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Governo do Estado de Mato Grosso Abril, 2006 - seplan / mt

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<strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Secretaria <strong>de</strong> Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

- MT20 -<br />

Versão Preliminar <strong>do</strong><br />

Relatório Síntese da<br />

Pesquisa Qualitativa<br />

(MT+20PQ)<br />

<strong>Abril</strong>, <strong>2006</strong><br />

1


GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

Blairo Borges Maggi<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Iraci Araújo Moreira<br />

Vice Governa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Célio Wilson <strong>de</strong> Oliveira<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Justiça e Segurança Pública<br />

Yênes Jesus <strong>de</strong> Magalhães<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

Cloves Felício Vettorato<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural<br />

Yêda Marli <strong>de</strong> Oliveira Assis<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Turismo<br />

Geral<strong>do</strong> Apareci<strong>do</strong> De Vitto Júnior<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Administração<br />

João Vergílio <strong>do</strong> N. Sobrinho<br />

Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Paulo Roberto Jorge <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong><br />

Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> Justiça<br />

João Carlos Vicente Ferreira<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cultura<br />

Luiz Antonio Pagot<br />

Secretário-Chefe da Casa Civil<br />

Waldir Júlio Teis<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fazenda<br />

Alexandre Herculano C. <strong>de</strong> S. Furlan<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Indústria, Comércio e Minas e Energia<br />

Vilceu Francisco Marchetti<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Infra-Estrutura<br />

Augustinho Moro<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Fábio César Guimarães Neto<br />

Defensor Público Geral<br />

2


Marchos Henrique Macha<strong>do</strong><br />

Secretário Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

Flávia Maria <strong>de</strong> Barros Nogueira<br />

Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciência Tecnologia<br />

Orestes Teo<strong>do</strong>ro <strong>de</strong> Oliveira<br />

Secretário-Chefe da Casa Militar<br />

Sírio Pinheiro da Silva<br />

Secretário-Auditor Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Terezinha <strong>de</strong> Souza Maggi<br />

Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Trabalho Emprego e Cidadania<br />

Ana Carla Muniz<br />

Secretária <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Educação<br />

José Carlos Diniz<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Comunicação Social<br />

Louremberg Nunes Rocha<br />

Secretário Extraordinário <strong>de</strong> Ação Política<br />

José Joaquim <strong>de</strong> Souza Filho<br />

Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Esporte e Lazer<br />

3


Apresentação<br />

Este relatório técnico apresenta uma síntese <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa<br />

Qualitativa produzida por meio <strong>de</strong> entrevistas com autorida<strong>de</strong>s e profissionais <strong>de</strong><br />

diversas áreas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, ten<strong>do</strong> como objeto <strong>de</strong> análise a realida<strong>de</strong><br />

socioeconômica mato-grossense, enfocan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> per si: os problemas e<br />

estrangulamentos que dificultam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>; as potencialida<strong>de</strong>s e<br />

vantagens competitivas que, por seu turno, criam e atraem investi<strong>do</strong>res e<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res para o esta<strong>do</strong>; as condições gerais <strong>do</strong> contexto externo que se<br />

traduzem em oportunida<strong>de</strong>s e ameaças ao <strong>de</strong>senvolvimento; e, por fim, as<br />

expectativas em relação às tendências consolidadas e os sinais <strong>de</strong> mudança e<br />

transformação da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> no horizonte <strong>de</strong> planejamento.<br />

A Pesquisa Qualitativa coloca-se como uma das mais importantes etapas <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> Cenários Exploratórios e <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Estratégias <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, na medida em que se<br />

apresenta como uma das formas mais eficazes <strong>de</strong> consulta à socieda<strong>de</strong>, conferin<strong>do</strong>,<br />

parte da legitimida<strong>de</strong> que este tipo <strong>de</strong> trabalho requer.<br />

Esta etapa visa, portanto, assegurar a participação e envolvimento da<br />

socieda<strong>de</strong> estadual na formulação da estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, coletan<strong>do</strong><br />

opiniões, percepções e expectativas <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s e profissionais com profun<strong>do</strong><br />

conhecimento sobre a realida<strong>de</strong> local, em complementação às <strong>de</strong>mais modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

consulta e análises técnicas realizadas.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s estão apresenta<strong>do</strong>s em cinco capítulos. O primeiro mostra um<br />

resumo das análises <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s acerca <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho recente da economia<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, com suas convergências e divergências. No segun<strong>do</strong><br />

capítulo é apresenta<strong>do</strong> um resumo das idéias e opiniões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s sobre as<br />

condições favoráveis e <strong>de</strong>sfavoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, procuran<strong>do</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar os principais problemas e potencialida<strong>de</strong>s. O capítulo terceiro contém um<br />

resumo das percepções e expectativas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s quanto às oportunida<strong>de</strong>s e<br />

ameaças presentes no ambiente externo ao esta<strong>do</strong>. O quarto capítulo traz o que<br />

pensam os entrevista<strong>do</strong>s sobre as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação com vistas a <strong>de</strong>flagrar um<br />

processo continua<strong>do</strong> e sustentável <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Por fim, no<br />

capítulo quinto, estão resumidas as idéias e expectativas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

relativamente às tendências mais visíveis e consolidadas e os sinais <strong>de</strong> mudança e<br />

transformação da realida<strong>de</strong> socioeconômica <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

O trabalho foi conduzi<strong>do</strong> por profissionais da equipe técnica da Multivisão<br />

Consultoria Organizacional sob a coor<strong>de</strong>nação da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação Geral - SEPLAN.<br />

4


Sumário<br />

Apresentação............................................................................................................................... 4<br />

Introdução.................................................................................................................................... 6<br />

I. Evolução e <strong>de</strong>sempenho recente <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>............................................................... 8<br />

II. Quanto às condições favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis internas ao <strong>de</strong>senvolvimento futuro<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. ................................................................................................. 26<br />

2.1 Problemas ou estrangulamentos ________________________________________ 26<br />

2.2 Potencialida<strong>de</strong>s ou vantagens competitivas ______________________________ 29<br />

III. Quanto às condições favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis externas ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

futuro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>...................................................................................... 32<br />

3.1 Oportunida<strong>de</strong>s________________________________________________________ 32<br />

3.2 Ameaças ____________________________________________________________ 33<br />

IV. Priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> ................. 34<br />

4.1 Produção (agropecuária e industrial)_________________________________ 34<br />

4.2 Político/Institucional e Gestão ______________________________________ 34<br />

4.3 Infra-estrutura __________________________________________________ 36<br />

4.4 Meio ambiente __________________________________________________ 36<br />

4.5 Tecnologia e Educação ___________________________________________ 37<br />

4.6 Sócio-cultural ___________________________________________________ 37<br />

V. Quanto às perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e o seu entorno ..................... 39<br />

ANEXO – Lista <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s ..................................................Erro! Indica<strong>do</strong>r não <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>.<br />

5


Introdução<br />

A pesquisa qualitativa envolve uma ampla e diversificada gama <strong>de</strong> profissionais<br />

das mais diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento, visan<strong>do</strong> captar a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interpretações e percepções da realida<strong>de</strong> atual e das perspectivas futuras para o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Foram realizadas noventa e nove entrevistas, ouvin<strong>do</strong>-se<br />

empresários <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s setores, secretários e ex-secretários estaduais, exgoverna<strong>do</strong>res,<br />

diretores e presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> grupos empresariais priva<strong>do</strong>s, profissionais<br />

autônomos, autorida<strong>de</strong>s religiosas, jornalistas, engenheiros civis e agrônomos,<br />

ambientalistas, <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s, prefeitos, artistas e outros. O conjunto das idéias e<br />

opiniões colhidas abrange as dimensões econômica, sócio-cultural, ambiental,<br />

tecnológica e político-institucional relativas ao contexto interno e externo ao esta<strong>do</strong>.<br />

As entrevistas ocorreram com base em uma pauta preestabelecida, que<br />

enfatizava questões abrangentes e relevantes para a compreensão <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />

recente, <strong>do</strong> momento socioeconômico estadual e das perspectivas <strong>de</strong> sua evolução<br />

em futuro próximo. Aos entrevista<strong>do</strong>s foi garanti<strong>do</strong> o sigilo sobre as informações<br />

prestadas e a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar to<strong>do</strong>s os assuntos da pauta. Quan<strong>do</strong><br />

pertinente, coube ao entrevista<strong>do</strong>r estimular o aprofundamento da reflexão nos<br />

aspectos afetos à expertise <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, manten<strong>do</strong>-se integralmente todas as<br />

idéias manifestadas a respeito das questões exploradas, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>: fatores que<br />

favorecem ou dificultam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>; as tendências mais visíveis e<br />

consolidadas <strong>de</strong> mudança nos próximos anos; as incertezas críticas; as oportunida<strong>de</strong>s<br />

e ameaças <strong>do</strong> contexto externo; problemas, estrangulamentos e vantagens<br />

competitivas presentes no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e ações a serem prioritariamente<br />

realizadas para o equacionamento das questões supracitadas.<br />

O conteú<strong>do</strong> das entrevistas foi organiza<strong>do</strong> com o propósito <strong>de</strong> traduzir <strong>de</strong><br />

maneira fi<strong>de</strong>digna a percepção <strong>de</strong> cada entrevista<strong>do</strong> sobre as questões trabalhadas,<br />

i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se no conjunto as principais convergências e complementarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

opiniões, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evi<strong>de</strong>nciar a visão geral <strong>do</strong>minante a respeito <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, resguardan<strong>do</strong>-se, todavia, eventuais diferenças <strong>de</strong><br />

percepção individual sobre cada assunto aborda<strong>do</strong>.<br />

Examinan<strong>do</strong>-se tal conteú<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>-se observar uma clara convergência <strong>de</strong> opiniões<br />

sobre <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s aspectos, quais sejam:<br />

• A maior parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s reconhece que o crescimento econômico <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> propiciou um substancial aumento da riqueza e melhoria das condições<br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> boa parte da população, mas não refletiu <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> justo, no campo<br />

social, a pujança <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> crescimento, manten<strong>do</strong>-se excluí<strong>do</strong>s alguns<br />

segmentos tradicionais da população como, por exemplo, as comunida<strong>de</strong>s<br />

indígenas e os pequenos agricultores; sen<strong>do</strong> que esses últimos <strong>de</strong>ixaram o<br />

6


campo e foram morar na periferia das cida<strong>de</strong>s, engrossan<strong>do</strong> o contingente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e subemprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, principalmente, aos baixos níveis<br />

<strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e capacitação;<br />

• A <strong>de</strong>gradação e o <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>do</strong> meio ambiente, provoca<strong>do</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, que se apóia no uso intensivo da terra com o objetivo <strong>de</strong><br />

alargar continuamente a fronteira agropecuária, compõem um pesa<strong>do</strong> passivo<br />

ambiental, cujo resgate cabe aos governos, aos empresaria<strong>do</strong>s e à socieda<strong>de</strong><br />

em geral;<br />

• Para<strong>do</strong>xalmente, muitos entrevista<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ram que há no momento um<br />

excessivo rigor nas ações <strong>de</strong> controle ambiental, dificultan<strong>do</strong> ampliação das<br />

áreas próprias para a produção, sen<strong>do</strong> que resta pouco mais <strong>de</strong> 15% <strong>de</strong>las a<br />

serem incorporadas ao sistema produtivo. Essa limitação <strong>de</strong>corre, também, <strong>do</strong><br />

fato <strong>de</strong> existirem gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terras indígenas e áreas <strong>de</strong><br />

preservação, sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da União, as quais se tornam<br />

focos <strong>de</strong> tensão e conflitos entre fazen<strong>de</strong>iros e posseiros <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, e índios<br />

e ambientalistas <strong>de</strong> outro.<br />

• A gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s realça as vantagens <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> para a produção competitiva <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao<br />

abastecimento, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo. A mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong><br />

agronegócio vista sob o enfoque empresarial, reflete-se em índices <strong>de</strong><br />

produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nível mundial e na conquista <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> internacional, cujos<br />

reflexos mais visíveis, no plano interno, são a geração <strong>de</strong> empregos, o<br />

crescimento da economia e uma maior alocação <strong>de</strong> recursos públicos em infraestrutura<br />

e equipamentos sociais.<br />

Há, por fim, o entendimento quase unânime <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, que o mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, não obstante o Produto<br />

Interno Bruto (PIB) ter praticamente triplica<strong>do</strong> em pouco mais <strong>de</strong> vinte anos, não gerou<br />

um <strong>de</strong>senvolvimento equivalente, visto que a concentração <strong>de</strong> riqueza e as<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, e entre as várias regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, se mantiveram.<br />

Reconhecem que a estratégia calcada na expansão contínua e predatória da fronteira<br />

agrícola está muito próxima <strong>de</strong> seu esgotamento; e, além disso, traz consigo um<br />

eleva<strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> conflito entre os principais atores participantes <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Por tais razões, é imperativo fazer a transição <strong>do</strong> atual mo<strong>de</strong>lo para<br />

outro que seja capaz <strong>de</strong> estabelecer a justiça social e assegurar a preservação <strong>do</strong><br />

meio ambiente. As sinalizações mais freqüentes nesse senti<strong>do</strong> apontam para o<br />

a<strong>de</strong>nsamento das ca<strong>de</strong>ias produtivas e a diversificação da estrutura <strong>de</strong> produção, com<br />

a atração <strong>de</strong> segmentos industriais mais sintoniza<strong>do</strong>s com as necessida<strong>de</strong>s da atual e<br />

das futuras gerações <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

7


I. Evolução e <strong>de</strong>sempenho recente <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Este capítulo procura sintetizar o conjunto <strong>de</strong> opiniões, idéias e percepções<br />

apresentadas pelos entrevista<strong>do</strong>s como resposta à seguinte questão: como o senhor<br />

avalia o <strong>de</strong>sempenho recente e a evolução <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

As análises <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s coinci<strong>de</strong>m no tocante ao reconhecimento da eficácia<br />

da estratégia <strong>de</strong> “<strong>de</strong>senvolvimento” a<strong>do</strong>tada, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se como aspectos mais<br />

positivos a divisão político-administrativa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e o acolhimento <strong>de</strong> contingentes<br />

<strong>de</strong> imigrantes para ocupação <strong>de</strong> um vasto espaço territorial, mediante a concessão <strong>de</strong><br />

incentivos para atração <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res, dispostos a construir um setor agropecuário<br />

forte e integra<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> mundial.<br />

Em contrapartida, tais análises indicam que o referi<strong>do</strong> processo, em que pese o<br />

extraordinário avanço econômico anteriormente referi<strong>do</strong>, não produziu resulta<strong>do</strong>s<br />

sociais correspon<strong>de</strong>ntes, conforme mostram os indica<strong>do</strong>res gerais da área.<br />

Neste capítulo estão reproduzidas, sinteticamente, as idéias-força e juízos <strong>de</strong> valor<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, acerca <strong>do</strong> processo recente <strong>de</strong> evolução socioeconômica e<br />

ambiental <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Ressalta-se, por oportuno, que há nos<br />

<strong>de</strong>poimentos uma inevitável carga <strong>de</strong> contradições, <strong>de</strong> afirmativas seguidas <strong>de</strong><br />

negativas e <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista coloca<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong> dúvida. Com freqüência<br />

consi<strong>de</strong>rável os entrevista<strong>do</strong>s fizeram críticas ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> e à forma <strong>de</strong> sua ocupação. Mas, por outro la<strong>do</strong>, existem claros pontos <strong>de</strong><br />

consenso <strong>de</strong> opiniões, sen<strong>do</strong> que alguns foram menciona<strong>do</strong>s no tópico <strong>de</strong><br />

Apresentação acima e outros serão ao longo <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento.<br />

Ten<strong>do</strong> em conta as aludidas contradições e discrepâncias <strong>de</strong> opiniões, verificou-se<br />

que a melhor maneira <strong>de</strong> apresentar esta síntese seria agrupan<strong>do</strong> as opiniões por<br />

gran<strong>de</strong>s temas como, por exemplo, infra-estrutura, meio ambiente, políticas <strong>de</strong><br />

governo, migração e assim por diante. Fecha-se o capítulo com o elenco <strong>de</strong><br />

conclusões atinentes ao tema em questão, qual seja: O <strong>de</strong>sempenho recente e a<br />

evolução <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

Registra-se, por último, que às opiniões e análises <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, foram<br />

acrescidas, a título <strong>de</strong> ilustração, algumas das conclusões contidas no Estu<strong>do</strong><br />

Retrospectivo <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho recente da Economia <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

