949<br />
e da mesma Escola Politécnica, não<br />
po<strong>de</strong>mos escapar da menção do<br />
engenheiro civil Yojiro Takaoka, o<br />
“construtor <strong>de</strong> sonhos”, que ao lado<br />
do seu colega engenheiro-arquiteto<br />
Renato Albuquerque, foi o pioneiro dos condomínios horizontais<br />
no Brasil, criando os empreendimentos referenciais<br />
<strong>de</strong> Alphaville e Al<strong>de</strong>ia da Serra, em 1973.<br />
Obe<strong>de</strong>cendo a or<strong>de</strong>m cronológica, <strong>de</strong>stacamos ainda o<br />
Prof. Dr. Paulo Soichi Nogami, formado na Escola Politécnica<br />
em 1950 e docente veterano nas áreas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Hidráulica e Sanitária. Da geração <strong>de</strong> 1951, ressaltamos<br />
a figura do engenheiro civil Yasuo Yamamoto, formado<br />
pela Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie, que se consagrou<br />
como profissional <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concreto armado,<br />
coadjuvado pelo seu filho, engenheiro civil Athay<strong>de</strong> Rioji<br />
Yamamoto. Da turma <strong>de</strong> 1953, da Escola Politécnica,<br />
não po<strong>de</strong>ríamos omitir o nome do respeitável e ilustre<br />
engenheiro civil Kokei Uehara, Professor Emérito da Escola<br />
Politécnica e da Fatec, Doctor Honoris Causae pela<br />
Osaka City University e presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Cultura Japonesa e <strong>de</strong> Assistência Social – Bunkyo.<br />
Sem ignorar a relevância <strong>de</strong> outras personalida<strong>de</strong>s que<br />
“Não po<strong>de</strong>ríamos<br />
esperar menos <strong>de</strong>ssa<br />
plêia<strong>de</strong> extraordinária<br />
<strong>de</strong> profissionais, cujos<br />
traços étnicos remetem<br />
ao povo e à nação que<br />
soube reconstruir o seu<br />
país – o Japão – <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>vastado<br />
pela guerra”<br />
integram a lista da primeira centena <strong>de</strong> engenheiros <strong>de</strong><br />
origem japonesa, <strong>de</strong>stacamos, por último, o nome <strong>de</strong><br />
Harumi Ohno, formada na Escola Politécnica no ano <strong>de</strong><br />
1957 – primeira mulher a conquistar o título <strong>de</strong> engenheira,<br />
<strong>de</strong>ntre a comunida<strong>de</strong> dos nikkeis em São Paulo. Isso<br />
aconteceu <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Vera Maria Junqueira <strong>de</strong><br />
Mendonça ter sido a primeira engenheira civil da Escola<br />
Politécnica (19<strong>47</strong>).<br />
A todos os arrolados e a cada um dos nominados, as<br />
nossas mais vivas e sinceras homenagens.<br />
Palavras finais<br />
Para encerrar a nossa mensagem, que já vai se alongando<br />
<strong>de</strong>mais, permitimo-nos acrescentar<br />
algumas menções nominais:<br />
o Prof. Dr. Célio Taniguchi, ex-diretor<br />
da Escola Politécnica, por meio<br />
<strong>de</strong> quem cumprimentamos todos os<br />
docentes da Escola Politécnica e da<br />
Esalq; o Prof. Dr. Fujiô Yamada, veterano<br />
docente da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie, por meio <strong>de</strong> quem<br />
cumprimentamos o quadro <strong>de</strong> professores<br />
<strong>de</strong>ssa centenária Escola e da<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial<br />
– FEI; o professor engenheiro Hazime<br />
Sato, Diretor da Escola <strong>de</strong> Administração<br />
Mauá, por meio <strong>de</strong> quem<br />
cumprimentos os docentes do Centro<br />
Universitário Mauá; o engenheiro<br />
Civil Maçahico Tisaka, ex-presi<strong>de</strong>nte<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, por meio<br />
<strong>de</strong> quem cumprimentamos todos os<br />
engenheiros nikkeis <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Saudando essas simpáticas personalida<strong>de</strong>s,<br />
que se <strong>de</strong>stacaram em diferentes<br />
contextos, queremos reiterar<br />
os nossos aplausos e reverências aos<br />
engenheiros nikkeis que, mesmo não tendo sido contados<br />
como integrantes da primeira centena, vem contribuindo<br />
relevantemente com seu talento, habilida<strong>de</strong> e disciplina<br />
para o crescimento do nosso País.<br />
Não po<strong>de</strong>ríamos esperar menos <strong>de</strong>ssa plêia<strong>de</strong> extraordinária<br />
<strong>de</strong> profissionais, cujos traços étnicos remetem<br />
ao povo e à nação que soube reconstruir o seu país – o<br />
Japão – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>vastado pela guerra; que<br />
soube investir em tecnologia <strong>de</strong> ponta e <strong>de</strong>senvolveu os<br />
conceitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> total; que se tornou referência<br />
mundial nos campos mais diversos da ciência aplicada,<br />
das telecomunicações, da nanotecnologia, da robótica, da<br />
indústria si<strong>de</strong>rúrgica, automobilística e naval, bem como<br />
da construção civil pesada.<br />
Parabéns a todos! As escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo sentem-se orgulhosas <strong>de</strong> Vocês!<br />
IE<br />
DOMO ARIGATÔ GOSAI MASHITA!<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 11<br />
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escolas<br />
Entre as cerejeiras e os cafezais:<br />
100 anos <strong>de</strong> cooperação<br />
Globalização parece coisa<br />
<strong>de</strong> nosso tempo! Não é.<br />
Há cem anos, ligaram-se<br />
pontos opostos extremos<br />
do globo, somando experiências e<br />
culturas, mesclando etnias – amarela<br />
com morena, mulata, negra e branca<br />
(a “flor amorosa <strong>de</strong> três raças tristes”,<br />
como i<strong>de</strong>ntificou o poeta), diversificando<br />
mais ainda a miscigenação entre<br />
as espécies humanas.<br />
Ao lado <strong>de</strong>sta amplificação bioétnica<br />
agregou-se a aculturação <strong>de</strong> usos e<br />
costumes, na vida social e nas práticas<br />
técnicas e científicas. A soma do conhecimento<br />
milenar oriental se fundiu<br />
com a cultura jovem <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong><br />
quinhentos anos e transformou o perfil<br />
do País. Nesta breve síntese, po<strong>de</strong>mos<br />
vislumbrar o que foi o cal<strong>de</strong>amento<br />
agronômico, zoológico e industrial entre<br />
as culturas nipônica e brasileira.<br />
As informações mostram como foi<br />
gran<strong>de</strong> a contribuição técnica do Japão<br />
também para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das universida<strong>de</strong>s paulistas e para a<br />
evolução dos agronegócios brasileiros.<br />
Apesar <strong>de</strong> a chegada dos imigrantes<br />
japoneses ao Brasil estar completando<br />
um século e eles tenham sido<br />
encaminhados diretamente para a<br />
lida na agricultura, paralelamente<br />
houve um intercâmbio técnico-agronômico,<br />
em seu sentido mais restrito,<br />
que se acentuou no último meio<br />
século. Muitas novas espécies, principalmente<br />
<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s frutíferas,<br />
vieram do Japão, até mesmo antes<br />
dos registros pelos meios técnicos e<br />
científicos brasileiros.<br />
Outros pesquisadores e empreen<strong>de</strong>dores,<br />
por iniciativa própria, realizaram<br />
importantes trabalhos científicos<br />
em contato com instituições <strong>de</strong><br />
pesquisa e <strong>de</strong> ensino japoneses que<br />
redundaram em efetiva e fecunda<br />
contribuição, principalmente à horticultura<br />
brasileira. Vários pesquisadores<br />
promoveram intercâmbios<br />
formais com outros pesquisadores,<br />
Julio Nakagawa e Antonio R. Dechen<br />
ou com a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les, buscando informações<br />
no Consulado Japonês.<br />
Não foi possível precisar o número<br />
total <strong>de</strong> pessoas que <strong>de</strong>sfrutaram<br />
dos diferentes meios <strong>de</strong> intercâmbios<br />
como docentes/pesquisadores que realizaram<br />
estágios ou participaram <strong>de</strong><br />
cursos <strong>de</strong> diferentes níveis: graduação,<br />
pós-graduação, doutorado ou pósdoutorado<br />
<strong>de</strong>ntro das diversas modalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Estudo oferecidas<br />
pelos governos japonês e brasileiro.<br />
“A soma do<br />
conhecimento milenar<br />
oriental se fundiu com a<br />
cultura jovem <strong>de</strong> pouco<br />
mais <strong>de</strong> quinhentos<br />
anos e transformou o<br />
perfil do País”<br />
Foto: Acervo Esalq<br />
Diversas aproximações aconteceram,<br />
seja como intercâmbios, como<br />
bolsistas patrocinados pelo Brasil ou<br />
pelo Japão. Além dos intercâmbios<br />
pessoais, ainda aconteceram intercâmbios<br />
inter-faculda<strong>de</strong>s.<br />
Em 1988, a FCA/Unesp-Botucatu<br />
estabeleceu intercâmbios com a TUA -<br />
Tokyo Agriculture University. Além d os<br />
intercâmbios entre faculda<strong>de</strong>s, também<br />
aconteceram os inter-universida<strong>de</strong>s, como<br />
o que firmou nossa Esalq-USP com a<br />
Hokkaido University, em 1974.<br />
Em 1982, a Unesp firmou intercâmbio<br />
com as TARC - Tropical Agriculture<br />
Research Center - e JIRCAS - Japan International<br />
Research Center for Agricultural<br />
Science -, órgão do Ministério da<br />
Agricultura, Florestas e Pesca do Japão.<br />
Em 1999, Esalq-USP com a Yamaguchi<br />
University. Em 2001, Esalq-<br />
USP com a TUA - Tokyo University<br />
of Agriculture. Em 2001, Unesp com<br />
a TUAT - Tokyo University of Agriculture<br />
and Technology. Esses intercâmbios<br />
<strong>de</strong>senvolveram inúmeros<br />
processos técnicos, científicos, administrativos<br />
e comerciais, em vários<br />
setores da agroindústria. Cinqüenta e<br />
seis professores, pesquisadores e administradores<br />
foram ao Japão em visitas<br />
técnicas ou como palestrantes.<br />
Com foco na Gestão e Tecnologia<br />
Agroindustrial, já neste século, temos<br />
oito participantes como pesquisadores,<br />
professores e alunos intercambiários.<br />
Todos esses seletos e ilustres<br />
acadêmicos foram os verda<strong>de</strong>iros<br />
embaixadores da globalização que<br />
teve início há um século e se multiplicam<br />
continuamente, favorecendo<br />
a pesquisa no ensino e na própria<br />
estruturação administrativa das universida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras, com os mais<br />
importantes reflexos à agricultura. IE<br />
Julio Nakagawa<br />
Professor Emérito da Unesp / FCA – Botucatu<br />
Prof. Dr. Antonio Roque Dechen<br />
Diretor da Esc. <strong>de</strong> Agricultura “Luiz <strong>de</strong> Queiroz”<br />
12 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
<strong>Engenharia</strong>.indd 12 8/10/2008 18:46:16
Nossa <strong>Engenharia</strong><br />
sob o sol nascente<br />
escolas<br />
Équase impossível falar das<br />
contribuições da comunida<strong>de</strong><br />
oriental na <strong>Engenharia</strong> brasileira<br />
sem voltar na história<br />
<strong>de</strong> quando chegaram aqui os seus primeiros<br />
imigrantes que tanto ajudaram<br />
e que, até hoje, ajudam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do País. É difícil olhar para essa<br />
comunida<strong>de</strong> especial sem mergulhar,<br />
também, no crescimento industrial do<br />
Brasil. A contribuição do povo nikkei<br />
está em todas as áreas.<br />
Penso que, quando os 781 primeiros<br />
imigrantes japoneses <strong>de</strong>sembarcaram<br />
em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1908, do navio<br />
Kasato Maru, em Santos, a importância<br />
daquele grupo, cheio <strong>de</strong> esperança<br />
e sonhos <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>, era mais<br />
importante que seus integrantes imaginavam.<br />
O Brasil, carente <strong>de</strong> pessoas<br />
para trabalhar na lavoura, precisava<br />
muito da sua <strong>de</strong>dicação e sabedoria<br />
em outras áreas. Isto logo se confirmou.<br />
Distribuídos, inicialmente, em<br />
lavouras, principalmente em São Paulo,<br />
os imigrantes aos poucos conquistaram<br />
seu espaço, apesar da enorme<br />
dificulda<strong>de</strong> para se adaptar ao idioma,<br />
costumes, clima e tradição.<br />
Na década <strong>de</strong> 1940, a comunida<strong>de</strong><br />
da capital elegia o primeiro vereador.<br />
O País entrava, então, em uma<br />
gran<strong>de</strong> fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Um<br />
episódio marcante, entre outros, foi a<br />
construção da Usina Si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong><br />
Volta Redonda. A obra foi um marco<br />
importante das engenharias civil e<br />
metalurgista nacional, seguidas pelas<br />
obras da Cosipa e da Usiminas. Na<br />
época, a via Anchieta era um canteiro<br />
<strong>de</strong> obras e representava a ousadia e o<br />
arrojo da <strong>Engenharia</strong> paulista.<br />
Todo esse movimento era o prenúncio<br />
do boom industrial que aconteceu<br />
nos anos seguintes. Na época, o<br />
padre jesuíta Roberto Sabóia <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
notou a necessida<strong>de</strong> do mercado<br />
por profissionais especializados<br />
e fundou, em 1941, a Esan - Escola<br />
Superior <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Negó-<br />
Marcio Rillo<br />
“Penso que, quando<br />
os 781 primeiros<br />
imigrantes japoneses<br />
<strong>de</strong>sembarcaram em 18<br />
<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1908, do<br />
navio Kasato Maru, em<br />
Santos, a importância<br />
daquele grupo, cheio<br />
<strong>de</strong> esperança e sonhos<br />
<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>,<br />
era mais importante<br />
que seus integrantes<br />
imaginavam”<br />
Foto: Acervo FEI<br />
cios, a primeira na América Latina na<br />
área. Em atendimento ao forte <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da indústria no País,<br />
criou também a FEI - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> Industrial. Essas escolas<br />
iniciaram suas ativida<strong>de</strong>s no bairro<br />
da Liberda<strong>de</strong>, em São Paulo, o famoso<br />
bairro oriental da capital.<br />
Nessa época, a integração dos<br />
nikkeis à socieda<strong>de</strong> brasileira ganhava<br />
mais força. Além da participação<br />
ativa na vida política, os nikkeis começaram<br />
a <strong>de</strong>spontar em outras<br />
áreas. É o caso do engenheiro Sakae<br />
Ishikawa Kobayashi, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
japoneses, que fez parte da primeira<br />
turma do nosso curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Química, formada em 1950. Não <strong>de</strong>morou<br />
e mais japoneses e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
concluíam outros cursos. Vários<br />
passaram a fazer parte <strong>de</strong> nosso corpo<br />
docente. Esses fatos se repetiam<br />
em todas as gran<strong>de</strong>s escolas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
o que levou a uma fantástica<br />
contribuição <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> à <strong>Engenharia</strong><br />
nacional.<br />
Então, só nos resta agra<strong>de</strong>cer<br />
aos engenheiros Sakae Ishikawa<br />
Kobayashi, Yukihiko Horita, Hirose<br />
Yamamoto, Luiz Gonzaga Nakaya,<br />
Tamaaki Sasaoka, Ignácio Taira,<br />
Issao Yoshida, Tanamati Ioshissa,<br />
Sadayoshi Ichi e muitos outros japoneses<br />
e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes por terem<br />
escolhido, e ainda escolherem,<br />
o Centro Universitário da FEI para<br />
sua formação ou exercerem o ensino<br />
da <strong>Engenharia</strong>.<br />
No entanto, cabe, sobretudo, reconhecer<br />
que esta maravilhosa comunida<strong>de</strong><br />
muito contribuiu e continua<br />
contribuindo, não apenas para<br />
a <strong>Engenharia</strong> nacional, mas também<br />
para o bem-estar da nossa socieda<strong>de</strong><br />
e o <strong>de</strong>senvolvimento do Brasil. IE<br />
Prof. Dr. Marcio Rillo<br />
Reitor do Centro Universitário da FEI<br />
(Fundação Educacional Inaciana)<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 13<br />
<strong>Engenharia</strong>.indd 13 8/10/2008 18:46:16
escolas<br />
Mais <strong>de</strong> 10% dos engenheiros<br />
formados pelo ITA são nikkeis<br />
Muito me honra participar<br />
<strong>de</strong>sta ocasião em que,<br />
aproveitando as comemorações<br />
aos cem anos<br />
<strong>de</strong> imigração japonesa no Brasil em<br />
2008, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> homenageia<br />
os primeiros 100 engenheiros<br />
<strong>de</strong> origem japonesa formados no<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
O <strong>Instituto</strong> Tecnológico <strong>de</strong> Aeronáutica<br />
(ITA) nasceu como realização<br />
do sonho <strong>de</strong> um brilhante brasileiro,<br />
o Marechal do Ar Casimiro Montenegro<br />
Filho, que vislumbrava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a década <strong>de</strong> 1940, o Brasil como um<br />
dos países fabricantes <strong>de</strong> aviões, mas<br />
que, antes, era necessário formar engenheiros<br />
com competência técnica<br />
para tal <strong>de</strong>safio. Este sonho tornouse<br />
realida<strong>de</strong> com a criação do ITA, em<br />
1950, e da Embraer, em 1968.<br />
Des<strong>de</strong> então, é cultuado no <strong>Instituto</strong><br />
o legado <strong>de</strong>ixado por Casimiro<br />
Montenegro, ou seja: “formar técnicos<br />
competentes e cidadãos conscientes”,<br />
perseguindo nada menos que a excelência.<br />
Esse lema vai <strong>de</strong> encontro à<br />
Reginaldo dos Santos<br />
tradição cultural dos imigrantes japoneses<br />
que aqui chegaram e se estabeleceram<br />
a partir <strong>de</strong> 1908, tendo<br />
sempre a preocupação <strong>de</strong> garantir a<br />
seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes uma boa formação<br />
profissional, o que advém <strong>de</strong> institui-<br />
Foto: Acervo ITA<br />
ções que apresentem um ensino <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>.<br />
A procura pelo ITA, ainda em<br />
seus primeiros passos, foi inevitável.<br />
O primeiro nikkei — Antonio Hi<strong>de</strong>to<br />
Kobayashi — chegou a São José dos<br />
Campos em 1951 e graduou-se em <strong>Engenharia</strong><br />
<strong>de</strong> Aeronaves em 1955.<br />
Posteriormente muitos outros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> japoneses se formaram<br />
no ITA. Em 1967, o contingente da<br />
turma chegou a 18%. Na minha turma<br />
(1970) foi <strong>de</strong> 15%. Convém ressaltar<br />
que, até 2007, o ITA formou um pouco<br />
mais <strong>de</strong> 5 mil engenheiros e, <strong>de</strong>ste<br />
total, cerca 650 foram nikkeis. Muitos<br />
<strong>de</strong>les, como o próprio Hi<strong>de</strong>to, <strong>de</strong>sempenharam<br />
funções <strong>de</strong> relevância no<br />
nosso País e, também, no exterior. O<br />
engenheiro Hi<strong>de</strong>to trabalhou na Real<br />
Aerovias, na Vasp e na Embraer.<br />
Parabéns ao <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
e à comunida<strong>de</strong> japonesa no<br />
Brasil!<br />
IE<br />
Reginaldo dos Santos<br />
Reitor do ITA<br />
Foto: Acervo ITA<br />
Vista aérea do Campus<br />
14 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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escolas<br />
Inauguração do Jardim Japonês<br />
Em 26 <strong>de</strong> junho passado, para<br />
lembrar os cem anos <strong>de</strong> imigração<br />
japonesa, a Escola<br />
Politécnica da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo inaugurou um jardim<br />
japonês. O jardim está no pátio central<br />
do edifício Eng. Mário Covas Júnior,<br />
on<strong>de</strong> funciona a administração<br />
da Poli. A área reservada fica junto<br />
ao obelisco, que já continha a placa<br />
comemorativa <strong>de</strong> 100 anos da Escola<br />
(1993); esse obelisco tem agora também<br />
a placa alusiva ao centenário da<br />
imigração japonesa.<br />
Na ocasião, na presença do Sr.<br />
Masuo Nishibayashi, Cônsul Geral<br />
do Japão em São Paulo, eu como diretor<br />
da Escola Politécnica fiz o seguinte<br />
discurso:<br />
“Em meados do século XIX, um<br />
gran<strong>de</strong> povo milenar <strong>de</strong>cidiu se abrir<br />
para o resto do mundo. Fez a abertura<br />
sem corromper seus valores nacionais,<br />
culturais, familiares e individuais<br />
construídos e mantidos por séculos.<br />
Apren<strong>de</strong>u sobre a construção <strong>de</strong><br />
estradas <strong>de</strong> ferro com os ingleses e<br />
fez trens mais rápidos e mais pontuais.<br />
Apren<strong>de</strong>u sobre fabricação <strong>de</strong> aço<br />
com os europeus e fez as usinas mais<br />
produtivas do mundo.<br />
Apren<strong>de</strong>u sobre produção industrial<br />
com os norte-americanos e fez<br />
da gestão da qualida<strong>de</strong> uma ciência<br />
aplicada. No país <strong>de</strong> Henry Ford, ensinou<br />
o Sistema Toyota <strong>de</strong> produção<br />
e cuidados extremos com o <strong>de</strong>sejo do<br />
cliente; chegaram até ao pormenor<br />
do barulho <strong>de</strong> motor que mais agrada<br />
aos ouvidos dos consumidores norteamericanos.<br />
Em todas as ativida<strong>de</strong>s, o povo<br />
japonês consegue tirar o melhor do<br />
potencial <strong>de</strong> cada indivíduo, mas<br />
valorizando <strong>de</strong> preferência o grupo,<br />
sem <strong>de</strong>ixar ninguém excluído. Construindo<br />
<strong>de</strong>cisões, ao invés <strong>de</strong> tomar<br />
<strong>de</strong>cisões, como nós oci<strong>de</strong>ntais gostamos<br />
<strong>de</strong> dizer e fazer, levam sempre<br />
gran<strong>de</strong> vantagem nos prazos <strong>de</strong> reali-<br />
Ivan Gilberto Sandoval Falleiros<br />
zações <strong>de</strong> planos.<br />
Um povo <strong>de</strong> tradição agrícola, ao<br />
emigrar e conhecer um novo solo nessa<br />
América do Sul, cem anos atrás,<br />
apren<strong>de</strong>u a tirar o melhor da terra,<br />
ensinando aos locais.<br />
Esses novos brasileiros não ficaram<br />
na situação <strong>de</strong> colonos. Logo<br />
“Esses novos<br />
brasileiros não ficaram<br />
na situação <strong>de</strong> colonos.<br />
Logo transformaram<br />
o trabalho em<br />
proprieda<strong>de</strong>s, sem<br />
jamais <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
lado a educação dos<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes”<br />
Foto: Acervo Escola Politécnica<br />
transformaram o trabalho em proprieda<strong>de</strong>s,<br />
sem jamais <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado<br />
a educação dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Esses<br />
passaram pelo processo da urbanização<br />
e também nas cida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>stacaram<br />
pela integrida<strong>de</strong> e pela crença<br />
incondicional no valor do trabalho,<br />
do estudo e do conhecimento.<br />
Menos que um por cento da população<br />
no Brasil é <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
japoneses. Se todos morassem no Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo, seriam cerca <strong>de</strong> 5%<br />
da população do Estado. No entanto,<br />
