19.01.2015 Views

My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

12 TRANSITIVIDADE E ÓRBITAS DENSAS 78<br />

12 Transitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e órbitas <strong>de</strong>nsas<br />

Na sua genial tentativa <strong>de</strong> justificar a termodinâmica a partir <strong>da</strong> hipótese molecular, Ludwig<br />

Boltzmann fez a sua famosa ”hipótese ergódica”. Ele conjeturou que ”a superficie <strong>de</strong> energia<br />

constante <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> muitas partículas interagentes (um gas) é composta <strong>de</strong> uma única<br />

órbita” e esta órbita ”passa em ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong> superficie um tempo assinptoticamente proporcional<br />

ao volume <strong>da</strong> região”. A primeira parte <strong>da</strong> hipótese equivale a dizer que a ação <strong>do</strong> tempo no espaço<br />

<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s é ”transitiva”: para ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s x e x ′ existe um tempo t tal que φ t (x) = x ′ .<br />

Ora, se o tempo é Z, isto não po<strong>de</strong> acontecer, a não ser que X seja enumerável. Em reali<strong>da</strong><strong>de</strong> o<br />

Boltzmann pensava no caso contínuo, on<strong>de</strong> o tempo é R, mas mesmo assim esta hipótese é falsa se<br />

X tem dimensão maior <strong>de</strong> um e se a ação é suficientemente suave para evitar fenómenos patológicos<br />

como curvas <strong>de</strong> Peano (e, aliás, as órbitas <strong>do</strong>s sistemas físicos são soluções <strong>de</strong> equações diferenciais,<br />

logo curvas diferenciáveis). O que sim po<strong>de</strong> acontecer, é que o sistema admita órbitas <strong>de</strong>nsas, e que<br />

estas sejam muitas. Este fenómeno, formaliza<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>finições à seguir, é o correspetivo topológico<br />

<strong>da</strong> ergodici<strong>da</strong><strong>de</strong>, e o seu signfica<strong>do</strong> é que o espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s é essencialmente um único pe<strong>da</strong>ço.<br />

A segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> hipótese é <strong>de</strong> natureza probabílistica, e é formaliza<strong>da</strong> na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> medi<strong>da</strong><br />

invariante ergódica.<br />

12.1 Transitivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Transformações transitivas. Seja X um espaço métrico completo e separável. Uma transformação<br />

contínua f : X → X é (topologicamente) +transitiva se verifica uma <strong>da</strong>s condições<br />

equivalentes:<br />

i) para ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>is abertos não vazios U, V ⊂ X existe um tempo n ≥ 0 tal que f n (U) ∩ V ≠ ∅,<br />

ii) existe um ponto x ∈ X tal que ω f (x) = X,<br />

iii) existe um conjunto residual <strong>de</strong> pontos x ∈ X tais que ω f (x) = X.<br />

As implicações iii) ⇒ ii) ⇒ i) são obvias, pois se ω f (x) = X, então a trajetória <strong>de</strong> x passa uma<br />

infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vezes por to<strong>do</strong>s os abertos não vazios <strong>de</strong> X. Para provar que i) ⇒ iii), a primeira<br />

observação é que a condição i) é equivalente a dizer que, para to<strong>do</strong> aberto não vazio V , a sua<br />

órbita ∪ n≥0 f −n (V ) é <strong>de</strong>nsa, e ain<strong>da</strong> mais, as suas órbitas ∪ n≥k f −n (V ) = ∪ n≥0 f −n ( f −k (V ) ) são<br />

<strong>de</strong>nsas para to<strong>do</strong> k ≥ 0. Agora, seja (U i ) i∈N uma base enumerável <strong>da</strong> topologia <strong>de</strong> X . A família<br />

<strong>do</strong>s ∪ n≥k f −n (U i ), com k ≥ 0 e i ≥ 1, é uma família <strong>de</strong> abertos <strong>de</strong>nsos em X. A sua interseção<br />

enumerável R = ∩ i∈N ∩ k≥0 ∪ n≥k f −n (U i ) é um conjunto residual, e um ponto x ∈ R tem uma<br />

trajetória que passa infinitas vezes por ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s abertos U i , i.e. ω f (x) = X.<br />

Também, é facil <strong>de</strong> ver que i) implica que X não tem pontos isola<strong>do</strong>s (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não tenha<br />

cardinali<strong>da</strong><strong>de</strong> finita, caso trivial em que X é composto por una única órbita). A ausência <strong>de</strong> pontos<br />

isola<strong>do</strong>s implica que, <strong>de</strong> fato, O + f (x)′ = X se x ∈ R.<br />

( +transitivo ⇒ NW f = X) Se f : X → X é +transitiva, então o seu conjunto não-errante é<br />

X, porque NW f contém os conjuntos ω-limite <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> X.<br />

( +transitivo ⇒ Rec f residual) Observe também que uma transformação +transitiva tem muitos<br />

pontos recorrentes, <strong>de</strong> fato um conjunto residual, porque se ω f (x) = X então x ∈ ω f (x).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!