My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
14 PERDA DE MEMÓRIA E INDEPENDÊNCIA ASSIMPTÓTICA 92<br />
Cantor invariante pela família quadrática. Seja f λ : R → R a transformação <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por<br />
x ↦→ λx (1 − x), on<strong>de</strong> λ > 0. A trajetória <strong>do</strong>s pontos x /∈ I = [0, 1] diverge, <strong>de</strong> fato |fλ n (x)| → ∞<br />
quan<strong>do</strong> n → ∞. O conjunto <strong>do</strong>s pontos <strong>da</strong> reta que têm órbitas limita<strong>da</strong>s é<br />
Λ = ∩ n≥0 f −n<br />
λ<br />
(I)<br />
Se λ > 4, então f −1<br />
λ<br />
([0, 1]) é a reunião disjunta <strong>de</strong> <strong>do</strong>is intervalos fecha<strong>do</strong>s I 0 e I 1 conti<strong>do</strong>s em<br />
I. Se λ é suficientemente gran<strong>de</strong>, o módulo <strong>da</strong> <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> f<br />
λ ′ é uniformemente > 1 nos pontos <strong>de</strong><br />
I 0 e I 1 . Mostre que, se λ é suficientemente gran<strong>de</strong>, f −(n+1)<br />
λ<br />
(I) é uma reunião disjunta <strong>de</strong> 2 n+1<br />
intervalos compactos estritamente conti<strong>do</strong>s, em pares, nos 2 n intervalos <strong>de</strong> f −n<br />
λ<br />
(I). Deduza que Λ<br />
é um conjunto <strong>de</strong> Cantor, e que a transformação f λ | Λ : Λ → Λ é topologicamente conjuga<strong>da</strong> ao<br />
shift <strong>de</strong> Bernoulli σ : Σ + → Σ + no alfabeto {0, 1}.<br />
14.5 Transformações expansoras<br />
A <strong>de</strong>pendência sensível <strong>da</strong>s condições iniciais po<strong>de</strong> ser induzi<strong>da</strong> por proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais fortes. Uma<br />
maneira obvia é “obrigar” f a esticar as distâncias, e isto po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> muita maneiras.<br />
Transformações expansoras. Uma transformação contínua f : X → X é expansiva se existe<br />
δ > 0 tal que para to<strong>do</strong>s x, x ′ ∈ X distintos existe um tempo n ≥ 0 tal que<br />
d(f n (x), f(x ′ )) > δ<br />
Uma transformação contínua f : X → X é expansora se existem µ > 1 e ε > 0 tais que para<br />
to<strong>do</strong>s x, x ′ ∈ X distintos com d(x, x ′ ) < ε<br />
d(f(x), f(x ′ )) > µ · d(x, x ′ )<br />
Esta é uma condição local, porque se ε fosse infinito nenhum espaço compacto admitiria transformações<br />
expansoras. Por outro la<strong>do</strong>, é precisamente nos espaços compactos que a expansivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
causa recorrências interessantes <strong>da</strong>s trajetórias: os pontos querem fugir uns <strong>do</strong>s outros, mas não<br />
têm muito espaço por on<strong>de</strong> ir, e acabam se reencontran<strong>do</strong> <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong>...<br />
A existência <strong>de</strong> transformações expansoras implica fortes restrições topológicas sobre o espaço<br />
X. Se X é uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o recobrimento universal <strong>de</strong> X tem que ser R n e o grupo fun<strong>da</strong>mental<br />
<strong>de</strong> X não po<strong>de</strong> ser arbitrário. Por exemplo, entre as superfícies fecha<strong>da</strong>s e orientáveis, só o toro<br />
admite transformações expansoras!<br />
Exercício. Dê exemplos <strong>de</strong> transformações expansoras <strong>de</strong> R, <strong>de</strong> R/Z e <strong>de</strong> R 2 /Z 2 .<br />
Desafios.<br />
• Prove que não existe nenhuma transformação expansiva f : I → I <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> num intervalo<br />
compacto I ⊂ R. Observe que uma tal transformação seria localmente injetiva, logo estritamente<br />
crescente ou <strong>de</strong>crescente...<br />
• Uma transformação expansora <strong>de</strong> um espaço compacto po<strong>de</strong> ser um homeomorfismo A<br />
resposta é sim, mas só se o espaço compacto tiver cardinali<strong>da</strong><strong>de</strong> finita! Arranjar um exemplo<br />
não é difícil. Por outro la<strong>do</strong>, mostrar que um espaço compacto e infinito não admite<br />
homeomorfismos expansores não é trivial...<br />
Expansão <strong>de</strong>cimal. Seja F a função x ↦→ 10 · x <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> na reta real. Mostre que ela “induz”<br />
uma transformação contínua f : R/Z → R/Z <strong>do</strong> círculo, por meio <strong>de</strong><br />
f (x + Z) = F (x) + Z<br />
(ou seja, mostre que esta expressão é in<strong>de</strong>pe<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> representante x escolhi<strong>do</strong> para o ponto x + Z<br />
<strong>do</strong> círculo, e mostre que f é contínua).<br />
Mostre que f é expansora, se o círculo é muni<strong>do</strong> <strong>da</strong> métrica stan<strong>da</strong>rd her<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong> métrica<br />
euclidiana <strong>da</strong> reta. (Observe que, se d(x, x ′ ) < 1/20, então d(f(x), f(x ′ )) = 10 · d(x, x ′ ) ...)