a porcentagem <strong>de</strong> japoneses natos e<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que passou e passa por<br />
essa Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo é muito maior, entre<br />
20% e 25%, nos últimos anos, com<br />
miscigenação cada vez mais presente.<br />
A história dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> japoneses<br />
na Escola Politécnica já tem um<br />
número riquíssimo <strong>de</strong> personagens<br />
<strong>de</strong>stacados, entre nossos professores,<br />
alunos e funcionários.<br />
Por ocasião dos cem anos da Escola<br />
Politécnica, em 1993, foi feito o<br />
obelisco on<strong>de</strong> se encontra uma placa<br />
comemorativa. Hoje, para marcar os<br />
cem anos da chegada dos primeiros<br />
imigrantes japoneses e agra<strong>de</strong>cer<br />
o que eles têm feito pelo País e pela<br />
Escola em particular coloca-se no<br />
mesmo obelisco uma placa. Em torno<br />
do obelisco construiu-se um jardim<br />
japonês, uma pequena homenagem,<br />
<strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> que<br />
<strong>de</strong>ve um pouco <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong>za aos<br />
japoneses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Que<br />
essa cerimônia pequena celebre os<br />
primeiros cem anos <strong>de</strong> convívio <strong>de</strong><br />
um País geograficamente gran<strong>de</strong> com<br />
os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um povo humanamente<br />
gran<strong>de</strong>.<br />
Muito obrigado pelos próximos<br />
cem anos.”<br />
IE<br />
Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros<br />
Diretor da Escola Politécnica da USP<br />
(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo)<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 15<br />
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homenageados<br />
Homenagem aos 100 primeiros engenheiros<br />
nikkeis formados no Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
TURMA NOME MODALIDADE ESCOLA<br />
1931 TAKEO KAWAI CIVIL MACK<br />
1933 TAKESHI SUZUKI ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />
1935 SCHIGUERU ONO ELÉTRICA POLI<br />
1936 ATSUSHI SUZUKI ELÉTRICA MACK<br />
1940 MASAO SUGAYA CIVIL POLI<br />
1942 JORGE TAQUEDA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />
SHISUTO JOSÉ MURAYAMA AGRONOMIA ESALQ<br />
1943 HAJIMU OHNO CIVIL POLI<br />
MASSAMI HIROTA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />
1944 KIRA YSSAO CIVIL POLI<br />
SHINICHI KUBO MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />
1945 KAOL SUGIMOTO INDUSTRIAL MACK<br />
1946 JORGE WATANABE CIVIL POLI<br />
TOMIO KITICE MINAS E METALURGIA POLI<br />
19<strong>47</strong> EDUARDO RIOMEY YASSUDA CIVIL POLI<br />
KAZUO SAKAMOTO CIVIL MACK<br />
MASSAKAZU OUTA QUÍMICA POLI<br />
QUINCAS KAJIMOTO CIVIL POLI<br />
SIUCO IBA AGRONOMIA ESALQ<br />
1948 JIHEI NODA CIVIL MACK<br />
MINEO ISHIKAWA CIVIL MACK<br />
SHIGUEHARO DEYAMA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />
1949 EDMUNDO TAKAHASHI CIVIL POLI<br />
GOITI SUZUKI CIVIL POLI<br />
GOO SUGAYA CIVIL POLI<br />
ITSURO MYAZAKI AGRONOMIA ESALQ<br />
IZUMI YUASA CIVIL MACK<br />
JOB SHUJI NOGAMI MINAS E METALURGIA POLI<br />
LUIZ SATTO JUNIOR AGRONOMIA ESALQ<br />
MASAYUKI FURUYA QUÍMICA POLI<br />
RENATO TERUO TANAKA CIVIL POLI<br />
YOJIRO TAKAOKA CIVIL POLI<br />
1950 GEN TSUNASHIMA CIVIL POLI<br />
PAULO SOICHI NOGAMI CIVIL POLI<br />
ROMEU BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI<br />
SAKAE ISHIKAWA KOBAYASHI QUÍMICA FEI<br />
SIGUER MITSUTANI CIVIL POLI<br />
TUYOSHI YOSHIMURA CIVIL MACK<br />
YOSHIHIKO MIO CIVIL POLI<br />
1951 AYRSON IABUTTI CIVIL POLI<br />
HIROSE YAMAMOTO MECÂNICA FEI<br />
IWAO INADA AGRONOMIA ESALQ<br />
KIYOSHI KATO CIVIL MACK<br />
NODA HIROSHI AGRONOMIA ESALQ<br />
SANCHO MORITA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI<br />
SHIRO MIYASAKA AGRONOMIA ESALQ<br />
TAKEKI TUBOI AGRONOMIA ESALQ<br />
TETSUAKI MISAWA CIVIL POLI<br />
TSUGIO HATANAKA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />
YASUO YAMAMOTO CIVIL MACK<br />
16 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
YUKIHIKO HORITA QUÍMICA FEI<br />
1952 CHINYA ASSAHINA QUÍMICA POLI<br />
CIÃO ENDO AGRONOMIA ESALQ<br />
HIDEO HAIBARA CIVIL POLI<br />
HISSAO MOMOI CIVIL POLI<br />
KANEMITSU IDEMORI CIVIL POLI<br />
KAZUNORI NISHIMURA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />
KAZUO NAKASHIMA CIVIL MACK<br />
MINORO ITTO AGRONOMIA ESALQ<br />
MITOMU SIMAMURA CIVIL POLI<br />
NATALINO BABA AGRONOMIA ESALQ<br />
SATYRO SAKAMOTO CIVIL ELÉTRICA MACK<br />
SHIGUEO UENO CIVIL POLI<br />
YOSHIKAZU MORITA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK<br />
1953 ARIOSTO TANOUE CIVIL POLI<br />
EIZO WAKABARA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
IWAO HIRATA CIVIL POLI<br />
KOKEI UEHARA CIVIL POLI<br />
LUIZ GONZAGA NAKAYA MECÂNICA FEI<br />
MAKOTO NOMURA CIVIL POLI<br />
NELSON NACAO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
NILO BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI<br />
SHOZO NOGAMI AGRONOMIA ESALQ<br />
TAMAAKI SASAOKA MECÂNICA FEI<br />
YSUMY NISHIKAVA CIVIL POLI<br />
YUKINOBU YAMADA CIVIL ELÉTRICA MACK<br />
1954 AKIO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
EDUARDO TOSHIO FUJIWARA AGRONOMIA ESALQ<br />
HIROSHI IKUTA AGRONOMIA ESALQ<br />
HISACHIYO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
HITOSHI NAGAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
JORGE ATSUSHI KAYANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
MITSUO OHNO CIVIL POLI<br />
REOZO II AGRONOMIA ESALQ<br />
ROBERTO MURAKAMI CIVIL POLI<br />
SEIKI UETA QUIMICA POLI<br />
SEITI SACAY MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
SHIGEO HIRAMA AGRONOMIA ESALQ<br />
SHIGEO MIZOGUCHI AGRONOMIA ESALQ<br />
TAKAO SUGAHARA AGRONOMIA ESALQ<br />
TAKEO AIBE CIVIL POLI<br />
TAMOTSU SAWAKI ELÉTRICA MACK<br />
YOSIZO KUBOTA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
1955 AKIRA KAGANO CIVIL MACK<br />
1957<br />
ALBERTO KAWANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
ANTONIO HIDETO KOBAYASHI AERONÁUTICA ITA<br />
KATUYUKI TAKITA CIVIL POLI<br />
KAZUYUKI IKAWA CIVIL MACK<br />
MAMORU SAMOMIYA CIVIL POLI<br />
MINOLO MORITA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI<br />
NOZOMU MAKISHIMA AGRONOMIA ESALQ<br />
PEDRO ISSAO ITO CIVIL POLI<br />
SADAME ITINOSE QUÍMICA POLI<br />
HARUMI OHNO DAL PORTO<br />
Primeira mulher nikkei na <strong>Engenharia</strong><br />
CIVIL<br />
POLI<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 17<br />
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Fotos: Arquivo Pessoal<br />
homenageados<br />
1931<br />
Takeo Kawai<br />
Nasceu em Mie-ken (Japão), em 1906. Chegou ao Brasil com 19 anos. Em 1931, tornou-se<br />
o 1º engenheiro nikkei formado no Brasil, ao concluir no Mackenzie o curso <strong>de</strong> Civil. Retornou<br />
ao Japão para se aperfeiçoar. De volta ao Brasil, trabalhou na Bratac em projetos<br />
<strong>de</strong> colonização, em São Paulo e no Paraná. Ingressando na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia,<br />
executou gran<strong>de</strong>s e variadas obras, atuando ainda como assessor técnico da presidência.<br />
Ao se aposentar, exerceu consultoria para várias firmas. Foi um dos fundadores do Centro<br />
<strong>de</strong> Estudos Nipo-Brasileiros. Faleceu em 2005, aos 99 anos.<br />
1933<br />
Takeshi Suzuki<br />
Nascido em Tóquio (Japão), em 1908, veio ao Brasil para <strong>de</strong>dicar-se à lavoura. Não se<br />
adaptando, foi para São Paulo e estudou no Mackenzie o curso <strong>de</strong> engenheiro - arquiteto.<br />
Formou-se em 1933. Entre as obras que executou, <strong>de</strong>stacam-se o Hospital Santa Cruz, o<br />
prédio do Bunkyo e o auditório do Mackenzie. Foi o 1º professor universitário nikkei. Na<br />
mocida<strong>de</strong>, foi praticante <strong>de</strong> beisebol, kendô, remo e exímio atleta. Foi ainda o 1º nikkei<br />
aqui brevetado. Foi laureado pelo governo japonês com a Or<strong>de</strong>m do Tesouro Sagrado <strong>de</strong><br />
4º grau. Faleceu em 1987, aos 79 anos.<br />
1935<br />
Schigueru Ono<br />
Nasceu em Kumamoto (Japão), em 1912. Em 1935, tornou-se o primeiro nikkei a concluir<br />
a Politécnica, diplomando-se inicialmente em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e <strong>de</strong>pois em Civil. Após<br />
ter trabalhado com o engenhario Plínio <strong>de</strong> Queiroz, em São Paulo, transferiu-se para Poços<br />
<strong>de</strong> Caldas, MG. Na prefeitura local, executou diversas obras sanitárias e, como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />
construiu variadas obras <strong>de</strong> vulto. Retornando a São Paulo em 1955, atuou em<br />
gran<strong>de</strong>s empresas e instituições, como na CBA e no Hospital da Beneficência Portuguesa.<br />
Faleceu em 1982.<br />
1936<br />
Atsushi Suzuki<br />
Natural <strong>de</strong> Tóquio (Japão), nasceu em 1912. Veio para o Brasil, após ter concluído o curso<br />
secundário. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> no Mackenzie, em 1936. Após, retornou ao Japão e<br />
foi convocado pelo Exército para participar da guerra. Ao voltar, não conseguiu trabalhar<br />
como engenheiro. Casou-se, em 1952, e veio mais uma vez ao Brasil. Trabalhou no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro na Yamagata <strong>Engenharia</strong> e <strong>de</strong>pois na Usiminas. Em 1992, retornou <strong>de</strong> novo ao<br />
Japão, on<strong>de</strong> faleceu. Não teve filhos.<br />
1940<br />
Masao Sugaya<br />
Nasceu em Tóquio (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com os pais aos 7 anos. Foi o 2º nikkei<br />
formado pela Politécnica, em 1940. Trabalhou inicialmente na empresa Bianc Cia. Ltda.<br />
Transferiu-se para a recém-constituída Confab – Companhia Nacional <strong>de</strong> Forjagem <strong>de</strong><br />
Aço Brasileiro, sediada em São Caetano do Sul (SP). Atuou na empresa durante 53 anos,<br />
tendo sido membro engenheiro <strong>de</strong> sua diretoria. Após a aposentadoria em 1983, continuou<br />
a ela prestando serviços, como autônomo. Faleceu em 1996. Foi casado com Toyoko<br />
Ohno Sugaya.<br />
18 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1942<br />
Jorge Taqueda<br />
Natural <strong>de</strong> Nova Paulicéia (SP), nasceu em 1916. Na formatura pela Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie, recebeu o prêmio Pandiá Calogeras como melhor aluno durante todo o curso.<br />
No CPOR, recebeu a espada-prêmio <strong>de</strong> melhor aspirante. Trabalhou como engenheiro em<br />
várias empresas <strong>de</strong> porte, como a Mario Barros Amaral S.A., tendo sido ainda professor no<br />
Mackenzie durante 12 anos. Após a aposentadoria, <strong>de</strong>dicou-se ao comércio. Casado com<br />
Nazira Tebexereni Taqueda, teve quatro filhos. Faleceu em 2002 com 86 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1942<br />
Shisuto José Murayama<br />
Natural <strong>de</strong> Rincão (SP), nasceu em 1914. Seu pai foi um dos imigrantes vindos no Kasato<br />
Maru. Foi o primeiro nikkei formado na Esalq. Trabalhou a vida toda para a Secretaria da<br />
Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo, no <strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas e na Casa da<br />
Agricultura <strong>de</strong> Campos do Jordão, da qual foi chefe. É autor <strong>de</strong> 26 livros sobre Agronomia.<br />
Foi duas vezes <strong>de</strong>putado estadual e membro da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras <strong>de</strong> Campos do Jordão.<br />
Foi casado com Cecília <strong>de</strong> Almeida Murayama, com quem teve dois filhos. Faleceu em<br />
1994, aos 80 anos.<br />
1943<br />
Hajimu Ohno<br />
Nasceu em Registro (SP), em 1917. É o primogênito <strong>de</strong> um imigrante engenheiro vindo<br />
do Japão para trabalhar na abertura da 1ª colônia japonesa no Brasil, na região <strong>de</strong> Iguape<br />
(SP). Formando-se na Politécnica em 1943, trabalhou no DER - Departamento <strong>de</strong> Estradas<br />
<strong>de</strong> Rodagem - durante 15 anos. Transferiu-se <strong>de</strong>pois para o Departamento Ferroviário e,<br />
mais tar<strong>de</strong>, para o Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas. Durante a permanência no serviço<br />
público, exerceu também trabalhos para empresas privadas. Foi casado com Atsu Tanaka<br />
Ohno e teve quatro filhos. Faleceu em 1987.<br />
1943<br />
Massami Hirota<br />
Nascido, em 1916, em Koochi (Japão), veio ao Brasil aos quatro anos. Após iniciar seus<br />
estudos em Cotia e São Paulo, formou-se em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Mecânica na Politécnica,<br />
em 1943. Após breve passagem pelas Indústrias Matarazzo, constituiu firma própria<br />
<strong>de</strong> projetos e execução <strong>de</strong> instalações elétricas e hidráulicas. Ingressando, após, na firma<br />
Construtécnica S.A., tornou-se diretor e foi o engenheiro responsável <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> vulto<br />
por todo o País. Foi ainda sócio e vice-presi<strong>de</strong>nte da CBC – Cia. Brasileira <strong>de</strong> Construções.<br />
Faleceu em 1996.<br />
1944<br />
Kira Yssao<br />
Nascido em Santa Barbara do Rio Pardo (SP), em 1918. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil<br />
na Politécnica e durante a sua trajetória profissional trabalhou na Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica<br />
Paulista – Cosipa, na Construções e Comércio Camargo Corrêa e na Themag <strong>Engenharia</strong><br />
e Gerenciamento Ltda. Foi casado com Sati Kira e teve três filhos. Faleceu em 1978,<br />
em São Paulo.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 19<br />
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homenageados<br />
1944<br />
Shinichi Kubo<br />
Nasceu em Kumamoto (Japão), em 1913. Chegou ao Brasil com 15 anos. Devido à crise<br />
cafeeira, <strong>de</strong>ixou a fazenda. Em São Paulo, estudou e ingressou na Politécnica, formou-se<br />
em 1944. Após ter trabalhado na Usina Lunar<strong>de</strong>lli, no Paraná, retornou a São Paulo e com<br />
Ayami Tsukamoto, montou o Escritório Técnico Central, que se transformou em TetraEng.<br />
Participou <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras como as do Bunkyo, Toyota, Usina da Camargo Corrêa em<br />
Apiaí e Aca<strong>de</strong>mia da Força Aérea em Pirassununga. Foi casado com Masako Kubo e teve<br />
quatro filhos. Faleceu em 1984.<br />
1945<br />
Kaol Sugimoto<br />
Nasceu em São Paulo (SP), em 1917. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Industrial pelo Mackenzie<br />
em 1945, passando a trabalhar na indústria <strong>de</strong> móveis da família. A seguir, foi engenheiro<br />
da Socieda<strong>de</strong> Anônima Martinelli, nos setores <strong>de</strong> navegação e indústria salineira. Pertenceu<br />
ao quadro <strong>de</strong> funcionários da Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Dedicou-se muito ao escotismo,<br />
tendo sido fundador do Grupo Escoteiro Falcão Peregrino. A Câmara Municipal <strong>de</strong><br />
São Paulo conferiu-lhe a Medalha Anchieta e o diploma <strong>de</strong> gratidão. Faleceu em 1998.<br />
1946<br />
Jorge Watanabe<br />
Nascido em Registro (SP), em 1920. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica. Trabalhou<br />
no DER como engenheiro encarregado <strong>de</strong> obras, em Pirassununga, até 1952, período<br />
em que foi responsável pela construção <strong>de</strong> várias pontes, <strong>de</strong>stacando-se a ponte<br />
em arco com 54 m <strong>de</strong> vão livre, em São João da Boa Vista. No DER-SP trabalhou como<br />
engenheiro - chefe do Serviço <strong>de</strong> Avaliações e Cadastro, no qual se <strong>de</strong>parou com os problemas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> rodovias. Aposentou-se em 1979. É casado com Yasco<br />
Watanabe e tem uma filha.<br />
1946<br />
Tomio Kitice<br />
Nasceu em Igarapava (SP), em 1918. É o 1º nikkei que se <strong>de</strong>dicou à metalurgia. Ainda<br />
como estudante, teve contato com as gran<strong>de</strong>s questões do País nessa área. Formado na Politécnica,<br />
em 1946, trabalhou no IPT - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas -, inclusive nos<br />
trabalhos para a criação das suas novas instalações na Cida<strong>de</strong> Universitária. A seguir, atuou<br />
na empresa Conexões <strong>de</strong> Ferro Foz, <strong>de</strong>dicando-se ao avanço do processo <strong>de</strong> maleabilização<br />
do aço. Foi consultor <strong>de</strong> muitas empresas e professor no Mackenzie e na Faap. Na Escola <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> Mauá, foi seu diretor. Foi casado com Helena Kitice e faleceu em 1998.<br />
19<strong>47</strong><br />
Eduardo RiomeyYassuda<br />
Nasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1924. Formou-se na Politécnica em 1º lugar. Foi o<br />
melhor aluno em <strong>Engenharia</strong> Sanitária na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, em que passou a lecionar<br />
tornando-se o 1º professor catedrático nikkei, em São Paulo. Foi secretário <strong>de</strong> Serviços<br />
e Obras Públicas do Estado <strong>de</strong> São Paulo, quando introduziu um novo mo<strong>de</strong>lo administrativo<br />
na área do saneamento. Exerceu a Presidência da Companhia Paulista <strong>de</strong> Força e Luz e a Diretoria<br />
<strong>de</strong> Planejamento da Sabesp. Cidadão Honorário <strong>de</strong> vários municípios, foi ainda agraciado<br />
com inúmeras distinções, entre as quais com a Or<strong>de</strong>m do Rio Branco. Faleceu em 1996.<br />
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homenageados<br />
19<strong>47</strong><br />
Kazuo Sakamoto<br />
Nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 1923. Fez os dois primeiros anos do curso primário em Tóquio (Japão). Trabalhou<br />
como aprendiz com Takeo Kawai no garimpo <strong>de</strong> diamantes e <strong>de</strong> chumbo explorada pela KKKK - Kaigai Koogyo Kabushiki<br />
Kaisha -, em Apiaí (SP). Formou-se engenheiro civil pelo Mackenzie e foi servidor público na Secretaria do Trabalho<br />
e diretor <strong>de</strong> Obras da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Birigüi e <strong>de</strong> Araçatuba. Prestou inúmeros serviços <strong>de</strong> assessoria na área<br />
<strong>de</strong> segurança no trabalho para a maioria dos municípios da Alta Noroeste do Estado. Realizou vários levantamentos <strong>de</strong><br />
terras <strong>de</strong>volutas nos Estados <strong>de</strong> MT, RO, AM e Norte do Paraná. Está com 85 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
19<strong>47</strong><br />
Massakazu Outa<br />
Nasceu em 1922, em São Paulo (SP). Formado pela Politécnica em <strong>Engenharia</strong> Química,<br />
trabalhou durante 37 anos seguidos no IPT. Atuou essencialmente no setor <strong>de</strong> materiais<br />
poliméricos (elastômeros, plásticos, resinas têxteis e tintas), ocupando vários cargos <strong>de</strong><br />
chefia, assistência e direção. Dedicou-se ainda ao treinamento <strong>de</strong> profissionais, ministrando<br />
e coor<strong>de</strong>nando cursos <strong>de</strong> especialização, inclusive no exterior, sob os auspícios <strong>de</strong> governo<br />
fe<strong>de</strong>ral. Exerceu ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consultoria após a aposentadoria. Tem 86 anos.<br />
19<strong>47</strong><br />
Quincas Kajimoto<br />
Nasceu em 1923, em Lins (SP). Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica, trabalhou<br />
nas construtoras Coccaro e Mofarrej. Dentre as inúmeras obras realizadas, <strong>de</strong>stacam-se<br />
vários edifícios construídos na Cida<strong>de</strong> Universitária, como: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Geociências, Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Economia e Administração, Anfiteatro e outros. Além disso, inclui-se o Continental<br />
Shopping Center, Cetesb e o edifício na av. Paulista esquina com a Carlos Sampaio.<br />
Foi nadador master com vários títulos. Casou-se com Taeko Kajimoto e teve seis filhos.<br />
Faleceu em 2001.<br />
19<strong>47</strong><br />
Siuco Iba<br />
Nascido em Jaboticabal (SP), em 1921, formou-se na Esalq em 19<strong>47</strong>. Logo após, fez o Curso<br />
<strong>de</strong> Entomologia no <strong>Instituto</strong> Biológico e produziu três trabalhos científicos <strong>de</strong> interesse à<br />
agricultura. Foi engenheiro agrônomo das Casas da Lavoura em vários municípios. Em Ituverava,<br />
recebeu o título <strong>de</strong> Cidadão Ituveravense. Trabalhou na Divisão Regional Agrícola<br />
<strong>de</strong> Ribeirão Preto, como Assistente Agropecuário <strong>de</strong> Direção. Ao se aposentar, transferiuse<br />
para Araraquara. Casou-se com Brígida Tsuha e tem cinco filhos.<br />
1948<br />
Jihei Noda<br />
Nasceu em 1918, em Saga (Japão). Chegou ao Brasil aos sete anos. A família se instalou<br />
na região <strong>de</strong> Mirandópolis, vindo <strong>de</strong>pois para São Paulo. Formou-se engenheiro civil pelo<br />
Mackenzie, em 1948. Naturalizou-se em 1949. Como autônomo, construiu o Cine Itapura,<br />
o Templo Budista do Jabaquara e a Catedral Budista <strong>de</strong> Brasília, entre outras obras. Por 10<br />
anos, foi engenheiro da Prefeitura <strong>de</strong> São Paulo. Foi vereador na Câmara Municipal <strong>de</strong> São<br />
Paulo e <strong>de</strong>putado estadual por três legislaturas. Foi casado com Elvira Sansone Noda e teve<br />
três filhos. Faleceu em 1993.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 21<br />
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homenageados<br />
1948<br />
Mineo Ishikawa<br />
Nasceu em 1929, em Campo Gran<strong>de</strong> (MS). Seu pai veio ao Brasil no Kasato Maru. Estudou<br />
no Mackenzie auxiliado pelos irmãos. Retornando à sua terra, trabalhou na Prefeitura<br />
Municipal e na Comissão <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem, na qual foi chefe <strong>de</strong> distrito rodoviário.<br />
Instalando sua própria firma, executou obras públicas. Recebeu em 1998 a medalha do Mérito<br />
Legislativo da Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul. Casado com Geny Nacao<br />
Ishikawa, teve quatro filhos. Faleceu em junho <strong>de</strong> 2008, aos 87 anos.<br />
1948<br />
Shigueharo Deyama<br />
É natural <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP), nasceu em 1924. Formado na Politécnica em 1948,<br />
fez vários cursos <strong>de</strong> especialização pós-graduação e estágios no exterior. Dedicou-se longamente<br />
ao ensino <strong>de</strong> várias disciplinas na própria Politécnica, chegando a regente da ca<strong>de</strong>ira<br />
<strong>de</strong> Instalações Elétricas. Ao mesmo tempo, foi engenheiro e chefe da Seção <strong>de</strong> Máquinas do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Eletrotécnica, da USP. Foi consultor da Cesp e atuou como engenheiro responsável<br />
na Eletro Mecânica Suíça S.A. Aposentou-se em 1985. Está com 84 anos.<br />
1949<br />
Edmundo Takahashi<br />
Nasceu em Santa Veridiana (SP), em 1922. Formou-se em civil na Politécnica, em 1949.<br />
Trabalhou <strong>de</strong> início no IPT com o Prof. Milton Vargas. Em concurso público para engenheiro<br />
do Estado, obteve o 1º lugar. Foi diretor do DOP. No Plano <strong>de</strong> Ação do Governo Carvalho<br />
