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My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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1 INTRODUÇÃO 5<br />

Hidrodinâmica. O espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s é um espaço <strong>de</strong> funções com um certo número <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s<br />

parciais contínuas, por exemplo C ( k R 3 , R ) . Uma configuração, ou “campo”, é uma função<br />

q ↦→ u (q) e representa a “<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> macroscópica” <strong>de</strong> certos observáveis microscópicos (número<br />

<strong>de</strong> partículas, energia, pressão, ...). Uma equação diferencial fenomenológica <strong>de</strong>screve a evolução<br />

<strong>do</strong> campo. Por exemplo, a propagação <strong>do</strong> calor é suposta seguir a equação<br />

∂<br />

∂t u = σ∆u<br />

on<strong>de</strong> ∆ é o opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Laplace-Beltrami e σ é um coeficiente que <strong>de</strong>termina a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

propagação. O opera<strong>do</strong>r diferencial ∆ gera o semigrupo <strong>de</strong> opera<strong>do</strong>res e tσ∆ : C k ( R 3 , R ) →<br />

C k ( R 3 , R ) .<br />

1.3 Problemas físicos e pequena história<br />

O objetivo <strong>do</strong>s físicos é fazer previsões: querem saber o que acontece a um certo ponto x, ou melhor<br />

a um certo observável ϕ, passa<strong>do</strong> um tempo t, e possivelmente dizer o que acontece quan<strong>do</strong> t é<br />

gran<strong>de</strong>. Eis uma lista, não exaustiva, <strong>de</strong> problemas fisicamente relevantes.<br />

Calcular trajetórias. Resolver o “problema <strong>de</strong> Cauchy”: <strong>da</strong><strong>da</strong> uma condição inicial x, o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema no presente, <strong>de</strong>terminar os esta<strong>do</strong>s futuros Φ t (x) com t ≥ 0. No século XVII<br />

o Newton inventou o seu “methodus fluxionum” (o mo<strong>de</strong>rno cálculo diferencial e integral) para<br />

resolver as próprias equações e assim calcular as trajetórias <strong>do</strong>s planetas, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> uma explicação<br />

às leis <strong>de</strong> Kepler ...<br />

Regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s/periodici<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Decidir se o sistema tem trajetórias regulares, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

“previsíveis”. As mais previsíveis são as trajetórias periódicas, que satisfazem Φ T (x) = x para<br />

algum tempo T dito perío<strong>do</strong>, e que portanto regressam a x em ca<strong>da</strong> tempo múltiplo <strong>de</strong> T (a própria<br />

história <strong>do</strong> pensamento científico <strong>do</strong>s homens começou <strong>da</strong> observação <strong>da</strong>s periodici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s astros,<br />

<strong>da</strong>n<strong>do</strong> origem a cosmogonias e matemáticas em quase to<strong>da</strong> esquina <strong>do</strong> planeta). Decidir se as<br />

eventuais trajetórias regulares são observáveis, ou seja se uma pequena perturbação <strong>da</strong> condição<br />

inicial x ou <strong>da</strong> lei Φ ain<strong>da</strong> produz uma trajetória próxima <strong>da</strong> trajetória regular, ou se estraga<br />

tu<strong>do</strong>. A procura <strong>de</strong> órbitas periódicas e a teoria <strong>da</strong>s perturbações foi um <strong>do</strong>s temas favoritos <strong>do</strong>s<br />

físicos matemáticos <strong>do</strong> século XIX, particularmente interessa<strong>do</strong>s aos problemas <strong>da</strong> mecânica celeste.<br />

Nos anos cinquenta <strong>do</strong> século XX, Kolmogorov, e <strong>de</strong>pois Arnold e Moser, provaram o resulta<strong>do</strong><br />

espetacular <strong>de</strong> que muitos sistemas hamiltonianos têm muitas órbitas “quase-periódicas”.<br />

Descrição qualitativa. Determinar o comportamento qualitativo <strong>da</strong> “maioria” <strong>da</strong>s trajetórias.<br />

Acontece que, se o sistema não é extremamente simples (como um sistema kepleriano, uma partícula<br />

em um campo magnético constante, ...), é praticamente impossível “calcular” as trajectórias, embora<br />

possa ser possível provar a “existência”. Os físicos <strong>de</strong>vem ficar satisfeitos com uma <strong>de</strong>scrição<br />

“qualitativa” <strong>da</strong>s órbitas possíveis. No final <strong>do</strong> século XIX, Henri Poincaré mostrou que é possível<br />

fazer afirmações interessantes sobre o comportamento qualitativo <strong>da</strong>s trajetórias utilizan<strong>do</strong> informações<br />

fracas sobre a lei <strong>de</strong> evolução. O resulta<strong>do</strong> mais espetacular é o seu famoso “teorema<br />

<strong>de</strong> recorrência”. Outro exemplo é a classificação <strong>do</strong>s homeomorfismos <strong>do</strong> círculo, também <strong>de</strong>vi<strong>da</strong><br />

a Poincaré e <strong>de</strong>pois estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Denjoy.<br />

Problemas numéricos. Embora seja geralmente impossível calcular trajetórias, é possivel obter<br />

trajetórias aproxima<strong>da</strong>s (por exemplo, hoje em dia, utilizan<strong>do</strong> um computa<strong>do</strong>r que ”resolve”<br />

equações diferenciais, mas lembre que os astrónomos calculam “efeméri<strong>de</strong>s” e “calendários” <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

milénios!). Um esquema muito simplifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> cálculo numérico é assim. Da<strong>da</strong> uma condição inicial<br />

x e um “passo” τ, obtemos uma aproximação Φ ′ τ (x) <strong>de</strong> Φ τ (x) com um erro que possivelmente<br />

sabemos estimar, por exemplo limita<strong>do</strong> por ε. A seguir, utilizamos o nosso valor inicial Φ ′ τ (x) para<br />

estimar Φ 2τ (x), assim produzin<strong>do</strong> Φ ′ 2τ (x), supostamente a distância inferior a ε <strong>de</strong> Φ τ (Φ ′ τ (x)),<br />

mas geralmente a distância ain<strong>da</strong> maior <strong>de</strong> Φ 2τ (x)... O problema é <strong>de</strong>cidir se, quan<strong>do</strong> n é gran<strong>de</strong>,<br />

a nossa conjetura Φ ′ nτ (x) ain<strong>da</strong> tem alguma coisa a ver com o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro Φ nτ (x).

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