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My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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1 INTRODUÇÃO 4<br />

1 Introdução<br />

1.1 Sistemas dinâmicos<br />

Uma estrutura típica <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo físico é a seguinte. Existe um espaço X, dito “espaço <strong>do</strong>s<br />

esta<strong>do</strong>s”, <strong>do</strong> sistema (uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> simplética em mecânica clássica, um espaço <strong>de</strong> Hilbert em<br />

mecânica quântica, um certo espaço <strong>de</strong> funções em mo<strong>de</strong>los hidrodinâmicos ...). Existe um espaço<br />

T , que chamamos “tempo”, que contém um ponto chama<strong>do</strong> 0 (agora), e junto com t e s também<br />

contém t+s (se é possível esperar uma hora e esperar duas horas, também <strong>de</strong>ve ser possível esperar<br />

três horas). As “leis” <strong>da</strong> física <strong>de</strong>finem uma dinâmica em X: uma família <strong>de</strong> transformações<br />

Φ t : X → X, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s para t ∈ T , que verificam<br />

Φ 0 = id X e Φ t+s = Φ t ◦ Φ s .<br />

Portanto, as leis <strong>de</strong>finem uma ação Φ : T × X → X <strong>do</strong> semigrupo tempo no espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s. O<br />

ponto Φ t (x) é o esta<strong>do</strong> no tempo t <strong>de</strong> um sistema que estava no esta<strong>do</strong> x no tempo 0. A função<br />

t ↦→ Φ t (x) é a “trajetória” <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> inicial x. As leis po<strong>de</strong>m ser “reversíveis”, ou seja po<strong>de</strong>m<br />

permitir <strong>de</strong>cidir o que aconteceu no passa<strong>do</strong>, e nesse caso o tempo é i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o grupo<br />

R ou Z, ou irreversíveis, e neste caso o tempo é pensa<strong>do</strong> como o semigrupo R ≥0 ou N 0 . Se o tempo<br />

é contínuo, o (semi)grupo costuma ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> seu gera<strong>do</strong>r infinitesimal<br />

v = lim<br />

t↓0<br />

Φ t − id X<br />

t<br />

(o campo <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela equação <strong>de</strong> Newton F = ma, o grupo <strong>de</strong> opera<strong>do</strong>res unitários<br />

e −itH gera<strong>do</strong> pelo opera<strong>do</strong>r hamiltoniano H, o semigrupo e −t∆ gera<strong>do</strong> pelo opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Laplace-<br />

Beltrami ∆, . . . ). Se o tempo é discreto, o (semi)grupo é gera<strong>do</strong> pela transformação<br />

Φ 1 : X → X<br />

Numa experiência <strong>da</strong> física, não é necessariamente o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema que se observa. Fazer<br />

experiências quer dizer medir “observáveis”, ou seja ler nos instrumentos <strong>do</strong> laboratório os valores<br />

<strong>de</strong> certas funções ϕ : X → R (a distância entre <strong>do</strong>is planetas, a energia <strong>de</strong> um eletrão, a temperatura<br />

<strong>de</strong> um gás ...). A família <strong>de</strong> funções ϕ t = ϕ ◦ Φ t <strong>de</strong>screve a dinâmica <strong>do</strong> observável ϕ. De fato, o<br />

∫<br />

que se observa po<strong>de</strong>m ser médias temporais <strong>do</strong> genero 1 T<br />

T 0<br />

ϕ tdt, às vezes indiretamente por meio<br />

<strong>do</strong>s espetros <strong>de</strong> Fourier ∫ e ikt ϕ t dt ou <strong>de</strong> Laplace ∫ e st ϕ t dt.<br />

1.2 Exemplos físicos<br />

Só para ter uma i<strong>de</strong>ia...<br />

Mecânica clássica. O espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma partícula (pensa<strong>da</strong> como um ponto material)<br />

é, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o princípio <strong>de</strong> relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Galileo, R 3 × R 3 . Um esta<strong>do</strong> é um vetor x = (q, p),<br />

on<strong>de</strong> q ∈ R 3 é a “posição” e p = m ˙q ∈ R 3 o “momento”, ˙ <strong>de</strong>nota a <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> em or<strong>de</strong>m ao tempo<br />

e m a massa <strong>da</strong> partícula. A equação <strong>de</strong> Newton “força=massa×aceleração” se traduz no sistema<br />

<strong>de</strong> equações<br />

˙q = p/m ṗ = F<br />

que <strong>de</strong>finem um campo <strong>de</strong> vetores v = (p/m, F ) em R 3 × R 3 . A solução <strong>de</strong> dx (t) /dt = v (x (t))<br />

com condição inicial x (0) = x é a trajetória t ↦→ Φ t (x).<br />

Mecânica quântica. O espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma partícula é um espaço <strong>de</strong> Hilbert, por<br />

exemplo L ( 2 R 3) . Um esta<strong>do</strong> é uma função q ↦→ Ψ (q), que tem a interpretação <strong>de</strong> “<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> encontrar a partícula na posição q”. A “energia” é um opera<strong>do</strong>r linear autoajunto<br />

H : L ( 2 R 3) → L ( 2 R 3) , por exemplo <strong>da</strong> forma − ( 2 /2m ) ∆+V (q), on<strong>de</strong> ∆ é o opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

Laplace-Beltrami, é a constante <strong>de</strong> Planck, m é a massa <strong>da</strong> partícula, e V é a “energia potencial”.<br />

A equação <strong>de</strong> Schrödinger<br />

i ∂ ∂t Ψ = − 2<br />

2m ∆Ψ + V · Ψ<br />

gera o grupo unitário <strong>de</strong> opera<strong>do</strong>res e −itH/ : L 2 ( R 3) → L 2 ( R 3) .

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