My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
My title - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3 SISTEMAS DINÂMICOS TOPOLÓGICOS, DEFINIÇÕES BÁSICAS 16<br />
3 Sistemas dinâmicos topológicos, <strong>de</strong>finições básicas<br />
3.1 Transformações<br />
Transformações. Nestas notas, um sistema dinâmico topológico será uma ação <strong>de</strong> N 0 ou <strong>de</strong> Z<br />
num espaço topológico (X, τ), gera<strong>da</strong> por uma transformação contínua f : X → X.<br />
As “itera<strong>da</strong>s” <strong>da</strong> transformação f são as transformações f n : X → X, com n ∈ N 0 , <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s<br />
indutivamente por<br />
f 0 = id e f n = f ◦ f n−1 se n ∈ N<br />
(cui<strong>da</strong><strong>do</strong>! nesta notação f 2 (x) não é o quadra<strong>do</strong> <strong>de</strong> f (x), mas f (f (x)) ... ).<br />
Em geral, se n ∈ N e A é um subconjunto <strong>de</strong> X, então f −n (A) <strong>de</strong>nota o conjunto<br />
f −n (A) = {x ∈ X t.q. f n (x) ∈ A} .<br />
Se f é um homeomorfismo, é possível <strong>de</strong>finir as itera<strong>da</strong>s f n : X → X para to<strong>do</strong> n ∈ Z.<br />
A ação Φ : N 0 × X → X, ou Φ : Z × X → X se f for um homeomorfismo, é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por<br />
Φ n (x) = f n (x).<br />
Espaço <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s. A seguir, (X, d) será um espaço métrico completo muni<strong>do</strong> <strong>da</strong> topologia<br />
induzi<strong>da</strong> τ, localmente compacto (to<strong>do</strong> ponto admite uma vizinhança compacta) e separável<br />
(admite um subconjunto enumerável <strong>de</strong>nso, e portanto, sen<strong>do</strong> um espaço métrico, uma base enumerável<br />
<strong>da</strong> topologia). Por exemplo, <strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> R n , intervalos <strong>da</strong> reta, o círculo R/Z, o toro<br />
R n /Z n , o plano complexo C, a esfera <strong>de</strong> Riemann C, conjuntos <strong>de</strong> Cantor... e produtos cartesianos<br />
<strong>de</strong> espaços finitos. Para evitar triviali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>talhes inúteis, assumiremos também que a<br />
cardinali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> X seja infinita.<br />
Translações em espaços homogeneos. A maneira mais simples, <strong>de</strong> fato tautológica, <strong>de</strong> construir<br />
ações é algébrica.<br />
Seja G um grupo topológico, um grupo muni<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma topologia <strong>de</strong> Haus<strong>do</strong>rff tal que as<br />
operações (g, g ′ ) ↦→ gg ′ e g ↦→ g −1 sejam contínuas. Da<strong>do</strong> um subgrupo Γ ⊂ G, é possível formar<br />
o espaço homogéneo X = G/Γ = {gΓ com g ∈ G}, muni<strong>do</strong> <strong>da</strong> topologia quociente (a “maior”<br />
topologia em G/Γ tal que a projeção π : G → G/Γ seja contínua).<br />
To<strong>do</strong> subgrupo S ⊂ G age no espaço homogeneo X = G/Γ, a ação S × G/Γ → G/Γ sen<strong>do</strong><br />
(s, gΓ) ↦→ sgΓ. O espaço <strong>da</strong>s órbitas é S\G/Γ.<br />
Em particular, um subgrupo cíclico S = {s n } n∈Z<br />
gera uma ação Φ : Z × X → X <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por<br />
Φ n (gΓ) = s n gΓ, que consiste em iterar a translação esquer<strong>da</strong><br />
gΓ ↦→ sgΓ .<br />
Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s genéricas. Tem interesse falar <strong>de</strong> coisas como “a maioria <strong>da</strong>s trajetórias”, ou<br />
“quase to<strong>da</strong>s as trajetórias”.<br />
Sen<strong>do</strong> X um espaço topológico, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar medi<strong>da</strong>s (<strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
ou infinitas) sobre os borelianos <strong>de</strong> X. Da<strong>da</strong> uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s µ, uma proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é verifica<strong>da</strong> em µ-quase to<strong>do</strong> ponto se o conjunto C <strong>do</strong>s pontos que têm a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em causa<br />
tem probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> µ (C) = 1 (se a massa <strong>de</strong> µ for infinita, a condição tem que ser substitui<strong>da</strong> por<br />
µ (X\C) = 0).<br />
O análogo topológico <strong>da</strong> dicotomia “probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> zero ou um” é possível se X é um espaço <strong>de</strong><br />
Baire, ou seja um espaço topológico <strong>de</strong> Haus<strong>do</strong>rff (ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>is pontos distintos admitem vizinhanças<br />
disjuntas) on<strong>de</strong> to<strong>da</strong> interseção enumerável <strong>de</strong> abertos <strong>de</strong>nsos é <strong>de</strong>nsa. Num espaço <strong>de</strong> Baire, um<br />
subconjunto é dito residual (ou gor<strong>do</strong>) se contém uma interseção enumerável <strong>de</strong> abertos <strong>de</strong>nsos, e<br />
é dito magro se é uma reunião enumerável <strong>de</strong> subconjuntos “nowhere <strong>de</strong>nse” (cuja a<strong>de</strong>rência tem<br />
interior vazio), ou seja se o seu complementar é residual. Uma proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> é dita genérica se o<br />
conjunto C <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> X que têm a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em causa é residual. O teorema <strong>de</strong> Baire diz<br />
que exemplos <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> Baire são os espaços métricos completos.