Pinto, foi o responsável pelas obras <strong>de</strong> terraplenagem do Aeroporto <strong>de</strong> Congonhas.<br />
Em 1960, constituiu empresa própria <strong>de</strong> fundações e sondagens. Foi casado com Luiza da<br />
Silveira Moraes Takahashi e teve três filhos. Faleceu em 1994.<br />
1949<br />
Goiti Suzuki<br />
Natural da província <strong>de</strong> Hyogo (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com 11 anos, dirigindose<br />
com a família à Fazenda Aliança. Engenheiro civil formado na Politécnica em 1949,<br />
especializou-se em estruturas para telhados. Nessa função, trabalhou em empresas <strong>de</strong> São<br />
Paulo, Porto Alegre e Rio <strong>de</strong> Janeiro, como Sopatel, Lanifício Kurashiki, Ishikawajima e<br />
Metaltécnica, nesta última como diretor. Tornando-se autônomo, continuou como consultor<br />
e projetista na área <strong>de</strong> sua especialida<strong>de</strong> até se aposentar. Tem 89 anos e é casado com<br />
Guaraciaba <strong>de</strong> Abreu Suzuki.<br />
1949<br />
Goo Sugaya<br />
Nasceu em Tóquio (Japão), em 1918. Chegou ao Brasil com os pais em 1920. Formouse<br />
engenheiro civil pela Escola Politécnica, em 1949. Ao longo <strong>de</strong> sua vida profissional,<br />
projetou e construiu casas resi<strong>de</strong>nciais e estabelecimentos comerciais. Foi funcionário<br />
durante alguns anos da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Poá, SP. Trabalhou igualmente como<br />
engenheiro em indústrias. Foi casado com Vitória Ocimoto Sugaya. Faleceu em 1976,<br />
aos 57 anos.<br />
22 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1949<br />
Itsuro Myazaki<br />
Natural <strong>de</strong> Birigui (SP), nasceu em 1923. Estudou na Esalq e se formou em 1949. Permaneceu<br />
um tempo na empresa An<strong>de</strong>rson Clayton <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, ingressando, em<br />
seguida, na Secretaria da Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Foi o primeiro agrônomo da<br />
Casa da Lavoura <strong>de</strong> Bilac. Inclinado a pesquisas, passou a trabalhar no <strong>Instituto</strong> Biológico,<br />
em que chegou à chefia do Setor <strong>de</strong> Entomologia. Cursou pós-graduação na Esalq nessa<br />
especialida<strong>de</strong>, tornando-se Mestre em 1983. Faleceu em 1985, aos 62 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1949<br />
Izumi Yuasa<br />
Nasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Formou-se pelo Mackenzie em 1949. De início, trabalhou<br />
na Construtora Soutello, em São Paulo. Nesse tempo, foi instrutor no curso noturno<br />
<strong>de</strong> Mestre <strong>de</strong> Obras do Senai. Passou por outras empresas e foi também autônomo. Em<br />
1956, ingressou na Usiminas para trabalhar na construção da usina, chegando a Superinten<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Projetos. Esteve várias vezes no Japão a serviço da empresa. Ao<br />
se aposentar, tornou-se consultor na implantação das si<strong>de</strong>rúrgicas Tubarão e Açominas.<br />
Tem 86 anos.<br />
1949<br />
Job Shuji Nogami<br />
É natural <strong>de</strong> Ribeirão Pires (SP), nasceu em 1925. Formado em <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Minas e<br />
Metalurgia na Politécnica em 1949, <strong>de</strong>dicou-se a estudos geológicos e geotécnicos aplicados<br />
a rodovias, no DER. Como docente da própria Politécnica, realizou pesquisas e<br />
<strong>de</strong>senvolveu métodos construtivos <strong>de</strong> pavimentos <strong>de</strong> baixo custo aplicáveis às condições<br />
tropicais. É autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> trabalhos técnicos. O Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia<br />
<strong>de</strong> Pavimentos da Escola Politécnica é i<strong>de</strong>ntificado pelo seu nome. É solteiro e<br />
tem 83 anos.<br />
1949<br />
Luiz Satto Júnior<br />
Nasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1922. Por orientação do pai, recusou o convite <strong>de</strong><br />
jogar futebol no Corinthians, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser o primeiro nissei profissional no XV <strong>de</strong> Piracicaba.<br />
Formou-se na Esalq aos 27 anos. Como agrônomo, lutou para que os pequenos e<br />
médios agricultores pu<strong>de</strong>ssem aumentar a safra e ter acesso a créditos oficiais. Trabalhou<br />
na Secretaria da Agricultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> Registro, Tatuí e Sorocaba, em que<br />
foi diretor da Divisão Regional Agrícola. É viúvo e tem seis filhos.<br />
1949<br />
Masayuki Furuya<br />
Nasceu na província <strong>de</strong> Nagano (Japão), em 1924. Concluiu o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Química<br />
na Escola Politécnica. Trabalhou no <strong>Instituto</strong> Oceanográfico quando fez estágio <strong>de</strong> especialização<br />
no Japão. Posteriormente, foi trabalhar na Usiminas, na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ipatinga<br />
(MG). Foi casado com Miya Furuya com quem teve uma filha. Faleceu em 1997.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 23<br />
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homenageados<br />
1949<br />
Renato Teruo Tanaka<br />
Nascido em Cafelândia (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil na Politécnica e cursou<br />
extensão universitária na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da USP. Foi admitido na Repartição<br />
<strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Santos em 1950, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então atuou por 35 anos nos órgãos públicos<br />
<strong>de</strong> saneamento básico e controle ambiental <strong>de</strong> Santos, Cubatão e Guarujá. Foi diretor e<br />
presi<strong>de</strong>nte da Companhia <strong>de</strong> Saneamento da Baixada Santista – SBS. Casado com Paulina<br />
Tanaka, teve três filhas. Faleceu em 1985.<br />
1949<br />
Yojiro Takaoka<br />
Nascido em São Paulo (SP), em 1923, formou-se na Politécnica em 1949. Dois anos <strong>de</strong>pois,<br />
fundou a Construtora Albuquerque e Takaoka S.A., empresa da qual era o co-responsável<br />
técnico. Os empreendimentos da firma marcaram época em São Paulo pelo seu vulto e<br />
qualida<strong>de</strong> e pela adoção <strong>de</strong> concepções novas em projetos habitacionais. Além disso, a empresa<br />
foi a responsável pela abertura <strong>de</strong> gigantescos e bem-sucedidos planos urbanísticos,<br />
dotados <strong>de</strong> todos os equipamentos, como os <strong>de</strong> Alphaville e Al<strong>de</strong>ia da Serra junto à capital.<br />
Faleceu em 1994.<br />
1950<br />
Gen Tsunashima<br />
É natural <strong>de</strong> Hokkaido (Japão), nasceu em 1919. Formou-se engenheiro civil pela Politécnica<br />
em 1950. Trabalhou cinco anos na Sobraf – Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Fundações.<br />
Tornou-se engenheiro responsável da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, em que permaneceu<br />
por 20 anos. Em seguida, foi o engenheiro-chefe das construtoras Takiplan e Huma.<br />
Foi um gran<strong>de</strong> colaborador da Socieda<strong>de</strong> Beneficente Casa da Esperança (Kibô-no-ie), na<br />
qual exerceu o cargo <strong>de</strong> diretor por onze anos e <strong>de</strong> diretor-presi<strong>de</strong>nte durante quatro anos.<br />
Faleceu em 1998.<br />
1950<br />
Paulo Soichi Nogami<br />
Nasceu em São Paulo (SP), em 1923. Sua mãe e seus avós chegaram ao Brasil dois anos<br />
antes do Kasato Maru. Após se formar em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, cursou a Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública da USP, na qual se especializou em <strong>Engenharia</strong> Sanitária. Foi<br />
professor <strong>de</strong> ambas as faculda<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong> assessor técnico <strong>de</strong> gabinete da Secretaria <strong>de</strong><br />
Serviços e Obras do Estado <strong>de</strong> São Paulo, na gestão do secretário Eduardo Riomey Yassuda,<br />
foi diretor da Cetesb e superinten<strong>de</strong>nte da Sabesp, quando se aposentou. Aos 85 anos,<br />
viúvo <strong>de</strong> Kazue Iamane Nogami, tem três filhos.<br />
1950<br />
Romeu Batista Suguiyama<br />
Nasceu em São Paulo (SP), em 1925. É formado pela Politécnica em 1950. Sua ativida<strong>de</strong> se<br />
concentrou na esfera da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> São Paulo, na área normativa <strong>de</strong> obras.<br />
Atuou como <strong>de</strong>legado executivo na Comissão Permanente do Código <strong>de</strong> Obras e participou<br />
<strong>de</strong> estudos do Código <strong>de</strong> Edificações e do novo Código <strong>de</strong> Obras do município. Foi<br />
membro do Conselho Técnico da Cohab-SP e diretor do Contru. Em 1963, diplomou-se em<br />
Direito pela USP. Ministrou aulas e publicou trabalhos <strong>de</strong> sua especialida<strong>de</strong>. É consultor<br />
do Banco Itaú.<br />
24 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1950<br />
Sakae Ishikawa Kobayashi<br />
Nasceu na Manchúria (China), em 1922, mas foi registrado em Ibaraki (Japão). Ao chegar<br />
ao Brasil, seus pais se fixaram em Rochedo (MT), on<strong>de</strong> tinham um garimpo <strong>de</strong> diamantes,<br />
além <strong>de</strong> uma casa comercial. Após se formar na FEI, na 1ª turma, retornou a<br />
Campo Gran<strong>de</strong>. Foi capataz <strong>de</strong> fazenda <strong>de</strong> pecuária e <strong>de</strong> café até adquirir sua própria<br />
fazenda em Dourados, MS, on<strong>de</strong> foi o pioneiro na cultura do arroz irrigado. Dedicou-se<br />
ainda ao comércio e aos negócios imobiliários. Foi casado com Annita Nacao, com quem<br />
teve seis filhos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1950<br />
Siguer Mitsutani<br />
Nascido em Cotia (SP), em 1923. Cursou <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, tendo sido aluno<br />
do ex-governador Lucas Nogueira Garcez. Foi colega <strong>de</strong> trabalho do Eng. Takeo Kawai<br />
na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Fez parte da equipe técnica que construiu a primeira<br />
escada rolante <strong>de</strong> São Paulo, na galeria Prestes Maia, que liga o Vale do Anhangabaú e a<br />
praça do Patriarca. Foi responsável pela construção da Ponte da Casa Ver<strong>de</strong> sobre o rio<br />
Tietê. Teve firma própria, a <strong>Engenharia</strong> Mitsutani S/C, especializada em concreto armado.<br />
Faleceu em 1994.<br />
1950<br />
Tuyoshi Yoshimura<br />
Nasceu em Promissão (SP), em 1923. É da turma <strong>de</strong> civis <strong>de</strong> 1950, do Mackenzie. Ocupou<br />
na Prefeitura <strong>de</strong> Bauru o cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Obras e Viação e <strong>de</strong> Plantas Particulares. Foi<br />
igualmente avaliador da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral e da Nossa Caixa. Exerceu o magistério<br />
superior na Fundação Educacional <strong>de</strong> Bauru, na Escola <strong>de</strong> Pontes e Estradas e no <strong>Instituto</strong><br />
Toledo <strong>de</strong> Ensino. Seu nome i<strong>de</strong>ntifica uma das ruas do bairro nobre <strong>de</strong> Bauru. Foi casado<br />
com Aiko Matsumoto Yoshimura e teve dois filhos. Faleceu em 1984, aos 61 anos.<br />
1950<br />
Yoshihiko Mio<br />
Nasceu em Lins (SP), em 1920. Quando criança, auxiliava o trabalho <strong>de</strong> seus pais. Com sacrifício,<br />
<strong>de</strong>dicou-se aos estudos, visando alcançar dias melhores. Convocado pelo Exército,<br />
tornou-se expedicionário. Ao retornar, cursou <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, formandose<br />
em 1950. Ingressou como engenheiro no Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem, chegando<br />
ao cargo <strong>de</strong> diretor. Colaborou com o projeto estrutural na construção da se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
entida<strong>de</strong> nikkei, como também da igreja Tenri, ambas em Bauru. Casado com Miya Mio,<br />
teve seis filhos. Faleceu em 1998.<br />
1951<br />
Ayrson Iabutti<br />
Nasceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), em 1923. Cursou a Escola Politécnica, na qual se formou<br />
engenheiro civil em 1951. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional, fez vários cursos <strong>de</strong><br />
extensão universitária nas áreas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, Avaliações e Administração Pública. Foi<br />
diretor <strong>de</strong> Divisão do Departamento <strong>de</strong> Transportes Internos da Secretaria da Fazenda<br />
do Estado e diretor-técnico do Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas do Estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />
em que se aposentou. Atua como perito judicial e como assistente-técnico em avaliações e<br />
perícias <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>. Tem 85 anos.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 25<br />
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homenageados<br />
1951<br />
Hirose Yamamoto<br />
É natural <strong>de</strong> Promissão (SP), nasceu em 1924. Chegou a São Paulo com a família em 1937.<br />
Formou-se na FEI em 1951, no curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mecânica. Especializou-se mais tar<strong>de</strong><br />
em hidráulica. Esteve no Japão por dois anos para estudos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> usinas hidrelétricas.<br />
Foi engenheiro do Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia Elétrica, especializando-se<br />
em transporte fluvial, em especial no Rio Tietê. Ministrou aulas <strong>de</strong> hidráulica na própria<br />
FEI. Faleceu em 1990, já como aposentado. Foi casado com Masumi Yamamoto.<br />
1951<br />
Iwao Inada<br />
Nasceu em Conquista (MG), em 1927. É formado pela Esalq, em 1951. Em 1958, ingressou<br />
na Cati – Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência Integral da Secretaria da Agricultura, atuando<br />
nas Casas da Agricultura <strong>de</strong> Nuporanga, Guará, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Lutou para<br />
aumentar a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias culturas. Foi o responsável pela instalação <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 500 hortas domésticas em instituições <strong>de</strong> Ribeirão Preto, merecendo homenagem da<br />
prefeitura local. Aposentou-se em 1994. Casado com Mituko Tanaka Inada, tem três filhos.<br />
Está com 81 anos.<br />
1951<br />
Kiyoshi Kato<br />
Nasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Chegou ao Brasil em 1934. Seu pai foi o fundador da<br />
Bratac – Socieda<strong>de</strong> Colonizadora do Brasil. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil no Mackenzie<br />
em 1951. Em 1955, estabeleceu a Construtora Engin, empresa que construiu obras para<br />
gran<strong>de</strong>s empresas nacionais e multinacionais como o Banco América do Sul, Banco Mitsubishi,<br />
Toyota do Brasil, McCann Erickson e Oxiteno. Foi um incentivador do intercâmbio<br />
entre o Brasil e o Japão e <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> maior integração entre idosos e jovens da comunida<strong>de</strong><br />
nikkei. Faleceu em 1977.<br />
1951<br />
Noda Hiroshi<br />
Nasceu em Lins (SP), em 1925. Após se formar na Esalq em 1951, ingressou como engenheiro<br />
agrônomo na Companhia Brasileira <strong>de</strong> Produtos Químicos Shell. Trabalhou nessa<br />
empresa durante 21 anos, proporcionando assistência técnica aos produtores, visando aumento<br />
<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e maior rendimento financeiro. Promovido a gerente Regional,<br />
teve <strong>de</strong>stacada atuação na região cafeeira do Norte do Paraná. Possuidor <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong>s em<br />
línguas, fez vários contatos e cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento no exterior. É falecido.<br />
1951<br />
Sancho Morita<br />
Nascido em 1927, é natural <strong>de</strong> Campinas (SP). Formou-se na Politécnica em 1951. Trabalhou<br />
em várias indústrias em cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, entre os quais o <strong>de</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
técnico da Equipamentos Clark S.A. Atuou como autônomo e consultor <strong>de</strong> várias empresas<br />
e foi inventor <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> logística. Obteve o título <strong>de</strong> Engenheiro do Ano, pelo<br />
Iman, em 1988. Foi ainda professor da Politécnica, da FEI e da Unicamp. Viúvo <strong>de</strong> Toshiko<br />
Fujita, com quem teve quatro filhos, casou-se com Maria Faion Saito. Tem 81 anos.<br />
26 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1951<br />
Shiro Miyasaka<br />
Nasceu em Hokkaido (Japão), em 1924. No Brasil, acompanhou os pais a uma fazenda em<br />
Cafelândia (SP). Depois, em Arujá, iniciou os estudos até se formar na Esalq, em 1951. No<br />
<strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas, tornou-se especialista na cultura da soja. É o 1º nikkei<br />
Doutor em Agronomia. É autor do livro “A soja no Brasil”. Lecionou na Universida<strong>de</strong><br />
Tsukuba, no Japão. Profissional atuante, recebeu muitas homenagens, inclusive a recente<br />
“Or<strong>de</strong>m do Mérito Kasato Maru”. É casado com Kazuco Sakiara Miyasaka. Tem 84 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1951<br />
Takeki Tuboi<br />
Nasceu em Quatá (SP), em 1930. Fez o curso secundário em São Paulo, quando foi interno<br />
do <strong>Instituto</strong> Nipo-Brasileiro do Prof. Midori Kobayashi. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Agronômica<br />
na Esalq. Era versado em línguas, tendo o domínio do japonês, inglês, italiano,<br />
espanhol, francês e alemão. Trabalhou nas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo como<br />
engenheiro-correspon<strong>de</strong>nte em Línguas Estrangeiras. Foi casado com Haruko Tuboi, com<br />
quem teve duas filhas. Vítima <strong>de</strong> surto <strong>de</strong> meningite, faleceu em 1974, aos 54 anos.<br />
1951<br />
Tetsuaki Misawa<br />
Nasceu em 1919, em Hokkaido (Japão). Veio ao Brasil, com 12 anos. Formou-se na Politécnica<br />
em 1951 e na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública em 1969. Atuou no DAE <strong>de</strong> São Paulo, no<br />
qual chefiou a expansão <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água da capital. Como bolsista nos Estados Unidos e<br />
no Japão, trouxe inovações para a sua área <strong>de</strong> trabalho. Foi o lí<strong>de</strong>r na criação da Associação<br />
Cultural e Esportiva Piratininga. A Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Heráldica conferiu-lhe a medalha<br />
José Bonifácio. Faleceu em 1971. Foi casado com a médica Yoshiko Asanuma Misawa<br />
e teve dois filhos.<br />
1951<br />
Tsugio Hatanaka<br />
Nasceu em Osaka (Japão), em 1923. Chegou ao Brasil tendo 5 anos. Impulsionado com o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r sempre, ingressou no Mackenzie formando-se engenheiro-arquiteto.<br />
Quando estudante, colaborou no projeto da Casa <strong>de</strong> Estudantes Harmonia. Como profissional,<br />
trabalhou nas empresas Taiyo, Brasil Atlantic e Pesca Nova. Foi o responsável pela<br />
construção da se<strong>de</strong> da Kibô-no-ie, em que foi também seu diretor. Após a aposentadoria,<br />
<strong>de</strong>dicou-se à orqui<strong>de</strong>ocultura profissional. Casado com Tsuyako Okubo Hatanaka, teve<br />
quatro filhos. Faleceu em 2003.<br />
1951<br />
Yasuo Yamamoto<br />
Nascido em Tóquio (Japão), em 1924, chegou ao Brasil com nove anos. Fez o primário em<br />
Araçatuba. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil, com mérito, pelo Mackenzie, em 1951. Calculista<br />
<strong>de</strong> renome, projetou por meio <strong>de</strong> sua empresa Escritório Técnico Estacal Ltda. inúmeros<br />
projetos estruturais, inclusive <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras públicas. Atuou intensamente na<br />
comunida<strong>de</strong> nikkei, ocupando cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias instituições culturais,<br />
assistenciais e religiosas. Faleceu em 1996. Foi casado com a <strong>de</strong>ntista Felicia Watanabe<br />
Yamamoto e teve três filhos.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 27<br />
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homenageados<br />
1951<br />
Yukihiko Horita<br />
Nasceu na província <strong>de</strong> Fukui (Japão), em 1917. Filho <strong>de</strong> lavradores <strong>de</strong> Moinho Velho, no<br />
município <strong>de</strong> Cotia. Dentre os irmãos, foi o único que não quis continuar na agricultura<br />
e, para custear seus estudos, em São Paulo, montou uma pequena oficina <strong>de</strong> consertos <strong>de</strong><br />
rádios. Fez <strong>Engenharia</strong> Química na FEI. Trabalhou na Indústria Nadir Figueiredo e posteriormente<br />
na NGK para ficar mais próximo <strong>de</strong> seus familiares em Mogi das Cruzes. Foi<br />
professor <strong>de</strong> Química Tecnológica na FEI. Casado com Maria Cruz Horita, teve três filhos.<br />
Faleceu em 1971.<br />
1952<br />
Chinya Assahina<br />
Nascido na província <strong>de</strong> Ibaraki (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com um ano e meio. Estudou<br />
em São Paulo e formou-se engenheiro químico na Escola Politécnica. Trabalhou no<br />
IPT por dois anos. Trabalhou na montagem <strong>de</strong> fábricas entre as quais <strong>de</strong> óleo nos estados<br />
<strong>de</strong> São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Maranhão. Adquiriu uma fábrica <strong>de</strong> óleos comestíveis<br />
para exportação, reformou e presidiu por 15 anos. Foi casado com a professora <strong>de</strong> música<br />
Sachiko Assahina e teve uma filha. Faleceu em 1994.<br />
1952<br />
Cião Endo<br />
Natural <strong>de</strong> São Paulo (SP), em 1928. Formou-se engenheiro agrônomo pela Esalq e também<br />
em Direito. Durante a sua trajetória profissional foi funcionário da Secretaria <strong>de</strong> Agricultura<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Foi casado com Dinorah Pupo Endo, com quem teve cinco<br />
filhos. Faleceu em 2000.<br />
1952<br />
Hi<strong>de</strong>o Haibara<br />
Nasceu em Okayama (Japão), em 1925. Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola Politécnica<br />
em 1952, trabalhou inicialmente na Diretoria <strong>de</strong> Aeroportos do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Em 1958, ingressou na Usiminas, empresa que fez carreira ocupando diversos cargos em<br />
Ipatinga e <strong>de</strong>pois em Belo Horizonte. Em 1961 e 1962, fez estágio em laminação a frio, na<br />
Nippon Steel do Japão. Foi casado com Mery Haibara. Faleceu em 2006, aos 81 anos.<br />
1952<br />
Hissao Momoi<br />
Nasceu em Agudos (SP), em 1925. Cursou a Escola Politécnica, formando-se em <strong>Engenharia</strong><br />
Civil. Trabalhou no Departamento <strong>de</strong> Obras Públicas, no qual foi diretor técnico.<br />
Na Secretaria da Saú<strong>de</strong>, igualmente do Estado, foi assessor técnico no Gabinete do Secretário.<br />
Participou muito <strong>de</strong> ações sociais do governo. Foi durante um tempo professor<br />
na Aca<strong>de</strong>mia do Barro Branco. Autodidata em japonês, pertenceu vários anos a uma organização<br />
filosófica-religiosa. Foi casado com Athanazia Emi Momoi e teve três filhos.<br />
Faleceu em 2002.<br />