Em resumo, a análise <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento recente <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> em vista as consi<strong>de</strong>rações imediatamente acima, po<strong>de</strong> ser expressa da<br />

seguinte forma:<br />

8


Antes <strong>de</strong> abordar os gran<strong>de</strong>s temas, faz-se necessário <strong>de</strong>stacar <strong>do</strong>is marcos<br />

temporais no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, dividin<strong>do</strong>-o<br />

em duas fases bem distintas: a primeira refere-se ao perío<strong>do</strong> anterior à <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s<br />

cerra<strong>do</strong>s, lá pelos i<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1970, ocasião em que o esta<strong>do</strong> ainda era unifica<strong>do</strong> e sua<br />

economia encontrava-se praticamente estagnada. Pre<strong>do</strong>minavam naquela época as<br />

ativida<strong>de</strong>s extrativistas, principalmente o garimpo e a extração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,<br />

normalmente à margem da lei, assim como a pecuária tradicional. Além <strong>de</strong>ssas,<br />

também foi citada a agricultura <strong>de</strong> subsistência, dada a sua singular importância para<br />

os pequenos agricultores e suas famílias. A imagem <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> até então era<br />

naturalmente associada a índios e onças.<br />

Para ter uma déia mais clara <strong>de</strong>ssa primeira fase, vale registrar as principais<br />

informações trazidas pelos entrevista<strong>do</strong>s, as quais servirão <strong>de</strong> referência para uma<br />

melhor compreensão <strong>do</strong> momento atual.<br />

Até os anos 50, a região Centro-oeste dirigia sua atenção para o la<strong>do</strong> oeste,<br />

integran<strong>do</strong>-se mais aos países vizinhos <strong>do</strong> que ao leste <strong>do</strong> Brasil. Constituía, portanto,<br />

um gran<strong>de</strong> espaço vazio isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> restante <strong>do</strong> território brasileiro. Esse isolamento<br />

mol<strong>do</strong>u uma cultura muito diferente da litorânea, manifestan<strong>do</strong>-se por meio <strong>do</strong><br />

patrimônio material (arquitetura, sítios arqueológicos) e imaterial (música, literatura,<br />

pintura), que ainda não foi levanta<strong>do</strong> e mapea<strong>do</strong>. Portanto, a cultura estadual tinha<br />

uma maior influência <strong>do</strong> leste da Bolívia, principalmente, e <strong>do</strong> português arcaico.<br />

As hidrelétricas e os investimentos em infra-estrutura formaram a base <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Tu<strong>do</strong> começou em 1951 com a construção da<br />

hidrelétrica <strong>do</strong> Paraná. Depois vieram as usinas <strong>de</strong> Urubupungá e Ilha Solteira. Nessa<br />

época foi constituída a Comissão Interestadual da Bacia <strong>do</strong> Paraná/Uruguai, que levou<br />

a idéia para São Paulo, que assumiu o projeto como ban<strong>de</strong>ira.<br />

Voltan<strong>do</strong> um pouco no tempo, a economia mato-grossense sustentou-se primeiro<br />

na produção <strong>de</strong> borracha e na agricultura primária. Ao Sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, explorava-se a<br />

erva mate. Logo <strong>de</strong>pois, passou-se à exploração da cana-<strong>de</strong>-açúcar, sen<strong>do</strong> que as<br />

primeiras usinas, umas quatro ou cinco, vindas da Alemanha, foram instaladas na<br />

região <strong>do</strong> pantanal. Naquele momento a economia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>u um salto.<br />

Primitivamente, com as monções paulistas, foram abertas as minas auríferas <strong>de</strong><br />

Cuiabá, reconhecidamente importantes para a economia estadual, levan<strong>do</strong> Cuiabá,<br />

em 1722, a ser uma das vilas mais populosas <strong>do</strong> Brasil. Surgiram também, no leste <strong>de</strong><br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, as minas <strong>de</strong> diamantes. Entretanto, a riqueza <strong>do</strong> ouro e diamante não se<br />

reverteu em progresso para o esta<strong>do</strong>, visto que houve uma evasão <strong>de</strong> receita para<br />

São Paulo e outras localida<strong>de</strong>s; e a região <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saiu a citada riqueza, aqui no <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong>, ficou <strong>de</strong>predada.<br />

9


No momento seguinte foi consolida<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> eletrificação e o esta<strong>do</strong><br />

voltou-se para a colonização. Os governos foram os gran<strong>de</strong>s incentiva<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sse<br />

processo, regularizan<strong>do</strong> o acesso às áreas e ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-as a empresas coloniza<strong>do</strong>ras<br />

que, em contrapartida, se responsabilizavam pela implantação da infra-estrutura<br />

necessária na região ocupada. Na década <strong>de</strong> 60 <strong>de</strong>u-se o início <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agrário <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, por meio da agricultura <strong>de</strong> subsistência, sustentada pela policultura<br />

<strong>do</strong> feijão, arroz, milho, associada à pecuária incipiente.<br />

O algodão se fez presente em mais <strong>de</strong> um momento na economia matogrossense.<br />

Em 1954, por exemplo, em Campo Gran<strong>de</strong>, o governo instalou a primeira<br />

usina <strong>de</strong> beneficiamento <strong>do</strong> produto. Veio <strong>de</strong>pois, em 1963, uma outra usina em<br />

Ron<strong>do</strong>nópolis, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> incentiva<strong>do</strong> o cultivo da planta naquela região.<br />

Quanto à representação política no antigo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, alguns<br />

entrevista<strong>do</strong>s lembraram que, naquele tempo, ela era formada, em sua a maioria, por<br />

políticos sul-mato-grossenses, o que <strong>de</strong>terminava a <strong>de</strong>stinação da maior parte <strong>do</strong>s<br />

recursos para a região sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Mesmo reconhecen<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> da divisão, uma pequena parte <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s recorda que, na ocasião, achava-se que o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> Sul seria<br />

beneficia<strong>do</strong>, porque o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> ficaria com a parte menos promissora e<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>do</strong> antigo <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. As belezas naturais <strong>do</strong> pantanal, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

melhor potencial e as terras mais férteis ficavam na parte sul <strong>do</strong> território a ser<br />

dividi<strong>do</strong>. Assim, a divisão acabaria por consagrar as diferenças, expectativas e<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e patrimônio das regiões<br />

que formariam os novos esta<strong>do</strong>s.<br />

No outro extremo, conforme dito pelos consulta<strong>do</strong>s, estavam os que achavam que<br />

a divisão seria muito positiva para o crescimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

A segunda fase coinci<strong>de</strong> com a criação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, <strong>de</strong>cretada pela<br />

Lei nº 31, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1977. Embora a gran<strong>de</strong> maioria das opiniões seja<br />

favorável à divisão, houve um caso em que o entrevista<strong>do</strong> posicionou-se<br />

contrariamente, dizen<strong>do</strong> que o “governa<strong>do</strong>r da época não <strong>de</strong>veria ter aceita<strong>do</strong>-a,<br />

mesmo que para isso tivesse que per<strong>de</strong>r o mandato. A renúncia po<strong>de</strong>ria não evitá-la,<br />

mas o tornaria um gran<strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r perante o povo mato-grossense, principalmente os<br />

curitibanos que não queriam a divisão”.<br />

Efetivada a divisão, enquanto o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> Sul manteve a tendência <strong>de</strong><br />

crescimento da região que cobriu, um pouco mais bem equipada <strong>de</strong> infra-estrutura e<br />

recursos materiais, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> teve um boom <strong>de</strong> crescimento realizan<strong>do</strong> as suas<br />

potencialida<strong>de</strong>s centradas nos recursos naturais. Para surpresa geral, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,<br />

mesmo <strong>de</strong>spoja<strong>do</strong> das citadas riquezas <strong>do</strong> sul, teve um crescimento econômico<br />

explosivo e, em pouco tempo, superou o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> Sul, passan<strong>do</strong> a ocupar a<br />

10


15ª posição no ranking <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros (uma posição à frente <strong>do</strong> MS) em<br />

termos <strong>de</strong> contribuição para a formação <strong>do</strong> Produto Interno Bruto (PIB) nacional<br />

(da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2003).<br />

Alguns entrevista<strong>do</strong>s lembram que a divisão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> favoreceu o surgimento <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>ranças políticas locais, permitin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> uma nova história para o <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong>. Entretanto, afirmam que os governos estaduais, durante os anos 80, muito<br />

pouco pu<strong>de</strong>ram fazer para solucionar o passivo herda<strong>do</strong> na divisão que, para serem<br />

soluciona<strong>do</strong>s, requeriam quantida<strong>de</strong>s expressivas <strong>de</strong> recursos financeiros. Entretanto,<br />

reconhecem que houve na década <strong>de</strong> 1980 uma gran<strong>de</strong> mudança no perfil produtivo<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, em função <strong>do</strong> direcionamento <strong>do</strong>s investimentos públicos para o novo<br />

segmento <strong>de</strong> produção agrícola (soja e milho), dan<strong>do</strong> início ao chama<strong>do</strong> ‘ciclo <strong>de</strong><br />

grãos’ no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e <strong>de</strong>mais esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Centro-oeste, em substituição ao ciclo <strong>do</strong><br />

arroz que se achava em crise, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> energia elétrica e ao baixo nível <strong>de</strong><br />

industrialização <strong>do</strong> produto. A cultura <strong>do</strong> algodão ressurgiu um pouco mais tar<strong>de</strong>,<br />

tornan<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> o maior produtor <strong>do</strong> Brasil e sinalizan<strong>do</strong> um futuro<br />

promissor para o parque industrial têxtil e <strong>de</strong> confecções.<br />

Na visão da gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s opinantes, somente a partir <strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s da década<br />

<strong>de</strong> 1990, com os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> garimpo, da exploração da indústria ma<strong>de</strong>ireira, da<br />

evolução da pecuária e <strong>do</strong> crescimento da mecanização da lavoura é que a economia<br />

mato-grossense alcançou a dinâmica que resultou em altas taxas <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong><br />

PIB estadual. Consi<strong>de</strong>ram que o agronegócio, surgi<strong>do</strong> na segunda meta<strong>de</strong> da década<br />

<strong>de</strong> 80, firmou-se nos anos 90 como a maior fonte <strong>de</strong> receita para o esta<strong>do</strong>. No boom<br />

<strong>do</strong> agronegócio, por volta <strong>de</strong> 1994, houve um gran<strong>de</strong> aumento das exportações<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, principalmente, aos incentivos da Lei Kandir. Assim, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> tornou-se<br />

o maior produtor <strong>de</strong> soja <strong>do</strong> Brasil e o terceiro produtor <strong>de</strong> milho. Foi nesse perío<strong>do</strong><br />

que surgiram os povoa<strong>do</strong>s que são hoje as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Diamantina, Nossa Senhora <strong>do</strong><br />

Livramento, Primavera <strong>do</strong> Leste, Sorriso, Nova Mutum, Lucas, Sinop e outras, as quais<br />

são exemplos <strong>do</strong> extraordinário crescimento econômico que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vem<br />

acontecen<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong>.<br />

No campo Político-institucional as questões centrais abordadas pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s foram:<br />

A dinâmica <strong>de</strong> expansão acelerada da produção, exigiu a criação <strong>de</strong> novos<br />

municípios, o que <strong>de</strong> fato aconteceu <strong>de</strong> forma substancial, visto que em 1978 o esta<strong>do</strong><br />

tinha apenas trinta e oito municípios e em 2000 já somavam 142, com po<strong>de</strong>res<br />

plenamente instala<strong>do</strong>s. No bojo <strong>de</strong>sse crescimento veio naturalmente a expansão da<br />

infra-estrutura, via construção e asfaltamento <strong>de</strong> estradas, instalação <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, construção <strong>de</strong> usinas e linhas <strong>de</strong> transmissão e provimento <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong><br />

comunicação, primeiramente o telefone, <strong>de</strong>pois a informática. Cumpre ressaltar que, a<br />

maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s reconhece essa evolução, mas argumentam em<br />

11


contrapartida que, particularmente os sistemas <strong>de</strong> transportes e logística, ainda hoje,<br />

se apresentam como fortes entraves ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, conforme consta<br />

no tópico sobre Infra-estrutura um pouco mais adiante;<br />

Especificamente na esfera institucional, alguns entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacaram que os<br />

três níveis <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> somaram esforços e conseguiram<br />

fortalecer as instituições políticas e burocráticas que adquiriram gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

negociação no plano fe<strong>de</strong>ral. O Executivo e o Legislativo se organizaram e se<br />

mo<strong>de</strong>rnizaram. E o Po<strong>de</strong>r Judiciário vem trabalhan<strong>do</strong> para resgatar a posição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque, em termos <strong>de</strong> organização e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, relativamente aos outros <strong>do</strong>is<br />

Po<strong>de</strong>res.<br />

Sobre a atuação <strong>do</strong>s governos estaduais as opiniões oscilaram entre a eficiência e<br />

a ineficiência. Alguns entrevista<strong>do</strong>s enten<strong>de</strong>m que, sobretu<strong>do</strong> os governos <strong>do</strong> início<br />

<strong>do</strong>s anos 90 para cá, <strong>de</strong>monstraram competência ao estimular o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo<br />

local e promover a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, via enxugamento da máquina estatal,<br />

capacitação e valorização <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público e implementação <strong>de</strong> diversos programas<br />

volta<strong>do</strong>s para a auto-suficiência <strong>de</strong> energia. Na outra ponta, estão aqueles que<br />

consi<strong>de</strong>ram que esses mesmos governos foram ineficazes frente aos principais<br />

problemas herda<strong>do</strong>s pelo novo esta<strong>do</strong>: a questão fundiária e o processo <strong>de</strong> ocupação<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>do</strong> solo. Mencionam que as tentativas <strong>de</strong> regularização fundiária ainda<br />

não lograram o êxito espera<strong>do</strong>. Em um município da baixada cuiabana, por exemplo, o<br />

programa <strong>de</strong> regularização fundiária, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a 600 produtores, só teve 170<br />

a<strong>de</strong>sões, não obstante a ação <strong>do</strong> governo estadual e as vantagens trazidas pelo<br />

PRONAF (tecnologia, financiamento e assistência técnica). Alguns entrevista<strong>do</strong>s<br />

argumentam que a falta <strong>de</strong> regularização fundiária é a principal causa <strong>do</strong> número<br />

crescente <strong>de</strong> produtores que, para sobreviver, buscam a informalida<strong>de</strong>.<br />

Referin<strong>do</strong>-se aos governos Fe<strong>de</strong>ral e Estadual, alguns entrevista<strong>do</strong>s afirmam que<br />

foi pequena a contribuição <strong>de</strong>stes para o crescimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, e exemplificam<br />

dizen<strong>do</strong> que a SUDAM preferia orientar os investimentos em função <strong>de</strong> interesses<br />

particulares e o governo estadual transferia as proprieda<strong>de</strong>s privadas para o setor<br />

público, por meio <strong>de</strong> uma política fiscal extorsiva. Para se ter uma idéia <strong>de</strong>ssa política,<br />

em trinta e seis meses a carga tributária aumentou 76%, enquanto o PIB, no mesmo<br />

perío<strong>do</strong>, cresceu menos da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse número;<br />

Quanto ao relacionamento <strong>do</strong> governo com a classe empresarial, parte <strong>do</strong>s<br />

consulta<strong>do</strong>s citou o surgimento <strong>de</strong> um movimento promissor <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> parcerias<br />

estratégicas entre as partes, firmadas informalmente, e que visam à construção e<br />

recuperação <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias estaduais. Nessas parcerias os empresários têm assumi<strong>do</strong><br />

em média 50% <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong>ssa iniciativa, sen<strong>do</strong> que já foram construí<strong>do</strong>s quase <strong>do</strong>is<br />

mil quilômetros <strong>de</strong> estradas, resultan<strong>do</strong> na melhoria evi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tráfego em geral e <strong>do</strong><br />

escoamento da produção das safras;<br />

12


Em contraposição, alguns entrevista<strong>do</strong>s fazem uma avaliação pessimista da<br />

relação institucional pública-privada. Consi<strong>de</strong>ram que os governos Fe<strong>de</strong>ral e Estadual<br />

estiveram e estão a reboque <strong>do</strong>s produtores e que, algumas vezes, até dificultam o<br />

andamento <strong>de</strong> importantes iniciativas empresariais. Citam como exemplo as muitas<br />

promessas não cumpridas, principalmente pelo <strong>Governo</strong> Fe<strong>de</strong>ral, que datam da época<br />

da criação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, há quase trinta anos, referin<strong>do</strong>-se a<br />

investimentos e aporte <strong>de</strong> recursos financeiros compensatórios; sen<strong>do</strong> que até hoje o<br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> tem créditos a receber da União;<br />

Um último aspecto <strong>do</strong> campo político-institucional diz respeito à legislação<br />

trabalhista, vista como falha por alguns opinantes, porque não distingue o trabalha<strong>do</strong>r<br />

rural em função das particularida<strong>de</strong>s da produção no campo, estimulan<strong>do</strong> a<br />

mecanização no setor e a De fato, <strong>do</strong> total <strong>de</strong> pessoas ocupadas em 1992,<br />

conseqüente expulsão da mão<strong>de</strong>-obra<br />

<strong>de</strong>dicada à ativida<strong>de</strong> ocupadas informalmente e em 2003 <strong>do</strong> total <strong>de</strong><br />

aproximadamente 53,5% eram classificadas como<br />

ocupa<strong>do</strong>s, cerca <strong>de</strong> 46,7% tinham ocupações<br />

para as cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong>,<br />

informais. Possivelmente esse fato está associa<strong>do</strong> ao<br />

normalmente, por não possuir<br />

comportamento da economia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong><br />

qualificação a<strong>de</strong>quada, não analisa<strong>do</strong>, ou seja, o intenso crescimento da ativida<strong>de</strong><br />

encontra trabalho. Assim, esse econômica que possibilitou a incorporação <strong>de</strong><br />

contingente <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res é pessoas ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho através <strong>de</strong> relações<br />

mais estáveis e regulares. (Estu<strong>do</strong> Retrospectivo,<br />

empurra<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>semprego<br />

pagina 75)<br />

ou subemprego no setor<br />

informal da economia.<br />

Um outro tema consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> muito relevante pela maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, referese<br />

aos Fatores que Impulsionam ou Restringem o Desenvolvimento matogrossense,<br />

os quais estão sintetiza<strong>do</strong>s assim:<br />

O processo <strong>de</strong> expansão econômica <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, segun<strong>do</strong> a visão <strong>de</strong> quase<br />

to<strong>do</strong>s os opinantes, se <strong>de</strong>u na esteira <strong>de</strong> intenso movimento migratório para o esta<strong>do</strong>,<br />

envolven<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s levas <strong>de</strong> agricultores paulistas, mineiros, goianos, paranaenses,<br />

catarinenses e, principalmente, gaúchos. De 70% a 80% <strong>de</strong>sses migrantes vieram <strong>do</strong>s<br />

esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sul. As ações <strong>de</strong> estímulo à migração, por parte <strong>do</strong>s governos fe<strong>de</strong>ral e<br />

estadual, foram intensificadas por volta <strong>de</strong> 1982, resultan<strong>do</strong> na ocupação <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> por colonos e empresas Em 2000, cerca <strong>de</strong> 862,2 mil pessoas, <strong>de</strong> uma<br />

coloniza<strong>do</strong>ras sulistas. Ressaltaram população <strong>de</strong> 2,5 milhões haviam nasci<strong>do</strong> fora <strong>do</strong><br />

como muito positiva a experiência Esta<strong>do</strong>, com clara pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s nasci<strong>do</strong>s no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. (Estu<strong>do</strong><br />

acumulada pelos agricultores<br />

Retrospectivo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, página 12)<br />

migrantes, traduzida por uma<br />

bagagem cultural, social, tecnológica e produtiva bastante avançada em relação ao<br />

meio local. Por isso souberam aproveitar muito bem to<strong>do</strong> o potencial da terra.<br />

