Discurso de Encerramento CEO - Soares da Costa
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<strong>Discurso</strong> <strong>de</strong> <strong>Encerramento</strong> <strong>CEO</strong><br />
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Luan<strong>da</strong>, 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2012<br />
Vai largo o dia, que foi rico em matéria <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências,<br />
ensinamentos e esclarecimentos. Penso que foi para todos uma excelente<br />
jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> (in)formação.<br />
Agra<strong>de</strong>ço ao Dr. Carlos Rosado <strong>de</strong> Carvalho a generosa colaboração nesta<br />
sessão e o eluci<strong>da</strong>tivo e completíssimo panorama que nos <strong>de</strong>ixou sobre a<br />
economia angolana, o momento por que passa e as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento que encerra.<br />
Agra<strong>de</strong>ço à Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Metodista ter cedido à <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> o espaço<br />
para a realização <strong>de</strong>ste encontro. Ficamos sinceramente muito gratos a esta<br />
magnífica instituição, a quem esperamos po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente retribuir este<br />
gesto admirável que interpretamos como simbólico <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> aca<strong>de</strong>mia<br />
à colaboração com o mundo empresarial.<br />
Agra<strong>de</strong>ço a todos os Responsáveis <strong>da</strong> <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> e <strong>da</strong> Clear que hoje<br />
expuseram, o esforço que <strong>de</strong>dicaram em prol <strong>da</strong> informação dos Colegas.<br />
Bem hajam pelo vosso trabalho, que foi excelente.<br />
Agra<strong>de</strong>ço também aos Colegas que se empenharam na preparação <strong>de</strong>sta<br />
reunião e que cui<strong>da</strong>ram <strong>de</strong> todos os aspectos, <strong>da</strong> comunicação, nos seus<br />
diferentes suportes e formatos, até à logística, passando pelo conforto e<br />
alimentação, o óptimo trabalho produzido em circunstâncias que são um<br />
pouco mais difíceis e complexas do que noutros contextos. Incluo neste<br />
agra<strong>de</strong>cimento to<strong>da</strong> a equipa <strong>da</strong> Carta.
Disse há pouco que o dia vai largo, mas não quero “<strong>de</strong>ixar-vos” ir embora<br />
sem uma palavra final que, se possível, aju<strong>de</strong> a compreen<strong>de</strong>r e enquadrar<br />
tudo quanto aqui falámos. Conce<strong>da</strong>m-me pois alguns minutos mais <strong>da</strong> V.<br />
atenção.<br />
Decidimos que este ano o Encontro <strong>de</strong> Quadros <strong>de</strong> Angola prece<strong>de</strong>ria o que,<br />
no final do mês ocorrerá em Portugal e que <strong>de</strong>veria ter um conteúdo próprio<br />
e uma digni<strong>da</strong><strong>de</strong> idêntica. Tal <strong>de</strong>corre, naturalmente, <strong>da</strong> importância que a<br />
operação <strong>de</strong> Angola assume no contexto do Grupo.<br />
Para a Comissão Executiva, mais relevante do que vir a Luan<strong>da</strong> meramente<br />
conviver com os quadros expatriados – o que é importante e sem dúvi<strong>da</strong><br />
sempre agradável - é vir trabalhar, falar para e ouvir os quadros <strong>da</strong> operação,<br />
que não são apenas os que têm um vínculo contratual em Portugal mas são<br />
também – e, espero no futuro ca<strong>da</strong> vez mais - os quadros locais, angolanos,<br />
claro, e outros.<br />
A <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> é um todo multi-geográfico. Quer isto dizer que,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos estatutos legais <strong>da</strong>s suas operações (em Angola,<br />
por exemplo, sucursal, no caso <strong>da</strong> SC, ou filial, no <strong>da</strong> Clear), <strong>de</strong> terem tido<br />
origem no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> operações próprias (como aqui) ou em<br />
aquisições (como nos EEUU), <strong>da</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> geografia no<br />
volume <strong>de</strong> negócios e nos resultados consoli<strong>da</strong>dos, <strong>da</strong> importância relativa<br />
<strong>de</strong> quadros locais e expatriados, do tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em<br />
ca<strong>da</strong> local, do maior ou menor grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nos<br />