28 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1952<br />
Kanemitsu I<strong>de</strong>mori<br />
É natural <strong>de</strong> Kagoshima (Japão), on<strong>de</strong> nasceu em 1923. Com apenas cinco anos, chegou<br />
com os pais ao Brasil, instalando-se primeiro em Promissão (SP) e <strong>de</strong>pois em Penápolis<br />
(SP). Formando-se na Politécnica, em 1952, ingressou na Estrada <strong>de</strong> Ferro Sorocabana,<br />
em que exerceu um cargo <strong>de</strong> chefia no Departamento <strong>de</strong> Construção Civil. Participou da<br />
execução <strong>de</strong> várias obras importantes, inclusive após a fusão das ferrovias estaduais na<br />
Fepasa. Atualmente, aos 85 anos, <strong>de</strong>senvolve o empreendimento imobiliário <strong>de</strong> vulto em<br />
Itapecerica da Serra (SP).<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1952<br />
Kazunori Nishimura<br />
Nascido em Hiroshima (Japão), em 1926. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no<br />
Mackenzie. Inicialmente, atuou no ramo <strong>de</strong> construção civil em Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP).<br />
Posteriormente, trabalhou no projeto, construção e instalação <strong>de</strong> frigorífico bovino para<br />
exportação e <strong>de</strong>stilarias <strong>de</strong> álcool nos Estados <strong>de</strong> São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e<br />
Goiás. Aposentou-se em 1994. Tem 82 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
1952<br />
Kazuo Nakashima<br />
Nasceu em 1923 na província <strong>de</strong> Shizuoka (Japão). Chegou ao Brasil em 1927, com os pais.<br />
Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil pelo Mackenzie em 1952. Abriu cedo uma firma <strong>de</strong>stinada<br />
à construção em geral, bem como ao cálculo e execução <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concreto armado e<br />
<strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para coberturas. Dedicou-se, mais tar<strong>de</strong>, exclusivamente a projetos<br />
estruturais <strong>de</strong> concreto armado. É um praticante avançado da arte caligráfica japonesa.<br />
Casado com Flávia Toshie Nakashima, tem um filho. Está com 85 anos.<br />
1952<br />
Minoro Itto<br />
Nasceu em 1926, em Tabatinga (SP). Cursou a Esalq e se formou em 1952. Foi bolsista<br />
da Fundação Rockefeller para um estágio no México a fim <strong>de</strong> estudar o melhoramento<br />
genético <strong>de</strong> plantas e também para estudos do melhoramento do feijoeiro nos Estados Unidos.<br />
Trabalhou dois anos na Seção <strong>de</strong> Genética no <strong>Instituto</strong> Agronômico <strong>de</strong> Campinas,<br />
ingressando <strong>de</strong>pois no Banco do Brasil como visitador da Carteira Agrícola e Industrial.<br />
Aposentou-se, após 30 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, nessa função. Tem 82 anos.<br />
1952<br />
Mitomu Simamura<br />
Nasceu em 1925, em Guaiçara (SP). Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica. Iniciou<br />
sua carreira na Construtora Guarantã, <strong>de</strong> São Paulo. Transferindo-se para Londrina<br />
(PR), foi Presi<strong>de</strong>nte da Construtora Simamura Daiwa House S.A. Trabalhou muito pela<br />
comunida<strong>de</strong> nikkei, tendo sido presi<strong>de</strong>nte da Associação Cultural e Esportiva e tesoureiro<br />
da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Foi presi<strong>de</strong>nte do Rotary Club local e participou<br />
da Missão Econômica do Paraná ao Japão. Foi casado com Nair Tone Simamura, com<br />
quem teve dois filhos. Faleceu em 1976.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 29<br />
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homenageados<br />
1952<br />
Natalino Baba<br />
Nasceu em Rincão (SP), em 1925. Foi o melhor aluno da turma que se formou na Esalq, em<br />
1952. Em sua ativida<strong>de</strong> profissional, especializou-se na área <strong>de</strong> sementes e mudas. Foi gerente<br />
regional da Embrapa – Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisas Agropecuárias –, em Campinas,<br />
e diretor da Cati – Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência Técnica Integral –, em São Paulo,<br />
on<strong>de</strong> se aposentou. Faleceu em agosto <strong>de</strong> 2008, aos 82 anos. Teve três filhas.<br />
1952<br />
Satyro Sakamoto<br />
Nascido em Ribeirão Preto (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil e eletricista na Escola<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mackenzie. Trabalhou na São Paulo Light & Power; na Byington, uma<br />
empresa <strong>de</strong> produtos elétricos brasileiros; no Canal 6 <strong>de</strong> Televisão <strong>de</strong> Curitiba (PR); na<br />
Usiminas (MG); na Comasp e na Sabesp. Aposentou-se em 1986. Fez estágio no Japão, na<br />
Fuji Denki e Mitsubishi Denki, na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombas, motores e transformadores,<br />
durante 18 meses, em 1958 e 1959. É casado com Keiko Mônica Sakamoto com quem tem<br />
uma filha.<br />
1952<br />
Yoshikazu Morita<br />
Nasceu em Hokkaido (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com 18 anos, dirigindo-se ao interior.<br />
Uma vez em São Paulo, <strong>de</strong>u aulas para po<strong>de</strong>r estudar. Trabalhou no Consulado da<br />
Suécia, durante a guerra, quando cuidou do interesse dos japoneses e também no Consulado<br />
do Japão. Nesse período, formou-se engenheiro-arquiteto no Mackenzie. Fundando<br />
a firma <strong>Engenharia</strong> e Arquitetura Morita Ltda., construiu <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> prédios e edifícios<br />
industriais <strong>de</strong> empresas japonesas. Foi um dos introdutores no Brasil da Escola Urasenke<br />
<strong>de</strong> cerimônia do chá.<br />
1953<br />
Ariosto Tanoue<br />
Nasceu em Araçatuba (SP), em 1930. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica.<br />
Após a sua formatura, começou a trabalhar no Departamento <strong>de</strong> Águas e Esgotos – DAE,<br />
em São Paulo, e, posteriormente, no <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Previdência do Estado <strong>de</strong> São Paulo –<br />
Ipesp - até aposentar-se. Dedicou-se também ao magistério, durante longo tempo, lecionando<br />
Física no Colégio Estadual Caetano <strong>de</strong> Campos. Casou-se com Nativida<strong>de</strong> Ferreira,<br />
com quem teve um filho. Faleceu em 1998, aos 68 anos.<br />
1953<br />
Iwao Hirata<br />
Natural <strong>de</strong> Promissão (SP), nasceu em 1927. Formado na Politécnica em 1953, tornou-se<br />
Mestre em Recursos Hídricos, em 1979. Inicialmente, trabalhou na Cooperativa Agrícola<br />
<strong>de</strong> Cotia e foi superinten<strong>de</strong>nte na Cia. <strong>de</strong> Melhoramentos <strong>de</strong> Paraibuna. Em 1958, ingressou<br />
no Daee <strong>de</strong> São Paulo, exercendo vários cargos até chegar a superinten<strong>de</strong>nte do Serviço<br />
do Vale do Paraíba. Foi ainda diretor <strong>de</strong> duas divisões técnicas e supervisionou a comissão<br />
fiscalizadora dos estudos do aproveitamento múltiplo das bacias do rios Pardo e Mogi-<br />
Guaçu. Faleceu em 1982.<br />
30 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1953<br />
Kokei Uehara<br />
Nasceu em 1927 em Okinawa (Japão). É engenheiro civil pela Politécnica, turma <strong>de</strong> 1953.<br />
Foi bolsista do governo francês para cursos e estágios na França. Tornou-se professor da<br />
Politécnica e chegou ao cargo <strong>de</strong> professor titular. Recebeu o título <strong>de</strong> professor emérito,<br />
após a aposentadoria. Representou o Brasil na Unesco, no Decênio Hidrológico Internacional.<br />
É Doutor Honoris Causa pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Osaka. Entre as inúmeras homenagens<br />
recebidas, <strong>de</strong>staca-se a con<strong>de</strong>coração que lhe foi outorgada pelo Imperador do Japão. É<br />
atualmente o presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e Assistência Social.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1953<br />
Luiz Gonzaga Nakaya<br />
Nasceu em São Paulo (SP), em 1928. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Mecânica pela Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial - FEI. Após concluir o curso <strong>de</strong> graduação, ingressou na Indústria<br />
Villares e <strong>de</strong>pois na Bar<strong>de</strong>lla. Exerceu ativida<strong>de</strong>s profissionais também na Büssing e na Simca.<br />
Foi professor da Escola Politécnica e da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Industrial. Casouse<br />
com Rúbia Konda Nakaya, com quem teve três filhos. Faleceu em 1967.<br />
1953<br />
Makoto Nomura<br />
Nasceu em 1928, em São Paulo (SP). Com a perda do pai, assassinado pela Shindô-Renmei,<br />
estudou na Politécnica com a ajuda <strong>de</strong> amigos da família, formando-se em 1953. Atuou na<br />
montagem da fábrica da GM em São José dos Campos, transferindo-se, mais tar<strong>de</strong>, para a<br />
Howa do Brasil. Na esfera estadual, colaborou na reorganização do setor <strong>de</strong> transportes do<br />
Daee e na montagem <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte no Laboratório <strong>de</strong> Hidráulica da USP.<br />
É associado <strong>de</strong> várias entida<strong>de</strong>s técnicas e funcionais. É a<strong>de</strong>pto e graduado da Medicina<br />
Nishi, do Japão. Tem 80 anos.<br />
1953<br />
Nelson Nacao<br />
É natural <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> (MS), nasceu em 1927. Formou-se na Politécnica em 1953. Na<br />
terra natal, foi vereador por duas legislaturas e ainda presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal. Foi<br />
dirigente <strong>de</strong> duas entida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> nikkei. Como profissional, atuou na Sanemat<br />
– Companhia <strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Mato Grosso. Dedicou-se ainda ao ensino <strong>de</strong> Física e Matemática,<br />
e não abandonou os estudos mesmo em ida<strong>de</strong> avançada e sofrendo <strong>de</strong> glaucoma.<br />
Faleceu em 2004. Foi casado com Kioko Margarida Aguena e teve seis filhos.<br />
1953<br />
Nilo Batista Suguiyama<br />
Nasceu em São Paulo (SP), em 1928. Tendo se formado na Escola Politécnica em 1953,<br />
<strong>de</strong>dicou sua carreira profissional à Prefeitura Municipal <strong>de</strong> São Paulo, que ingressou mediante<br />
concurso público. De engenheiro <strong>de</strong> obras, chegou ao cargo <strong>de</strong> administrador regional<br />
da Mooca e, em seguida, do Ipiranga. Na gestão do prefeito Jânio Quadros, foi superinten<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Obras. Entre as honrarias recebidas, <strong>de</strong>stacam-se a Medalha Anchieta,<br />
da Câmara Municipal <strong>de</strong> São Paulo, e a Medalha Santos Dumont, do Comando da IV Zona<br />
Aérea. Tem 78 anos.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 31<br />
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homenageados<br />
1953<br />
Shozo Nogami<br />
Nasceu em Ribeirão Pires (SP), em 1928. Formado na Esalq em 1953, permaneceu um ano<br />
no Japão para se aperfeiçoar. Exerceu ativida<strong>de</strong>s numa empresa multinacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos<br />
agrícolas. Trabalhou na Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia, inicialmente em Guapiara (SP),<br />
<strong>de</strong>pois nos escritórios centrais da capital. Colaborou na implantação no Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
dos Clubes 4-H, <strong>de</strong>stinados a formar li<strong>de</strong>ranças entre jovens na vida no campo. Faleceu<br />
em sua terra natal em 2001, aos 73 anos. Era solteiro.<br />
1953<br />
Tamaaki Sasaoka<br />
Nasceu em 1926, em Hokkaido (Japão). Formando-se na FEI em 1953, iniciou as ativida<strong>de</strong>s<br />
profissionais na Real Transportes Aéreos, em manutenção <strong>de</strong> instalações e, em seguida,<br />
na manutenção <strong>de</strong> aeronaves, como dos recém-chegados aviões Convair. Transferindose<br />
para a Alcan Alumínio do Brasil, foi engenheiro assistente na Gerência <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong><br />
Laminados, passando a ser gerente <strong>de</strong> Manutenção Mecânica <strong>de</strong> vários setores. Mais tar<strong>de</strong>,<br />
tornou-se engenheiro ambiental da empresa até alcançar a aposentadoria. Tem 82 anos.<br />
1953<br />
Ysumy Nishikava<br />
Nasceu em 1926, em Birigüi (SP). Formando-se na Politécnica em 1953, instalou-se em<br />
Maringá (PR). Executou gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> obras na crescente cida<strong>de</strong>. Trabalhou também<br />
no Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral e, na Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Maringá,<br />
foi secretário <strong>de</strong> Obras e Viação e diretor do Serviço Autárquico <strong>de</strong> Pavimentação. Foi fundador<br />
do Country Club <strong>de</strong> Maringá e da Acema, da comunida<strong>de</strong> nikkei. Faleceu em 1979.<br />
Maringá homenageou-o dando o nome <strong>de</strong> Eng. Ysumy Nishikava a uma <strong>de</strong> suas ruas. Foi<br />
casado com Kazuko Nishikava e teve dois filhos.<br />
1953<br />
Yukinobu Yamada<br />
Nasceu em 1925, em Hokkaido (Japão). Chegando ao Brasil com nove anos, trabalhou com<br />
os pais no cafezal. Em São Paulo, ingressou na empresa Nadir Figueiredo e iniciou os<br />
estudos <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no Mackenzie. Formando-se em 1953, trabalhou na<br />
Usina Eng. Bernar<strong>de</strong>s Figueiredo sobre o Rio Jaguari e na fábrica <strong>de</strong> louças da própria Nadir,<br />
em suas proximida<strong>de</strong>s. Naturalizou-se brasileiro e fez o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Cerâmica,<br />
em Nagoya (Japão), além <strong>de</strong> inúmeras visitas técnicas a indústrias <strong>de</strong> cerâmica do exterior.<br />
Aposentou-se em 1993. Está com 83 anos.<br />
1954<br />
Akio Takahashi<br />
Nascido em 1929, é natural <strong>de</strong> Tóquio (Japão). Vindo ao Brasil com cinco anos, morou<br />
numa fazenda <strong>de</strong> café e algodão em Bento Quirino, região <strong>de</strong> Ribeirão Preto. Vieram <strong>de</strong>pois<br />
para Guarulhos. Em sua trajetória <strong>de</strong> estudos, passou pela Escola Técnica Getulio<br />
Vargas, antes <strong>de</strong> ingressar na Politécnica. Formou-se engenheiro mecânico-eletricista em<br />
1954. Trabalhou na General Electric durante 25 anos e na Motores Elétricos Brasil por<br />
mais 21 anos, empresa em que foi assessor, gerente <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Avançada até se aposentar.<br />
Tem 79 anos.<br />
32 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1954<br />
Eduardo Toshio Fujiwara<br />
Nasceu em Cafelândia (SP), em 1930. Formado pela Esalq em 1954, adquiriu larga experiência<br />
no Paraná na cultura <strong>de</strong> algodão, soja e café, que o notabilizou como profissional<br />
competente. Conduzido a diretor técnico da empresa agrícola Fujiminas, atuou no cerrado<br />
mineiro durante 30 anos na produção <strong>de</strong> cafés finos, na macrocultura <strong>de</strong> soja e na produção<br />
<strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> várias culturas, quando introduziu avançadas tecnologias <strong>de</strong> irrigação,<br />
em consonância com as variações climatológicas. Faleceu em 2003.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1954<br />
Hiroshi Ikuta<br />
Nascido em Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Formado em agronomia pela Esalq, foi professor<br />
contratado pela mesma faculda<strong>de</strong> para lecionar as disciplinas <strong>de</strong> Genética, Citologia<br />
e Métodos <strong>de</strong> Melhoramentos <strong>de</strong> Plantas. Foi pioneiro na produção <strong>de</strong> híbridos nacionais<br />
<strong>de</strong> couve-flor, repolho, berinjela, pimentão, pepino, tomate, abóboras e milho doce. Atualmente<br />
é professor convidado da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi das Cruzes e <strong>de</strong>senvolve trabalhos<br />
<strong>de</strong> melhoramento <strong>de</strong> Orquí<strong>de</strong>as em convênio com a Aflord e a Fapesp.<br />
1954<br />
Hisachiyo Takahashi<br />
Nasceu em Osaka (Japão), em 1928. Veio para o Brasil em 1930. Formou-se em <strong>Engenharia</strong><br />
Mecânica e Elétrica na Politécnica. Depois <strong>de</strong> trabalhar por três anos como autônomo,<br />
ingressou na São Paulo Light & Power e <strong>de</strong>pois no Daee. Autor <strong>de</strong> vários artigos<br />
e trabalhos técnicos, chegando a exercer o cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Divisão <strong>de</strong> Materiais do<br />
Daee. Trabalhou na Eletropaulo como assessor <strong>de</strong> Diretoria e superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Compras.<br />
Aposentou-se em 1996. Casou-se com Aquico Takahashi e teve uma filha. Faleceu<br />
em 2002, aos 73 anos.<br />
1954<br />
Hitoshi Nagahashi<br />
Nascido na província <strong>de</strong> Ehime (Japão), em 1926. Veio ao Brasil com quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Formou-se engenheiro mecânico-eletecista na Escola Politécnica. Casou-se com Mizu Nagahashi,<br />
com quem teve dois filhos. Faleceu em 1959.<br />
1954<br />
Jorge Atsushi Kayano<br />
Nasceu em 1928, em Cerqueira César (SP). Ao se formar na Politécnica em 1954, especializou-se<br />
em tecnologia <strong>de</strong> refrigeração, ar-condicionado e ventilação, por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong><br />
pós-graduação e estágios no exterior. Após ter trabalhado em empresas privadas, fundou a<br />
Thermoplan <strong>Engenharia</strong> Térmica. Foi consultor técnico do Hospital das Clínicas. Lecionou<br />
a disciplina <strong>de</strong> Termodinâmica e Máquinas Térmicas na Politécnica, na FEI e na Escola <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> Mauá. Aos 80 anos, é casado com Sumiko Emura Kayano e tem cinco filhos.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 33<br />
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homenageados<br />
1954<br />
Mitsuo Ohno<br />
Nasceu em Sete Barras (SP), em 1930. Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Civil na Politécnica, on<strong>de</strong><br />
lecionou por 30 anos. Foi supervisor da Seção <strong>de</strong> Levantamentos e Cadastros das Centrais<br />
Elétricas <strong>de</strong> São Paulo - Cesp. Foi perito avaliador da antiga Comasp, da Cesp e do Daee.<br />
Foi responsável pela avaliação e executou planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> imóveis inundados<br />
por represas. Perito <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> juízes e dos tribunais <strong>de</strong> Justiça e <strong>de</strong> Alçada Civil. É<br />
casado com a Tocico Ohno e tem quatro filhos.<br />
1954<br />
Reozo Ii<br />
Nasceu em Uberaba (MG), em 1928. De início, trabalhou na Delegacia <strong>de</strong> Terras e Colonização<br />
<strong>de</strong> Mato Grosso. Depois, tornou-se engenheiro agrônomo da Casa <strong>de</strong> Lavoura <strong>de</strong><br />
Presi<strong>de</strong>nte Venceslau (SP). Foi o organizador da 1ª Exposição Agrícola <strong>de</strong>sse município.<br />
Em sua homenagem, o Governo <strong>de</strong> São Paulo conferiu o nome <strong>de</strong> Reozo Ii à Casa da Agricultura<br />
<strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venceslau. Foi um dos fundadores do Lions Clube local. Casado com<br />
a professora Irene Reiko Ii, teve quatro filhos. Faleceu em 1963.<br />
1954<br />
Seiki Ueta<br />
Natural <strong>de</strong> Santa Bárbara do Rio Pardo (SP), nasceu em 1922. Formou-se engenheiro químico<br />
em 1954 pela Politécnica. Após breve passagem pela Sambra Alimentos, ingressou na<br />
Petrobras em ativida<strong>de</strong>s ligadas à industrialização do xisto, nas usinas <strong>de</strong> Tremembé (SP)<br />
e Curitiba (PR). Transferiu-se para a Refinaria <strong>de</strong> Paulínia, terminando suas ativida<strong>de</strong>s na<br />
Refinaria do Vale do Paraíba, como organizador do seu sistema <strong>de</strong> segurança. Aposentouse<br />
em 1983. Foi <strong>de</strong>dicado colaborador na comunida<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong> Tremembé. É falecido.<br />
1954<br />
Seiti Sacay<br />
Nasceu em Igarapava (SP), em 1928. Quando criança, trabalhou na lavoura. Fez o ginásio<br />
em Birigüi, cida<strong>de</strong> que, 70 anos <strong>de</strong>pois, conce<strong>de</strong>ria-lhe o título <strong>de</strong> Cidadão Birigüiense.<br />
Formou-se em <strong>Engenharia</strong> Mecânica e Elétrica pela Politécnica, em 1954. Como estagiário,<br />
percorreu todos os <strong>de</strong>partamentos da então Light. Contratado pela Philips, trabalhou na<br />
empresa por 48 anos. Após a aposentadoria, tem se <strong>de</strong>dicado a ativida<strong>de</strong>s culturais e assistenciais,<br />
ocupando cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> em várias instituições nikkeis. Tem seis<br />
filhos. Está com 80 anos.<br />
1954<br />
Shigeo Hirama<br />
Nasceu em Sendai (Japão), em 1931. Chegou ao Brasil com os pais, aos três anos, dirigindose<br />
à região da atual Guaimbê (SP). Formado na Esalq em 1954, tornou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo um<br />
pesquisador <strong>de</strong> renome. Notabilizou-se na cafeicultura, revolucionando métodos <strong>de</strong> cultura.<br />
Foi agraciado com vários prêmios, medalhas e diplomas, entre os quais a medalha Mal. Candido<br />
M.S. Rondon, pela Socieda<strong>de</strong> Geográfica Brasileira. Foi o 1º diretor da Escola Agrícola<br />
<strong>de</strong> Apucarana e o representante da cafeicultura do Paraná com o IBC. Tem 77 anos.<br />
34 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1954<br />
Shigeo Mizoguchi<br />
Nasceu em Yokohama (Japão), em 1924. É brasileiro naturalizado. Formado na Esalq em<br />
1954, <strong>de</strong>dicou-se notadamente à formação e aperfeiçoamento <strong>de</strong> pessoal em ativida<strong>de</strong>s<br />
agrícolas. É o criador <strong>de</strong> escolas-fazenda e <strong>de</strong> escolas agrícolas, tendo sido diretor da Escola<br />
Fazenda <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte. Foi diretor geral do Ensino Agrícola no Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo e vice-diretor do Centro Nacional <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal para Formação<br />
Profissional. Foi consultor internacional do BID e da Jica. Faleceu em 2003, com 79 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1954<br />
Takao Sugahara<br />
Nasceu na província <strong>de</strong> Hokkaido (Japão), em 1929. Cursou a Esalq e se formou em 1954.<br />
Trabalhou na Fundação Rockefeller e, em seguida, em diversas empresas multinacionais,<br />
como Dupont, Ciba e Pfizer, e também na estatal Agrobras. Tornou-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ao<br />
montar a firma Dubibras Produtos e Implementos Agrícolas. Faleceu em 1982, aos 52 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Casado com Maria Aparecida M. Sugahara, teve quatro filhos.<br />
1954<br />
Takeo Aibe<br />
Natural <strong>de</strong> São José do Rio Pardo (SP), em 1929. Formado em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Politécnica<br />