Ressaltam que ainda hoje é forte o fluxo migratório para o esta<strong>do</strong>, em virtu<strong>de</strong> da<br />

expansão da fronteira agrícola que exige a reposição <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra vigorosa e<br />

13


qualificada. Entretanto, os que não aten<strong>de</strong>m a essas condições não são aproveita<strong>do</strong>s<br />

e, por isso, acabam in<strong>do</strong> morar na periferia <strong>de</strong> algum centro urbano <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> ou<br />

retornam à terra <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong>spoja<strong>do</strong>s <strong>de</strong> recursos e em condições piores <strong>do</strong> que se<br />

encontravam antes;<br />

Quase to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s concordaram que a ocorrência <strong>do</strong> aludi<strong>do</strong> fluxo<br />

migratório e a rápida ocupação <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, se <strong>de</strong>ram, principalmente, em razão<br />

<strong>de</strong>: existência, no esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terras agricultáveis; baixo preço da<br />

terra em relação a outras regiões; bons níveis <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo; condições<br />

climáticas favoráveis; abundância <strong>de</strong> água; topografia a<strong>de</strong>quada para a mecanização<br />

<strong>de</strong> lavouras; e regime regular <strong>de</strong> chuvas.<br />

Em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> migração, alguns opinantes consi<strong>de</strong>ram que o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> po<strong>de</strong> ser visto como uma síntese <strong>do</strong> Brasil em termos<br />

culturais, estan<strong>do</strong> em plena fase transição política e <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

própria. Lembram que em um da<strong>do</strong> momento, no auge <strong>do</strong> fluxo migratório, a<br />

população nativa chegou a ser menor que a <strong>do</strong>s migrantes. Consi<strong>de</strong>ram que em<br />

virtu<strong>de</strong> da migração a população natural <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> recebeu gran<strong>de</strong> influência<br />

cultural e tecnológica <strong>do</strong>s principais centros urbanos <strong>do</strong> país, ten<strong>do</strong> como reflexo uma<br />

maior facilida<strong>de</strong> em aceitar mudanças trazidas por um novo projeto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Em contraposição, especificamente no que se refere à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>, parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s enten<strong>de</strong> exatamente o contrário: o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> é um<br />

esta<strong>do</strong> sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, uma “terra <strong>de</strong> mingúem”. Existem também os que vêem<br />

dificulda<strong>de</strong> em romper com o tradicionalismo que, apesar <strong>do</strong> discurso, ten<strong>de</strong> a<br />

perpetuar o totalitarismo e conserva<strong>do</strong>rismo que inibem a formação <strong>de</strong> uma visão<br />

cooperativa.<br />

A primeira corrente migratória visava à exploração da ma<strong>de</strong>ira, enquanto que a<br />

segunda trouxe a pecuária<br />

Com efeito, tal opção fez com que o rebanho<br />

extensiva para os campos bovino registra<strong>do</strong> evoluísse <strong>de</strong> 9 milhões <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s. Assim, a fase inicial<br />

<strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> foi mais<br />

cabeça, em 1990, para cerca <strong>de</strong> 24,7 milhões, em<br />

2004. (Estu<strong>do</strong> retrospectivo, página 29)<br />

orientada para a pecuária <strong>do</strong> que para a lavoura; ocupan<strong>do</strong>, por isso, as terras mais<br />

próximas <strong>do</strong>s rios e nascentes. Essa forma <strong>de</strong> ocupação foi e é uma das principais<br />

causas da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>sses recursos naturais.<br />

Consi<strong>de</strong>ram, quase por unanimida<strong>de</strong>, que o espetacular crescimento econômico<br />

<strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, foi o resulta<strong>do</strong> direto da combinação <strong>do</strong> espírito empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

empresários, com as pesquisas para o melhoramento das sementes (soja e algodão) e<br />

<strong>do</strong> bioma cerra<strong>do</strong>, a cargo da Embrapa e da Fundação <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, com a ampliação<br />

e recuperação da malha viária (inclusive estradas vicinais). O fruto visível <strong>de</strong>ssa<br />

combinação foi a obtenção <strong>de</strong> elevadas taxas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e a conquista <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> internacional.<br />

14


Destacam como contribuições relevantes da classe empresarial a abertura da<br />

fronteira agrícola, a realização <strong>de</strong> pesquisas, a participação na melhoria das condições<br />

da infra-estrutura viária, os investimentos em capacitação e a expansão <strong>do</strong> parque<br />

fabril <strong>do</strong> agronegócio, etc. Lembram, inclusive, que na fase inicial da ocupação <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> os colonos construíram estradas, campos <strong>de</strong> pouso, escolas, postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

e outras benfeitorias <strong>de</strong> base.<br />

Uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra que o merca<strong>do</strong> interno é<br />

pequeno, <strong>de</strong> baixo potencial <strong>de</strong> consumo. Esse é um <strong>do</strong>s fatores que dificultam a<br />

vinda <strong>de</strong> empresas industriais para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Soma-se a isso, o fato<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> não ter condições <strong>de</strong> oferecer vantagens comparativas às empresas, vis-àvis<br />

os incentivos ofereci<strong>do</strong>s por outros esta<strong>do</strong>s brasileiros. Por isso, torna-se difícil<br />

atrair para o esta<strong>do</strong> indústrias que possam agregar valor à produção ampliar o<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico e aumentar as exportações. Devi<strong>do</strong> às limitações <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

local e a falta <strong>de</strong> outros instrumentos <strong>de</strong> atração, as únicas empresas que estão<br />

dispostas a instalar no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> são as extrativistas. Assim, a produção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

continua sen<strong>do</strong> basicamente primária, com baixo nível <strong>de</strong> industrialização, manten<strong>do</strong> o<br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> atrasa<strong>do</strong> em relação aos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> centro-sul.<br />

Ao contrário da visão apresentada no parágrafo anterior, uma outra parte <strong>do</strong>s<br />

opinantes vê o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, hoje, como um <strong>do</strong>s mais importantes pólos <strong>de</strong> atração <strong>de</strong><br />

investimentos no setor <strong>do</strong> agronegócio, em nível nacional e internacional. Os olhos <strong>do</strong><br />

Brasil se voltaram para a região centro-oeste, e <strong>de</strong>scobriram o <strong>Mato</strong> Groso como<br />

<strong>de</strong>stino i<strong>de</strong>al para os investimentos em projetos produtivos no setor, aproveitan<strong>do</strong>-se<br />

as inúmeras oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio disponíveis no esta<strong>do</strong>.<br />

Quanto às Políticas e Programas <strong>do</strong>s <strong>Governo</strong>s Fe<strong>de</strong>ral e Estadual as opiniões<br />

são bastante coinci<strong>de</strong>ntes nos campos econômico e social, mas qualitativamente<br />

diferentes, sen<strong>do</strong> favoráveis no primeiro caso e <strong>de</strong>sfavoráveis no segun<strong>do</strong>, conforme<br />

se po<strong>de</strong> observar a seguir:<br />

Muitos entrevista<strong>do</strong>s disseram que as políticas públicas e programas<br />

implementa<strong>do</strong>s pelos governos, fe<strong>de</strong>ral e estadual, contribuíram muito para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

Políticas públicas fe<strong>de</strong>rais e estaduais <strong>de</strong> incentivos à colonização,<br />

econômico <strong>do</strong> com garantias <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>ram o gran<strong>de</strong> impulso à<br />

Esta<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong><br />

sua região Norte, <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> expandiu para<br />

agricultura e à pecuária. As frentes <strong>de</strong> expansão econômica que se<br />

intensificaram a partir <strong>do</strong>s anos 70, principalmente com a pecuária,<br />

e a partir <strong>do</strong>s anos 80 com várias experiências <strong>de</strong> colonização, que<br />

tinham por objetivo dar suporte a toda indústria ma<strong>de</strong>ireira<br />

o sul e <strong>de</strong>mais<br />

implantada graças aos incentivos da SUDAM, e à mineração,<br />

representaram papel importante no processo <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><br />

regiões. Citam como <strong>Grosso</strong>. (Estu<strong>do</strong> Retrospectivo)<br />

exemplo a região <strong>do</strong><br />

médio Araguaia conhecida como o “Vale <strong>do</strong>s esqueci<strong>do</strong>s” (pós-ciclo <strong>do</strong> arroz) e que se<br />

transformou no “Vale da Prosperida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> asfaltamento da BR 158 e da<br />

15


entrada da energia elétrica pela linha <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Peixe. Uns poucos<br />

lembraram que as políticas públicas são da época <strong>do</strong> II Plano Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento (PND) e que chegaram ao <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> por intermédio da SUDAM.<br />

Uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>do</strong>s opinantes <strong>de</strong>stacou como importantes para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> a SUDECO, o INCRA, o Polonoroeste (construção da BR<br />

364), o Polocentro, o Fun<strong>do</strong> Constitucional <strong>do</strong> Centro-oeste (FCO), o CIDORG<br />

(energia <strong>de</strong> Cachoeira Dourada) o Carga Pesada (construção <strong>de</strong> estrutura viária);<br />

estes últimos na fase imediatamente posterior à divisão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Citaram outras<br />

valiosas iniciativas <strong>de</strong>ssas políticas, quais sejam: a construção das BRs 163, 158 e<br />

070; a solução <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> energia elétrica, por volta <strong>do</strong> ano<br />

2000, quan<strong>do</strong> foi substituída a geração termelétrica a diesel por hidroelétrica (usina <strong>de</strong><br />

Manso) e gás boliviano; o programa <strong>do</strong> slogan “plante que o João garante”; e outras.<br />

Como fato prejudicial ao <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, vários entrevista<strong>do</strong>s citaram a extinção da<br />

SUDAM e SUDECO pelo <strong>Governo</strong> Fernan<strong>do</strong> Collor em 1990.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, embora concor<strong>de</strong>m com o exposto nos <strong>do</strong>is parágrafos anteriores,<br />

praticamente to<strong>do</strong>s os consulta<strong>do</strong>s afirmaram que não se po<strong>de</strong> dizer o mesmo das<br />

políticas públicas <strong>de</strong> caráter social, visto que elas não produziram resulta<strong>do</strong>s notáveis<br />

em termos <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população;<br />

Alguns <strong>do</strong>s opinantes citaram como bons exemplos <strong>de</strong> programas na esfera<br />

estadual o Intermate, o Co<strong>de</strong>mat e o Fethab. Entretanto, houve alguém que qualificou<br />

esse último como um instrumento <strong>de</strong> sangria <strong>do</strong> sistema produtivo, porque inci<strong>de</strong><br />

sobre o faturamento e aquisições, configuran<strong>do</strong>-se como bitributação. Reforça o<br />

argumento dizen<strong>do</strong> que a arrecadação <strong>do</strong> Fethab, em <strong>2006</strong>, está estimada em R$ 356<br />

milhões, os quais po<strong>de</strong>riam ter como <strong>de</strong>stino a produção.<br />

Houve algumas opiniões sobre a política <strong>de</strong> ocupação territorial <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-a errada, uma vez que foi realizada por interesse geopolítico, <strong>de</strong><br />

forma abrupta, sem nenhum estu<strong>do</strong> técnico nem antropológico <strong>de</strong> base,<br />

<strong>de</strong>sconhecen<strong>do</strong>-se totalmente as condições ecológicas da região. A ocupação<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong>u origem à instalação <strong>de</strong> “trabalha<strong>do</strong>res posseiros” (não possuem<br />

título <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da terra) e, por isso, estão impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acessar a qualquer<br />

programa <strong>de</strong> financiamento. Por outro la<strong>do</strong>, aqueles que <strong>de</strong>tém o título <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

da terra usufruem to<strong>do</strong>s os benefícios nega<strong>do</strong>s aos primeiros. Uma das<br />

conseqüências visíveis <strong>de</strong>ssa política é o gran<strong>de</strong> êxo<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res rurais e suas<br />

famílias para a periferia <strong>do</strong>s centros urbanos, conforme já menciona<strong>do</strong>.<br />

Ressalta-se, por fim, que parte <strong>do</strong>s opinantes consi<strong>de</strong>ra que a política <strong>de</strong><br />

ocupação <strong>do</strong> Centro-Oeste, em geral, e <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, em particular, apoiou-se em<br />

promessas parcialmente cumpridas, como: terra barata para to<strong>do</strong>s; moradia,<br />

assistência médico-hospitalar; escola; e financiamentos. Mas, em verda<strong>de</strong>, o que<br />

16


encontraram, principalmente os migrantes retardatários, foram trabalho duro, mal<br />

remunera<strong>do</strong> e péssimas condições <strong>de</strong> vida.<br />

No tocante ao tema infra-estrutura, no geral, as opiniões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s são<br />

bastante coinci<strong>de</strong>ntes nos aspectos que se seguem:<br />

O primeiro aspecto<br />

No que diz respeito à infra-estrutura ro<strong>do</strong>viária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, parte<br />

diz respeito ao avanço significativa <strong>do</strong> seu território é cortada por duas importantes<br />

havi<strong>do</strong> em termos <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais: a BR 364, ligan<strong>do</strong> Cuiabá a Porto Velho, em<br />

Rondônia, com extensão <strong>de</strong> 1.471 Km pavimenta<strong>do</strong>s, e<br />

expansão<br />

e<br />

importante meio <strong>de</strong> escoamento da produção agrícola da região<br />

manutenção da re<strong>de</strong> noroeste <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, bem como <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rondônia e a<br />

BR 163 que é o eixo Cuiabá-Santarém (760 Km apenas no MT),<br />

viária, principalmente<br />

atravessan<strong>do</strong> alguns <strong>do</strong>s mais dinâmicos municípios <strong>de</strong> área <strong>de</strong><br />

no tocante à abertura fronteira agrícola <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. A ro<strong>do</strong>via<br />

das ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais estadual MT 170 permite a ligação <strong>de</strong> Aripuanã a Brasnorte e a<br />

MT 319 interliga Juruena à divisa com Rondônia, passan<strong>do</strong> por<br />

no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> Juína. Essa ligação ro<strong>do</strong>viária, com cerca <strong>de</strong> 650 Km, conhecida<br />

<strong>Grosso</strong>, conforme como Ro<strong>do</strong>via Transma<strong>de</strong>ireira, por fazer um recorte por <strong>de</strong>ntro<br />

da floresta, contou com a colaboração das empresas<br />

cita<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> ma<strong>de</strong>ireiras para sua instalação. Destacam-se ainda as MT 130,<br />

parágrafo <strong>do</strong> tópico 270, 246 e 220, algumas das quais permanecem intransitáveis<br />

no perío<strong>do</strong> das chuvas por falta <strong>de</strong> manutenção.(Estu<strong>do</strong><br />

intitula<strong>do</strong> Campo<br />

retrospectivo <strong>do</strong> MT, pagina 51)<br />

político-institucional,<br />

acima. Cabe ressaltar que to<strong>do</strong>s os opinantes reconhecem a importância das BRs 163<br />

e 364 para o escoamento da produção estadual, levan<strong>do</strong>-a até os portos <strong>de</strong> saída para<br />

o merca<strong>do</strong> externo; bem como para o recebimento <strong>do</strong>s insumos, máquinas e<br />

implementos <strong>de</strong>manda<strong>do</strong>s pela estrutura produtiva instalada. Alguns citaram também<br />

a construção das BRs 70 e 158 e a ampliação da BR 163 no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1980 a 1986,<br />

pelo governo fe<strong>de</strong>ral; mas que essas ro<strong>do</strong>vias, juntamente com a BR 364, não foram<br />

suficientes para resolver o problema <strong>do</strong> transporte no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Mencionam que<br />

outros esta<strong>do</strong>s como, por exemplo, Goiás e Tocantins, <strong>de</strong> produção agrícola menor<br />

que a <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, estão mais bem servi<strong>do</strong>s no assunto. Enten<strong>de</strong>m que, neste<br />

particular, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> foi visivelmente preteri<strong>do</strong> pelo governo fe<strong>de</strong>ral. Ainda,<br />

quanto à infra-estrutura <strong>de</strong> transportes, uma parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra digna<br />

