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My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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14 PERDA DE MEMÓRIA E INDEPENDÊNCIA ASSIMPTÓTICA 86<br />

14 Per<strong>da</strong> <strong>de</strong> memória e in<strong>de</strong>pendência assimptótica<br />

14.1 Órbitas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s<br />

Dicotomia: pontos regulares ou não regulares. Seja f : X → X uma transformação <strong>do</strong><br />

espaço métrico (X, d). As iterações <strong>de</strong> f divi<strong>de</strong>m <strong>de</strong> maneira natural o espaço X em duas classes<br />

<strong>de</strong> pontos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se as órbitas são “estáveis” ou “instáveis” por pequenas perturbações <strong>da</strong><br />

condição inicial.<br />

O ponto x ∈ X é regular se a família <strong>de</strong> transformações {f n } n∈N0 é equicontínua em x, ou seja,<br />

se para to<strong>do</strong> ε > 0 existe uma vizinhança B <strong>de</strong> x tal que para to<strong>do</strong> x ′ ∈ B e to<strong>do</strong> tempo n ≥ 0<br />

d (f n (x) , f n (x ′ )) < ε<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista físico isto quer dizer que, se os instrumentos têm sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ε, as trajetórias<br />

<strong>de</strong> apenas um ponto em ca<strong>da</strong> ε-bola são suficientes para <strong>de</strong>screver to<strong>da</strong>s as trajetórias <strong>do</strong>s pontos<br />

regulares. Em particular, se X é compacto e to<strong>do</strong> ponto é regular, um número finito <strong>de</strong> trajetórias<br />

<strong>de</strong>screve o comportamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as trajetórias a menos <strong>de</strong> um erro ε, por tempos arbitrariamente<br />

gran<strong>de</strong>s.<br />

O ponto x ∈ X não é regular se existe δ > 0 tal que para quaisquer vizinhança B <strong>de</strong> x existem<br />

x ′ ∈ B e um tempo n ≥ 0 tais que<br />

d (f n (x) , f n (x ′ )) > δ<br />

O significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta condição é que f “tem <strong>de</strong>pendência sensível <strong>da</strong>s condições iniciais” nas vizinhanças<br />

<strong>de</strong> x. Num certo senti<strong>do</strong>, as trajetórias <strong>de</strong> pontos numa vizinhança arbitrária <strong>de</strong> x<br />

“per<strong>de</strong>m memória” <strong>de</strong> x.<br />

Dependência sensível <strong>da</strong>s condições iniciais. Se o conjunto <strong>do</strong>s pontos não regulares for<br />

compacto, o δ acima po<strong>de</strong> ser escolhi<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ponto. Isto sugere a seguinte <strong>de</strong>finição.<br />

A transformação f : X → X tem <strong>de</strong>pendência sensível <strong>da</strong>s condições iniciais se to<strong>do</strong>s os pontos<br />

<strong>de</strong> X são “uniformemente” não regulares, ou seja, se existe δ > 0 tal que para to<strong>do</strong> x ∈ X e to<strong>da</strong><br />

vizinhança B <strong>de</strong> x, existem x ′ ∈ B e um tempo n ≥ 0 tais que<br />

d (f n (x ′ ) , f n (x)) > δ<br />

O significa<strong>do</strong> físico <strong>de</strong>ste fenómeno é: não inporta quanto pequena seja a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ε <strong>do</strong>s nossos<br />

instrumentos, as trajetórias <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pontos x e x ′ que nos consi<strong>de</strong>ramos “indistinguíveis” (ou seja<br />

a distância d(x, x ′ ) < ε) distam mais <strong>de</strong> um certo δ, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ε, passa<strong>do</strong> um certo tempo<br />

n.<br />

Conjuntos <strong>de</strong> Julia e <strong>de</strong> Fatou. A dicotomia acima é particularmente significativa para os<br />

en<strong>do</strong>morfismos <strong>da</strong> esfera <strong>de</strong> Riemann C = C∪{∞}, as transformações racionais f : C→C, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s<br />

por<br />

z ↦→ f(z) = p (z) /q (z)<br />

on<strong>de</strong> q e q são polinómios. Um ponto z ∈ C é dito “regular” se admite uma vizinhança U tal que a<br />

família {f n | U } n≥1 é uma família normal (i.e. to<strong>da</strong> sucessão <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> família admite uma<br />

subsucessão localmente uniformemente convergente). O conjunto F <strong>do</strong>s pontos regulares, que é um<br />

subconjunto aberto <strong>da</strong> esfera <strong>de</strong> Riemann, é dito conjunto <strong>de</strong> Fatou. O conjunto complementar,<br />

o fecha<strong>do</strong> J = C\F , é dito conjunto <strong>de</strong> Julia. O conjunto <strong>de</strong> Julia é on<strong>de</strong> acontece a dinâmica<br />

“<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>” <strong>de</strong> f. Se a transformação é <strong>da</strong> forma f (z) = z n com n > 1 (ou conformemente<br />

conjuga<strong>da</strong> a um polinómio <strong>de</strong>ste tipo), então J é um círculo. Se f é mais complica<strong>do</strong>, acontece que<br />

J é tipicamente um conjunto muito irregular: um conjunto <strong>de</strong> Cantor, uma curva não retificável<br />

<strong>de</strong> dimensão <strong>de</strong> Haus<strong>do</strong>rff > 1, ou um conjunto ain<strong>da</strong> mais esquisito. O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes fenómenos<br />

começou por volta <strong>de</strong> 1918-19, com os trabalhos <strong>de</strong> Gaston Julia e Pierre Fatou. A compreensão <strong>da</strong><br />

dinâmica <strong>do</strong>s en<strong>do</strong>morfismos <strong>da</strong> esfera <strong>de</strong> Riemann (<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> essencialmente às técnicas disponíveis<br />

<strong>de</strong> análise complexa) é um <strong>do</strong>s maiores sucessos <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rna teoria <strong>do</strong>s sistemas dinâmicos. Uma<br />

introdução excelente está nas notas <strong>de</strong> John Milnor, Dynamics in one complex variable, IMS-SUNY<br />

Stony Brook 1990.

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