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My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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5 ÓRBITAS REGULARES E PERTURBAÇÕES 34<br />

para to<strong>do</strong>s x, x ′ ∈ X distintos po<strong>de</strong> não ter pontos fixos.<br />

(Um exemplo com X não completo é obvio: basta retirar o ponto fixo <strong>de</strong> uma contração <strong>de</strong><br />

um espaço completo. Um exemplo “minimalista” com X completo, é um espaço forma<strong>do</strong> por<br />

uma única órbita, ou seja um espaço que só contém um ponto x 0 e os pontos x n = f n (x 0 )<br />

com n ≥ 1. Se d n <strong>de</strong>nota a distância d (x n , x n−1 ), então d n+1 < d n . Não queremos pontos<br />

fixos, portanto a sucessão (x n ) não po<strong>de</strong> ser convergente. Uma condição suficiente é que a<br />

série ∑ d n seja divergente ...)<br />

• Sejam a > 0 e x 0 > 0. Mostre que a sucessão (x n ) <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> indutivamente por<br />

x n+1 = 1 (<br />

x n + a )<br />

2 x n<br />

converge para √ a . Assuma que a = 2, escolhe um ponto inicial x 0 > 0, e estime a distância<br />

entre x n e √ 2. Utilize o resulta<strong>do</strong> para <strong>da</strong>r uma aproximação <strong>de</strong> √ 2 com <strong>do</strong>is dígitos <strong>de</strong>cimais<br />

correctos 8 .<br />

(A sucessão é uma trajetória <strong>da</strong> transformação f : x ↦→ (x + a/x) /2. Observe que a restrição<br />

<strong>de</strong> f ao <strong>do</strong>mínio [ √ a, ∞[ é uma contração, e que f (R >0 ) ⊂ [ √ a, ∞[, logo to<strong>da</strong> trajetória cai<br />

neste <strong>do</strong>mínio passa<strong>da</strong> uma iteração...)<br />

• Mostre que as contrações lineares <strong>da</strong> reta x ↦→ αx e x ↦→ βx não po<strong>de</strong>m ser conjuga<strong>da</strong>s se<br />

α · β < 0, i.e. se uma é crescente e a outra é <strong>de</strong>crescente.<br />

(Uma conjugação é um homeomorfismo <strong>da</strong> reta, em particular é monótono...)<br />

Observação: princípio <strong>da</strong>s contrações, teoremas <strong>de</strong> ponto fixo “analíticos” e méto<strong>do</strong>s<br />

variacionais. O princípio <strong>da</strong>s contrações é o ingrediente <strong>de</strong> muitos teoremas <strong>de</strong> existência<br />

em matemática (pense só no teorema <strong>de</strong> existência <strong>da</strong>s soluções <strong>da</strong>s equações diferenciais). Se<br />

queremos provar a existência e a unici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um ponto p ∈ X que satisfaz uma certa proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

P , po<strong>de</strong>mos tentar escrever a condição “x satisfaz P ” na forma “f (x) = x”, on<strong>de</strong> f : X → X<br />

é uma transformação. Se existe uma métrica d tal que f seja uma contração <strong>do</strong> espaço métrico<br />

completo (X, d), então a trajetória <strong>de</strong> to<strong>do</strong> ponto x ∈ X converge para o único ponto p que satisfaz<br />

a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em causa. O méto<strong>do</strong> funciona porque (f n (x)) é uma sucessão convergente, e a<br />

distância d (f n (x) , p) converge para 0 quan<strong>do</strong> n → ∞. Em outras palavras, a função x ↦→ d (x, p)<br />

é estritamente <strong>de</strong>crescente nas trajetórias <strong>de</strong> f, e tem um mínimo, único, no ponto p. Em falta<br />

<strong>de</strong> uma contração natural f, isto sugere uma outra estratégia. A i<strong>de</strong>ia agora é tentar provar a<br />

existência <strong>de</strong> uma função ϕ tal que “x satisfaz P ” sse “ϕ (x) < ϕ (x ′ ) para to<strong>do</strong> x ′ ≠ x” (ou pelo<br />

menos para to<strong>do</strong> x ′ ≠ x numa vizinhança <strong>de</strong> x, o que quer dizer que ϕ tem um mínimo local<br />

em x), e <strong>de</strong>pois utilizar resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> compaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para provar que o mínimo <strong>de</strong> ϕ existe e, com<br />

alguma sorte, é até único. Estes méto<strong>do</strong>s são ditos “princípios variacionais”, e tiveram origem na<br />

física <strong>do</strong> século XIX. As próprias leis <strong>da</strong> física costumam ser enuncia<strong>da</strong>s na forma <strong>de</strong> princípios<br />

variacionais. Por exemplo, em mecânica clássica, a trajetória <strong>de</strong> um ponto material com posição<br />

inicial q 0 e condição final q T é a (<strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>da</strong>) curva q : [0, T ] → R 3 , com q (0) = q 0 e q (T ) = q T ,<br />

que é um ponto crítico <strong>de</strong> um certo funcional<br />

ϕ (q) =<br />

∫ T<br />

0<br />

L (q (t) , ˙q (t)) dt<br />

dito “ação”, o integral <strong>da</strong> Lagrangiana L =“energia cinética−energia potencial” ao longo <strong>da</strong> trajetória.<br />

Esta é também a estratégia utiliza<strong>da</strong> para provar a existência e a unici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s soluções<br />

<strong>da</strong>s equações às <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s parciais <strong>da</strong> física matemática: procurar uma ação ϕ que tenha um ponto<br />

crítico nas soluções.<br />

5.4 Or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> reta real e trajetórias<br />

A or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> reta real implica restrições às trajetórias <strong>de</strong> transformações monótonas.<br />

8 Este era o méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> pelos babilónios (embora posteriormente atribuí<strong>do</strong> a Arquitas <strong>de</strong> Taranto, a Heron<br />

<strong>de</strong> Alexandria, ou até ao Newton!) para “calcular” o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> um quadra<strong>do</strong> <strong>de</strong> área a. Eles chegaram a ter uma<br />

aproximação <strong>de</strong> √ 2 que, em notação <strong>de</strong>cimal, era 1.414213, um erro <strong>de</strong> apenas ≃ 10 −6 ! Uma conjetura sobre a<br />

origem <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> está em O. Neugebauer, The exact sciences in antiquity, Dover, New York 1969.

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