<strong>de</strong> nota a visão estratégica <strong>do</strong>s governos ao cruzar ro<strong>do</strong>vias verticais e horizontais,<br />

facilitan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> quadrantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e a integração econômica<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>;<br />

Sobre essa mesma questão, os opinantes foram unânimes ao afirmar que há,<br />

atualmente, uma gran<strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> na infra-estrutura <strong>de</strong> transportes (ro<strong>do</strong>viário,<br />

ferroviário e hidroviário) e uma clara <strong>de</strong>ficiência nos meios logísticos (armazéns, silos,<br />

centros <strong>de</strong> distribuição, etc). Especificamente sobre as ro<strong>do</strong>vias e meios logísticos,<br />

to<strong>do</strong>s enten<strong>de</strong>m que os governos, fe<strong>de</strong>ral e estadual, não ofereceram o suporte <strong>de</strong><br />

infra-estrutura compatível com a dinâmica <strong>de</strong> crescimento ditada pela iniciativa<br />

privada, principalmente nos últimos <strong>de</strong>z anos. Avaliam que a infra-estrutura atual viária<br />

17


está esgotada, tornan<strong>do</strong> o transporte muito caro, com reflexo negativo nos custos <strong>de</strong><br />

escoamento da produção;<br />

Consi<strong>de</strong>ram que o propala<strong>do</strong> custo-Brasil (transportes, impostos, pedágio e portos)<br />

subtrai parcela consi<strong>de</strong>rável <strong>do</strong>s ganhos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> alcança<strong>do</strong>s pelos produtores<br />

(eficiência da “porteira para <strong>de</strong>ntro”), inclusive porque inci<strong>de</strong> também nas importações<br />

<strong>do</strong>s insumos e máquinas utiliza<strong>do</strong>s, penalizan<strong>do</strong> financeiramente o sistema produtivo,<br />

tanto na ida saída da produção, quanto na entrada <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s insumos e máquinas;<br />

Outro fator que<br />

Pesquisa recente da CNT, mostra que no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> a situação<br />

agrava ainda mais a das ro<strong>do</strong>vias aponta para um quadro muito <strong>de</strong>sfavorável, com 3,2<br />

situação<br />

<strong>do</strong>s mil quilômetros <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> aproximadamente 3,7 mil km da<br />

transportes no esta<strong>do</strong>,<br />

na opinião <strong>de</strong> vários<br />

malha ro<strong>do</strong>viária estadual (85,5%) sen<strong>do</strong> classificadas como<br />

<strong>de</strong>ficientes, e as estradas restantes consi<strong>de</strong>radas 9,3%, como<br />

ruins (9,3%) e como péssimas (5,2%). Essa situação assume<br />

entrevista<strong>do</strong>s, é a contorno dramático quan<strong>do</strong> se leva em conta que o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

longa distância a ser é o maior produtor <strong>de</strong> grãos da região, responsabilizan<strong>do</strong>-se em<br />

percorrida pela<br />

2003 por 47,9% <strong>do</strong> volume produzi<strong>do</strong>, computan<strong>do</strong> mais da<br />

meta<strong>de</strong> da produção da soja (55,2%) e por 72,2% da produção <strong>do</strong><br />

produção até o arroz <strong>do</strong> Centro-Oeste, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Produção Agrícola<br />

merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r Municipal <strong>do</strong> IBGE. (Estu<strong>do</strong> retrospectivo <strong>do</strong> MT, página 51)<br />

nacional e os portos <strong>de</strong><br />

embarque o para o exterior. Enten<strong>de</strong>m que as alternativas mais eficazes e baratas <strong>de</strong><br />

transporte são a ferrovia e a hidrovia; mas que esses <strong>do</strong>is modais não têm mereci<strong>do</strong> a<br />

necessária atenção <strong>do</strong>s governos fe<strong>de</strong>ral e estadual. Citam como exemplo o caso da<br />

Ferronorte, cujas obras estão interrompidas há vários anos. Acham que se a situação<br />

atual persistir, a produção <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> será inviabilizada pelo alto custo<br />

<strong>do</strong>s transportes. Vale lembrar que outros aspectos <strong>do</strong> assunto infra-estrutura,<br />

particularmente transporte e logística, estão explora<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>talhes no próximo<br />

tópico, sob o título Problemas ou Estrangulamentos;<br />

Ainda no tema infra-estrutura, outro ponto aborda<strong>do</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s foi o<br />

abastecimento <strong>de</strong> energia elétrica. To<strong>do</strong>s enten<strong>de</strong>m que essa questão atualmente não<br />

é mais problema para o <strong>de</strong>senvolvimento estadual, visto que o esta<strong>do</strong> passou da<br />

condição <strong>de</strong> importa<strong>do</strong>r para exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> energia. Até o ano <strong>de</strong> 2000 o suprimento<br />

<strong>de</strong> energia era um sério empecilho ao <strong>de</strong>senvolvimento estadual, mesmo contan<strong>do</strong><br />

com a energia fornecida pelas usinas hidrelétricas <strong>de</strong> Manso, em território matogrossense<br />

e Cachoeira Dourada instalada em Goiás. Essa energia, mais barata e <strong>de</strong><br />

melhor qualida<strong>de</strong>, possibilitou que a Companhia Estadual <strong>de</strong> Energia Elétrica<br />

(CEMAT) instalasse energia elétrica para quase todas as residências <strong>do</strong> entorno,<br />

levan<strong>do</strong> maior conforto e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para a população.<br />

Um outro tema aborda<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os participantes da entrevista refere-se ao<br />

Meio Ambiente, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se o processo <strong>de</strong> agressão <strong>de</strong>senfreada à natureza<br />

18


pelos produtores rurais, a partir <strong>do</strong> momento em que o esta<strong>do</strong> passou a ser visto como<br />

a nova fronteira agropecuária <strong>do</strong> Brasil.<br />

Praticamente todas as opiniões convergem no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a ocupação <strong>do</strong><br />

território mato-grossense começou com o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas para a<br />

exploração da ma<strong>de</strong>ira, abrin<strong>do</strong><br />

Com efeito, tal opção fez com que o rebanho<br />

espaço para a prática da pecuária<br />

bovino registra<strong>do</strong> evoluísse <strong>de</strong> 9 milhões <strong>de</strong><br />

extensiva no momento seguinte. cabeça, em 1990, para cerca <strong>de</strong> 24,7 milhões, em<br />

No curso <strong>de</strong>sse processo, muitas 2004. (Estu<strong>do</strong> retrospectivo, página 26)<br />

áreas foram <strong>de</strong>vastadas e <strong>de</strong>pois<br />

aban<strong>do</strong>nadas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à baixa fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e a inexistência <strong>de</strong> pesquisas para<br />

conhecimento da vocação e condições locais. Não se previu ou não se consi<strong>de</strong>rou a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer sérios prejuízos à natureza. A ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> garimpo, por<br />

exemplo, causou danos muito severos ao solo e às bacias hidrográficas. Em suma, os<br />

custos ambientais <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, sequer foram<br />

imagina<strong>do</strong>s. Os efeitos mais visíveis <strong>do</strong> crime cometi<strong>do</strong> são a erosão <strong>do</strong> solo, a<br />

contaminação e assoreamento <strong>do</strong>s rios, a poluição <strong>do</strong> ar pelas queimadas e as graves<br />

mudanças climáticas.<br />

A cultura <strong>do</strong> algodão, que se seguiu à da soja, requer a aplicação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

volumes <strong>de</strong> agrotóxicos por hectare, muito maiores que os aplica<strong>do</strong>s à soja, com a<br />

agravante <strong>de</strong> que o lançamento acontece continuamente, to<strong>do</strong>s os meses <strong>do</strong> ano.<br />

Quan<strong>do</strong> chove, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>vastação da vegetação rasteira, o veneno penetra no solo<br />

e atinge os lençóis freáticos ou são leva<strong>do</strong>s para os rios que abastecem as cida<strong>de</strong>s e<br />

formam o bioma <strong>do</strong> Pantanal.<br />

Citam como exemplo crítico da agressão ao meio ambiente o caso <strong>do</strong> rio Cuiabá,<br />

que era muito rico, limpo e piscoso, e que hoje está morren<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong><br />

poluição e contaminação <strong>de</strong> suas águas, que recebem os <strong>de</strong>jetos e resíduos lança<strong>do</strong>s<br />

pelas cervejarias, curtumes e mata<strong>do</strong>uros. Algumas <strong>de</strong> suas nascentes foram extintas<br />

por causa da Com efeito, no que se refere à dimensão ambiental, é da maior<br />

agricultura ou da importância consi<strong>de</strong>rar que o <strong>de</strong>senvolvimento econômico, na forma<br />

extração <strong>de</strong> que foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, nas últimas décadas, caracterizou-se por uma<br />

gran<strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong> ao meio-ambiente e aos ecossistemas<br />

ma<strong>de</strong>ira na<br />

extremamente frágeis existentes no Esta<strong>do</strong>. Neste particular, cabe<br />

cabeceira <strong>de</strong> seus<br />

afluentes.<br />

Lembram, também,<br />

que é igualmente<br />

crítica a situação <strong>do</strong><br />

rio Vermelho, em<br />

<strong>de</strong>staque, no que se refere aos cerra<strong>do</strong>s, aos estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em<br />

que são enfatiza<strong>do</strong>s os efeitos relaciona<strong>do</strong>s à erosão, a compactação<br />

<strong>do</strong>s solos, a contaminação da água por agrotóxicos, as formas<br />

ina<strong>de</strong>quadas a<strong>do</strong>tadas nos processos <strong>de</strong> irrigação, além <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>smatamentos e queimadas que estão associadas, em geral, aos<br />

avanços da fronteira agrícola e a incorporação <strong>de</strong> novas terras ao<br />

processo produtivo (Estu<strong>do</strong> Retrospectivo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, pág. 13)<br />

Ron<strong>do</strong>nópolis,<br />

dizen<strong>do</strong> que se for manti<strong>do</strong> o atual sistema <strong>de</strong> produção agrícola, o mesmo estará<br />

morto em 10 anos.<br />

19


Alguns opinantes lembram que, hoje, mesmo possuin<strong>do</strong> um enorme manancial <strong>de</strong><br />

recursos hídricos, falta água para o abastecimento humano, como na Chapada <strong>do</strong>s<br />

Guimarães, visto que vários rios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> estão assorea<strong>do</strong>s e contamina<strong>do</strong>s pelos<br />

agrotóxicos aplica<strong>do</strong>s à agricultura, pelo mercúrio usa<strong>do</strong> nos garimpos, pelos efluentes<br />

industriais e o esgoto <strong>do</strong>méstico <strong>de</strong>speja<strong>do</strong>s neles diariamente.<br />

Na visão <strong>de</strong> vários entrevista<strong>do</strong>s os governos sempre foram omissos quanto à<br />

questão ambiental<br />

A este respeito, é importante consi<strong>de</strong>rar as análises já realizadas e as<br />

e os órgãos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>núncias que têm si<strong>do</strong> feitas a respeito <strong>do</strong>s Cerra<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Pantanal.<br />

controle por eles No que se refere ao primeiro, são enfatiza<strong>do</strong>s os efeitos relaciona<strong>do</strong>s<br />

cria<strong>do</strong>s (IBAMA, com a erosão, a compactação <strong>do</strong>s solos, a contaminação da água e<br />

da biota por agrotóxicos, as formas ina<strong>de</strong>quadas a<strong>do</strong>tadas na<br />

SEMA), são muito<br />

irrigação, além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>smatamentos e queimadas. Relativamente ao<br />

mais repressores Pantanal, têm si<strong>do</strong> freqüentes as referências aos <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

que disciplina<strong>do</strong>res causa<strong>do</strong>s pela criação intensiva <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. A prática, também<br />

intensiva, predatória e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada da pesca, induziu os<br />

e educa<strong>do</strong>res. Por<br />

<strong>de</strong>sequilíbrios das espécies e teve como conseqüência a redução da<br />

isso valorizam mais piscosida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s rios e lagos.(Estu<strong>do</strong> retrospectivo, pagina 103)<br />

as ações punitivas<br />

<strong>do</strong> que as pedagógicas e preventivas. Anteriormente, enquanto tramitava o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

licenciamento o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r iniciava a implantação <strong>do</strong> seu projeto, com segurança,<br />

pois os ajustamentos exigi<strong>do</strong>s pelos órgãos <strong>de</strong> regulação eram razoáveis, pertinentes<br />

e solucionáveis. Mas, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s recentes impactos ambientais negativos (em parte<br />

superestima<strong>do</strong>s pela mídia e/ou por interesses não <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s), há um zelo exagera<strong>do</strong><br />

por parte <strong>do</strong>s órgãos regula<strong>do</strong>res, provocan<strong>do</strong> insegurança nos empresários que<br />

paralisam suas iniciativas e ficam no aguar<strong>do</strong> da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> zoneamento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Existem também aqueles que vêem o governo ensaian<strong>do</strong> medidas para tratar a<br />

questão, porém por meio <strong>de</strong> medidas radicais e ina<strong>de</strong>quadas como a “moratória<br />

branca”, que inviabiliza a abertura <strong>de</strong> novas áreas produtivas.<br />

Uma outra parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s enten<strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os elementos técnicocientíficos<br />

1 para atenuar os efeitos negativos causa<strong>do</strong>s ao meio ambiente já estão<br />

disponíveis, possibilitan<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> conservação e proteção<br />

ambiental, faltan<strong>do</strong> apenas vonta<strong>de</strong> política para efetivar parcerias entre entida<strong>de</strong>s<br />

públicas e privadas.<br />

Abaixo aparecem os aspectos gerais <strong>do</strong> crescimento econômico <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Mato</strong>-<strong>Grosso</strong>, <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s pelos entrevista<strong>do</strong>s como mais importantes. Por se tratar <strong>de</strong><br />

opiniões livres e individuais, faz-se necessário relembrar que são coinci<strong>de</strong>ntes em<br />

certos pontos e divergentes em outros, naturalmente. Primeiro são apresentadas as<br />

opiniões mais favoráveis, em seguida as menos favoráveis e, por fim, aquelas que<br />

representam o sentimento reinante entre os consulta<strong>do</strong>s. Na visão mais favorável<br />

cabe citar:<br />

1<br />

A UFMT tem duas torres <strong>de</strong> observação atmosférica e monitoramento <strong>do</strong> meio ambiente, instaladas em pontos<br />

estratégicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que a auxilia nos estu<strong>do</strong>s sobre os problemas ambientais presentes e futuros, e disponibiliza<br />

os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s e os estu<strong>do</strong>s para entida<strong>de</strong>s públicas e privadas e para a socieda<strong>de</strong>.<br />

20


Até a divisão geopolítica <strong>do</strong> antigo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, conforme dito<br />

anteriormente, a economia<br />

De fato, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985-2003, o MT foi uma das<br />

daquele esta<strong>do</strong> tinha uma tímida economias estaduais que mais cresceu no País,<br />

presença no cenário nacional. A manten<strong>do</strong> nos referi<strong>do</strong>s anos uma taxa <strong>de</strong> expansão<br />

<strong>de</strong> 7,6% ao ano, enquanto que o Brasil registrava<br />

partir daquele marco iniciou uma<br />

2,5% e o Centro-Oeste cerca <strong>de</strong> 4%. (Estu<strong>do</strong><br />

arrancada<br />

espetacular, Retrospectivo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, pág. 12)<br />

alcançan<strong>do</strong> índices anuais <strong>de</strong><br />

crescimento em torno <strong>de</strong> 10 e 12%. Os indica<strong>do</strong>res econômicos mostram que o <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> cresceu mais <strong>do</strong> que qualquer outra unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rativa. O crescimento <strong>de</strong> seu<br />

Produto Interno Bruto (PIB), no perío<strong>do</strong> 1985-2003, cresceu a taxas anuais muito<br />

superiores, inclusive, às da região Centro-Oeste e <strong>do</strong> Brasil, conforme <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> no<br />

box acima. Nesse mesmo perío<strong>do</strong> os índices globais <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong> PIB foram:<br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, 275%; região Centro-oeste, 103%; e Brasil, 55%;<br />

Esse forte crescimento da economia produziu benefícios diretos para gran<strong>de</strong> parte<br />

da população, geran<strong>do</strong><br />

Relativamente à dimensão social, os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><br />

empregos diretos e<br />

<strong>Grosso</strong> registraram, <strong>de</strong> fato, uma melhoria significativa na<br />

indiretos, melhoran<strong>do</strong> o última década, com indica<strong>do</strong>res que se situam em torno da<br />

acesso aos serviços média nacional. Não obstante este fato, os níveis<br />

permanecem, como no País e no Centro-Oeste, baixos,<br />

públicos, energia elétrica, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com padrões internacionais. (Estu<strong>do</strong><br />

telefones, transportes, etc; Retrospectivo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, página 13)<br />

promoven<strong>do</strong>, com isso, a<br />

elevação <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> consumo, a distribuição <strong>de</strong> renda, mesmo que mo<strong>de</strong>rada, e a<br />

ampliação da classe média. A economia <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da folha <strong>de</strong><br />

pagamentos <strong>do</strong> funcionário público que, até certa época, era a única classe<br />

consumi<strong>do</strong>ra e privilegiada <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e responsável pelo dinamismo da economia (a<br />

chamada “Economia <strong>de</strong> folha <strong>de</strong> pagamento”) 2 .<br />