responsáveis locais em ca<strong>da</strong> país, o todo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> operação e ca<strong>da</strong><br />
operação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do todo.<br />
Vem isto a propósito dos efeitos sobre o Grupo <strong>da</strong> grave crise que se vive em<br />
Portugal, país <strong>da</strong> se<strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa mãe do Grupo. Essa crise, <strong>de</strong> cujas causas<br />
e <strong>de</strong>senvolvimentos não vamos agora falar por serem bem conheci<strong>da</strong>s até,<br />
creio, dos Colegas angolanos, tem como consequência uma quebra<br />
fortíssima <strong>da</strong> procura <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> investimento e, portanto, <strong>da</strong> procura ao<br />
nosso setor, agrava<strong>da</strong> por restrições fortíssimas no plano do financiamento<br />
do investimento e <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> corrente. As respostas que tivemos <strong>de</strong> <strong>da</strong>r<br />
implicaram alterações no plano estratégico do grupo – que estamos a aplicar<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> há um ano para cá - e tiveram repercussões em to<strong>da</strong>s as geografias<br />
on<strong>de</strong> operamos. Temos atualmente menos capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do que há meia dúzia<br />
<strong>de</strong> anos para investir – em novos mercados, em novos negócios nos<br />
mercados on<strong>de</strong> estamos e até no crescimento orgânico, se este exigir mais<br />
equipamento e mais fundo <strong>de</strong> maneio -, temos <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r ativos não<br />
essenciais ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> nossa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> nuclear – a Construção –<br />
temos, igualmente, que cortar nos custos e preocupar-nos mais com a
eficiência e com o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> meios em to<strong>da</strong> a parte;<br />
temos em suma <strong>de</strong> ser parcimoniosos.<br />
O passivo financeiro do Grupo – sem dúvi<strong>da</strong> globalmente excessivo –<br />
concentra-se em Portugal. E como tal os fluxos financeiros mínimos<br />
necessários ao serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> têm <strong>de</strong> fluir <strong>da</strong>s operações que geram<br />
exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> caixa para aquelas que <strong>de</strong>les mais necessitam. Com<br />
prudência, para que a resolução <strong>de</strong> um problema aqui não crie <strong>de</strong>sequilíbrios<br />
insanáveis acolá e tendo presente que nenhuma <strong>da</strong>s operações que<br />
compõem o Grupo é, repito, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> sorte do<br />
todo.<br />
Atualmente sofre-se mais em Portugal. Sofre-se porque temos em curso um<br />
programa <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> efectivos que já afetou no ultimo ano cerca <strong>de</strong> 5<br />
centenas <strong>de</strong> Colegas, que ain<strong>da</strong> não terminou e terá <strong>de</strong> prosseguir até que a<br />
dimensão <strong>da</strong> estrutura esteja a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à dimensão esperado do mercado;<br />
sofre-se porque dos incumprimentos com fornecedores e com outros<br />
credores resultam dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s operacionais extremas, muito frustrantes<br />
para quem tem orgulho na sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na sua empresa; é certo que se<br />
trabalha mais intensamente em outras geografias, Angola incluí<strong>da</strong> claro,<br />
porque temos a bênção <strong>de</strong> ter aqui um mercado pujante e o mérito <strong>de</strong>, ao<br />
longo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 30 anos, termos construído uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica e<br />
competitiva e uma reputação fortíssimas.<br />
Estamos muito atentos à situação em Angola, na <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> e na Clear e<br />
vamos continuar a gerir equilibra<strong>da</strong>mente ca<strong>da</strong> operação e as relações entre<br />
elas em função do todo; não apelaria à soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s sucursais e filiais no<br />
exterior para com as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento <strong>da</strong> casa-mãe se o<br />
