My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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5 ÓRBITAS REGULARES E PERTURBAÇÕES 35<br />
Transformações crescentes <strong>do</strong> intervalo. Por exemplo, seja f : I → I uma transformação<br />
contínua e crescente <strong>do</strong> intervalo I. Então to<strong>da</strong> trajetória (x n ) n∈N0 é monótona, crescente ou<br />
<strong>de</strong>crescente. A sucessão monótona (x n ) n∈N0<br />
só po<strong>de</strong> fazer duas coisas: ser convergente, i.e. x n → p<br />
para algum ponto fixo p, se é limita<strong>da</strong>, ou ser divergente, no senti<strong>do</strong> em que x n → ±∞, se não é<br />
limita<strong>da</strong>. Em particular, se o intervalo I é compacto, a segun<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é impossível, logo<br />
to<strong>da</strong> trajetória é convergente. Isto implica que, se I é compacto, existe um compacto não vazio<br />
F ⊂ I <strong>de</strong> pontos fixos, e que os pontos em ca<strong>da</strong> componente conexa <strong>de</strong> I\F têm trajetórias conti<strong>da</strong>s<br />
na componente conexa, e convergentes para um ponto <strong>de</strong> ∂F .<br />
Exercícios.<br />
• Prove que um homeomorfismo f : I → I <strong>de</strong> um intervalo I ⊂ R não tem pontos periódicos<br />
com perío<strong>do</strong> superior a 2. Quan<strong>do</strong> tem pontos periódicos <strong>de</strong> perío<strong>do</strong> 2 <br />
(Se o homeomorfismo é crescente então nenhum ponto po<strong>de</strong> ter perío<strong>do</strong> superior a 1. De fato,<br />
as trajetórias são monótonas, portanto ou f (x) = x, ou f n+1 (x) > f n (x) > ... > x para<br />
to<strong>do</strong> n ≥ 1, ou f n+1 (x) < f n (x) < ... < x para to<strong>do</strong> n ≥ 1. Seja agora f um homeomorfismo<br />
<strong>de</strong>crescente. Não é difícil ver que f tem um, e um único, ponto fixo p, e que p divi<strong>de</strong> I em<br />
<strong>do</strong>is subintervalos I − e I + que são permuta<strong>do</strong>s pela transformação f. Observe também que,<br />
se f é <strong>de</strong>crescente, então f 2 é crescente. Seja x ≠ p tal que f 2 (x) ≠ x. Então as sucessões<br />
(<br />
f 2n (x) ) e ( f 2n+1 (x) ) são estritamente monótonas e estão em ”la<strong>do</strong>s” distintos <strong>de</strong> p, i.e.<br />
uma em I ± e a outra em I ∓ ...)<br />
• Sejam I ⊂ R um intervalo compacto e f : I → I uma função contínua e crescente. Prove que<br />
a trajetória <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ponto <strong>de</strong> I converge para um ponto fixo <strong>de</strong> f. Discuta a dinâmica <strong>de</strong> f.<br />
• Estu<strong>de</strong> também a dinâmica <strong>de</strong> uma transformação contínua e <strong>de</strong>crescente f : I → I <strong>de</strong>fini<strong>da</strong><br />
num intervalo compacto I ⊂ R.<br />
(Observe que, se f é <strong>de</strong>crescente, então f 2 é crescente... )<br />
Desafio. Sejam I um intervalo <strong>da</strong> reta real, e f : I → I e g : I → I <strong>do</strong>is homeomorfismos <strong>de</strong> I<br />
sem pontos periódicos. Prove que f e g são topologicamente conjuga<strong>do</strong>s.<br />
Teorema <strong>de</strong> Sharkovskii. A or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> reta também influi na distribuição <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s<br />
órbitas periódicas. Um resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Alexan<strong>de</strong>r N. Sharkovskii diz que existe uma or<strong>de</strong>m ≺ nos<br />
naturais<br />
1 ≺ 2 ≺ 2 2 ≺ 2 3 ≺ · · · ≺ 2 m ≺ · · · ≺ 2 k · (2n − 1) ≺ . . .<br />
. . . ≺ 2 k · 3 ≺ · · · ≺ 2 · 3 ≺ ... ≺ 2n − 1 ≺ · · · ≺ 9 ≺ 7 ≺ 5 ≺ 3<br />
tal que, se uma função contínua f : R → R tem uma órbita periódica <strong>de</strong> perío<strong>do</strong> k e se j ≺ k,<br />
então também tem uma órbita periódica <strong>de</strong> perío<strong>do</strong> j. Em particular, a existência <strong>de</strong> uma órbita<br />
<strong>de</strong> perío<strong>do</strong> 3 implica a existência <strong>de</strong> órbitas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s!<br />
5.5 Análise local: pontos fixos atrativos e repulsivos<br />
A diferenciabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s transformações e o princípio <strong>da</strong>s contrações aju<strong>da</strong>m a compren<strong>de</strong>r as<br />
trajetórias <strong>do</strong>s pontos numa vizinhança <strong>do</strong>s pontos periódicos.<br />
Pontos fixos atrativos. Sejam f : X → X uma transformação <strong>de</strong> classe C 1 <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> num<br />
aberto X ⊂ R n , e p ∈ X um ponto fixo <strong>de</strong> f.<br />
Teorema Se |f ′ (p)| < 1, então p é “atrativo”, ou seja, admite uma vizinhança B tal que f n (x) →<br />
p para to<strong>do</strong> x ∈ B.