e, <strong>de</strong>pois, em Administração <strong>de</strong> Empresas. Sempre trabalhou na área <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
com cálculo <strong>de</strong> estrutura e fundações, prestando serviços <strong>de</strong> consultoria nas mesmas<br />
áreas. Fez várias obras sociais, como principais, construções <strong>de</strong> escolas. Casou-se com Zilda<br />
Costa Aibe e teve um filho. Faleceu aos 62 anos.<br />
1954<br />
Tamotsu Sawaki<br />
Nascido em Hokkaido (Japão), em 1921. Chegou ao Brasil aos nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, acompanhado<br />
dos seus pais. Morou em Bastos (SP) e <strong>de</strong>pois em Londrina (PR). Mais tar<strong>de</strong>, mudouse<br />
para São Paulo, on<strong>de</strong> se graduou em <strong>Engenharia</strong> Elétrica e Civil no Mackenzie. Por mais<br />
<strong>de</strong> cinco décadas, <strong>de</strong>senvolveu projetos na área <strong>de</strong> construção civil voltado às indústrias<br />
têxteis em Suzano e Mogi das Cruzes e também nas indústrias <strong>de</strong> Portugal. Casou-se com<br />
Kineko Sawaki com quem teve duas filhas. Faleceu em outubro <strong>de</strong> 2005, aos 84 anos.<br />
1954<br />
Yosizo Kubota<br />
Nasceu em 1927, em Fukushima (Japão). É naturalizado brasileiro. Formou-se engenheiro<br />
mecânico-eletricista na Politécnica em 1954. Fez vários cursos <strong>de</strong> pós-graduação e foi bolsista<br />
no Japão durante um ano, quando estagiou na indústria <strong>de</strong> equipamentos pesados da<br />
Toshiba. Foi engenheiro da Light e da Belsa – Ban<strong>de</strong>irantes <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong> S.A. –, ocupando<br />
cargos <strong>de</strong> chefia. Atuou como consultor <strong>de</strong> várias empresas. Foi professor do Senai, da<br />
Escola Técnica Ban<strong>de</strong>irante e da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Mauá. Tem 81 anos.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 35<br />
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homenageados<br />
1955<br />
Akira Kagano<br />
É natural <strong>de</strong> Cerqueira César (SP), nasceu em 1923. Chegando a São Paulo para continuar<br />
os estudos, foi interno do <strong>Instituto</strong> Nipo-Brasileiro, do Prof. Midori Kobayashi. Cursou no<br />
<strong>Instituto</strong> Mackenzie a Escola Técnica e, em seguida, a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, on<strong>de</strong> se formou<br />
em 1955 em Eletro-Mecânica. Como profissional, trabalhou em socieda<strong>de</strong> elaborando projetos<br />
e executando instalações elétricas. Foi casado. Faleceu em 1987, aos 64 anos.<br />
1955<br />
Alberto Kawano<br />
Nascido em São Paulo (SP), em 1931. Cursou <strong>Engenharia</strong> Mecânica e Elétrica na Politécnica<br />
e, no primeiro ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, exerceu a função <strong>de</strong> engenheiro projetista <strong>de</strong> instalações<br />
industriais na Sanbra – Socieda<strong>de</strong> Algodoeira do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro. Trabalhou na Vemag<br />
e, <strong>de</strong>pois, na Ford Motors, ambas indústrias montadoras <strong>de</strong> veículos, em controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />
Foi diretor <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> autopeças <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> bobinas e, posteriormente,<br />
diretor <strong>de</strong> uma indústria eletroeletrônica, quando se aposentou. Está com 77 anos.<br />
1955<br />
Antonio Hi<strong>de</strong>to Kobayashi<br />
Nascido em São Paulo (SP), em 1931, foi o primeiro nikkei a se formar pelo ITA no curso<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Aeronaves. Foi engenheiro <strong>de</strong> vôo na Real Aerovias e, <strong>de</strong>pois, gerente <strong>de</strong><br />
manutenção da Vasp. Em suas funções, permaneceu longo tempo nos Estados Unidos nas<br />
empresas Lockeheed e Boeing. Ocupou o cargo <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> da Embraer, empresa<br />
em que se aposentou. Faleceu em 2003. Seu nome foi atribuído a uma das ruas <strong>de</strong> São<br />
José dos Campos. Casado, teve dois filhos.<br />
1955<br />
Katuyuki Takita<br />
Nasceu em Lins (SP), em 1931. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica. Após a<br />
sua formatura, em 1956, em socieda<strong>de</strong> com seu colega <strong>de</strong> turma Mamoru Samomiya, fundou<br />
a Takita & Samomiya <strong>Engenharia</strong> e Construções, atuando no ramo da construção civil,<br />
trabalhou durante toda a sua vida profissional nessa empresa. Dentre as inúmeras obras<br />
executadas, <strong>de</strong>stacam-se as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi casado com<br />
Shigueko Takita e faleceu em 1997, aos 65 anos.<br />
1955<br />
Kazuyuki Ikawa<br />
Nasceu em Hiroshima (Japão), em 1932. Chegou ao Brasil no dia 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1933, com<br />
seus pais, Shunichi e Sueko Ikawa, para trabalhar na agricultura. Formado em <strong>Engenharia</strong><br />
Civil pelo Mackenzie, era amante da arte e cultura japonesa. Concluído o curso, abriu juntamente<br />
com seu amigo e colega Hi<strong>de</strong>toci Kawata, a empresa Ikawa, Kawata <strong>Engenharia</strong><br />
e Construções Ltda. Com o falecimento <strong>de</strong> Kawata, trabalhou também com outro colega<br />
Setsuo Kamada. Faleceu em janeiro <strong>de</strong> 2001.<br />
36 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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homenageados<br />
1955<br />
Mamoru Samomiya<br />
Nasceu em Araçatuba (SP), em 1927. Formou-se na Politécnica em 1955. No ano seguinte<br />
à formatura, fundou com o engenheiro Katsuyuki Takita a firma Takita & Samomiya<br />
<strong>Engenharia</strong> e Construções. A empresa foi a responsável pela construção <strong>de</strong> um conjunto<br />
<strong>de</strong> importantes obras como as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi um dos<br />
fundadores do Arujá Golf Club, bem como diretor <strong>de</strong> outras associações e entida<strong>de</strong>s da<br />
comunida<strong>de</strong> nikkei. Deu elevada colaboração ao Hospital Santa Cruz, como seu diretor<br />
técnico. Tem 81 anos.<br />
Foto Transparência: Acervo do MHIJB/SP<br />
1955<br />
Minolo Morita<br />
É natural <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s (SP), nasceu em 1931. Fez o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Elétrica<br />
e Mecânica na Escola Politécnica, formando-se em 1955. Foi colega <strong>de</strong> turma do exgovernador<br />
Mário Covas. Em sua ativida<strong>de</strong> profissional, atuou, sobretudo, na área <strong>de</strong> compras<br />
e suprimentos, tendo trabalhado em cargos <strong>de</strong> chefia e direção em gran<strong>de</strong>s empresas<br />
como Sambra, Vemag, Walita, Engesa, Lucas, Brinquedos Estrela, Fiat e Honda. Há 20<br />
anos <strong>de</strong>dica-se à consultoria imobiliária. Tem 78 anos.<br />
1955<br />
Nozomu Makishima<br />
Nasceu em Pindorama (SP), em 1932. Formando-se na Esalq, em 1955, fez na Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa (MG), mestrado em Olericultura. Trabalhou na Embrapa Hortaliças, na qual<br />
foi chefe <strong>de</strong> Pesquisas e difusor <strong>de</strong> tecnologia. Coor<strong>de</strong>nou cursos internacionais sobre produção<br />
<strong>de</strong> hortaliças da Embrapa, em convênio com a Jica. Foi presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olericultura<br />
do Brasil. É autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> obras. Foi contemplado <strong>de</strong>ntre várias honrarias,<br />
com o Prêmio Marcilio Dias da Associação Brasileira <strong>de</strong> Horticultura. Tem 76 anos.<br />
1955<br />
Pedro Issao Ito<br />
Filho do missionário pioneiro João Yasoji Ito, da Igreja Anglicana, nasceu em São Paulo<br />
(SP), em 1931. É formado pela Politécnica em 1955. Trabalhou inicialmente como engenheiro<br />
<strong>de</strong> indústria automobilística na General Motors e na Ford. Transferiu-se, <strong>de</strong>pois,<br />
para a Brown Boveri atuando como gerente <strong>de</strong> Programação. Retornou à Ford, então da<br />
Autolatina. Após a aposentadoria, continuou em ativida<strong>de</strong> como coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> vendas da<br />
NSK Nakanishi Industrial. Casado com Gisela Maria Ito, tem dois filhos.<br />
1955<br />
Sadame Itinose<br />
Nasceu em 1921, em Araçatuba (SP). Ao se formar pela Politécnica, retornou à terra natal,<br />
on<strong>de</strong> teve uma farmácia. Adquiriu <strong>de</strong>pois uma fazenda em Aparecida do Taboão (MS), foi<br />
avaliador do Banco do Brasil. Transferindo-se, em seguida, para Cuiabá, <strong>de</strong>dicou-se à criação<br />
<strong>de</strong> gado. Resi<strong>de</strong> atualmente em Sinop (MT). Por on<strong>de</strong> passou, <strong>de</strong>dicou-se ao magistério<br />
secundário. Mais recentemente, foi professor da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />
Está com 87 anos.<br />
1957<br />
Harumi Ohno Dal Porto<br />
É natural <strong>de</strong> Sete Barras (SP), nasceu em 1932. Cursou a Escola Politécnica, na qual se<br />
formou em 1957 como a 1ª mulher nikkei a concluir o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> no Estado <strong>de</strong><br />
São Paulo. Especializou-se em projetos <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> esgotos<br />
sanitários. Trabalhou em diversas entida<strong>de</strong>s do setor <strong>de</strong> saneamento do governo do Estado<br />
e, por fim, no Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia Elétrica, em assuntos relacionados ao<br />
aproveitamento <strong>de</strong> água subterrânea. Aposentou-se em 1995.<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 37<br />
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entrevista<br />
Maçahico Tisaka:<br />
em quase um século <strong>de</strong><br />
tradição, o único presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> japoneses<br />
Primeiro presi<strong>de</strong>nte nikkei do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, Maçahico Tisaka dirigiu a<br />
instituição em duas gestões (1989-1991 e 1991-1993). Nascido em São Paulo<br />
(SP), formou se em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola Politécnica, em 1964. Fez pósgraduação<br />
em várias disciplinas <strong>de</strong> planejamento e transportes, especialização<br />
em administração <strong>de</strong> empresas e em economia rodoviária, custos e orçamento <strong>de</strong><br />
obras <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Teve intensa participação na execução<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras prediais, rodoviárias,<br />
ferroviárias, obras <strong>de</strong> arte,<br />
túneis, metrô e usina hidrelétrica.<br />
Ocupou importantes cargos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
em empresas privadas<br />
e no Governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
É autor do livro “Orçamento na Construção<br />
Civil.”<br />
Atualmente é empresário da construção<br />
civil, consultor <strong>de</strong> empresas,<br />
conselheiro do Crea-SP, membro<br />
do Conselho Consultivo da Revista<br />
Construção Mercado. Além disso, no<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, é membro<br />
vitalício do Conselho Consultivo e árbitro<br />
da CMA- Câmara <strong>de</strong> Mediação e<br />
Arbitragem.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> - O<br />
que o motivou a escolher a<br />
<strong>Engenharia</strong> Civil<br />
Maçahico Tisaka - Quando ingressei<br />
na Escola Politécnica pensava<br />
em cursar a <strong>Engenharia</strong> Mecânica,<br />
mas, por uma questão <strong>de</strong> classificação,<br />
acabei me inscrevendo em <strong>Engenharia</strong><br />
Civil. Durante dois anos,<br />
freqüentei várias disciplinas <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mecânica, tais como <strong>de</strong>senho<br />
técnico, termodinâmica, oficina mecânica<br />
e outros. No entanto, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong>sse período, mesmo po<strong>de</strong>ndo me<br />
transferir para o curso <strong>de</strong> mecânica,<br />
cheguei a conclusão <strong>de</strong> que a <strong>Engenharia</strong><br />
Civil era a minha vocação,<br />
pois po<strong>de</strong>ria executar gran<strong>de</strong>s obras,<br />
estar em vários lugares diferentes e,<br />
sobretudo, trabalhar ao ar livre.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> - O<br />
que o impulsionou a se candidatar<br />
a presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Maçahico Tisaka - Antes <strong>de</strong> me<br />
candidatar à presidência, havia sido<br />
vice-presi<strong>de</strong>nte por quatro mandatos,<br />
em diferentes épocas e funções, e não<br />
pretendia candidatar-me a cargo algum<br />
para <strong>de</strong>dicar-me mais à família<br />
e à minha empresa. Entretanto, pela<br />
minha recusa, surgiram vários candidatos<br />
à presidência e havia um risco<br />
muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> se eleger um candidato<br />
da oposição, o que não era <strong>de</strong>sejado<br />
pela maioria. Houve um acordo e<br />
acabei me tornando candidato único<br />
a disputar o cargo.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> -<br />
Quais foram os <strong>de</strong>safios nas<br />
suas gestões<br />
Maçahico Tisaka - Durante os<br />
muitos anos que participei das intensas<br />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro e fora do <strong>Instituto</strong>,<br />
antes <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte, sempre<br />
<strong>de</strong>fendi a tese <strong>de</strong> que a nossa entida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>veria, além <strong>de</strong> promover gran<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>bates sobre os problemas nacionais<br />
e <strong>de</strong> lutar pela <strong>de</strong>fesa da <strong>Engenharia</strong><br />
e dos engenheiros, sair do casulo,<br />
apresentar-se à socieda<strong>de</strong> e ser protagonista<br />
<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> movimento<br />
<strong>de</strong> recuperação econômica e social do<br />
País, em conjunto com as principais<br />
38 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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entrevista<br />
entida<strong>de</strong>s representativas da classe<br />
empresarial e trabalhadora.<br />
Assim, na minha posse como<br />
presi<strong>de</strong>nte, lancei o Movimento Nacional<br />
pela Melhoria da Qualida<strong>de</strong> e<br />
Produtivida<strong>de</strong> com o argumento <strong>de</strong><br />
que a nação brasileira só cresceria<br />
economicamente se melhorasse a sua<br />
produtivida<strong>de</strong>, eliminando os <strong>de</strong>sperdícios<br />
que há em todos os setores e<br />
melhorando também a qualida<strong>de</strong> dos<br />
seus produtos para competir no mundo<br />
globalizado.<br />
Com gran<strong>de</strong> entusiasmo e <strong>de</strong>terminação,<br />
consegui o apoio da Fiesp, das<br />
fe<strong>de</strong>rações empresariais da indústria<br />
e o do comércio <strong>de</strong> vários Estados do<br />
Brasil, das associações comerciais,<br />
das confe<strong>de</strong>rações dos trabalhadores,<br />
como CUT, CGT e Força Sindical, das<br />
entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe profissionais e universida<strong>de</strong>s,<br />
da mídia escrita, falada e<br />
televisada, tendo havido uma enorme<br />
a<strong>de</strong>são e repercussão em todo o Brasil.<br />
Percorri as principais cida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras fazendo palestras e promovendo<br />
<strong>de</strong>bates com a presença <strong>de</strong><br />
centenas <strong>de</strong> pessoas, realizadas pelas<br />
entida<strong>de</strong>s engajadas na campanha,<br />
levando a mensagem do movimento e<br />
elevando bem alto o nome do <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Após o presi<strong>de</strong>nte Collor assumir<br />
o governo, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
teve uma participação relevante na<br />
formulação do PBPQ - Programa Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> e Produtivida<strong>de</strong><br />
-, criado no início do seu governo, o<br />
que levou o presi<strong>de</strong>nte da República a<br />
ter o presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
como seu convidado especial<br />
no lançamento do Programa.<br />
Foi realizado ainda com gran<strong>de</strong><br />
sucesso, o I Congresso Brasileiro<br />
para a Qualida<strong>de</strong> e Produtivida<strong>de</strong> em<br />
São Paulo, no Anhembi, que contou<br />
com a presença <strong>de</strong> vários ministros<br />
e comparecimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2.300<br />
participantes vindos <strong>de</strong> várias partes<br />
do País.<br />
Maçahico Tisaka<br />
No final da primeira gestão, a entida<strong>de</strong><br />
realizou um importante convênio<br />
com a JPC - Japan Produtivity<br />
Center -, uma das mais conhecidas<br />
organizações internacionais que se<br />
<strong>de</strong>dica à matéria. Essa instituição<br />
enviou um gran<strong>de</strong> especialista que<br />
trouxe enormes contribuições para o<br />
fortalecimento dos conceitos sobre a<br />
qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> no Brasil.<br />
Assim, po<strong>de</strong>-se creditar ao <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> o início <strong>de</strong> uma<br />
gran<strong>de</strong> e significativa mudança na<br />
mentalida<strong>de</strong> dos profissionais <strong>de</strong> todas<br />
as categorias com relação aos<br />
conceitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong><br />
até então restrito a poucos especialistas<br />
<strong>de</strong>dicados ao assunto.<br />
Quanto aos outros <strong>de</strong>safios, foram<br />
vários, porém é importante salientar<br />
que a maioria <strong>de</strong>les foi <strong>de</strong>ntro do<br />
enfoque <strong>de</strong> inserção da entida<strong>de</strong> na<br />
socieda<strong>de</strong> como catalisador do processo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />
e social da Nação Brasileira, e não<br />
apenas como um mero <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong><br />
interesses corporativistas ligadas aos<br />
engenheiros e à <strong>Engenharia</strong>, que, em<br />
última análise, são eles os próprios<br />
beneficiários.<br />
<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> -<br />
Qual é a mensagem para os<br />
futuros engenheiros<br />
Maçahico Tisaka - Os futuros<br />
engenheiros têm três caminhos para<br />
escolher, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua vocação.<br />
Seguir a carreira <strong>de</strong> professor,<br />
arranjar um bom emprego ou ser um<br />
empreen<strong>de</strong>dor. Qualquer que seja o<br />
caminho escolhido, para ter sucesso<br />
na profissão, tem <strong>de</strong> se preparar para<br />
os pequenos e gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios que<br />
surgirão pela frente, continuar estudando<br />
muito. Ousar, porém com os<br />
pés no chão, inovar para não cair no<br />
lugar comum, ser paciente perante às<br />
incertezas e não esmorecer diante das<br />
vicissitu<strong>de</strong>s que certamente surgirão<br />
no exercício da profissão.<br />
IE<br />
Foto: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 39<br />
EntrevistaMaca.indd 39 8/10/2008 18:51:<strong>47</strong>
nikkei<br />
Por Fernanda Nagatomi<br />
Os caminhos dos<br />
engenheiros nikkeis<br />
Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />
Trem <strong>de</strong> Santos a São Paulo - década <strong>de</strong> 1920<br />
Após 23 anos da chegada<br />
oficial dos primeiros imigrantes<br />
japoneses no Brasil,<br />
diplomava-se, em <strong>Engenharia</strong><br />
Civil, o primeiro nikkei no Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo. Era Takeo Kawai, na<br />
tradicional e centenária Universida<strong>de</strong><br />
Presbiteriana Mackenzie. Depois <strong>de</strong>le,<br />
muitos outros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> japoneses<br />
escolheram essa área <strong>de</strong> atuação.<br />
Famosos pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar<br />
com os números, milhares <strong>de</strong> nikkeis<br />
seguiram a <strong>Engenharia</strong>. Por isso, neste<br />
ano, em comemoração ao centenário<br />
da imigração japonesa, o <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> homenageia os 100<br />
primeiros engenheiros nikkeis formados<br />
no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Como não seria possível entrevistar<br />
todos os homenageados em virtu<strong>de</strong><br />
da falta <strong>de</strong> tempo, a comissão organizadora<br />
<strong>de</strong>cidiu escolher um engenheiro<br />
pra representar cada escola e nos<br />
mostrar os caminhos trilhados <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a chegada <strong>de</strong> sua família no Brasil até<br />
a sua formação profissional.<br />
Jorge Watanabe – Era 1917, o<br />
Wakasa Maru aportou em Santos e<br />
<strong>de</strong>sceram Tsumetaro e Tsuji Watanabe.<br />
Foram diretamente para Registro<br />
(SP), on<strong>de</strong> haviam adquirido uma<br />
pequena terra da companhia Kaigai<br />
Koogyo Kabushiki Kaisha (KKKK).<br />
Lá cultivavam algodão e banana.<br />
Devido à <strong>de</strong>senvoltura <strong>de</strong> seu pai<br />
para assuntos administrativos da colônia<br />
<strong>de</strong> Registro, ele ficou responsável<br />
pelo registro <strong>de</strong> nascimento,<br />
casamento e falecimento no cartório<br />
da Comarca <strong>de</strong> Iguape (SP) e no arquivo<br />
para o Consulado do Japão, em<br />
Santos (SP). Em 1937, mudaram-se<br />
para Londrina (PR) e se <strong>de</strong>dicaram<br />
ao comércio.<br />
Em 1920, ainda em Registro (SP),<br />
nasceu o primeiro filho, chamado<br />
Jorge Watanabe. Aos 8 anos, começou<br />
a estudar o primário na cida<strong>de</strong>,<br />
mas, como não havia o 4º ano primário,<br />
foi para Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP)<br />
fazê-lo. “Na escola primária <strong>de</strong> Registro<br />
não existia ainda o 4º ano.”<br />
Mudou-se para São Paulo aos 14<br />
anos, com uma bolsa do governo japonês,<br />
que incluía um pensionato na<br />
Liberda<strong>de</strong>. Terminou o Ensino Fundamental,<br />
chamado <strong>de</strong> Ginásio na época,<br />
no colégio Ginásio do Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo e prestou o exame vestibular na<br />
Pré-Politécnica. Dois anos mais tar<strong>de</strong>,<br />
ingressou em <strong>Engenharia</strong> Química.<br />
“Como nessa época havia dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trabalho nessa área, após dois anos,<br />
transferi-me para o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mecânica Elétrica.” No entanto, <strong>de</strong>cidiu<br />
mais uma vez mudar <strong>de</strong> curso e<br />
foi para <strong>Engenharia</strong> Civil pela facilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> encontrar trabalho nesse ramo<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. “Desta maneira, formeime<br />
