My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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1 INTRODUÇÃO 6<br />
Regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s probabilísticas. Muitos sistemas interessantes têm comportamento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong><br />
(por exemplo, as trajetórias po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong>pendência sensível <strong>da</strong>s condições iniciais), e o esta<strong>do</strong><br />
inicial não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> com precisão (quer por razões “a priori”, quer porque to<strong>do</strong> instrumento<br />
tem a sua sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>). A <strong>de</strong>scrição estatística é neste caso uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e até po<strong>de</strong><br />
simplificar a vi<strong>da</strong>. Po<strong>de</strong> acontecer que o comportamento <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s trajetórias é tão irregular<br />
que acaba por parecer regular num senti<strong>do</strong> probabilístico. Este era o cenário imagina<strong>do</strong> por Ludwig<br />
Boltzmann, na sua teoria cinética <strong>do</strong>s gases, para justificar as lei observa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> termodinâmica.<br />
O estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s probabilísticas <strong>do</strong>s sistemas dinâmicos é dito “teoria ergódica”, em<br />
homenagem às intuições <strong>de</strong> Boltzmann, e nasceu nos anos trinta <strong>do</strong> século XX com os resulta<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> von Neumann, Birkhoff, Khinchin, Hopf, Kolmogorov... Em tempos mais recentes, matemáticos<br />
e físicos como Bowen, Ruelle, Sinai, <strong>de</strong>scubriram ligações interessantes com a mecânica estatística<br />
<strong>de</strong> Maxwell e Gibbs...<br />
Previsões robustas. Um sistema dinâmico po<strong>de</strong> ser pensa<strong>do</strong> como uma ”máquina” que pega<br />
numa condição inicial x e produz uma trajetória t ↦→ Φ t (x). O problema é <strong>de</strong>cidir se uma pequena<br />
perturbação <strong>de</strong> Φ (uma incerteza nos parâmetro <strong>da</strong> lei física), digamos Φ ′ , produz trajetórias<br />
“comparáveis” com as trajetórias <strong>de</strong> Φ. Uma resposta que é particularmente aprecia<strong>da</strong> pelos<br />
físicos consiste em formular resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>”, que digam que uma “distância” entre<br />
Φ e Φ ′ suficientemente pequena não altera a estrutura <strong>da</strong>s trajetórias. Isto levanta também a<br />
questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir se certos fenómenos são típicos ou não no espaço <strong>da</strong>s possíveis dinâmicas. A<br />
procura <strong>de</strong> sistemas “estruturalmente estáveis” <strong>de</strong>senvolveu-se a partir <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Andronov e<br />
Pontryagin, nos anos trinta <strong>do</strong> século XX. A “hiperbolici<strong>da</strong><strong>de</strong>” enquanto chave <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
estrutural foi <strong>de</strong>scoberta nos anos sessenta por Anosov, Smale, Sinai ..., ao <strong>de</strong>senvolver i<strong>de</strong>ias<br />
geométricas prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Ha<strong>da</strong>mard, Hopf , Hedlund ...<br />
1.4 Estratégia<br />
Para um matemático, um sistema dinâmico é uma ação G × X → X <strong>de</strong> um (semi)grupo “gran<strong>de</strong>”<br />
(tal que seja possível <strong>da</strong>r um senti<strong>do</strong> à uma expressão <strong>do</strong> género “g → ∞”) G sobre um espaço<br />
X. Estu<strong>da</strong>r um sistema dinâmico quer dizer compren<strong>de</strong>r o espaço <strong>da</strong>s órbitas G\X, ou melhor<br />
a maneira em que as diferentes órbitas Gx estão mergulha<strong>da</strong>s em X. A ênfase é no comportamento<br />
“assimptótico” <strong>da</strong>s trajetórias t ↦→ g t x quan<strong>do</strong> g t → ∞. Resulta que às vezes é possível<br />
fazer previsões interessantes esquecen<strong>do</strong> os “<strong>de</strong>talhes” <strong>da</strong> dinâmica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que X tenha alguma<br />
estrutura (uma topologia, uma métrica, uma estrutura diferenciável, simetrias, uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ...) que <strong>de</strong> alguma maneira precisa é respeita<strong>da</strong> pela evolução temporal, e que a lei<br />
<strong>de</strong> evolução tenha certas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s qualitativas. Este é o tema <strong>da</strong> teoria <strong>do</strong>s sistemas dinâmicos.<br />
A estratégia é selecionar mo<strong>de</strong>los simples e tratáveis, possivelmente “<strong>de</strong>scobrir” classes <strong>de</strong> sistemas<br />
com comportamento compreensível, na esperança <strong>de</strong> que sistemas “reais” tenham comportamentos<br />
comparáveis. Até esquecen<strong>do</strong> as motivações físicas, as i<strong>de</strong>ias <strong>da</strong> teoria <strong>do</strong>s sistemas dinâmicos fornecem<br />
outra maneira <strong>de</strong> olhar certas estruturas matemáticas, e produzem resulta<strong>do</strong>s interessantes<br />
em análise, geometria, teoria <strong>de</strong> grupos, teoria <strong>de</strong> números, etc...