No contexto <strong>de</strong> alto<br />

crescimento, <strong>de</strong>staca-se<br />

a soja que apresentou<br />

As exportações <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> para o comércio internacional<br />

passaram, em dólares correntes, <strong>de</strong> US$ 185,4 milhões em<br />

1989 para 3.102,5 milhões em 2004. Isto significa que nesse<br />

<strong>de</strong>manda crescente e<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 15 anos o valor corrente das exportações matogrossenses<br />

foi multiplica<strong>do</strong> 16,7 vezes, registran<strong>do</strong> taxa <strong>de</strong><br />

contínua por ser um crescimento <strong>de</strong> 20,7% ao ano. Relativamente às importações,<br />

alimento <strong>de</strong> alto teor os valores passam <strong>de</strong> US$ 18,3 milhões, em 1989, para US$<br />

417,7 milhões, em 2004, isto é, cresceram a uma taxa anual <strong>de</strong><br />

protéico. Nos últimos<br />

23,2%.(Estu<strong>do</strong> Retrospectivo <strong>do</strong> MT, página 40).<br />

anos, a China e o<br />

Su<strong>de</strong>ste asiático, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros países da Europa, foram os responsáveis pelo<br />

aumento e sustentação da <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> produto, favorecen<strong>do</strong> a inserção competitiva<br />

<strong>do</strong> MT no merca<strong>do</strong> mundial. Ten<strong>do</strong> a soja como carro-chefe, em 2005, as exportações<br />

2<br />

Não obstante, as <strong>de</strong>spesas com diferentes categorias <strong>de</strong> recursos (consumo público, investimento governamental,<br />

investimento priva<strong>do</strong> financia<strong>do</strong> com recursos públicos) alcançaram, em vários anos <strong>de</strong> um longo perío<strong>do</strong>, percentual<br />

equivalente à meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto da região (1970, 1980, 1991, 1995). A análise feita, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> reconhecer que em<br />

diferentes fases <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional, as diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recursos tiveram papel diferencia<strong>do</strong> no<br />

impulso às economias das unida<strong>de</strong>s integrantes da região. (ver Estu<strong>do</strong> Retrospectivo, pagina 51)<br />

21


<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> atingiram a casa <strong>do</strong>s US$ 4 bilhões, colocan<strong>do</strong> o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> na décima<br />

posição <strong>do</strong> ranking brasileiro, nesse quesito;<br />

O <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> vem amplian<strong>do</strong> aos poucos a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção, não<br />

apenas na agropecuária, on<strong>de</strong> existem importantes ca<strong>de</strong>ias produtivas (grãos, aves e<br />

suínos), mas, também, em outras áreas como serviços e turismo (negócio, religioso,<br />

cultural, rural e outros). Vale lembrar que a infra-estrutura turística fora <strong>de</strong> Cuiabá é<br />

precária e, infelizmente, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> ainda não apren<strong>de</strong>u a explorar a grife<br />

pantanal.<br />

Nas regiões on<strong>de</strong> essas ca<strong>de</strong>ias já estão consolidadas, observa-se a incorporação<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnas tecnologias ao processo produtivo e <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> manejo como a da<br />

‘safrinha’ (rotação das culturas <strong>de</strong> milho e soja), que são requisitos importantes para<br />

garantir a produtivida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agronegócio. Alguns entrevista<strong>do</strong>s<br />

enten<strong>de</strong>m que está Os processos <strong>de</strong> trabalho a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, as inovações e equipamento<br />

inician<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>s à ativida<strong>de</strong> produtiva e, seguramente, a consolidação<br />

da estrutura fundiária com a continuida<strong>de</strong> da expansão da fronteira<br />

um processo <strong>de</strong><br />

agrícola para novas áreas, ultrapassan<strong>do</strong> as fronteiras estaduais,<br />

industrialização <strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ter influencia<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver mão-<strong>de</strong>-obra nas<br />

carnes bovina, suína ativida<strong>de</strong>s primárias mato-grossenses. (Estu<strong>do</strong> retrospectivo,<br />

página 102).<br />

e <strong>de</strong> aves. Soma-se<br />

a isso, a bem-sucedida política <strong>de</strong> interiorização <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>do</strong>tada pelo<br />

governo estadual. Po<strong>de</strong> ser até que, nos últimos anos, algumas cida<strong>de</strong>s tenham<br />

experimenta<strong>do</strong> algum retrocesso econômico, mas, em compensação, muitos<br />

municípios saíram <strong>de</strong> um longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estagnação;<br />

No tocante ao<br />

a<strong>de</strong>nsamento das ca<strong>de</strong>ias<br />

Dentre as principais ca<strong>de</strong>ias produtivas, o Estu<strong>do</strong><br />

Retrospectivo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, na página 14, <strong>de</strong>staca: (i) a<br />

produtivas, parte <strong>do</strong>s constituída pelas ativida<strong>de</strong>s econômicas vinculadas à<br />

ma<strong>de</strong>ira e à fabricação <strong>de</strong> móveis, (ii) a <strong>de</strong> aves e suínos,<br />

entrevista<strong>do</strong>s opinou<br />

(iii) a <strong>de</strong> turismo, (iv) a centrada na piscicultura, (v) a <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sfavoravelmente, citan<strong>do</strong> fruticultura, (vi) a <strong>de</strong> soja e milho, (vii) a da carne, couro e<br />

<strong>do</strong> leite, (ix) a da construção civil, (x) a <strong>do</strong> algodão e<br />

que os esforços <strong>do</strong> governo e<br />

vestuário e, finalmente, (xi) a ca<strong>de</strong>ia produtiva da cana-<strong>de</strong>açúcar.<br />

da iniciativa privada não<br />

foram simultâneos e na<br />

mesma direção; por isso, alguns elos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias importantes foram rompi<strong>do</strong>s,<br />

impedin<strong>do</strong> a consolidação e o a<strong>de</strong>nsamento das mesmas.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, muitos opinantes manifestaram-se sobre o Desenvolvimento <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>de</strong> forma menos otimista, abordan<strong>do</strong> questões como:<br />

O segmento <strong>do</strong> agronegócio se baseia em altos investimentos, gran<strong>de</strong>s extensões<br />

<strong>de</strong> terra, infra-estrutura produtiva e administrativa pesadas estan<strong>do</strong>, assim, ao alcance<br />

somente <strong>de</strong> grupos economicamente fortes, favorecen<strong>do</strong> ainda mais a concentração<br />

<strong>de</strong> riqueza. Nesse contexto, dispuseram <strong>de</strong> muitos incentivos (renúncia fiscal e<br />

extrafiscal: pesquisa, tecnologia e infra-estrutura), enquanto os que não se<br />

22


enquadraram nesse perfil, ficaram à margem <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, como é o caso da<br />

maior parte da população estadual;<br />

Diversos entrevista<strong>do</strong>s citaram como exemplo da exclusão social o caso <strong>do</strong>s<br />

pequenos produtores que ficaram totalmente <strong>de</strong>sassisti<strong>do</strong>s, a extinção da agricultura<br />

<strong>de</strong> subsistência familiar e a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração das populações indígenas já<br />

mencionadas. Concordam integralmente que os trabalha<strong>do</strong>res que permaneceram no<br />

campo não usufruíram os benefícios <strong>do</strong> notável crescimento econômico <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. E<br />

<strong>do</strong>s que foram para as cida<strong>de</strong>s, somente os que tinham alguma capacitação técnica<br />

e/ou nível <strong>de</strong> instrução, conseguiram encaixar no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Praticamente<br />

to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s garimpos <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>s ficaram <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e moram<br />

na periferia das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cuiabá, Várzea Gran<strong>de</strong>, Ron<strong>do</strong>nópolis, Primavera <strong>do</strong><br />

Leste e outras. Em resumo, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o crescimento observa<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> não<br />

melhorou a distribuição da riqueza; ao contrário, aumentou sua concentração;<br />

O Brasil tem uma longa história <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> renda e riqueza e o <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> exacerba essa tradição. Na opinião quase unânime <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sigual em termos<br />

regionais, sem contar<br />

No que se refere aos indica<strong>do</strong>res sociais mais usuais, o Esta<strong>do</strong><br />

que não contemplou registra, ainda, déficits expressivos no que se refere às<br />

<strong>de</strong>vidamente as condições <strong>de</strong> saneamento básico, em particular quanto ao<br />

questões sociais da<br />

esgotamento sanitário. Cabe registrar, além disso, uma gran<strong>de</strong><br />

concentração da renda, com o Esta<strong>do</strong> situan<strong>do</strong>-se entre as<br />

região <strong>do</strong> Araguaia,<br />

unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração com maior <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, neste<br />

consi<strong>de</strong>rada como particular. (Estu<strong>do</strong> retrospectivo, página13)<br />

esquecida no perío<strong>do</strong><br />

pós-ciclo <strong>do</strong> arroz, é a mais nítida expressão das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, sem esquecer o que<br />

está acontecen<strong>do</strong> também no Noroeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Além <strong>de</strong>ssas, outras regiões<br />

inteiras ficaram para trás, como as tradicionais <strong>de</strong> garimpo, visto que os governos não<br />

agiram no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> equacionar os problemas <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> crescimento<br />

<strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong>. Alguns citaram como causa <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sequilíbrio, <strong>de</strong>ntre outras, a falta<br />

<strong>de</strong> um Plano Diretor que permita a administração pública acompanhar à dinâmica da<br />

economia, ao invés <strong>de</strong> se colocar como um obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> se revela mais claramente ainda nos centros <strong>de</strong> maior dinamismo,<br />

on<strong>de</strong> os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> agronegócio, incluin<strong>do</strong> os menos especializa<strong>do</strong>s, têm<br />

remuneração cerca <strong>de</strong> 50% superior aos trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualquer outro ramo <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> contarem com os benefícios socialmente importantes como<br />

moradia, saú<strong>de</strong>, educação, lazer e segurança.<br />

O impacto ambiental provoca<strong>do</strong> principalmente pelo agronegócio é muito superior<br />

ao aceitável e se revela, sobretu<strong>do</strong> irracional. Po<strong>de</strong>-se dizer que a economia está in<strong>do</strong><br />

bem; mas po<strong>de</strong>ria ser melhor, caso a ocupação territorial fosse planejada e a reforma<br />

agrária realizada <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que as potencialida<strong>de</strong>s locais fossem aproveitadas, sem<br />

23


<strong>de</strong>vastar os recursos naturais (cerra<strong>do</strong>, pantanal e floresta) o que infelizmente não<br />

aconteceu. Nas regiões <strong>de</strong> expansão da fronteira agrícola, pre<strong>do</strong>mina o extrativismo,<br />

tratan<strong>do</strong>-se a terra como um fator <strong>de</strong> produção temporário, sem os cuida<strong>do</strong>s<br />

necessários para<br />

A este respeito, é importante consi<strong>de</strong>rar as análises já realizadas e as<br />

preservá-la como<br />

<strong>de</strong>núncias que têm si<strong>do</strong> feitas a respeito <strong>do</strong>s Cerra<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Pantanal.<br />

um ativo <strong>de</strong> No que se refere ao primeiro, são enfatiza<strong>do</strong>s os efeitos relaciona<strong>do</strong>s<br />

produção<br />

com a erosão, a compactação <strong>do</strong>s solos, a contaminação da água e<br />

da biota por agrotóxicos, as formas ina<strong>de</strong>quadas a<strong>do</strong>tadas na<br />

permanente.<br />

irrigação, além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>smatamentos e queimadas. Relativamente ao<br />

Lamentavelmente, Pantanal, têm si<strong>do</strong> freqüentes as referências aos <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> causa<strong>do</strong>s pela criação intensiva <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. A prática, também<br />

intensiva, predatória e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada da pesca, induziu os<br />

cresceu regional,<br />

<strong>de</strong>sequilíbrios das espécies e teve como conseqüência a redução da<br />

social<br />

e piscosida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s rios e lagos.(Estu<strong>do</strong> retrospectivo, pagina 103)<br />

ambientalmente<br />

<strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong>. O passivo ambiental é um lega<strong>do</strong> não compensável pelo crescimento<br />

econômico, na medida em que afeta <strong>de</strong>finitivamente a biodiversida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida humana e animal;<br />

Parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s lembra que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, ao longo<br />

<strong>do</strong> tempo, vem se dan<strong>do</strong> em ciclos. O primeiro foi o <strong>do</strong> arroz (exporta<strong>do</strong> com casca),<br />

caracteriza<strong>do</strong> por um mo<strong>de</strong>lo extrativista que<br />

A<strong>de</strong>mais, há uma <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong>mandava a abertura freqüente <strong>de</strong> novas fronteiras, crescente <strong>de</strong> serviços<br />

on<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minava a monocultura. Fatos assim sociais <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong><br />

que está a exigir da<br />

submeteram o esta<strong>do</strong> a um crescimento volátil e socieda<strong>de</strong> uma mais intensa<br />

migratório como ocorreu, por exemplo, no Vale <strong>do</strong><br />

Araguaia, que foi dinâmico e rico e se tornou conheci<strong>do</strong><br />

como o “Vale <strong>do</strong>s esqueci<strong>do</strong>s”, conforme já cita<strong>do</strong>. No<br />

mobilização na ampliação e<br />

melhoria da sua oferta. Em<br />

particular, <strong>de</strong>ve-se fazer<br />

referências às condições <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>micílios assinaladas no<br />

esgotamento <strong>de</strong> cada ciclo surgem os problemas<br />

estu<strong>do</strong> retrospectivo,<br />

sociais <strong>de</strong>correntes como o <strong>de</strong>semprego e a migração notadamente no que se<br />

<strong>do</strong> campo para as cida<strong>de</strong>s. Além disso, os fluxos e refere ao saneamento<br />

refluxos migratórios acabam geran<strong>do</strong> capacida<strong>de</strong><br />

básico, ou mais<br />

particularmente, no que diz<br />

ociosa em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> local (fim <strong>de</strong> um projeto) e respeito ao esgotamento<br />

sanitário.<br />

.(Estu<strong>do</strong><br />

exigin<strong>do</strong> novos investimentos <strong>de</strong> mesma natureza<br />

retrospectivo)<br />

(abertura <strong>de</strong> estradas, construção <strong>de</strong> escolas,<br />

hospitais, etc) no local <strong>de</strong> um novo projeto, ocasionan<strong>do</strong> o que se chama<br />

popularmente <strong>de</strong> “estouro da manada”;<br />

24


Uma parte expressiva <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s pensa que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Mato</strong><br />

<strong>Grosso</strong> não se sustenta, visto que a economia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> está muito vulnerável, por<br />

girar em torno <strong>de</strong><br />

poucos produtos, A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superação da gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência que a economia<br />

estadual tem relativamente a alguns poucos produtos volta<strong>do</strong>s para o<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

merca<strong>do</strong> externo, quer os <strong>de</strong>manda<strong>do</strong>s pelos <strong>de</strong>mais esta<strong>do</strong>s e<br />

valorização <strong>do</strong> regiões no interior da economia nacional, quer aqueles requeri<strong>do</strong>s<br />

real, ao custo- pela economia <strong>de</strong> outros países que <strong>de</strong>mandam produtos gera<strong>do</strong>s na<br />

economia estadual. Tal <strong>de</strong>safio fica mais evi<strong>de</strong>nte quanto se<br />

Brasil e à pesada<br />

consi<strong>de</strong>ra que se trata <strong>de</strong> produtos com reduzida agregação <strong>de</strong><br />

carga tributária a valores e que estão submeti<strong>do</strong>s a uma gran<strong>de</strong> competição. A<br />

que está superação <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>safio implica consi<strong>de</strong>rar cada vez mais nas suas<br />

estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento o a<strong>de</strong>nsamento das ca<strong>de</strong>ias<br />

submetida. Além<br />

produtivas estaduais e a diversificação da sua estrutura produtiva e<br />

disso, encontra-se da sua pauta <strong>de</strong> exportações internacionais e interestaduais. (Estu<strong>do</strong><br />

à mercê <strong>de</strong> fatores retrospectivo).<br />

externos<br />

incontroláveis como, por exemplo, queda <strong>do</strong> preço das commodities, febre aftosa,<br />

gripe das aves, etc. Soma-se, ainda, o fato <strong>de</strong> que a partir da década <strong>de</strong> 90 vem<br />

ocorren<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, uma perda continuada da rentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s investimentos e,<br />

<strong>de</strong> outro, um crescente endividamento <strong>do</strong>s produtores;<br />

E, por último, uma parte <strong>do</strong>s consulta<strong>do</strong>s diz-se preocupada quanto ao futuro <strong>do</strong><br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, uma vez que os ciclos <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> anteriores como o da extração<br />

mineral e o <strong>do</strong> arroz não se sustentaram. Mesmo com esses exemplos, continua-se<br />

agin<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> como se o ciclo <strong>do</strong> agronegócio fosse interminável. Essa visão <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> trazer sérios prejuízos ao <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> num futuro não muito<br />

distante. Conclusivamente, o sentimento geral da gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

po<strong>de</strong> ser resumi<strong>do</strong> assim:<br />

O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, está em conciliar a<br />

continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crescimento econômico acelera<strong>do</strong> e intenso, com a inclusão social da<br />

maior parte da população, que não se beneficiou ainda <strong>do</strong> crescimento ocorri<strong>do</strong> e,<br />

simultaneamente, com o respeito às restrições ambientais sem o que estará<br />

comprometida, no longo prazo, a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Sem a<br />

incorporação da força <strong>de</strong> trabalho através <strong>de</strong> formas mais a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> relações <strong>de</strong><br />

produção e trabalhistas, sem a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas para reduzir a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> da<br />

distribuição <strong>de</strong> renda e a diminuição da pobreza, sem o respeito à fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> meio<br />

ambiente, a forma acelerada <strong>de</strong> expansão po<strong>de</strong>rá encontrar, no futuro próximo, os seus<br />

limites. (Estu<strong>do</strong> Retrospectivo pagina 13).<br />

25


II. Quanto às condições favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis internas<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