em <strong>Engenharia</strong> Civil pela Escola<br />
Politécnica da USP, em 1946.”<br />
Pai <strong>de</strong> uma engenheira, sua única<br />
filha, é casado com Yasco Watanabe<br />
há 56 anos.<br />
40 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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nikkei<br />
Kazuo Nakashima – No final <strong>de</strong><br />
1926, embarcaram no Santos Maru a<br />
família Nakashima. Eram os pais e quatro<br />
filhos, <strong>de</strong>ntre eles Kazuo Nakashima<br />
com apenas quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Chegaram ao Brasil em janeiro <strong>de</strong> 1927<br />
e foram trabalhar na lavoura <strong>de</strong> café na<br />
fazenda São Martinho, entre Barrinha<br />
e Sertãozinho, no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Seus pais, em 1931, compraram terras<br />
em Sete Barras (SP) e começaram a<br />
plantar arroz. “Como não havia uma<br />
maneira <strong>de</strong> transportar a mercadoria,<br />
per<strong>de</strong>ram toda a safra.” Em 1932, voltaram<br />
à fazenda São Martinho, on<strong>de</strong><br />
cultivaram algodão.<br />
Nascido em Shizuoka (Japão),<br />
em 1923, Nakashima começou seus<br />
estudos aos 14 anos, em Jaboticabal,<br />
on<strong>de</strong> sua família havia se mudado no<br />
ano anterior. Em 1944, foi para São<br />
Paulo para fazer o último ano do Ensino<br />
Médio, <strong>de</strong>nominado colegial, no<br />
colégio Roosevelt. Enquanto estava<br />
na capital, morou em uma pensão <strong>de</strong><br />
uma família amiga.<br />
Por duas vezes, tentou a Poli, mas<br />
sem sucesso. Então, em 19<strong>47</strong>, iniciou<br />
Turma <strong>de</strong> 1946 da Politécnica, em 1958<br />
o curso <strong>de</strong> Mecânica na FEI, mas se<br />
transferiu para <strong>Engenharia</strong> Civil no Mackenzie,<br />
formando-se em 1952. Ainda<br />
na faculda<strong>de</strong>, começou a trabalhar com<br />
cálculo numa empresa <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Casou-se, em 1967, com Flavia<br />
Toshie Nakashima, com quem tem<br />
um filho.<br />
Tamaaki Sasaoka – Nascido<br />
na província <strong>de</strong> Hokkaido (Japão),<br />
aos seis anos, chegou, com seus pais,<br />
ao Porto <strong>de</strong> Santos no navio Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro Maru. Seguiram para Cafelândia<br />
(SP), perto <strong>de</strong> Lins, com a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com café. Após<br />
três meses, a mãe <strong>de</strong> Sasaoka ficou<br />
doente e a família <strong>de</strong>cidiu se mudar<br />
para Santa Isabel (SP), on<strong>de</strong> começaram<br />
a plantar verduras. “Diziam<br />
que o clima <strong>de</strong> Santa Isabel seria bom<br />
para minha mãe”. Foi tão bom que a<br />
Foto: Arquivo Kazuo Nakashima<br />
Foto: Arquivo Jorge Watanabe<br />
Encontro da turma <strong>de</strong> 1952 do Mackenzie, em 2001<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 41<br />
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nikkei<br />
mãe <strong>de</strong>le se curou e recebeu um convite<br />
para fundar uma pequena escola<br />
para as crianças da colônia japonesa<br />
em Arujá, cida<strong>de</strong> vizinha.<br />
Em Santa Isabel, seu pai plantava<br />
verduras e Sasaoka iniciava suas<br />
ativida<strong>de</strong>s escolares. Segundo o engenheiro,<br />
aos 10 anos, seus estudos<br />
foram interrompidos porque seu pai<br />
foi convidado a trabalhar no comércio<br />
em São Paulo, ven<strong>de</strong>ndo verduras<br />
no mercado municipal. “Muitas<br />
verduras que o meu pai vendia não<br />
eram conhecidas pela população”,<br />
lembrou sorrindo.<br />
A família mudou para São Paulo<br />
e Sasaoka terminou o primário no<br />
Taisho e cursou o ginásio e colegial<br />
no colégio Paulistano, ambos na Liberda<strong>de</strong>.<br />
Começou a cursar <strong>Engenharia</strong><br />
Mecânica na FEI, quando ainda<br />
era na Rua São Joaquim (Liberda<strong>de</strong>),<br />
formando-se em 1953.<br />
Em 1957, casou-se com Suzuka<br />
Sasaoka e tem uma filha e um filho.<br />
Turma <strong>de</strong> 1953 da FEI<br />
Foto: Acervo Esalq<br />
Hiroshi Ikuta – Nasceu em<br />
Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Filho<br />
<strong>de</strong> Torao e Tamie Ikuta. Seus pais chegaram<br />
ao Brasil em 1918 e trabalharam<br />
na lavoura <strong>de</strong> café na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Guatapará (SP). “Após o término do<br />
contrato, foram para Mogi das Cruzes,<br />
on<strong>de</strong> começaram a trabalhar com<br />
hortaliças e fruticultura”, lembrou.<br />
Em sua terra natal, Hiroshi estudou<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primário até o 2º colegial,<br />
quando foi para São Paulo completar<br />
o colégio. Estudou no colégio Anglo<br />
Latino e morou em uma república.<br />
Como sua família sempre se <strong>de</strong>dicou<br />
à agricultura, tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />
estudar <strong>Engenharia</strong> Agronômica. Em<br />
1950, entrou na Esalq, formando-se<br />
em 1954.<br />
Viúvo <strong>de</strong> Suga Neguishi Ikuta,<br />
tem duas filhas e três filhos, sendo<br />
que dois <strong>de</strong>les são engenheiros agrônomos.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter se aposentado<br />
em 1994, ainda continua na ativa.<br />
Atualmente, além <strong>de</strong> professor convidado<br />
da UMC - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi<br />
das Cruzes –, <strong>de</strong>senvolve trabalhos<br />
<strong>de</strong> Melhoramento <strong>de</strong> Orquí<strong>de</strong>as em<br />
convênio com a Aflord – Associação<br />
dos Floricultores da Via Dutra – e a<br />
Fapesp – Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Mesmo diante das dificulda<strong>de</strong>s<br />
com a língua e a cultura, esses profissionais<br />
pioneiros mostraram perseverança,<br />
disciplina e firmeza e venceram<br />
as diferenças. Atualmente, como<br />
parte da socieda<strong>de</strong> brasileira, centenas<br />
<strong>de</strong> engenheiros nikkeis saem da<br />
universida<strong>de</strong> todos os anos, ajudando<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua Pátria. IE<br />
Foto: Arquivo Tamaaki Sasaoka<br />
Quadro da turma <strong>de</strong> 1954 da Esalq<br />
Primeiros<br />
O ITA também faz parte <strong>de</strong>ssa<br />
galeria com um único representante,<br />
formado em <strong>Engenharia</strong><br />
<strong>de</strong> Aeronaves, em 1955, Antonio<br />
Hi<strong>de</strong>to Kobayashi, que morreu aos<br />
72 anos, em 2003.<br />
A única mulher a estar na lista<br />
dos pioneiros é a engenheira civil,<br />
formada pela Politécnica em 1957,<br />
Harumi Ohno Dal Porto.<br />
42 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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especial<br />
Por Paulo Soichi Nogami<br />
Reminiscências <strong>de</strong> nikkeis<br />
pioneiros na <strong>Engenharia</strong><br />
Uma explicação inicial<br />
Ao observar a relação divulgada<br />
pelo <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
contendo o nome<br />
dos primeiros engenheiros<br />
nikkeis formados no Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo, verifiquei que conhecia muitos<br />
dos que fazem parte da lista. Eles<br />
eram cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do conjunto.<br />
Alguns <strong>de</strong>les, conheci há quase 70<br />
anos, quando ainda nem estudava <strong>Engenharia</strong>.<br />
Outros tinham sido colegas<br />
<strong>de</strong> internato ou <strong>de</strong> cursos secundários<br />
ou fiquei conhecendo em contato<br />
com famílias <strong>de</strong> meu relacionamento.<br />
E os <strong>de</strong>mais foram contemporâneos<br />
da Escola Politécnica e <strong>de</strong> outras escolas<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, que conheci em<br />
vários graus <strong>de</strong> aproximação.<br />
Detendo-me em cada nome, comecei<br />
a me lembrar da figura <strong>de</strong>les,<br />
associada às particularida<strong>de</strong>s físicas<br />
que me chamaram a atenção na<br />
época. Foi um retorno agradável, que<br />
achei que valeria a pena <strong>de</strong>ixar registrado,<br />
como memória dos tempos<br />
passados, embora <strong>de</strong> forma informal,<br />
superficial e até irreverente. Lamentavelmente,<br />
muitos não estão mais<br />
presentes entre nós. Seria um motivo<br />
Turma <strong>de</strong> Paulo Soichi Nogami - Politécnica 1950<br />
a mais para assinalar a passagem <strong>de</strong>les<br />
pelos caminhos por on<strong>de</strong> percorri<br />
também. Uma razão final para este<br />
registro é o fato <strong>de</strong> não existir quase<br />
nada escrito, que faça referência<br />
à maioria dos engenheiros nikkeis<br />
daquela época. Eles foram os precursores<br />
da imensa corrente <strong>de</strong> profissionais<br />
que iriam contribuir, com sua<br />
competência, disciplina e garra, para<br />
a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong>ste País.<br />
Os primeiros que conheci<br />
Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />
O primeiro nikkei <strong>de</strong> quem tive<br />
conhecimento como estudante <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
foi Kaol Suguimoto, do<br />
Mackenzie. Quando eu estudava comércio,<br />
no mesmo estabelecimento,<br />
via-o andando esbelto e garboso pelos<br />
pátios arborizados daquela tradicional<br />
escola. Por alguma razão, ele se formou<br />
muito mais tar<strong>de</strong> do que imaginava.<br />
Quando estudava no colégio, fiquei<br />
conhecendo alguns que já eram<br />
formados como Hajimu Ohno, diplomado<br />
na Politécnica, que trabalhava<br />
no Departamento <strong>de</strong> Estradas<br />
<strong>de</strong> Rodagem – DER – <strong>de</strong> São Paulo,<br />
na construção da Via Anhangüera.<br />
E, também seu cunhado Masao Sugaya,<br />
formado três anos antes, também<br />
na Poli, que trabalhava na Confab,<br />
uma gran<strong>de</strong> indústria mecânica localizada<br />
em Santo André. Ele e a esposa<br />
D. Toyoko, irmã <strong>de</strong> Hajimu Ohno,<br />
gostavam <strong>de</strong> reunir jovens estudantes,<br />
moços e moças, na casa <strong>de</strong>les<br />
na Cida<strong>de</strong> Vargas, em animados encontros<br />
<strong>de</strong> confraternização. Tive o<br />
privilégio <strong>de</strong> participar muitas vezes<br />
<strong>de</strong>ssas reuniões.<br />
Um outro que também conheci,<br />
mais, tar<strong>de</strong> foi Ayami Tsukamoto,<br />
japonês <strong>de</strong> nascimento, atarracado,<br />
que foi o primeiro, se não um dos<br />
primeiros nikkeis que se formou em<br />
Curitiba, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
do Paraná. Ele trabalhou algum<br />
tempo na empresa <strong>de</strong> um dos membros<br />
da família Matarazzo e, <strong>de</strong>pois,<br />
abriu uma firma <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, o<br />
Escritório Técnico Central, sediado<br />
no Edifício Central, do mesmo Matarazzo.<br />
Tornei-me muito amigo <strong>de</strong><br />
Tsukamoto. Foi ele quem construiu<br />
bem mais tar<strong>de</strong> a minha residência<br />
no Alto <strong>de</strong> Pinheiros, em São Paulo.<br />
A minha carteira <strong>de</strong> motorista foi tirada<br />
com o veículo que ele me emprestou.<br />
O sócio <strong>de</strong> Tsukamoto, na<br />
firma <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, era Shinichi<br />
Kubo, que também fiquei conhecendo<br />
nessa época. Era engenheiro mecânico-eletricista,<br />
formado na Poli,<br />
nascido no Japão, i<strong>de</strong>ntificado pelo<br />
seu bigo<strong>de</strong>, pela fala pausada à procura<br />
da palavra certa em português<br />
e pelo seu andar ligeiro. Além <strong>de</strong><br />
instalações elétricas, fazia também<br />
muitos trabalhos <strong>de</strong> topografia. Foi<br />
a firma <strong>de</strong>sses dois engenheiros que<br />
construiu o gran<strong>de</strong> edifício da Casa<br />
<strong>de</strong> Estudantes Harmonia, em São<br />
Bernardo do Campo.<br />
Convidado por Tsukamoto, fiz<br />
com ele várias viagens <strong>de</strong> carro e,<br />
numa excursão <strong>de</strong> grupo ao Pico <strong>de</strong><br />
Itatiaia, fiquei conhecendo Takeo<br />
Kawai, da Cooperativa Agrícola <strong>de</strong><br />
Cotia. Ele era japonês também e foi o<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 43<br />
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especial<br />
Primeiro prédio construído, em 1895, que abrigou a Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> e, agora,<br />
é o Centro Histórico do Mackenzie<br />
primeiro engenheiro nikkei formado<br />
no Brasil, pelo Mackenzie, em 1931.<br />
Comentava-se que suas obras primavam<br />
pela sobrieda<strong>de</strong> e robustez<br />
folgada. Ele era, além <strong>de</strong> engenheiro,<br />
um intelectual.<br />
Quando eu ainda me preparava<br />
para a <strong>Engenharia</strong>, sabia que Massami<br />
Hirota, que tinha visto algumas<br />
vezes em reuniões da Liga Estudantina<br />
Nipo-Brasileira, sempre elegante,<br />
lábios carnudos, fazia o curso na Politécnica.<br />
Muito mais tar<strong>de</strong>, vim saber<br />
que, na profissão, ele se <strong>de</strong>dicava<br />
a projetos e execuções <strong>de</strong> instalações<br />
elétricas, numa época em que se começava<br />
a utilizar conduítes flexíveis<br />
<strong>de</strong> plástico, em lugar <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> aço<br />
rígidos. E, conheci em outros encontros<br />
Kira Yssao, registrado com o<br />
sobrenome antece<strong>de</strong>ndo o nome, à<br />
maneira japonesa. Entretanto, meus<br />
contatos com ele foram tão ligeiros<br />
que não fiquei sabendo <strong>de</strong> maiores<br />
<strong>de</strong>talhes sobre suas ativida<strong>de</strong>s.<br />
Meu ingresso na Politécnica<br />
Freqüentemente me perguntam<br />
qual foi o momento mais feliz <strong>de</strong> minha<br />
vida. Sempre tenho que refletir<br />
para po<strong>de</strong>r respon<strong>de</strong>r, mas um dos<br />
que mais me marcou e me alegrou<br />
aconteceu quando vi no jornal a lista<br />
<strong>de</strong> aprovações no exame <strong>de</strong> habilitação<br />
da Escola Politécnica, no ano <strong>de</strong><br />
1946. Passando os olhos sofregamente,<br />
encontrei lá o meu nome, pouco<br />
antes do meio da lista. Dei um salto<br />
<strong>de</strong> alegria porque era o coroamento<br />
<strong>de</strong> um período <strong>de</strong> vários anos <strong>de</strong><br />
profunda <strong>de</strong>dicação aos estudos. Eu<br />
tinha feito inicialmente um curso<br />
técnico <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, no <strong>Instituto</strong><br />
Mackenzie. Quando meu pai me<br />
aconselhou a estudar mais, <strong>de</strong>cidi<br />
fazer <strong>Engenharia</strong>. No entanto, para<br />
isso, tive que começar tudo <strong>de</strong> novo<br />
porque o curso comercial daquela<br />
época não dava equivalência com o<br />
ginásio para fins <strong>de</strong> prosseguimento.<br />
Tive que fazer dois anos <strong>de</strong> madureza<br />
e mais o colégio inteiro. Com isso<br />
e com outros atrasos, entrei na Poli<br />
com 23 anos, que é uma ida<strong>de</strong> para se<br />
formar e não para começar.<br />
O exame vestibular tinha sido difícil.<br />
Muitas das questões não eram<br />
mais como as que foram nos anos<br />
anteriores, do estilo tradicional. Com<br />
o fim da 2ª Guerra Mundial, ocorrido<br />
no ano anterior, o intercâmbio acadêmico<br />
com os países aliados tinha aumentado<br />
e novos tipos <strong>de</strong> problemas<br />
foram introduzidos nos exames, atrapalhando<br />
os candidatos. Dentre cerca<br />
<strong>de</strong> 600 inscritos, para 160 vagas, só<br />
foram aprovados 80. Ficamos sendo<br />
conhecidos como os alunos da “Turma<br />
dos 80”. O exame <strong>de</strong> habilitação não<br />
era apenas classificatório; exigia-se<br />
uma nota mínima para ser aprovado.<br />
Foto: Acervo Histórico do Mackenzie<br />
O ingresso foi difícil, mas, para<br />
mim, acompanhar o ritmo das aulas<br />
foi mais difícil ainda. Não estava<br />
acostumado com a intensida<strong>de</strong> e a<br />
complexida<strong>de</strong> dos assuntos que eram<br />
ministrados durante oito horas por<br />
dia, <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, além<br />
das tar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sábado. Não se podia<br />
<strong>de</strong>scuidar nem um pouco, senão era<br />
<strong>de</strong>pendência na certa.<br />
Contudo, estava satisfeito e orgulhoso<br />
por ter conseguido alcançar<br />
o objetivo a que me propusera. Ao<br />
olhar para a fisionomia <strong>de</strong> meus colegas<br />
<strong>de</strong> turma, ficava imaginando a<br />
inteligência <strong>de</strong>les e nas dificulda<strong>de</strong>s<br />
que também tiveram que enfrentar<br />
para estarem on<strong>de</strong> estavam. E me<br />
sentia feliz por me incluir num grupo<br />
tão heterogêneo mas privilegiado <strong>de</strong><br />
colegas das mais variadas procedências,<br />
como nunca tinha visto anteriormente.<br />
Eles eram paulistanos <strong>de</strong><br />
vários bairros, ricos e pobres, e interioranos<br />
<strong>de</strong> lugares diferentes como<br />
Campinas, Franca, Cotia, Santos, Colônia<br />
Varpa, Getulina e Catanduva,<br />
e <strong>de</strong> outros Estados como do Ceará,<br />
Alagoas, Sergipe e Santa Catarina. As<br />
mais variadas etnias estavam representadas,<br />
inclusive nós, nikkeis, que,<br />
inicialmente, éramos três apenas.<br />
Os colegas <strong>de</strong> turma nikkeis<br />
Um dos que entraram comigo era<br />
Siguer Mitsutani, que já era meu<br />
colega <strong>de</strong> classe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos do<br />
Colégio Estadual Presi<strong>de</strong>nte Roosevelt.<br />
Ele estava lá vindo do famoso<br />
Ginásio do Estado, do Parque D. Pedro<br />
II. Possuindo uma tez fortemente<br />
bronzeada, era inteligente, metódico<br />
nos estudos, <strong>de</strong> agradável trato e <strong>de</strong><br />
sorriso franco e sonante. Foi um dos<br />
três primeiros colocados no exame<br />
<strong>de</strong> habilitação. E já trabalhava fazendo<br />
bico em traduções <strong>de</strong> japonês.<br />
Dedicou-se ao cálculo <strong>de</strong> estruturas,<br />
um assunto que ele dominava muito<br />
bem. O outro era Gen Tsunashima,<br />
que só fui conhecer no primeiro dia<br />
<strong>de</strong> aula. Estranhei-o quando ele veio<br />
falar comigo. De fisionomia bem arredondada,<br />
tinha certo embaraço em<br />
pronunciar as palavras em português<br />
44 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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especial<br />
e aparentava ter mais ida<strong>de</strong> que os<br />
<strong>de</strong>mais. Logo fiquei sabendo que era<br />
japonês <strong>de</strong> origem e que tinha 27<br />
anos, isto é, quatro anos a mais em<br />
relação a mim, que já me consi<strong>de</strong>rava<br />
bastante idoso. Ele era órfão <strong>de</strong> pai e<br />
havia trabalhado e lutado muito para<br />
po<strong>de</strong>r estudar. Cedo aprendi a dar valor<br />
a ele e nós nos tornamos gran<strong>de</strong>s<br />
amigos. Casou-se com Clara Kishimoto,<br />
muito amiga <strong>de</strong> minha esposa,<br />
no tempo <strong>de</strong> solteiras. Foi ele quem<br />
cuidou da reforma <strong>de</strong> minha casa, 27<br />
anos após a formatura. Trabalhou<br />
muito tempo como engenheiro da<br />
Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, mas<br />
antes tinha permanecido um bom<br />
período em Volta Redonda, na firma<br />
Sobraf, <strong>de</strong> São Paulo, na supervisão<br />
<strong>de</strong> obras <strong>de</strong> fundações na Companhia<br />
Si<strong>de</strong>rúrgica Nacional.<br />
No meio do ano <strong>de</strong> 1946, foi aberto<br />
um exame especial <strong>de</strong> habilitação<br />
<strong>de</strong>stinado a expedicionários que tinham<br />
retornado dos campos <strong>de</strong> batalha<br />
da Itália. Entre eles estavam dois<br />
nisseis: Yoshihiko Mio e Paulo<br />
Fueta. Este último ficou certo tempo<br />
como integrante da nossa turma, mas<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser visto. Pensava<br />
que talvez tivesse se transferido para<br />
alguma escola, em outro Estado, ou<br />
mesmo <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> estudar, por alguma<br />
forte razão. Até hoje <strong>de</strong>sconheço<br />
o motivo. Era muito simpático. Mio<br />
viera <strong>de</strong> Getulina, falava pausadamente<br />
e tinha um certo quê <strong>de</strong> caboclo.<br />
Era um pouco reservado, <strong>de</strong> ar<br />
assustado, entretanto era inteligente,<br />
<strong>de</strong> bom gênio e amigo <strong>de</strong> todos. Trabalhou<br />
longos anos no DER - Departamento<br />
<strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem -,<br />
em Bauru.<br />
Os anteriores da Politécnica<br />
Ao chegar à Poli, observava com<br />
curiosida<strong>de</strong> os quadros <strong>de</strong> formatura<br />
que estavam afixados em pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
vários ambientes. Na gran<strong>de</strong> sala <strong>de</strong><br />
aula do 3º piso do edifício Paula Souza,<br />
cheia <strong>de</strong> mesas para <strong>de</strong>senho, havia<br />
um quadro <strong>de</strong> formandos do distante<br />
ano <strong>de</strong> 1935. Lá havia a fotografia<br />
<strong>de</strong> um japonês <strong>de</strong> nome Schigueru<br />
Ono, que não conheci e <strong>de</strong> quem jamais<br />
tinha ouvido falar. Não era parente<br />
<strong>de</strong> Hajimu Ohno, que conhecia,<br />
mas imaginava que ele era o mais<br />
antigo dos nikkeis que se formaram na<br />
Politécnica. Nem <strong>de</strong>pois, na socieda<strong>de</strong><br />
em que freqüentava, ouvi um comentário<br />
qualquer sobre esse engenheiro.<br />
Não era dos que circulava no pequeno<br />
círculo <strong>de</strong> nikkeis da época. Os <strong>de</strong>mais<br />
diplomados não me eram estranhos,<br />
conforme já me referi.<br />
No 6º ano <strong>de</strong> Minas e Metalurgia<br />
estava o Tomio Kitice, com o seu<br />
bigo<strong>de</strong> característico. Trabalhou inicialmente<br />
no IPT - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Pesquisa<br />
Tecnológicas -, foi professor e<br />
<strong>de</strong>pois passou a dirigir uma indústria<br />
mecânica constituída por empresários<br />
japoneses aqui resi<strong>de</strong>ntes.<br />
No 5º ano, estava o Jorge Watanabe<br />
que já havia visto anteriormente<br />
andando em companhia <strong>de</strong> Ayami<br />
Tsukamoto. Jorge era calmo, pon<strong>de</strong>rado<br />
e <strong>de</strong> fala pausada. Participava<br />
como o mais veterano dos politécnicos<br />
nas reuniões que alguns nisseis<br />
da Poli realizavam, com a idéia <strong>de</strong><br />
fundar uma associação <strong>de</strong> estudantes<br />
nikkeis. A iniciativa foi combatida<br />
pelos que pertenceram à extinta<br />
Liga Estudantina Nipo-Brasileira<br />
(posteriormente Liga Estudantina <strong>de</strong><br />
São Paulo) e a idéia terminou sendo<br />
abortada. No entanto, <strong>de</strong>u ensejo,<br />
logo a seguir, a um movimento maior<br />
abrangendo universitários <strong>de</strong> outras<br />
Prédio da Politécnica em 19<strong>47</strong><br />
faculda<strong>de</strong>s, que acabou vingando.<br />
No 4º ano, eram alunos nisseis:<br />
Eduardo Riomey Yassuda, Masakazu<br />
Outa e Quincas Kajimoto.<br />
Yassuda andava sempre bem<br />
trajado e era tido como aluno brilhante.<br />
Em casa, contaram-me que<br />
ele <strong>de</strong>via ser filho <strong>de</strong> Ryoiti Yassuda,<br />
que veio ao Brasil com meu avô Saburo<br />
Kumabe, em 1906. Era assistente-aluno<br />
do Prof. Lucas Nogueira<br />
Garcez, catedrático <strong>de</strong> Hidráulica e<br />
Saneamento. Após se formar, tornou-se<br />
assistente da ca<strong>de</strong>ira e, ao<br />
ser instalado o curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Sanitária, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública,<br />
tornou-se docente <strong>de</strong> uma das<br />
disciplinas. Nessa faculda<strong>de</strong>, prestou<br />
concurso público para professor<br />
catedrático, tendo sido o primeiro<br />
nissei a alcançar esse título na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo. Foi ainda<br />
secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Obras e Serviços<br />
Públicos no governo Abreu Sodré.<br />
Tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar<br />
com ele durante quase 20 anos, em<br />
vários cargos e <strong>de</strong>vo a ele a consolidação<br />
<strong>de</strong> minha carreira profissional.<br />
Massakazu Outa, que via andando<br />
sempre só, no setor da <strong>Engenharia</strong><br />
Química, passou a trabalhar no IPT.<br />
Quincas Kajimoto, <strong>de</strong> quem ouvia<br />
falar em Ribeirão Pires e conhecia <strong>de</strong><br />
vista, teria se tornado engenheiro do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Previdência do Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo.<br />
Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 45<br />
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especial<br />
Aréa <strong>de</strong> convivência ao ar livre da FEI em 1963<br />
No 3º ano, faziam o curso Shigueharo<br />
Deyama e Job Shuji<br />
Nogami. Deyama andava sempre<br />
<strong>de</strong> avental e com um ligeiro sorriso<br />
estampado num rosto <strong>de</strong> queixo arredondado.<br />
Sempre <strong>de</strong>notava tranqüilida<strong>de</strong><br />
e bem-estar. Depois <strong>de</strong> formado,<br />
tornou-se professor e pesquisador do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Eletrotécnica. Job, meu<br />
irmão logo abaixo, fazia o curso <strong>de</strong> Minas<br />
e Metalurgia, que era <strong>de</strong> seis anos,<br />
razão pela qual só se formou com os<br />
alunos da turma seguinte. Ao se diplomar,<br />
foi trabalhar no DER. Quase ao<br />
mesmo tempo, passou a fazer parte do<br />
corpo docente da própria Escola Politécnica.<br />
Reservado e simples em tudo,<br />
era um estudioso e notabilizou-se em<br />
estudos e pesquisas <strong>de</strong> materiais e<br />
métodos construtivos <strong>de</strong> pavimentos<br />
rodoviários <strong>de</strong> baixo custo. O Laboratório<br />
<strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Pavimentos da<br />
Escola Politécnica é i<strong>de</strong>ntificado atualmente<br />
pelo seu nome.<br />
Na turma anterior à nossa, havia<br />
o maior contingente <strong>de</strong> nikkeis. Eram<br />
Airson Iabuti, Chinya Assahina,<br />
Edmundo Takahashi, Goiti Suzuki,<br />
Goo Sugaya, Masayuki Furuya,<br />
Renato Teruo Tanaka, Romeu<br />
Batista Suguiyama e Yojiro<br />
Takaoka. Não tive muito contato<br />
com eles, apesar da proximida<strong>de</strong> em<br />
termos <strong>de</strong> turma e nem soube direito<br />
da carreira <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> formados.<br />
Lembro-me que, na Politécnica,<br />
não havia muita integração entre alunos<br />
<strong>de</strong> níveis diferentes. Os que estavam<br />
na frente, pouca atenção davam<br />
a nós e nós também não nos aproximávamos<br />
muito <strong>de</strong>les e nem dos que<br />
vinham <strong>de</strong>pois. Todos eles pareciam<br />
estar sempre sérios <strong>de</strong>mais, talvez <strong>de</strong>vido<br />
à intensida<strong>de</strong> e dureza das aulas.<br />
De Airson Iabuti, apenas lembrome<br />
bem <strong>de</strong> sua fisionomia alongada,<br />
austera, pouco nipônica. Edmundo<br />
Takahashi, ao contrário, tinha uma<br />
feição meio quadrada e era <strong>de</strong> pouca<br />
fala. Dedicou-se à <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong><br />
Fundações. Goo Sugaya, <strong>de</strong> cabelos<br />
altos, andava meio curvado, pensativo,<br />
com sua bolsa <strong>de</strong>baixo do braço.<br />
Era irmão <strong>de</strong> Masao Sugaya, sendo<br />
morador da Colônia, em Itaquera.<br />
Especializou-se em construções e em<br />
levantamentos topográficos e geodésicos.<br />
Faleceu prematuramente. A<br />
primeira vez que vi Masayuki Furuya,<br />
que fazia o curso <strong>de</strong> Química,<br />
imaginei estar diante <strong>de</strong> um samurai,<br />
tal a semelhança com os espadachins<br />
que via em ilustrações japonesas. Era<br />
filho do ex-embaixador do Japão na<br />
Argentina (escapou milagrosamente<br />
<strong>de</strong> um atentado da Shindo Renmei)<br />
e trabalhou no <strong>Instituto</strong> Oceanográfico<br />
da USP. Formou-se mais tar<strong>de</strong><br />
em <strong>Engenharia</strong> Civil também. Yojiro<br />
Takaoka, boa estatura, <strong>de</strong> feição<br />
triangular, com bigo<strong>de</strong> e uma pinta<br />
no rosto que chamava atenção, era<br />
filho <strong>de</strong> quem foi o primeiro médico<br />
da comunida<strong>de</strong> nipo-brasileira, já na<br />
Foto: Acervo FEI<br />
década <strong>de</strong> 1910. Yojiro tornou-se o<br />
maior empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> construções<br />
imobiliárias e <strong>de</strong> urbanização em São<br />
Paulo. Renato Teruo Tanaka, fui<br />
conhecê-lo melhor mais tar<strong>de</strong>, com<br />
a sua energia e andar apressado e<br />
oscilante, em razão <strong>de</strong> termos sido<br />
colegas <strong>de</strong> trabalho em órgãos estaduais<br />
<strong>de</strong> saneamento. Na gestão <strong>de</strong><br />
Eduardo Riomey Yassuda como<br />
secretário <strong>de</strong> Obras do Estado, Tanaka<br />
foi conduzido à presidência da<br />
Companhia <strong>de</strong> Saneamento da Baixada<br />
Santista – SBS. Romeu Batista<br />
Suguiyama, com um traço meio oci<strong>de</strong>ntal<br />
e <strong>de</strong> bigo<strong>de</strong>, era mais <strong>de</strong>sembaraçado<br />
e comunicativo. Por alguma<br />
razão, ele foi se diplomar na minha<br />
turma. Chinya Assahina, nascido<br />
no Japão, aparentava ser um tanto<br />
idoso. Por ser do curso <strong>de</strong> química,<br />
via-o menos, mas encontrava-o entusiasmado<br />
em reuniões <strong>de</strong> nikkeis fora<br />
da escola. Goiti Suzuki conhecia-o<br />
bem <strong>de</strong> vista, mas não me recordo <strong>de</strong><br />
ter tido algum contato maior.<br />
Os posteriores da Politécnica<br />
Entre os que vieram <strong>de</strong>pois, mas<br />
ainda na Poli, eram poucos com os<br />
quais tinha alguma relação pessoal ou<br />
um conhecimento maior. Um <strong>de</strong>les<br />
era Sancho Morita, da turma imediatamente<br />
posterior, que já conhecia<br />
por razões <strong>de</strong> família. Tornou-se<br />
membro do corpo docente da Poli e<br />
da recém-criada Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Industrial, tendo se <strong>de</strong>dicado<br />
igualmente a várias ativida<strong>de</strong>s no<br />
ramo da indústria mecânica. Casouse<br />
com a minha prima Toshiko Fugita.<br />
Tetsuaki Misawa, nascido no<br />
Japão, e por isso falava fluentemente<br />
o japonês, era um dos que conhecia<br />
bem pelos contatos anteriores e pelo<br />
seu dinamismo e pela sua audácia.<br />
Ele foi um dos fundadores do Curso<br />
Cosmos, um preparatório para<br />
o vestibular, e ainda da Associação<br />
Cultural e Esportiva Piratininga, que<br />
congregava estudantes e recém-formados<br />
nikkeis no pós-guerra. Seus<br />
associados promoviam anualmente a<br />
chamada Caravana Estudantina para<br />
cida<strong>de</strong>s do interior, no período <strong>de</strong> fé-<br />
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especial<br />
rias. Contrariamente às expectativas<br />
<strong>de</strong> que iria exercer a profissão como<br />
autônomo, <strong>de</strong>dicou-se ao setor público,<br />
trabalhando no Departamento <strong>de</strong><br />
Águas e Esgotos da Capital. Casou-se<br />
com Yoshiko Asanuma, que havia se<br />
formado na medicina da USP vencendo<br />
os mais árduos obstáculos, conforme<br />
relatado no seu recente livro autobiográfico<br />
“Histórias <strong>de</strong> uma Vida”.<br />
Hissao Momoi, <strong>de</strong> duas turmas<br />
posteriores, foi meu colega <strong>de</strong> um internato<br />
na Rua Galvão Bueno, anos<br />
atrás, e continuava sendo metódico,<br />
formal e dono <strong>de</strong> um orgulho justificado.<br />
Lembro-me bem <strong>de</strong>le pela tez<br />
clara e pela sua caligrafia impecável.<br />
Muitos anos <strong>de</strong>pois, encontrei-o no<br />
bairro da Liberda<strong>de</strong>, quando me contou<br />
que estava estudando shodô, a<br />
arte tradicional da escrita japonesa,<br />
confirmando que continuava sendo<br />
a<strong>de</strong>pto da caligrafia. Um colega <strong>de</strong><br />
turma <strong>de</strong>le era Mitomu Simamura,<br />
<strong>de</strong> estilo reservado, bem vestido<br />
<strong>de</strong> terno tipo jaquetão azul-marinho,<br />
que já conhecia do tempo em que ele<br />
morava com Tetsuaki Misawa na<br />
região do Mercado Central. Casouse<br />
com Nair Tone, <strong>de</strong> Ourinhos, que<br />
também conheci em reuniões <strong>de</strong> estudantes<br />
na residência <strong>de</strong> uma professora<br />
<strong>de</strong> japonês, em Pinheiros. Mitomu<br />
tornou-se gran<strong>de</strong> empresário <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> em Londrina, on<strong>de</strong> há,<br />
inclusive, uma rua com o seu nome.<br />
Já estava além do meio do curso,<br />
quando conheci entre os “bichos”, a<br />
figura <strong>de</strong> Kokei Uehara. Já nos primeiros<br />
contatos, fiquei sabendo que<br />
ele estava atrasado nos estudos porque<br />
viera do Japão e ainda teve que<br />
trabalhar duro na lavoura com os <strong>de</strong>mais<br />
membros da família. Graças à<br />
ajuda e ao sacrifício <strong>de</strong> seus irmãos,<br />
viera à capital como o único que foi<br />
escolhido para prosseguir os estudos.<br />
Na Poli, foi um aluno maduro e<br />
respeitado. Ao se formar, tornou-se<br />
assistente do Prof. Lucas Nogueira<br />
Garcez. Prosseguindo no magistério,<br />
chegou ao ápice da carreira como professor<br />
titular. Mestre extremamente<br />
<strong>de</strong>dicado e incentivador dos alunos,<br />
recebeu o título <strong>de</strong> Professor Emérito,<br />
o primeiro atribuído a um nikkei<br />
ITA<br />
na Escola Politécnica. Na comunida<strong>de</strong><br />
nipo-brasileira, é a personalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque, uma vez que exerce<br />
o cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong><br />
Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e<br />
<strong>de</strong> Assistência Social. Nessa mesma<br />
turma, estava Makoto Nomura.<br />
Quando apareceu como um novo aluno,<br />
as atenções se voltaram para ele<br />
num misto <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e compaixão.<br />
Isso porque, pouco tempo antes,<br />
o pai <strong>de</strong>le, conhecido empresário,<br />
jornalista esclarecido e redator-chefe<br />
do jornal “Nippak Shimbun”, tinha<br />
sido uma das vítimas fatais da organização<br />
clan<strong>de</strong>stina Shindô Renmei.<br />
No entanto, Makoto não externava<br />
a dor e a tristeza internas que certamente<br />
sentia e circulava com humor,<br />
<strong>de</strong> avental branco, pelos pátios da Escola.<br />
Três décadas após, quando trabalhava<br />
no Laboratório <strong>de</strong> Hidráulica<br />
da Escola Politécnica, ele e outros<br />
colegas <strong>de</strong> serviço almoçavam diariamente<br />
num restaurante <strong>de</strong> comida<br />
japonesa, no bairro <strong>de</strong> Pinheiros. Eu<br />
gostava <strong>de</strong> me juntar a eles, uma vez<br />
por semana.<br />
Em 1950, quando já estava no último<br />
ano, entrou mais uma turma. Lá<br />
estava, entre outros, Mitsuo Ohno,<br />
que era <strong>de</strong> uma família que conhecia<br />
bem. O seu irmão Hajimu Ohno e<br />
o seu cunhado Masao Sugaya, já citados,<br />
incluíam-se entre os primeiros<br />
nikkeis a se formarem na mesma escola.<br />
Mitsuo teve a melhor classificação<br />
no vestibular <strong>de</strong>sse ano. Tornouse<br />
professor da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Topografia<br />
e Geodésia da própria Politécnica.<br />
Entre o grupo dos pioneiros, encontram-se<br />
alguns que ainda estudavam<br />
na Poli após a minha formatura.<br />
Um <strong>de</strong>les, Pedro Issao Ito, já o<br />
conhecia por ser filho do respeitado<br />
Reverendo Yasuji Ito, conhecido da<br />
família, o primeiro pastor evangélico<br />
que trabalhou com extrema <strong>de</strong>dicação<br />
com a comunida<strong>de</strong> japonesa no<br />
Brasil. Sadame Itinose foi um dos<br />
meus colegas do internato da Rua<br />
Galvão Bueno, no início da década<br />
<strong>de</strong> 40. Vinha <strong>de</strong> Araçatuba, cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> origem <strong>de</strong> muitos outros colegas,<br />
nessa casa <strong>de</strong> estudantes. Itinose,<br />
na época, gostava <strong>de</strong> argumentar<br />
e era convicto em suas afirmativas.<br />
Expunha suas idéias sempre com o<br />
<strong>de</strong>do indicador em riste. Foi também<br />
expedicionário. Houve alguma<br />
outra razão, que não vim saber, que<br />
o fez atrasar na conclusão do curso<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Harumi Ohno é a primeira mulher<br />
<strong>de</strong> origem japonesa a se formar<br />
no Estado <strong>de</strong> São Paulo e, certamente,<br />
no Brasil. É irmã <strong>de</strong> dois outros engenheiros<br />
Hajimu Ohno e Mitsuo<br />
Ohno e cunhada <strong>de</strong> Masao Sugaya.<br />
Numa certa época, a família contava,<br />
pois, com quatro engenheiros, todos<br />
formados na Politécnica. Conheci<br />
Foto: Acervo ITA<br />
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especial<br />
Edifício central da Esalq<br />
bem Harumi Ohno, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes <strong>de</strong><br />
ela iniciar o estudo da <strong>Engenharia</strong>.<br />
Depois <strong>de</strong> formada e já trabalhando<br />
na profissão no Departamento <strong>de</strong><br />
Obras Sanitárias, ce<strong>de</strong>u-me algumas<br />
horas disponíveis para preparar os<br />
<strong>de</strong>senhos técnicos <strong>de</strong> um livro sobre<br />
poços profundos, do qual eu era um<br />
dos autores, publicado pela Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública.<br />
Os conhecidos<br />
<strong>de</strong> outras escolas<br />
Da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Mackenzie - EEM<br />
Já me referi a Takeo Kawai e<br />
Kaol Suguimoto, dois <strong>de</strong>ntre os<br />
mais antigos do Mackenzie. Ainda no<br />
Mackenzie, conhecia <strong>de</strong> vista, quando<br />
estudava lá, o Kazuo Sakamoto,<br />
mais gordo, e o seu irmão Satiro<br />
Sakamoto, mais magro, que, na época,<br />
faziam o ginásio e mais tar<strong>de</strong> se<br />
formariam também engenheiros por<br />
essa escola. Moravam na rua Major<br />
Sertório, a dois passos do Mackenzie.<br />
O pai <strong>de</strong>les foi personalida<strong>de</strong> proeminente<br />
da comunida<strong>de</strong> japonesa <strong>de</strong> São<br />
Paulo e muito chegado a um tio meu,<br />
por terem pertencido ambos à companhia<br />
colonizadora Kaikô – Kaigai<br />
Kogyô Kabushiki Kaisha (KKKK).<br />
Satiro Sakamoto trabalhou até recentemente<br />
na Sabesp, empresa em<br />
que também trabalhei. Conheci igualmente<br />
Izumi Yuasa, sério, <strong>de</strong> rosto<br />
chupado e <strong>de</strong> óculos <strong>de</strong> aro metálico.<br />
Constava que, sendo ele filho <strong>de</strong> um<br />
pastor evangélico, o Mackenzie, que<br />
é <strong>de</strong> origem religiosa, oferecia-lhe<br />
uma bolsa <strong>de</strong> estudos, como cortesia<br />
da instituição. Kioshi Kato, também<br />
chamado <strong>de</strong> Pedro, fiquei conhecendo<br />
por meio <strong>de</strong> sua irmã Inez, muito<br />
amiga <strong>de</strong> Kazue Iamane, que viria<br />
ser a minha esposa. O pai <strong>de</strong> Kioshi,<br />
Carlos Y. Kato, que tinha um nome<br />
cristão incorporado informalmente<br />
ao seu nome, foi um empresário <strong>de</strong> vivência<br />
internacional e <strong>de</strong> larga experiência,<br />
tendo sido o principal fundador<br />
do Banco América do Sul. Pedro<br />
Kioshi Kato tornou-se o presi<strong>de</strong>nte<br />
da Construtora Engin, <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Yasuo Yamamoto foi um contemporâneo<br />
do estudo <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
Minhas relações com ele não eram<br />
nem freqüentes e nem muito próximas,<br />
mas encontrava-o vez ou outra,<br />
ocasião em que trocávamos algumas<br />
palavras. Tornou-se um conceituado<br />
calculista <strong>de</strong> estruturas. Em companhia<br />
<strong>de</strong> Gen Tsunashima, meu colega<br />
<strong>de</strong> classe na Poli, e <strong>de</strong> outros, foi<br />
uma das pessoas que batalhou muito<br />
para a consolidação da instituição<br />
<strong>de</strong> assistência aos <strong>de</strong>ficientes Kibôno-ie.<br />
Kazunori Nishimura morava<br />
na casa <strong>de</strong> uma família que eu<br />
freqüentava amiú<strong>de</strong>. Dotado <strong>de</strong> um<br />
Foto: Acervo Esalq<br />
gênio que agradava a todos, cursava<br />
ainda a Escola Técnica Getúlio Vargas.<br />
Estudioso e lutador, venceu duras<br />
etapas até chegar à <strong>Engenharia</strong> do<br />
Mackenzie, quando perdi totalmente<br />
o contato com ele. Kazuo Nakashima<br />
foi colega <strong>de</strong> turma <strong>de</strong> Kazunori<br />
Nishimura. Nascido no Japão, tinha<br />
uma postura rígida e um olhar firme,<br />
e cumprimentava com forte aperto<br />
<strong>de</strong> mão tendo o braço meio retraído.<br />
Casou-se com Flávia Toshie Wada,<br />
uma gran<strong>de</strong> amiga <strong>de</strong> minhas irmãs,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo em que eram colegas<br />
da mesma faculda<strong>de</strong>, na USP. Uma<br />
particularida<strong>de</strong> do Nakashima era a<br />
<strong>de</strong> ser um vegetariano ortodoxo, que<br />
não transigia <strong>de</strong> modo algum. A sua<br />
especialida<strong>de</strong> na profissão foi e ainda<br />
é <strong>de</strong> calculista <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s estruturas.<br />
Akira Kagano, <strong>de</strong> Cerqueira César,<br />
silencioso e pacato, foi meu colega<br />
numa casa <strong>de</strong> cômodos, no bairro da<br />
Liberda<strong>de</strong>. Ao <strong>de</strong>ixar essa casa, quando<br />
me casei, perdi contato com ele.<br />
Da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura<br />
Luiz <strong>de</strong> Queiroz - Esalq<br />
O mais antigo dos diplomados<br />
em Piracicaba, <strong>de</strong> meu conhecimento<br />
pessoal, mas que só fiquei sabendo ao<br />
ser organizada a lista dos pioneiros, é<br />
Takeki Tuboi. Ele foi também um<br />
dos companheiros <strong>de</strong> internato, durante<br />
um curto período. Tenho uma<br />
vaga lembrança que ele era originário<br />
<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> da Sorocabana. Tinha<br />
uma compleição mais ou menos<br />
avantajada, tez clara, e era possuidor<br />
<strong>de</strong> um temperamento calmo e meditativo.<br />
Lembro-me <strong>de</strong> ter emprestado<br />
a ele um bandolim, que foi trazido<br />
por um tio meu, dos Estados Unidos,<br />
após uma longa permanência. Tuboi<br />
queria apren<strong>de</strong>r a tocar esse instrumento.<br />
O outro é meu próprio irmão<br />
Shozo Nogami, formado em 1953.<br />
Após a conclusão do curso, foi levado<br />
pelo meu pai ao Japão, on<strong>de</strong> permaneceu<br />
um ano todo. Ao retornar,<br />
começou a apresentar problemas<br />
comportamentais que o dificultavam<br />
para o trabalho. Colaborou na<br />
implantação dos Clubes 4-H (Head,<br />
Heart, Hand e Health) <strong>de</strong>stinados<br />
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especial<br />
a formar jovens lí<strong>de</strong>res em ativida<strong>de</strong>s<br />
do campo. Por meio <strong>de</strong>le, ouvi<br />
falar <strong>de</strong> alguns outros engenheiros<br />
agrônomos da mesma época, que ele<br />
respeitava pela competência e <strong>de</strong>dicação.<br />
Entretanto, eles não foram <strong>de</strong><br />
meu conhecimento pessoal.<br />
Do <strong>Instituto</strong> Tecnológico<br />
<strong>de</strong> Aeronáutica – ITA<br />
Conheci o único que consta da<br />
lista dos pioneiros: Antonio Hi<strong>de</strong>to<br />
Kobayashi. Era filho <strong>de</strong> Midori<br />
Kobayashi, o diretor do internato da<br />
Rua Galvão Bueno, 407. Na ocasião<br />
em que eu era interno <strong>de</strong> lá, Hi<strong>de</strong>to<br />
não passava <strong>de</strong> um menino <strong>de</strong><br />
menos <strong>de</strong> 10 anos. Tinha os cabelos<br />
bem negros, com o corte em formato<br />
<strong>de</strong> cuia, e falava somente em japonês.<br />
Nem sabia que seu prenome<br />
era Antonio. Na época da 2ª Guerra<br />
Mundial, o internato teve que ser fechado<br />
e os Kobayashi retiraram-se<br />
para a Zona Sul, na periferia da capital.<br />
Perdi contato com eles. Foi uma<br />
surpresa ver o nome <strong>de</strong> Hi<strong>de</strong>to como<br />
o único da lista dos pioneiros e, mais<br />
ainda, na condição <strong>de</strong> primeiro nikkei<br />
formado pelo ITA.<br />
Da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Industrial – FEI<br />
“Detendo-me em cada<br />
nome, comecei a me<br />
lembrar da figura<br />
<strong>de</strong>les, associada às<br />
particularida<strong>de</strong>s físicas<br />
que me chamaram a<br />
atenção na época”<br />
A FEI começou a funcionar em<br />
1946, no mesmo ano em que entrei<br />
na Politécnica. As notícias sobre as<br />
primeiras turmas ainda eram muito<br />
vagas, porém sabia que um colega<br />
conhecido estava estudando na nova<br />
faculda<strong>de</strong>. Era Hirose Yamamoto<br />
que, numa certa época, também morava<br />
no mesmo quarto <strong>de</strong> Tetsuaki<br />
Misawa e Mitomu Simamura, nas<br />
proximida<strong>de</strong>s do Mercado Municipal.<br />
Ele foi o segundo nikkei a se formar<br />
na FEI. Lembro-me que ele gostava <strong>de</strong><br />
jogar baseball. Casou-se com a filha <strong>de</strong><br />
Yasutaro Ishikawa, <strong>de</strong> Santo André,<br />
um amigo <strong>de</strong> meu pai, e foi trabalhar<br />
no Departamento <strong>de</strong> Águas e Energia<br />