2.1 Problemas ou estrangulamentos<br />

Neste capitulo, procura-se resumir as idéias, opiniões e percepções <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s referentes aos principais problemas e estrangulamentos presentes<br />

no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, que po<strong>de</strong>m se constituir em graves obstáculos ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

A inexistência <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> logística multimodal, integran<strong>do</strong> as diversas<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte com o sistema logístico (armazenagem e distribuição),<br />

aparece li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o rol <strong>de</strong> estrangulamentos que mais dificultam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

futuro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Fazem parte <strong>de</strong>sse gargalo não só a insuficiência <strong>de</strong><br />

estradas, como também a <strong>de</strong>terioração das existentes, por falta <strong>de</strong> manutenção e<br />

sobrecarga <strong>de</strong> uso, principalmente nas ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais. Além disso, a única ferrovia<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> apresenta baixa eficiência operacional. As hidrovias, por questões legais e<br />

ambientais, não po<strong>de</strong>m ser ampliadas e melhoradas para favorecer o escoamento da<br />

produção. E os portos, por sua vez, acumulam problemas operacionais e burocráticos.<br />

Esse conjunto <strong>de</strong> restrições onera muito o custo final da produção, particularmente a<br />

rubrica transportes.<br />

A distância <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s centros consumi<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s portos <strong>de</strong> embarque para o<br />

merca<strong>do</strong> externo, constitui problema por si só, e se agrava pela insuficiência <strong>de</strong><br />

ferrovias e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída pelo sul, via rio Paraguai. Soma-se como parte<br />

<strong>do</strong> mesmo problema as péssimas condições da BR 163, consi<strong>de</strong>rada vital para a<br />

integração <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, que se torna intransitável no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas.<br />

Em conseqüência <strong>de</strong> uma postura assumida pelos governos, fe<strong>de</strong>ral e<br />

estadual, <strong>de</strong> claro adiamento <strong>de</strong> solução da questão fundiária, existe um clima <strong>de</strong><br />

insegurança e aversão ao risco por parte <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res que, juntamente com a falta<br />

<strong>de</strong> regularização das proprieda<strong>de</strong>s rurais, impe<strong>de</strong> os empresários <strong>de</strong> ingressarem em<br />

programas <strong>de</strong> incentivo <strong>do</strong> governo, tomar empréstimos etc.<br />

A <strong>de</strong>terioração <strong>do</strong>s ecossistemas em geral, especialmente o <strong>do</strong> pantanal,<br />

ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no mapa das preocupações apresentadas pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s. Os danos causa<strong>do</strong>s à biodiversida<strong>de</strong> pelos efeitos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

irracional, provoca<strong>do</strong>s principalmente pelas monoculturas da soja e algodão,<br />

associadas à pecuária extensiva, são também aponta<strong>do</strong>s como condições<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. O problema se torna ainda mais grave,<br />

na medida em que seus impactos são superestima<strong>do</strong>s por pressões internacionais,<br />

26


que levam os órgãos <strong>de</strong> fiscalização a priorizar as ações punitivas, em <strong>de</strong>trimento da<br />

orientação pedagógica e preventiva em apoio aos produtores.<br />

Como evidência <strong>do</strong> problema ambiental, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> custos altíssimos, os<br />

entrevista<strong>do</strong>s apontaram a erosão, a compactação <strong>do</strong>s solos, a contaminação da água<br />

e da biota por agrotóxicos, as formas ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> irrigação, além <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>smatamentos e queimadas, to<strong>do</strong>s anteriormente cita<strong>do</strong>s. Esse elenco <strong>de</strong> fatos<br />

impõe sérios obstáculos à própria continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em<br />

curso no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

Os entrevista<strong>do</strong>s citaram também como <strong>de</strong>svantagem, o fato <strong>de</strong> o esta<strong>do</strong> não<br />

dispor <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> apoio aos produtores na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comercialização da<br />

produção com o merca<strong>do</strong> externo. Ressaltam, igualmente, as <strong>de</strong>ficiências relativas à<br />

pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico que resultam em prejuízo à competitivida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s produtores. Segun<strong>do</strong> alguns, a EMBRAPA foi “sucatada”, per<strong>de</strong>u o foco, não<br />

colabora com os parceiros, distanciou-se <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> tecnologia.<br />

Enten<strong>de</strong>m que ela <strong>de</strong>veria se concentrar na pesquisa básica, trabalhan<strong>do</strong> junto com as<br />

universida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>ixar o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico para as empresas produtoras.<br />

Lembram que as pesquisas na área <strong>de</strong> biotecnologia, por exemplo, foram paralisadas<br />

por conta <strong>de</strong> ações judiciais interpostas por Organizações Não Governamentais<br />

(ONG).<br />

Enten<strong>de</strong>m como <strong>de</strong>sfavorável o agravamento da ineficiência da gestão pública, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

ao fisiologismo, à falta <strong>de</strong> pessoal qualifica<strong>do</strong> técnica e gerencialmente, sobretu<strong>do</strong> nos<br />

municípios, ten<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s reflexos mais negativos a carência <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />

educação, segurança e saú<strong>de</strong>. Os maiores problemas <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, hoje, ainda<br />

são na área social. As políticas públicas não são seguidas, resultan<strong>do</strong> na<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários programas. Ressalta-se, também, que a violência vem<br />

aumentan<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong>.<br />

A falta <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural consolidada e a baixa organização <strong>do</strong>s<br />

grupos étnicos contribui para a existência <strong>de</strong> um clima <strong>de</strong> tensão e iminente conflito,<br />

sobretu<strong>do</strong> pela ausência <strong>de</strong> negociação <strong>do</strong>s diferentes interesses, também foram<br />

vistas como prejudiciais ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

O entrevista<strong>do</strong>s abordaram também a questão indígena, lembran<strong>do</strong> que existe<br />

cerca <strong>de</strong> 37 nações indígenas no estra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, distribuídas em sessenta<br />

localida<strong>de</strong>s que ocupam 15 milhões <strong>de</strong> hectares, que são protegidas por segmentos<br />

da igreja. Por sua vez, os imigrantes ainda não assimilaram a cultura <strong>do</strong>s nativos e<br />

formaram guetos culturais. Assim sen<strong>do</strong>, torna-se visível o isolamento das duas<br />

culturas pelas barreiras antropológicas e culturais, a postura discriminatória<br />

principalmente por parte <strong>do</strong>s imigrantes, aumentan<strong>do</strong> sobremaneira o afastamento e<br />

as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais.<br />

No tocante à capacitação da força <strong>de</strong> trabalho, aparece entre as condições<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, a reduzida oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />

27


especializada em sistemas mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> gestão, o baixo nível <strong>de</strong> qualificação geral e<br />

técnica especializada <strong>do</strong> pessoal. O ensino técnico no Brasil não tem orientação. O<br />

sistema foi cria<strong>do</strong> no <strong>Governo</strong> Vargas com foco na produção rural. Depois, na década<br />

<strong>de</strong> 70, introduziram mudanças nele com vistas atualizá-lo. Mas a idéia foi aban<strong>do</strong>nada<br />

retornan<strong>do</strong>-se ao mo<strong>de</strong>lo antigo, mas com ênfase nas características da produção<br />

local. Há também um <strong>de</strong>sequilíbrio na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> nível superior, qual seja:<br />

<strong>do</strong>s quatro milhões <strong>de</strong> matrículas na graduação e pós-graduação no Brasil, para se ter<br />

uma idéia, 80% <strong>de</strong>las estão na area das ciências sociais. Com isso, sobram alunos<br />

nessa área e faltam na área <strong>de</strong> exatas. Os entraves legais para criação <strong>de</strong> novos<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> escolas, a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s às realida<strong>de</strong>s regionais, a má qualificação <strong>do</strong>s<br />

professores, a inexistência <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> inclusão social, somadas à baixa<br />

média <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> no esta<strong>do</strong> (uma das piores da América Latina, cerca <strong>de</strong> 6,4<br />

anos, enquanto em outros países está acima <strong>de</strong> 13 anos) e o eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong><br />

analfabetismo, constituem um outro grave problema a ser resolvi<strong>do</strong>, sob pena <strong>de</strong><br />

comprometer seriamente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Para se ter uma idéia da<br />

gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> problema, basta ver que um <strong>do</strong>s critérios <strong>de</strong> aferição <strong>do</strong> analfabetismo<br />

no Brasil resume-se ao indivíduo saber escrever um bilhete. Em países como a China,<br />

por exemplo, exige-se que se leia e entenda uma notícia <strong>de</strong> jornal. Se esse critério<br />

fosse aplica<strong>do</strong> no Brasil, especialmente no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, cerca <strong>de</strong> 70% da população<br />

seriam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s analfabetos.<br />

A concentração da economia em torno <strong>de</strong> poucos produtos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao<br />

merca<strong>do</strong> externo e o baixo valor agrega<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mesmos, colocam o Esta<strong>do</strong> em<br />

<strong>de</strong>svantagem frente aos competi<strong>do</strong>res, em caso <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> crise no merca<strong>do</strong><br />

internacional, provocada pela queda da <strong>de</strong>manda e/ou <strong>do</strong>s preços das commodities.<br />

Este problema é, em verda<strong>de</strong>, o efeito <strong>de</strong> <strong>do</strong>is outros: o baixo a<strong>de</strong>nsamento das<br />

ca<strong>de</strong>ias produtivas e a pequena diversificação da estrutura produtiva estadual.<br />

A questão fiscal é a causa <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s principais problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelo<br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, que, hoje, está per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair novos investimentos<br />

para o esta<strong>do</strong> em virtu<strong>de</strong> da chamada “guerra fiscal”. Trata-se <strong>de</strong> uma prática<br />

selvagem, mas é impossível <strong>de</strong>senvolver o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> com o ICMS garanti<strong>do</strong>, visto<br />

que investi<strong>do</strong>res optam por outros Esta<strong>do</strong>s como <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> Sul e Goiás.<br />

Embora, em longo prazo, to<strong>do</strong>s saiam per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com essa ‘guerra’, no momento não<br />

há outra saída; por isso, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> tem que usar as mesmas armas.<br />

De outro la<strong>do</strong>, as precárias condições <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> serviços públicos nos<br />

médios e gran<strong>de</strong>s centros urbanos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, criam um quadro <strong>de</strong> restrições à<br />

realização <strong>de</strong> investimentos industriais, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> abastecimento regular <strong>de</strong><br />

água, <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos, da oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra educada e qualificada para<br />

participar <strong>de</strong> um sistema produtivo mo<strong>de</strong>rno e diversifica<strong>do</strong>.<br />

A interrupção <strong>de</strong> vários projetos volta<strong>do</strong>s para a melhoria da infra-estrutura<br />

viária, que po<strong>de</strong>riam reduzir distâncias e baratear os custos <strong>de</strong> escoamento da<br />

produção até o merca<strong>do</strong> nacional e os portos <strong>de</strong> exportação, foi consi<strong>de</strong>rada como<br />

28


uma das causas <strong>do</strong> <strong>de</strong>ficiente sistema <strong>de</strong> transportes que serve o esta<strong>do</strong>. Os motivos<br />

da citada interrupção, na visão <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, são, principalmente: a insuficiência<br />

<strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Constitucional <strong>de</strong> Investimentos (FCO) e a extinção (in<strong>de</strong>vida)<br />

da SUDAM e da SUDECO.<br />

Parte <strong>do</strong>s consulta<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra que a inexistência <strong>de</strong> marcos <strong>de</strong> regulação<br />

estadual, sobretu<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> infra-estrutura, complementares à legislação fe<strong>de</strong>ral<br />

correlata, constitui um outro entrave ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s os problemas e restrições supracita<strong>do</strong>s são agrava<strong>do</strong>s pela baixa<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, em razão <strong>do</strong>s pesa<strong>do</strong>s custos operacionais da<br />

máquina administrativa e <strong>do</strong> comprometimento <strong>de</strong> aproximadamente 23% da receita<br />

líquida <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> para o pagamento <strong>de</strong> dividas.<br />

2.2 Potencialida<strong>de</strong>s ou vantagens competitivas<br />

Neste capitulo, aparecem resumidas as idéias, opiniões e percepções <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s acerca das potencialida<strong>de</strong>s e vantagens competitivas presentes no<br />

<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> base para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma Estratégia <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento capaz <strong>de</strong> assegurar a construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

economicamente mais <strong>de</strong>senvolvida e socialmente mais justa.<br />

Dentre as potencialida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, os entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacaram o potencial turístico, em todas as<br />

suas vertentes. As belezas naturais <strong>do</strong>s três ecossistemas (cerra<strong>do</strong>, pantanal e<br />

floresta) estão praticamente intactas representan<strong>do</strong>, portanto, uma ótima oportunida<strong>de</strong><br />

para a exploração econômica.<br />

A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terras <strong>de</strong> baixo custo (menos <strong>de</strong><br />

30% <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> estão ocupa<strong>do</strong>s), a boa fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, as condições climáticas<br />

favoráveis (ciclos regulares <strong>de</strong> chuva, sol o ano to<strong>do</strong>, bacias hidrográficas potentes e<br />

temperaturas i<strong>de</strong>ais) são, na visão quase to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s, importantes para<br />

viabilizar a expansão da fronteira agrícola e da produção agropecuária. Tais condições<br />

são corroboradas pelo fato <strong>de</strong> que nos últimos 21 anos não houve perda <strong>de</strong> lavoura<br />

por conta <strong>de</strong> problema climático.<br />

Ainda no tocante às ativida<strong>de</strong>s econômicas, os opinantes <strong>de</strong>stacaram a gran<strong>de</strong><br />

dimensão <strong>do</strong>s recursos naturais renováveis e minerais disponíveis no esta<strong>do</strong>, já<br />

<strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s. Caso as ações ilegais nesse campo sejam efetivamente<br />

coibidas e controladas, as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimentos para exploração <strong>de</strong>sses<br />

recursos como, por exemplo, a ma<strong>de</strong>ira, sen<strong>do</strong> manejada <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sustentável,<br />

29


utilizan<strong>do</strong>-se tecnologias a<strong>de</strong>quadas e a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> o recurso <strong>de</strong> reflorestamento, serão<br />

ampliadas substancialmente.<br />

Na área <strong>de</strong> energia elétrica foram <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s, freqüentemente, <strong>do</strong>is aspectos:<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir energia renovável, como o biodiesel, dadas as condições<br />

locais favoráveis para a produção e aproveitamento <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> biomassa; e a<br />

gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos hídricos, suficiente para a produção <strong>de</strong> energia<br />

elétrica por gran<strong>de</strong>s usinas e Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs), capaz <strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda interna e gerar exce<strong>de</strong>nte exportável para outros esta<strong>do</strong>s. Além<br />

disso, esse gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> recursos hídricos, abre a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

aproveita<strong>do</strong> também para outros fins como a navegação, a piscicultura, a irrigação, o<br />

turismo ecológico (pesca, aventura, etc.). Vale ressaltar que todas essas<br />

oportunida<strong>de</strong>s, ao serem exploradas, <strong>de</strong>vem levar em conta a classificação <strong>de</strong><br />

Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>, outorgada ao pantanal pela ONU. Igualmente importante<br />

será tratar esse magnífico atrativo turístico como uma grife valiosa.<br />

No caso particular da potencialida<strong>de</strong> da ca<strong>de</strong>ia produtiva da piscicultura,<br />

simultaneamente à criação <strong>de</strong> espécies híbridas e exóticas em cativeiro, há também a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> plantas para beneficiamento e industrialização <strong>do</strong><br />

pesca<strong>do</strong> para fins comerciais, ocasionan<strong>do</strong> uma maior agregação <strong>de</strong> valor aos<br />

produtos da pesca, bem como o a<strong>de</strong>nsamento da respectiva ca<strong>de</strong>ia.<br />

Os consulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacam também as potencialida<strong>de</strong>s da bovinocultura leiteira<br />

e <strong>de</strong> corte, da avicultura e da suinocultura, articuladas com a produção <strong>de</strong> milho, soja,<br />

algodão, etc.<br />

Como vantagem competitiva <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> foram lembra<strong>do</strong>s o espírito<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r e o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social e ambiental <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong><br />

local; o <strong>de</strong>spertar da vocação econômica <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> baseada no binômio grão-carne; e<br />

o interesse na formação <strong>de</strong> parcerias entre os integrantes <strong>de</strong> diversas ca<strong>de</strong>ias<br />

produtivas.<br />

A formação <strong>de</strong>mográfica, em especial a característica cultural que faz a<br />

população mais propensa às mudanças e à absorção <strong>de</strong> tecnologias; a ín<strong>do</strong>le pacífica<br />

e coopera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais, fruto da miscigenação <strong>do</strong>s imigrantes com a<br />

população nativa que acolheu a to<strong>do</strong>s, indiscriminadamente, foram realçadas pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s como condições que po<strong>de</strong>m favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. A posição geográfica <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> foi consi<strong>de</strong>rada estratégica<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> viabilizar o acesso aos merca<strong>do</strong>s internacionais da América <strong>do</strong> Norte,<br />

Europa e Ásia, por meio <strong>de</strong> saídas eqüidistantes para o Pacífico e Atlântico. Da<br />

mesma forma, o acesso às economias <strong>do</strong> Chile, Peru e Bolívia, pelos seus aspectos<br />

complementares e não competitivos, foi visto como uma importante oportunida<strong>de</strong> para<br />

a economia mato-grossense.<br />

Iniciativas <strong>do</strong> governo também foram apontadas pelos entrevista<strong>do</strong>s como<br />

favoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimento estadual, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a vonta<strong>de</strong> política, a<br />

30


eorganização <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e a sua divisão em regiões bem <strong>de</strong>finidas. As ações voltadas<br />

para o equacionamento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> habitações populares, o incentivo e fomento<br />

às parcerias púbicas-privadas, assim como a implantação <strong>de</strong> um sistema educacional<br />

que vise à formação e especialização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e programas <strong>de</strong> atendimento à<br />

população indígena jovem, também foram vistas como condições que po<strong>de</strong>m<br />

favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

Mencionaram ainda como vantagens competitivas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> as facilida<strong>de</strong>s<br />

oferecidas para a instalação <strong>de</strong> projetos em elos <strong>de</strong> importantes ca<strong>de</strong>ias produtivas,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a <strong>de</strong> móveis <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à exportação (<strong>de</strong>sign próprio). Soma-se ainda<br />

como facilida<strong>de</strong>, a formação <strong>de</strong> parcerias para agregação <strong>de</strong> valor aos produtos; a<br />

criação <strong>de</strong> marcas e a oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> apoio pelo esta<strong>do</strong>, principalmente nas<br />

áreas <strong>de</strong> tecnologia e qualificação da mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

Alguns entrevista<strong>do</strong>s citaram que o Brasil ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na<br />

produção mundial <strong>de</strong> frutas. O <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, particularmente, reúne condições muito<br />

vantajosas para li<strong>de</strong>rar esse segmento produtivo com vistas à exportação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, em<br />

primeiro lugar, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para financiamento da produção, via<br />

FCO; e, em segun<strong>do</strong>, pela presença <strong>de</strong> assentamentos com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

famílias voltadas para esta ativida<strong>de</strong>.<br />

Desponta-se, na opinião <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, como importante potencial<br />

econômico a ser explora<strong>do</strong> na ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> algodão, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> elo <strong>de</strong><br />

beneficiamento, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à boa aceitação <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> produto (torta e óleo) pelo<br />

merca<strong>do</strong> internacional.<br />

Relativamente à nascente ca<strong>de</strong>ia produtiva da cana-<strong>de</strong>-açúcar, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

como muito importante a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologia para instalação <strong>de</strong> plantas<br />

industriais, aproveitan<strong>do</strong>-se o bagaço que po<strong>de</strong> ser adapta<strong>do</strong> e utiliza<strong>do</strong> pelos<br />

produtores locais, além da perspectiva favorável <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ssa ca<strong>de</strong>ia com<br />

outras como, por exemplo, a química e <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia.<br />

Por fim, mas não menos importante, vale registrar as opiniões referentes a<br />

dimensão científico-tecnológica, cuja presença coloca o Esta<strong>do</strong> em posição <strong>de</strong><br />

vantagem em relação aos outros, por dispor <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> pesquisas e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico associa<strong>do</strong>s à quase todas as ca<strong>de</strong>ias produtivas (cana<strong>de</strong>-açúcar,<br />

algodão, carne, couro, leite, soja, milho, fruticultura), <strong>de</strong> laboratórios <strong>de</strong><br />

alevinos para produção <strong>de</strong> peixes, bem como <strong>de</strong> escolas e centros <strong>de</strong> tecnologia<br />

associa<strong>do</strong>s à ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e móveis.<br />

31


III. Quanto às condições favoráveis ou <strong>de</strong>sfavoráveis externas<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Este capítulo reúne as respostas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s sobre as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

negócios presentes no <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Para efeito <strong>de</strong>ste trabalho, oportunida<strong>de</strong>s são<br />

eventos ou situações <strong>do</strong> contexto externo ao Esta<strong>do</strong> que po<strong>de</strong>m contribuir <strong>de</strong> forma<br />

relevante para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, no médio e longo prazo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que,<br />

obviamente, <strong>Governo</strong> e iniciativa privada sejam capazes <strong>de</strong> capturá-las.<br />

3.1 Oportunida<strong>de</strong>s<br />

As gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s assinaladas pelos entrevista<strong>do</strong>s estão focalizadas<br />

no potencial <strong>de</strong> crescimento das <strong>de</strong>mandas nacional e internacional <strong>de</strong> alimentos e<br />

energia. Especialmente a biomassa para geração <strong>de</strong> energia renovável e força motriz,<br />

além <strong>do</strong>s reflorestamentos visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> compensação pela<br />

emissão <strong>de</strong> carbono por parte das empresas <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s; e, por fim, <strong>do</strong><br />

aproveitamento <strong>do</strong>s recursos naturais e <strong>do</strong> potencial turístico ambiental, nas<br />

modalida<strong>de</strong>s lazer, aventura e pesquisa.<br />

Destacaram, também, a localização geográfica estratégica <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, com<br />

vistas ao acesso aos merca<strong>do</strong>s externos da América <strong>do</strong> Sul, América <strong>do</strong> Norte e<br />

Europa, principalmente, em menor tempo e custos mais baixos. Nesse particular, cabe<br />

lembrar as iniciativas levadas a efeito nos anos recentes em torno <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong><br />

integração da infra-estrutura sul americana (IIRSA).<br />

Os opinantes incluíram também no elenco <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s aquelas <strong>de</strong>rivadas<br />

das próprias carências internas ao esta<strong>do</strong> como, por exemplo, as relativas à infraestrutura<br />

<strong>de</strong> transportes e logística <strong>de</strong> armazéns, silos e portos. Há, nesses pontos,<br />

espaço para o capital priva<strong>do</strong>, em parceria ou por concessão, investir em<br />

empreendimentos que objetivem solucionar as aludidas carências.<br />

Em <strong>de</strong>corrência da pressão internacional por maiores cuida<strong>do</strong>s em relação à<br />

natureza, ten<strong>de</strong> a surgir oportunida<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exploração agrícola, em particular a produção <strong>de</strong> alimentos orgânicos (grãos,<br />

verduras, frutas e carnes), <strong>de</strong>vidamente chancela<strong>do</strong>s pelo selo ver<strong>de</strong>, cuja <strong>de</strong>manda<br />

nos merca<strong>do</strong>s nacional e mundial vem crescen<strong>do</strong> a taxas muito altas.<br />

32


3.2 Ameaças<br />

Estão reunidas neste capítulo as expectativas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s quanto às<br />

ameaças que pairam sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Para efeito <strong>de</strong>ste<br />

trabalho, ameaças são eventos ou situações <strong>do</strong> contexto externo ao Esta<strong>do</strong> que<br />

po<strong>de</strong>m dificultar o seu <strong>de</strong>senvolvimento, no médio e longo prazo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que,<br />

obviamente, <strong>Governo</strong> e iniciativa privada não sejam capazes <strong>de</strong> neutralizá-las.<br />

Para a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a instabilida<strong>de</strong> internacional política e<br />

econômica é a principal ameaça à economia <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> monocultura exporta<strong>do</strong>r, aliada à in<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Brasil em<br />

assumir posição frente aos diferentes blocos econômicos internacionais. Outra<br />

ameaça são os riscos <strong>de</strong> perdas comerciais para países concorrentes, a exemplo da<br />

China, bem como a continuida<strong>de</strong> da política <strong>de</strong> subsídios à agricultura praticada pelos<br />

países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rumos que assumirem as negociações a<br />

respeito da questão.<br />

No conjunto das ameaças se insere também, na opinião <strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s<br />

consulta<strong>do</strong>s, a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> fornecimento <strong>do</strong> gás natural da Bolívia ao esta<strong>do</strong>, cuja<br />

disponibilida<strong>de</strong>, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estabilida<strong>de</strong> política interna daquele país.<br />

Em linha e, <strong>de</strong> certa forma, potencializan<strong>do</strong> essa ameaça, aparece a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma eventual crise <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> já a partir <strong>de</strong> 2009, em razão <strong>do</strong>s<br />

constantes atrasos na construção <strong>de</strong> novas usinas.<br />

A intensificação <strong>do</strong>s rigores <strong>do</strong> controle ambiental, somada à falta <strong>de</strong> ação<br />

governamental efetiva em relação à questão indígena, po<strong>de</strong> causar dificulda<strong>de</strong>s aos<br />

produtores, particularmente os situa<strong>do</strong>s próximos às reservas. Foi enfatizada também<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limitações às exportações, retaliações, barreiras técnicas e<br />

sanitárias e embargos <strong>do</strong>s interesses <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> no exterior, por conta <strong>de</strong><br />

problemas ambientais.<br />

A insuficiência <strong>do</strong> quadro regulatório estadual ou mesmo a sua <strong>de</strong>sarticulação<br />

com os marcos <strong>de</strong> regulação fe<strong>de</strong>ral, alia<strong>do</strong> ao crescente risco judiciário, favorece a<br />

instalação <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong> constrangimento para os investi<strong>do</strong>res, com postergação<br />

ou até mesmo transferência <strong>de</strong> projetos para outros esta<strong>do</strong>s.<br />

A existência <strong>de</strong> movimento para a criação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Araguaia, sem<br />

profunda discussão e avaliação <strong>do</strong>s custos envolvi<strong>do</strong>s, e o próprio processo <strong>de</strong><br />

ocupação daquela região, foram cita<strong>do</strong>s como ameaça, em razão <strong>do</strong>s danos que<br />

po<strong>de</strong>rão resultar para o rio e para a população indígena.<br />

33


IV. Priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

Neste capítulo estão apresentadas as opiniões <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s sobre o que <strong>de</strong>ve<br />

ser feito para colocar <strong>de</strong>finitivamente o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> na rota <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Tais opiniões refletem o sentimento <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>, ou<br />

seja, o que <strong>de</strong>ve ser feito em primeiro lugar.<br />

4.1 Produção (agropecuária e industrial)<br />

• Fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento da fruticultura no Esta<strong>do</strong>;<br />

• Criar um pólo <strong>de</strong> fruticultura irrigada na bacia <strong>do</strong>s rios Manso e Cuiabá;<br />

• Mapear as vocações agrícolas locais e agregar valor à produção;<br />

• Diversificar a produção agrícola <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>;<br />

• Promover o a<strong>de</strong>nsamento das ca<strong>de</strong>ias produtivas;<br />

• Criar política industrial consistente com o objetivo <strong>de</strong> diversificar a produção<br />

e aumentar o seu valor agrega<strong>do</strong>;<br />

• Incentivar a produção <strong>de</strong> biocombustíveis;<br />

• Instituir programas <strong>de</strong> micro-crédito a empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res;<br />

• Investir na produção <strong>de</strong> álcool, açúcar e aguar<strong>de</strong>nte para exportação;<br />

• Estimular a produção <strong>de</strong> insumos e fertilizantes no esta<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong><br />

substituir importações e completar a ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>do</strong> agronegócio;<br />

• Criar mecanismos <strong>de</strong> incentivo à agricultura peri-urbana em conjunto com a<br />

agricultura familiar;<br />

• Criar incentivo para a produção <strong>de</strong> papel e celulose e fabricação <strong>de</strong> MDF.<br />

4.2 Político/Institucional e Gestão<br />

• Rever a política fiscal no Esta<strong>do</strong>;<br />

• Assistir tecnicamente aos municípios;<br />

• Promover o reexame da participação <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> na Amazônia Legal;<br />

34


• Promover a reforma administrativa visan<strong>do</strong> diminuir o tamanho da máquina<br />

estatal (terceirizar serviços públicos);<br />

• Buscar solução para os problemas fundiários;<br />

• A<strong>de</strong>quar a gestão <strong>do</strong> FCO à filosofia para a qual existe (hoje o FCO financia<br />

ca<strong>de</strong>ias produtivas consolidadas);<br />

• A<strong>do</strong>tar política <strong>de</strong> transparência rigorosa <strong>do</strong>s gastos públicos em to<strong>do</strong>s os<br />

níveis <strong>do</strong> governo;<br />

• Implementar política <strong>de</strong> viabilização e implementação <strong>de</strong> planos diretores<br />

urbanos e rurais; este último, <strong>de</strong>limitan<strong>do</strong> áreas, planos <strong>de</strong> manejo e<br />

vetores <strong>de</strong> expansão para ativida<strong>de</strong>s produtivas e <strong>de</strong> conservação<br />

ambiental;<br />

• Conduzir o estu<strong>do</strong> orçamentário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> subsidia<strong>do</strong> por um diagnóstico<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s intra-regionais, buscan<strong>do</strong> equalizar os investimentos nos<br />

pólos regionais, estimulan<strong>do</strong> a ação integrada via consórcio entre<br />

Municípios;<br />

• Conduzir uma política <strong>de</strong> diversificação da produção, limitan<strong>do</strong> áreas <strong>de</strong><br />

monocultura e crian<strong>do</strong> uma política <strong>de</strong> abastecimento interno, envolven<strong>do</strong><br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição e comercialização para pequenos produtores;<br />

• Criar incentivos para empreendimentos volta<strong>do</strong>s para beneficiamento <strong>de</strong><br />

produtos agropecuários;<br />

• Criar Incentivos para empreendimentos <strong>de</strong> forma diferenciada e<br />

proporcional ao nível <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> valor <strong>do</strong>s empreendimentos;<br />

• Mobilizar universida<strong>de</strong>s e cientistas na busca <strong>de</strong> soluções para os<br />

problemas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>;<br />

• Propor mudanças na política <strong>de</strong> crédito para a agropecuária, introduzin<strong>do</strong><br />

mecanismo <strong>de</strong> planejamento (Plano <strong>de</strong> Safra);<br />

• Efetuar mapeamento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas;<br />

• A<strong>do</strong>tar uma visão estratégica, incluin<strong>do</strong> a readaptação da Empaer;<br />

• Estimular a criação <strong>de</strong> cooperativas e associações voltadas para a<br />

produção coletiva;<br />

• A<strong>do</strong>tar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> reforma e regularização fundiária semelhante ao<br />

implanta<strong>do</strong> no Paraná;<br />

• Promover o reor<strong>de</strong>namento fundiário que incorpore mo<strong>de</strong>los diferentes <strong>de</strong><br />

uso, conforme o local e a biodiversida<strong>de</strong> existente;<br />

• Reconhecer como utilida<strong>de</strong> pública os <strong>de</strong>senvolvimentos sociais;<br />

35


• Gerar novas formas <strong>de</strong> partição <strong>de</strong> recursos;<br />

• Desenvolver um esta<strong>do</strong> com mais municipalização;<br />

• Combater a formação <strong>de</strong> cartéis, como os <strong>de</strong> fertilizantes;<br />

• Fortalecer o Fórum <strong>de</strong> Empresários <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> (FOREMAT);<br />

• Incentivar a criação <strong>de</strong> microempresas por meio <strong>de</strong> legislação própria,<br />

semelhante a <strong>do</strong> Simples;<br />

• Reformular o sistema <strong>de</strong> ensino, dan<strong>do</strong> autonomia para as escolas criarem<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensino e gestão a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à realida<strong>de</strong> local;<br />

• Flexibilizar as regras <strong>de</strong> empréstimos com recursos <strong>do</strong> FCO;<br />

• Elaborar Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,<br />

começan<strong>do</strong> pelo or<strong>de</strong>namento territorial.<br />

4.3 Infra-estrutura<br />

• Implantar a ro<strong>do</strong>-ferrovia São Paulo/Cuiabá/Porto Velho;<br />

• Fazer hidrovia para <strong>do</strong>tar o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saída pelo Sul;<br />

• Viabilizar a saída para o Pacífico, através da hidrovia Paraná/Paraguai;<br />

• Consolidar o eixo ro<strong>do</strong>viário da BR 163 com o porto <strong>de</strong> Santarém;<br />

• Investir na consolidação <strong>do</strong> sistema multimodal <strong>de</strong> transportes no esta<strong>do</strong>;<br />

• Concluir a BR 158;<br />

• Fomentar a produção <strong>de</strong> energia;<br />

• Investir em saneamento básico;<br />

• Estabelecer pólos <strong>de</strong> armazenamentos.<br />

4.4 Meio ambiente<br />

• Assinar protocolos nacionais e internacionais <strong>de</strong> preservação ambiental;<br />

• Promover a diversificação da produção agrícola sustentável;<br />

• Promover ações repara<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> danos ao meio ambiente;<br />

• A<strong>do</strong>tar medidas sanea<strong>do</strong>ras da poluição das bacias;<br />

36


• Criar incentivos para investimentos em reflorestamento;<br />

• Implementar a atualização <strong>do</strong> zoneamento social, econômico e ecológico;<br />

• Zelar pela diversida<strong>de</strong> ambiental e regional (Amazônia, cerra<strong>do</strong> e pantanal)<br />

que se fun<strong>de</strong>m nas suas fronteiras <strong>de</strong> transição;<br />

• Desenvolver programas <strong>de</strong> conscientização da população sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustes no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento para a preservação <strong>do</strong><br />

meio ambiente;<br />

• Rever legislação ambiental.<br />

4.5 Tecnologia e Educação<br />

• Priorizar investimento na educação nos três níveis com projetos <strong>de</strong><br />

expansão, incluin<strong>do</strong>-se a alfabetização <strong>de</strong> adultos;<br />

• Profissionalizar a gestão com a massificação <strong>de</strong> cursos intensivos sobre<br />

boas práticas <strong>de</strong> produção e gestão;<br />

• Formalizar convênios <strong>de</strong> cooperação com universida<strong>de</strong>s estrangeiras;<br />