Elétrica. Luiz Gonzaga Nakaya<br />
era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> proprietários da<br />
tradicional Casa Nakaya <strong>de</strong> artigos japoneses<br />
no bairro da Liberda<strong>de</strong>. Embora<br />
abonado, era diferente <strong>de</strong> outros<br />
<strong>de</strong> igual condição, pois era estudioso<br />
e muito sério. Trabalhou na Büssing<br />
e na Bar<strong>de</strong>lla e foi professor tanto da<br />
FEI como da Politécnica. Estive no<br />
casamento <strong>de</strong>le com Rúbia Konda, filha<br />
do abnegado médico Dr. Motomu<br />
Konda, <strong>de</strong> Lins. Ela era colega <strong>de</strong> minhas<br />
irmãs, quando juntas moravam<br />
em São Paulo na residência <strong>de</strong> outro<br />
médico, o Dr. Yoshinobu Takeda. Para<br />
ela, cheguei a dar aulas <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong><br />
matemática. Luiz Nakaya faleceu<br />
cedo, em plena fase <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />
De outros Estados<br />
Ao me formar na Escola <strong>de</strong> Comércio<br />
Mackenzie, em 1941, fui até o Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro a fim <strong>de</strong> registrar o meu<br />
diploma no Ministério da Educação.<br />
Nessa ocasião, fui a pedido <strong>de</strong> minha<br />
avó a Niterói, para levar uma pequena<br />
encomenda <strong>de</strong>stinada a Sra. Yamagata.<br />
Ela era a viúva do pioneiro e arrojado<br />
empresário Yuzaburo Yamagata, que<br />
foi o melhor amigo <strong>de</strong> meu avô Saburo<br />
Kumabe, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se conheceram no<br />
Rio, por volta <strong>de</strong> 1913. A casa que procurei<br />
era <strong>de</strong> um dos filhos <strong>de</strong>la, Fumio<br />
Yamagata. Não o encontrei pessoalmente,<br />
mas sabia que ele e seu irmão<br />
maior Takeo Yamagata já eram,<br />
nessa época, engenheiros formados e<br />
estavam em franca ativida<strong>de</strong>. Foram,<br />
com certeza, os primeiros engenheiros<br />
nikkeis no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Pertencia<br />
a eles a firma Yamagata <strong>Engenharia</strong>,<br />
que executou, inclusive em São Paulo,<br />
algumas obras <strong>de</strong> envergadura.<br />
Eles, como também Ayami<br />
Tsukamoto, do Paraná, já citado,<br />
não se acham incluídos na relação<br />
dos engenheiros nikkeis pioneiros<br />
porque a lista do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
contempla apenas os que se<br />
formaram no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
No entanto, foram aqui citados, por<br />
terem pertencido também, e com<br />
gran<strong>de</strong> mérito, ao pelotão <strong>de</strong> vanguarda<br />
da enorme classe <strong>de</strong> profissionais<br />
nikkeis que se formaria ao longo dos<br />
anos na área da engenharia, seguindo<br />
o exemplo <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>sbravadores.<br />
Palavras finais<br />
Resta-me dizer que figuro como<br />
o 34º elemento da relação. Consi<strong>de</strong>rando<br />
somente os diplomados na Escola<br />
Politécnica, ocupo a 21ª posição.<br />
Sinto imenso orgulho em estar entre<br />
os pioneiros.<br />
Formei-me em 1950, com 27 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. E, estando já em ativida<strong>de</strong><br />
profissional, fui cursar a Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública para me especializar<br />
em <strong>Engenharia</strong> Sanitária. Fui<br />
sempre ligado ao serviço público.<br />
Comecei na Prefeitura Municipal<br />
<strong>de</strong> Santo André, em que permaneci<br />
por cinco anos, para <strong>de</strong>pois prosseguir<br />
em diversos órgãos estaduais<br />
da área do saneamento básico, ocupando<br />
cargos <strong>de</strong> chefia, assessoria e<br />
direção. Aposentei-me em 1996 na<br />
Sabesp, empresa na qual havia trabalhado<br />
os últimos 20 anos. Durante<br />
um período <strong>de</strong> 14 anos, <strong>de</strong>diquei-me<br />
também ao magistério, ministrando<br />
aulas em cursos <strong>de</strong> pós-graduação<br />
nas escolas da USP.<br />
Li e reli várias vezes este texto,<br />
quando sempre acrescentava, suprimia<br />
ou corrigia alguma frase. Toda<br />
vez que fazia isso, voltava-me à memória<br />
a figura <strong>de</strong> cada um dos que<br />
foram citados, num agradável retrospecto,<br />
como se o tempo tivesse parado<br />
em meados do século passado.<br />
Sobre alguns <strong>de</strong>les, po<strong>de</strong>ria escrever<br />
páginas inteiras, tal a convivência<br />
que tive com eles. Um dia talvez, vou<br />
me <strong>de</strong>dicar a isso.<br />
IE<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 49<br />
Especial.indd 49 8/10/2008 18:58:43
mosaico<br />
Foto: Acervo Esalq<br />
Pavilhão <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Esalq<br />
Placa comemorativa dos 100 anos da Poli<br />
e da inauguração do Jardim Japonês<br />
Foto: Acervo Politécnica<br />
Foto: Arquivo Paulo Soichi Nogami<br />
Alunos no pátio em frente ao edifício<br />
Paula Souza da Politécnica<br />
50 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
Mosaico.indd 50 8/10/2008 19:00:37
mosaico<br />
Kawachi Maru na partida<br />
do porto <strong>de</strong> Kobe em 1914<br />
Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />
Foto: Acervo FEI<br />
Estacionamento e<br />
<strong>de</strong>pendência da FEI<br />
Foto: Acervo ITA<br />
Biblioteca do ITA em 1950<br />
Foto: Acervo do MHIJB/SP<br />
kasato Maru em 1910<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 51<br />
Mosaico.indd 51 8/10/2008 19:00:54
artigos<br />
Lições apreendidas<br />
com Yojiro Takaoka<br />
Yojiro Takaoka era um gran<strong>de</strong><br />
homem, tinha sempre<br />
claros seus objetivos, não<br />
via problemas em seu caminho<br />
e sim <strong>de</strong>safios.<br />
Tinha seus pensamentos no futuro<br />
e suas ações no presente, seguia<br />
sempre em frente, levando do passado<br />
apenas a experiência vivida.<br />
Tinha personalida<strong>de</strong> forte e não<br />
se <strong>de</strong>ixava levar pelos fracos e nem<br />
permitia que o medo tomasse conta<br />
<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino.<br />
“Se você quiser construir uma<br />
ponte sobre um rio, estu<strong>de</strong> bem os<br />
níveis históricos <strong>de</strong> enchentes, veja<br />
a topografia, seja cuidadoso com a<br />
técnica. Mas não se esqueça <strong>de</strong> falar<br />
com o caboclo que viveu ali toda sua<br />
vida. Ele provavelmente saberá dizer<br />
quando a água subiu mais alto,<br />
muito melhor do que todos os boletins<br />
técnicos. Preste sempre a atenção<br />
no que as pessoas têm a dizer.”<br />
(Yojiro Takaoka)<br />
Não era inflexível, sabia ouvir as<br />
pessoas, reconhecer seus erros com<br />
humilda<strong>de</strong> e ser perseverante na realização<br />
<strong>de</strong> seus sonhos.<br />
“O lugar on<strong>de</strong> se mora não precisa<br />
ser rico nem mesmo estar totalmente<br />
acabado, o que importa é<br />
a sua história. A casa <strong>de</strong>ve ser o seu<br />
sonho, o lugar <strong>de</strong> referência que você<br />
criou e on<strong>de</strong> se sente bem. Daí eu valorizo<br />
mais o sonho que a realida<strong>de</strong>.”<br />
(Yojiro Takaoka)<br />
Ele conceituava <strong>de</strong> forma sistêmica<br />
seus projetos, imaginando-os<br />
sempre com pessoas nele vivendo,<br />
trabalhando e <strong>de</strong>les se utilizando e<br />
não como simples traços no papel.<br />
“A urbanização é a partida para<br />
a habitação organizada, mas não é<br />
o único elemento responsável pela<br />
qualida<strong>de</strong> da vida urbana. Tanto assim,<br />
que não se consegue <strong>de</strong>finir qual<br />
a pessoa mais feliz: aquela que mora<br />
num palacete, numa casa ou num<br />
barraco.” (Yojiro Takaoka)<br />
Marcelo Vespoli Takaoka<br />
Ele sabia muito bem como trabalhar<br />
com expectativas e como gerar a<br />
imagem do que <strong>de</strong>veria ser seus projetos<br />
no futuro para aqueles que se<br />
interessavam e acreditavam em seus<br />
sonhos.<br />
O homem mais feliz é o que se julga<br />
feliz.”( Yojiro Takaoka)<br />
“Ele conceituava <strong>de</strong><br />
forma sistêmica seus<br />
projetos, imaginandoos<br />
sempre com<br />
pessoas nele vivendo,<br />
trabalhando e <strong>de</strong>les se<br />
utilizando e não como<br />
simples traços<br />
no papel”<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
Ele se preocupava com o entorno<br />
<strong>de</strong> seus projetos, pintava casas que<br />
estavam na mesma rua para embelezar<br />
e dar vida ao local, e entendia que<br />
muros, por si só, não são suficientes<br />
para construir uma socieda<strong>de</strong> segura<br />
e feliz.<br />
“Todo o esforço que fiz, o investimento,<br />
essa minha luta não foi para<br />
provocar uma segregação, quero que<br />
todos tenham direito a riqueza que<br />
será produzida.” (Yojiro Takaoka)<br />
Estabelecer uma relação <strong>de</strong> confiança,<br />
lealda<strong>de</strong> e parceria com seus<br />
clientes era um <strong>de</strong> seus valores mais<br />
importantes, no sentido <strong>de</strong> proporcionar<br />
uma vida longa e próspera<br />
para sua empresa.<br />
“Po<strong>de</strong> ser que os outros tenham<br />
se dado mal trabalhando <strong>de</strong>sta forma,<br />
mas comigo a relação <strong>de</strong> confiança<br />
e lealda<strong>de</strong> sempre <strong>de</strong>u certo.”<br />
(Yojiro Takaoka)<br />
Ele gostava <strong>de</strong> ensinar, pois acreditava<br />
que quem mais apreendia com<br />
isso era ele mesmo, na medida em que<br />
seus ensinamentos geravam dúvidas,<br />
questionamentos e novas idéias.<br />
“Você não po<strong>de</strong> crescer sem que os<br />
outros também cresçam à sua volta.<br />
Só <strong>de</strong>ssa forma você se sentirá realmente<br />
realizado.” (Yojiro Takaoka)<br />
Finalmente, dizia ele, o importante<br />
é fazer o que gosta, há que se ter<br />
prazer e amor com o trabalho que se<br />
faz para se alcançar seus objetivos.<br />
“A melhor profissão é aquela cujo<br />
exercício nos dá prazer. Trabalho<br />
feito sem prazer, além <strong>de</strong> representar<br />
gran<strong>de</strong>s sacrifícios, não tem qualida<strong>de</strong>.<br />
Torna-se penoso e, provavelmente,<br />
não levará a obtenção dos<br />
vossos objetivos.” (Yojiro Takaoka)<br />
(Frases retiradas do Livro Yojiro<br />
Takaoka: o construtor <strong>de</strong> sonhos, <strong>de</strong><br />
Even Sacchi)<br />
IE<br />
Marcelo Vespoli Takaoka<br />
Filho <strong>de</strong> Yojiro Takaoka,<br />
homenageado formado em 1949<br />
52 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
Artigos.indd 52 8/10/2008 19:31:39
artigos<br />
Lembranças <strong>de</strong> meu pai, Takeo Kawai<br />
Meu pai nasceu em 30 <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 1906, em Gokatsura,<br />
província <strong>de</strong> Mieken,<br />
no Japão, on<strong>de</strong> sua<br />
família era proprietária <strong>de</strong> uma fábrica<br />
<strong>de</strong> saquê já há algumas gerações.<br />
Des<strong>de</strong> muito jovem, dizia que viveria<br />
fora do país natal. Lia literatura russa,<br />
muito em voga no meio estudantil<br />
japonês da época, literatura essa que<br />
exaltava o socialismo e valorizava o<br />
trabalho com a terra como a mais nobre<br />
ativida<strong>de</strong> do homem. Não via perspectivas<br />
para seu futuro no Japão, em<br />
pleno regime militarizado. Escolheu o<br />
Brasil como <strong>de</strong>stino, pois lera e ouvira<br />
falar que era um país com potencial <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e que acolhia bem os<br />
estrangeiros. Pensou que aqui po<strong>de</strong>ria<br />
iniciar uma vida honesta <strong>de</strong> agricultor,<br />
apesar <strong>de</strong> nunca ter tido experiência<br />
no trato com a terra.<br />
Assim, encerrado o curso secundário,<br />
<strong>de</strong>ixou sua família e partiu,<br />
juntamente com imigrantes japoneses,<br />
rumo ao Brasil, on<strong>de</strong> chegou em<br />
6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1925, no porto <strong>de</strong> Santos.<br />
Logo se dirigiu a uma fazenda em<br />
Bauru, no Estado <strong>de</strong> São Paulo (Bauru<br />
fazia parte da frente <strong>de</strong> expansão cafeeira<br />
da época. Lembro <strong>de</strong> meu pai<br />
comentando que o sol estava sempre<br />
encoberto pela fumaça das queimadas<br />
das matas). A primeira coisa solicitada<br />
pelo fazen<strong>de</strong>iro aos imigrantes foi que<br />
mostrassem suas mãos. As <strong>de</strong> meu pai,<br />
lisas e macias, eram as <strong>de</strong> quem, até<br />
aquele momento, não tinha feito outra<br />
coisa senão estudar. O fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>stinou-o,<br />
então, a trabalhar como ajudante<br />
na se<strong>de</strong> da fazenda para cuidar<br />
das galinhas, varrer o terreiro, ajudar<br />
na copa etc., ativida<strong>de</strong>s muito distantes<br />
do agricultor que pretendia ser. Ficou<br />
lá alguns meses; frustrado, percebeu<br />
que <strong>de</strong>veria tomar outro rumo.<br />
Como contava com o apoio da família,<br />
caso se <strong>de</strong>cidisse continuar os<br />
estudos, acabou vindo para São Paulo,<br />
ingressando no curso <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Celia Kawai<br />
na Universida<strong>de</strong> Mackenzie em 1927.<br />
Apesar das dificulda<strong>de</strong>s com a língua,<br />
sua força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> garantiu-lhe um<br />
bom <strong>de</strong>sempenho na escola, tendo se<br />
formado em <strong>Engenharia</strong> Civil em 1931.<br />
Voltou ao Japão, on<strong>de</strong> ficou quatro<br />
anos para complementar os estudos<br />
em <strong>Engenharia</strong>. Retornando ao Brasil,<br />
trabalhou em empresas japonesas, o<br />
que lhe propiciou conhecer o interior<br />
do Brasil em viagens memoráveis,<br />
como a que fez, a cavalo, pelo sertão<br />
<strong>de</strong> Goiás. Uma das suas principais características<br />
era a <strong>de</strong> aliar o espírito <strong>de</strong><br />
aventura com a aventura do espírito.<br />
“Uma das suas<br />
principais<br />
características era<br />
a <strong>de</strong> aliar o espírito<br />
<strong>de</strong> aventura com a<br />
aventura do espírito”<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
Assim, as viagens eram para ele uma<br />
ocasião para ampliar seus conhecimentos,<br />
um pretexto para iniciar ou<br />
aprofundar investigações sobre os<br />
mais diversos assuntos.<br />
Em 1940, já com 34 anos, casou-se<br />
com minha mãe por apresentação, um<br />
costume muito difundido entre os japoneses.<br />
Tiveram quatro filhos.<br />
Nossa infância toda foi marcada<br />
pelo novo emprego <strong>de</strong> meu pai na<br />
Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Cotia. Esse<br />
trabalho resgatava o sonho que o impulsionou<br />
a vir para o Brasil, o <strong>de</strong> ter<br />
um trabalho ligado à terra. Ele pô<strong>de</strong> ali<br />
aplicar os seus conhecimentos técnicos<br />
para atingir os i<strong>de</strong>ais a que a cooperativa<br />
se propunha. Acompanhou com<br />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação o seu crescimento,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a pequena associação <strong>de</strong> agricultores<br />
até ela se transformar em uma<br />
organização agroindustrial mais complexa.<br />
Até os anos 60, a cooperativa era<br />
para meu pai como uma gran<strong>de</strong> família,<br />
tanto que freqüentávamos as casas<br />
e as festas dos cooperados e dos funcionários.<br />
À medida que sua estrutura<br />
se tornava mais complexa e impessoal,<br />
meu pai foi se <strong>de</strong>sencantando até se<br />
<strong>de</strong>sligar completamente.<br />
Aposentado, pô<strong>de</strong> se envolver<br />
mais intensamente em ativida<strong>de</strong>s pelas<br />
quais sempre se interessou, como<br />
a participação em grupos <strong>de</strong> estudos<br />
e pesquisas sociológicas no Centro <strong>de</strong><br />
Estudos Nipo-Brasileiros.<br />
Já bem idoso e com mobilida<strong>de</strong> restrita,<br />
manteve acesa sua vida intelectual<br />
por meio <strong>de</strong> leituras e estudos que<br />
conduzia por conta própria. A par da<br />
ativida<strong>de</strong> intelectual, nunca <strong>de</strong>scuidou<br />
<strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> física, praticando natação<br />
diariamente até quase o fim da vida.<br />
Recapitulando todos esses momentos<br />
da trajetória <strong>de</strong> meu pai, fico<br />
convencida <strong>de</strong> que ele teve, enfim, a<br />
vida que almejava.<br />
IE<br />
Celia Kawai<br />
Filha <strong>de</strong> Takeo Kawai, 1º engenheiro<br />
nikkei formado em São Paulo<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008 53<br />
Artigos.indd 53 8/10/2008 19:31:40
artigos<br />
Tetsuaki Misawa<br />
Tetsuaki Misawa, filho <strong>de</strong> Nitaro<br />
e Shizue Misawa, nasceu<br />
em Kitami, província <strong>de</strong><br />
Hokkaido, no Japão, em 1.º<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1919. Aos 12 anos, após<br />
cursar parte do primário, imigrou para<br />
o Brasil, juntamente com seus pais e<br />
cinco irmãos. Estabeleceram-se na zona<br />
rural, como todos os imigrantes japoneses,<br />
on<strong>de</strong> ele iniciou o seu périplo <strong>de</strong><br />
estudos, com todas as dificulda<strong>de</strong>s inerentes<br />
à época. Diariamente, caminhava<br />
doze quilômetros, <strong>de</strong> ida e volta, sob sol<br />
ou chuva, para ir à escola. Vencer tantos<br />
obstáculos, amalgamou a sua personalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> lutas e sacrifícios.<br />
Fez o ginásio em São Paulo, no então<br />
afamado Colégio Paulistano, à Rua<br />
Taguá, trabalhando como office-boy<br />
e estudando até ingressar na Poli, formando-se<br />
em 1951. Em 1969, formouse<br />
engenheiro sanitarista, pela Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Higiene e Saú<strong>de</strong> Pública da USP.<br />
Aprimorou seus conhecimentos em<br />
viagens <strong>de</strong> estudos ao exterior, em 1959,<br />
para os EUA e, em 1967, para o Japão,<br />
trazendo importantes contribuições ao<br />
Departamento <strong>de</strong> Águas e Esgotos (atual<br />
Sabesp), em que trabalhou. Foi agraciado<br />
com a Medalha Cultural e Cívica<br />
José Bonifácio, pela Socieda<strong>de</strong> Brasileira<br />
<strong>de</strong> Heráldica e Medalhística.<br />
Ainda estudante, juntamente com<br />
alguns <strong>de</strong> seus colegas, fundou o Cursinho<br />
Kosmos, o qual se tornaria famoso<br />
no cenário educacional <strong>de</strong> São Paulo,<br />
quando um dos seus alunos foi aprovado<br />
em 1º lugar na Poli. Ele foi sempre um<br />
bom didata, segundo seus alunos. Tinha<br />
o dom da oratória, captando a simpatia<br />
do público, falando tanto em português<br />
como em japonês, pois dominava muito<br />
bem ambas as línguas. Atingia o âmago<br />
da alma das pessoas, conquistando-as<br />
com seu carisma e otimismo.<br />
No final da década <strong>de</strong> 40 e início<br />
<strong>de</strong> 50, os isseis e nisseis viviam ainda<br />
uma época <strong>de</strong> incertezas políticas e sociais,<br />
conseqüência da <strong>de</strong>sastrosa 2ª<br />
Guerra Mundial, culminando com a<br />
Dra. Yoshiko Asanuma Misawa<br />
chamada Shindorenmei, como muitos<br />
ainda se lembram.<br />
Para minimizar essa atmosfera e levantar<br />
o ânimo dos nossos pais e irmãos<br />
em ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressar no curso superior,<br />
um grupo <strong>de</strong> universitários <strong>de</strong> São<br />
Paulo levantou a ban<strong>de</strong>ira da “Caravana<br />
Cultural Estudantil”, que se concretizou<br />
em 1949. Dela participaram universitários<br />
da Poli, Medicina e Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Filosofia, Ciências e Letras. As três primeiras<br />
caravanas foram li<strong>de</strong>radas por<br />
Tetsuaki e Kiyono, por falarem fluentemente<br />
o japonês e o português. Graças a<br />
essa feliz iniciativa, muitos nikkeis vieram<br />
a São Paulo para prosseguirem os<br />
seus estudos e ingressarem em diversas<br />
faculda<strong>de</strong>s da capital.<br />
Foi durante essas caravanas que o<br />
<strong>de</strong>stino uniu o meu coração ao <strong>de</strong> Tetsuaki,<br />
éramos então estudantes <strong>de</strong> medicina<br />
da Pinheiros e <strong>de</strong> engenharia da<br />
Poli, respectivamente. Casamos em 1954,<br />
tendo dois filhos, Horácio (engenheiro) e<br />
Henrique (médico), e cinco netos.<br />
O <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> houve<br />
por bem homenagear Tetsuaki Misawa<br />
entre os “Engenheiros Nikkeis Pioneiros”<br />
neste ano do centenário da imigração<br />
japonesa no Brasil, inserindo em<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
seus anais alguns dados biográficos.<br />
Tetsuaki era uma pessoa extremamente<br />
humana, cordial, atenciosa,<br />
não só com seus familiares, amigos,<br />
clientes e colegas do Departamento <strong>de</strong><br />
Águas e Esgotos.<br />
Quando fazia plantão noturno,<br />
como engenheiro responsável pelo assentamento<br />
<strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> águas na capital,<br />
procurava sempre, <strong>de</strong> alguma forma,<br />
minimizar as árduas condições <strong>de</strong><br />
trabalho noturno dos trabalhadores.<br />
Foi, por isso, muito bem quisto pelos<br />
seus subordinados. O reconhecimento<br />
pelo seu brilhante trabalho técnico<br />
ren<strong>de</strong>u-lhe uma linda homenagem<br />
póstuma, com o seu nome dado a uma<br />
rua na Vila Mariana.<br />
Ele prezava todas as amiza<strong>de</strong>s e a<br />
convivência harmoniosa, sendo querido<br />
por todos na verda<strong>de</strong>ira acepção da<br />
palavra. Tanto que, nos congressos em<br />
que participava, os colegas sempre lhe<br />
cantavam o “Parabéns a você”, fosse seu<br />
aniversário ou não.<br />
Cumpridor da palavra, não titubeava<br />
em contrariar o seu superior se assim<br />
fosse preciso. Certa feita, o governador<br />
Jânio Quadros <strong>de</strong>terminou que uma<br />
linha <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> águas fosse inaugurada<br />
em um <strong>de</strong>terminado dia, a qualquer<br />
custo. Tetsuaki, como engenheiro responsável<br />
da obra, contrariou-o dizendo<br />
que o término da obra só se daria <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> mais uma semana. Dito e feito,<br />
na data, Jânio Quadros, com todo o<br />
espalhafato próprio da sua personalida<strong>de</strong>,<br />
abriu a torneira que fez jorrar a<br />
santificada água, para gáudio <strong>de</strong> toda<br />
a população da sua querida Vila Maria,<br />
seu eterno reduto eleitoral.<br />
Tetsuaki Misawa foi pai amantíssimo,<br />
carinhoso, filho sempre presente,<br />
esposo irrepreensível. A sua<br />
perda precoce, em 1971, foi dolorosa<br />
e irreparável.<br />
IE<br />
Dra. Yoshiko Asanuma Misawa<br />
Esposa <strong>de</strong> Tetsuaki Misawa,<br />
homenageado formado em 1951<br />
54 <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> • Especial • Outubro 2008<br />
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