• Promover pesquisas para alcançar o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> produção e<br />

<strong>de</strong> gestão;<br />

• Incentivar a pesquisa <strong>de</strong> agrotóxicos não agressivos ao meio ambiente;<br />

• Criar centro <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> várias especialida<strong>de</strong>s.<br />

4.6 Sócio-cultural<br />

• Promover ações <strong>de</strong> conscientização quanto ao respeito às diferentes<br />

culturas e aos direitos indígenas;<br />

• Criar um Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Cultura para financiar projetos setoriais;<br />

• Promover a diversida<strong>de</strong> cultural e estabelecer critérios para consolidar a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma cultura mato-grossense;<br />

• Rever o programa <strong>de</strong> agricultura familiar, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o seu potencial para<br />

inclusão social;<br />

• Registrar as culturas indígenas e criar um Museu Antropológico;<br />

• Implantar políticas <strong>de</strong> inclusão social;<br />

37


• Construir e equipar hospitais regionais;<br />

• Enfatizar as ações <strong>de</strong> saneamento básico;<br />

• Implementar programas habitacionais;<br />

• Criar um sistema volante <strong>de</strong> assistência técnica às áreas <strong>de</strong> produção;<br />

• Implantar programa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para a população <strong>do</strong> meio rural;<br />

• Incentivar a produção agrícola orgânica junto às comunida<strong>de</strong>s próximas às<br />

escolas;<br />

• Criar mecanismo <strong>de</strong> vinculação <strong>de</strong> receita <strong>do</strong> orçamento fiscal para a<br />

cultura.<br />

38


V. Quanto às perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e o seu entorno<br />

Este capítulo apresenta as expectativas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s em relação ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>do</strong>s problemas e estrangulamentos que marcam a realida<strong>de</strong> matogrossense,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, os entrevista<strong>do</strong>s apontam com otimismo a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

crescimento econômico <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, em ritmo superior às outras unida<strong>de</strong>s da<br />

Fe<strong>de</strong>ração, apoia<strong>do</strong> na exportação, no aumento da produção agropecuária e no<br />

a<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas.<br />

Por conseguinte, a maioria acredita na superação <strong>do</strong>s problemas que cercam o<br />

escoamento da produção. Acredita-se que a produção <strong>de</strong> transgênicos <strong>de</strong>verá crescer<br />

muito; assim como o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos da agricultura orgânica (hortifruticultura e<br />

grãos). Os Arranjos Produtivos Locais (APL) <strong>de</strong>verão prevalecer em diversas<br />

ativida<strong>de</strong>s, especialmente no campo da agricultura orgânica.<br />

No geral, tem-se como certo o equacionamento da questão ambiental, por<br />

força da conscientização da socieda<strong>de</strong> e das pressões internacionais. Vislumbram,<br />

inclusive, investimentos em reflorestamentos <strong>de</strong> áreas hoje ocupadas pelo plantio <strong>de</strong><br />

soja. A produção <strong>de</strong> biocombustíveis <strong>de</strong>verá crescer consi<strong>de</strong>ravelmente e absorver<br />

gran<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> soja e girassol.<br />

A integração com os países vizinhos <strong>de</strong>verá aumentar, com a intensificação<br />

das relações comerciais. A industrialização será estimulada por incentivos fiscais. A<br />

produção <strong>de</strong> máquinas agrícolas <strong>de</strong>verá crescer muito com vistas aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local.<br />

Em contraposição às opiniões até certo ponto otimistas, alguns entrevista<strong>do</strong>s<br />

argumentam em contrário, dizen<strong>do</strong> que é gran<strong>de</strong> o crescimento <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong><br />

violência urbana e rural, o aprofundamento das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, por conta da<br />

não priorização <strong>de</strong> investimentos nas áreas <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong>, habitação e<br />

segurança. Acrescentam, por fim, que os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e subemprego no<br />

esta<strong>do</strong> são preocupantes. E que esse conjunto <strong>de</strong> restrições apresenta-se como uma<br />

séria ameaça ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.<br />

39


ANEXO – Lista <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

1 Adilson Domingos Reis - Secretário Municipal <strong>de</strong> Planejamento – Cáceres<br />

2 Aecim Tocantins – Conta<strong>do</strong>r, atuário, professor, ex-secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e Ex-Verea<strong>do</strong>r<br />

3 Afonso Teshima – Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CDL - SInop<br />

4 Ailton Caselli - Diretor Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Grupo Caselli<br />

5 Alcino Uggeri - Presi<strong>de</strong>nte Sindicato Rural – Vice Prefeito –Nova Mutum<br />

6 Alencar Farina – Médico, Presi<strong>de</strong>nte da UNIMED<br />

7 Alexandre Furlan - Secretário <strong>de</strong> Ind. Comércio, Minas e Energia <strong>do</strong> MT<br />

8 Altevir Magalhães - Administra<strong>do</strong>r, Empresário e lí<strong>de</strong>r empresarial<br />

9 Ana Carla Muniz - Secretária Estadual <strong>de</strong> Educação<br />

10 Antonio Borges Neto - Jornalista e Diretor <strong>do</strong> Jornal Notícias <strong>do</strong>s Municípios<br />

11 Antonio Carlos Ventura Ribeiro - Engenheiro Eletricista –Assessor CEMAT<br />

12 Antonio Contini - Açometal, Diretor – Ex-prefeito <strong>de</strong> Sinop<br />

13 Arresio Paquer - Presi<strong>de</strong>nte da Empaer, Presi<strong>de</strong>nte da Empaer<br />

14 Augustinho Moro - Administra<strong>do</strong>r, Secretário Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

15 Benedita da Guia - Diretora – Centro <strong>de</strong> Direito Humanos – Cáceres<br />

16 Carlos Antônio <strong>de</strong> Borges Garcia - Empresário <strong>do</strong> Setor Hoteleiro e Energia<br />

17 Carlos Avalone Junior – Representante da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> - FIEMT<br />

18<br />

Carlos Bezerra - Engenheiro, Ex-Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, Ex-Prefeito <strong>de</strong><br />

Ron<strong>do</strong>nópolis e Ex-Sena<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

19 Carlos Brito. Deputa<strong>do</strong> Estadual<br />

20 Carlos Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong> – Advoga<strong>do</strong> – Especialista em Educação Ex-Secretário<br />

21 Cláudio Bruehmueller - Presi<strong>de</strong>nte da Marajó Refrigerantes<br />

22 Carolina Joana da Silva – Professora – UNEMAT – Cáceres<br />

23 Clóvis Miranda – Professor UFMT<br />

24 Dante <strong>de</strong> Oliveira – Ex-Governa<strong>do</strong>r<br />

25 Décio Tocantins – Diretor Executivo da AMPA/FAMATO<br />

26 Delval<strong>do</strong> Benedito <strong>de</strong> Souza – Chefe - Unida<strong>de</strong> <strong>do</strong> IBGE em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

27 Deusenid Felix – Artista Plástico<br />

28 Dom Milton <strong>do</strong>s Santos - Arcebispo Metropolitano <strong>de</strong> Cuiabá<br />

29 Dom Pedro Casaldáliga - Bispo Emérito <strong>de</strong> São Felix <strong>do</strong> Araguaia<br />

30 Domingos Sávio B. Arruda - Promotor <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

40


31 Edy V. Soares - Superinten<strong>de</strong>nte da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral<br />

32 Elias Januário – Professor da UNIMAT e Indigenista<br />

33 Eloi Brunetta - Diretor Presi<strong>de</strong>nte Grupo Itaquerê.<br />

34 Estevão Torquato da Silva – Coronel - ex-<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Estadual<br />

35 Flávia Nogueira - Secretária <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />

36 Fre<strong>de</strong>rico Campos - Ex-Governa<strong>do</strong>r, Engenheiro Civil<br />

37 Gabriel Novis Neves – Médico, Professor Universitário e Político<br />

38 Gilberto C. Nasser – Professor <strong>do</strong> CEFET, Diretor <strong>de</strong> Teatro<br />

39 Gilberto Gomes <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong> - Administra<strong>do</strong>r, Diretor Regional <strong>do</strong> SENAI/MT.<br />

40 Gilson Ramos Marra – Assessor- Sindicato <strong>do</strong>s Transportes <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

41 Gustavo Oliveira - Diretor <strong>do</strong> Diário <strong>de</strong> Cuiabá<br />

42 Henrique Barros - Diretor <strong>do</strong> CEFET/MT<br />

43 Ilson Fernan<strong>de</strong>s Sanches - Diretor <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Superiores <strong>de</strong> Ron<strong>do</strong>nópolis.<br />

44 Inácio José Werner – Ambientalista<br />

45 Ivo Cuiabano Scaff – Ex-prefeito, Ex-Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> – Cáceres<br />

46 Jal<strong>de</strong>s Langer – SINDUSMAD – Sindicato <strong>do</strong>s Ma<strong>de</strong>ireiros – Sinop<br />

47 Jandir Milan - Empresário e Diretor <strong>do</strong> SEBRAE<br />

48 Jilson Francisco da Silva - Subsecretário MT- Secretario - Adjunto da SEDER<br />

49 João Ivo Puhl – Professor – UNEMAT – Cáceres<br />

50 Jorge <strong>do</strong>s Santos - Administra<strong>do</strong>r, Diretor Superinten<strong>de</strong>nte da FIEMT/IEL<br />

51 José Popim - Produtor Rural<br />

52 José Epaminondas Conceição – secretário adjunto <strong>de</strong> Indústria e Comércio <strong>de</strong> MT<br />

53 José Guilherme – Superinten<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> SEBRAE-MT<br />

54 Juacy da Silva - Diretor Executivo <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Planejamento Urbano <strong>de</strong> Cuiabá<br />

55 Jucliney Carvalho <strong>de</strong> Souza - Diretor <strong>de</strong> Administração e Finanças<br />

56 Júlio Campos - Agrônomo. Conselheiro <strong>do</strong> TCE/MT ex-Governa<strong>do</strong>r<br />

57 Julio César Rubi – Empresário e representante <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Transportes <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

58 Leopol<strong>do</strong> Mário Nigro - Empresário <strong>do</strong> ramo Hoteleiro<br />

59 Lioniê Vitório, - Vice-prefeito <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>do</strong> Leverger e Comediante<br />

60 Luis Carlos Meister – UNIPEC/FAMATO<br />

61 Luis Carlos Ribeiro – Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> INSS e Diretor <strong>de</strong> Teatro<br />

62 Luis Otávio Loureiro <strong>de</strong> Carvalho – Diretor Coloniza<strong>do</strong>ra Sinop<br />

63 Marcos Relvas – Advoga<strong>do</strong> Tributarista<br />

41


64 Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lamonica - Doutora em Ciências Humanas. Prof. UFMT<br />

65 Mauro Men<strong>de</strong>s - Diretor da Bimetal<br />

66 Milton Belincanta - Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Frigoríficos – Sinop<br />

67 Nelson Luis Piccoli - Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato Rural – Sorriso<br />

68 Nereu Luiz Pazini - Empresário - Primeiro Secretário da FIEMT<br />

69 Nicolau Priante Filho - Professor UFMT, Pesquisa<strong>do</strong>r PhD<br />

70 Nilfo Wan<strong>de</strong>scheer - Presi<strong>de</strong>nte – Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais – Lucas <strong>do</strong> Rio Ver<strong>de</strong><br />

71 Nilson Leitão - Prefeito <strong>de</strong> Sinop<br />

72 Norival Campos Cura<strong>do</strong> - Secretário <strong>de</strong> Indústria da Prefeitura <strong>de</strong> Sinop<br />

73 Oiran Ferreira Gutierrez - Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

74 Onofre Ribeiro - Jornalista, Assessor da FIEMT/ASCON<br />

75 Paul Jo Perk - Diretor <strong>de</strong> Vendas <strong>do</strong> Grupo AMAGGI<br />

76 Paulo Henrique <strong>de</strong> Almeida - Gerente Regional <strong>do</strong> BASA<br />

77 Paulo Speller - Reitor da UFMT<br />

78 Pedro Jacyr Bongiolo - Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Grupo AMAGGI<br />

79 Pedro Nadaf - Presi<strong>de</strong>nte da FECOMÉRCIO<br />

80 Pedro Rocha Jucá – Jornalista<br />

81 Piero Vincenzo Parini - Agrônomo. Empresário. Presi<strong>de</strong>nte SINDALCOOL/MT<br />

82 Ricar<strong>do</strong> Luis Henry - Prefeito Municipal <strong>de</strong> Cáceres<br />

83 Riva, Deputa<strong>do</strong> pela região Norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

84 Roberto Loureiro - Assessor Ass. Legislativa – Ex-Presi<strong>de</strong>nte da CODEMAT<br />

85 Rogério Salles - Empresário Rural - Ex-governa<strong>do</strong>r. Ex-prefeito - Ron<strong>do</strong>nópolis<br />

86 Sergio Luiz Pizzato - Diretor Grupo AMAGGI<br />

87 Taisir Mahmu<strong>do</strong> Karin - Reitor – UNEMAT – Cáceres<br />

88 Tereza Higa - Diretora <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais da UFMT<br />

89 Vicente José Puhl - Presi<strong>de</strong>nte Fase/Formad – Cáceres<br />

90 Vilceu Francisco Marcheti - Secretário <strong>de</strong> Infra-estrutura<br />

91 Vilmar Men<strong>de</strong>s Galvão - Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> SITICOM - Sinop<br />

92 Waldir Teis - Secretário <strong>de</strong> Fazenda<br />

93 Wera Capilé - Psicóloga, Ambientalista,Cantora <strong>do</strong> Projeto Pixinguinha<br />

94 Yêda Marli <strong>de</strong> Oliveira Assis – Secretária <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong><br />

95 Zaqueu Barbosa - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fronteira GEFRON – Cáceres<br />

96 Zeca D'Ávila - Deputa<strong>do</strong> Estadual (PFL), 1º vice-presi<strong>de</strong>nte da Mesa Diretora<br />

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97 Zeno José <strong>de</strong> A. Gonçalvez - Pref.<strong>de</strong> Rosário <strong>do</strong> Oeste e Pres. Do Consórcio da Baixada<br />

98 Zilmar Melatte - Diretor Geral da TV Centro América<br />

99 Zózimo Wellington Ferreira - Prefeito <strong>de</strong> Barra <strong>do</strong> Garças<br />

43


EQUIPE TÉCNICA DO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL<br />

EQUIPE TÉCNICA DE COORDENAÇÃO E APOIO<br />

• Arnal<strong>do</strong> Alves <strong>de</strong> Souza Neto – Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

• Susan Dignart - Coor<strong>de</strong>nação Técnica<br />

• Maril<strong>de</strong> Brito Lima - Informações<br />

• Tereza Nei<strong>de</strong> N. Vasconcelos - Informações<br />

• Luceni Grassi – Desenvolvimento Regional<br />

• Marco César Neves – Projetos Estratégicos<br />

• Júlia Satie Y Matsuoka – Políticas Públicas<br />

• Marize Bueno <strong>de</strong> Souza – Políticas Públicas<br />

• Cristina Paganotti - Mobilização e Logística<br />

• Cristianne Chein - Mobilização e Logística<br />

• Gleycinéa F. M. Silva - Mobilização e Logística<br />

EQUIPE DE INTERLOCUÇÃO TÉCNICA:<br />

SEPLAN<br />

• Álvaro Lucas<br />

• Denize Amorim<br />

• Edmar Augusto Vieira<br />

• Eleonora Duze Duarte<br />

• Marilene Marchese<br />

• Regiane Berchieli<br />

• Reinal<strong>do</strong> Guimarães<br />

• Maria Lucidalva C. Moreira<br />

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FIEMT<br />

• Carlos Vítor Timo<br />

FAMATO/IMEA<br />

• Rosimeire C. <strong>do</strong>s Santos<br />

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA<br />

• Abílio Fernan<strong>de</strong>s<br />

TRIBUNAL DE JUSTIÇA<br />

• Waldir A. Serafim da Silva<br />

SEBRAE<br />

• Eliane Ribeiro Chaves<br />

SETEC<br />

• Evalnete M. <strong>de</strong> Campo<br />

SEFAZ<br />

• Marisa F. Leão Castilho<br />

FEMA<br />

• Jussara Souza Oliveira<br />

SECITEC<br />

• A<strong>de</strong>nauer Tarquinio Daltro<br />

• Paulo Ernesto Kluge<br />

SECRETARIA DE SAÚDE<br />

• Giancarla Fontes<br />

SICM<br />

• José E. <strong>Mato</strong>s Conceição<br />

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SINFRA/CASA CIVIL<br />

• Magda F. Xavier da Silva<br />

SEDUC<br />

• Paulo H. Leite Oliveira<br />

SEJUSP<br />

• Roger Ramos Martini<br />

SICME<br />

• Tânia R. Freitas<br />

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Equipe Técnica da MULTIVISÃO<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral:<br />

Enéas Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Aguiar<br />

Consultores:<br />

Edval<strong>do</strong> Martiniano <strong>de</strong> Luna<br />

Ester <strong>de</strong> Sousa<br />

Dogercy Nunes <strong>do</strong>s Santos<br />

Francisco Fausto Matto <strong>Grosso</strong> Pereira<br />

José Raymun<strong>do</strong> F. <strong>de</strong> Aguiar<br />

Sérgio C. Buarque<br />

Editoração e Arte Final<br />

Daniel Alves Bueno<br />

Vilton Gonzaga.<br />

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