objectivo fosse manter uma estrutura ociosa e inútil em Portugal. O que<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente está em causa é a sobrevivência e a autonomia do Grupo.<br />
Gostaria ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>r o tema <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong> <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> no tecido<br />
económico angolano. Neste país que tão bem nos acolheu e on<strong>de</strong> tanto nos<br />
sentimos apreciados, manifestam-se <strong>de</strong> modo ca<strong>da</strong> vez mais vivo a<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora e o talento dos seus empresários e quadros. As<br />
orientações superiormente <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, que não po<strong>de</strong>mos ignorar e <strong>de</strong>vemos<br />
respeitar, exigem que nos integremos mais nessa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Há vários anos<br />
que o Grupo assumiu que, num futuro mais ou menos próximo, partilharia<br />
capital, riscos e resultados <strong>da</strong> operação em Angola com interesses locais. Já<br />
houve em diversas ocasiões contactos e negociações, sempre discretos,<br />
nesse sentido. Acabará por acontecer; está claro que <strong>de</strong>sejamos que assim<br />
seja; mas não regatearemos esforços para o fazer <strong>de</strong> um modo correto, que<br />
<strong>de</strong>fen<strong>da</strong> todos os interesses em presença; e não precipitaremos o anúncio<br />
<strong>de</strong> quaisquer <strong>de</strong>senvolvimentos.
Reconheço por outro lado que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> concretização <strong>da</strong>s<br />
parcerias locais, não progredimos suficientemente na angolanização <strong>da</strong><br />
nossa própria estrutura. Há o hábito, sempre mais cómodo, do recurso<br />
sistemático aos quadros <strong>da</strong> casa mãe, conjugado com uma aparente<br />
dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em, salvo exceções, atrair, formar, <strong>de</strong>senvolver, responsabilizar e<br />
reter quadros locais em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> compatível com a dimensão <strong>da</strong> nossa<br />
operação. Estou convicto <strong>de</strong> que, pela força <strong>da</strong>s coisas, à abertura do capital<br />
suce<strong>de</strong>rá naturalmente uma muito maior eficácia e sucesso na angolanização<br />
<strong>da</strong> <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong>.<br />
Deixo-vos alguns <strong>de</strong>safios, cuja assunção e solução compete à gestão local (e<br />
que o Eng.º Daniel Pinto <strong>da</strong> Silva muito bem assumiu na sua intervenção) :<br />
- o do maior rigor na gestão, em to<strong>da</strong>s as áreas e frentes;<br />
- o <strong>da</strong> crescente exigência na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos procedimentos e dos controlos<br />
- o <strong>da</strong> maior exigência no planeamento <strong>da</strong> produção e cumprimentos dos<br />
prazos contratados<br />
- o do maior respeito pelas obrigações <strong>de</strong> natureza legal e ética em domínios<br />
como o ambiental, <strong>da</strong> segurança, do bem estar e do respeito pelos direitos<br />
dos trabalhadores<br />
- o do reconhecimento e retribuição do mérito<br />
- e, não menos importante, e como pano <strong>de</strong> fundo imprescindível, o do<br />
crescimento do negócio e <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, como se exige <strong>de</strong> uma empresa<br />
competitiva num ambiente económico tão prometedor como é o angolano.<br />
Temos procurado ser rigorosos na avaliação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> operação<br />
em novos quadros vindos <strong>de</strong> Portugal, evitando empolar custos<br />
<strong>de</strong>snecessariamente. Continuamente, coloca-se, também, a questão <strong>de</strong><br />
haver regressos.<br />
Hoje quero referir-vos a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> alguém especial. O Eng.º Pisoeiro pediu há<br />
algum tempo, por razões do seu foro pessoal, a <strong>de</strong>missão dos quadros <strong>da</strong><br />
Soc. Construções <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> e a dispensa <strong>de</strong> funções com conteúdo<br />
executivo. Trata-se <strong>de</strong> alguém especial, como dizia, por ter li<strong>de</strong>rado esta<br />
operação anos a fio, por se i<strong>de</strong>ntificar e ser i<strong>de</strong>ntificado com ela como mais<br />
ninguém e porque estabeleceu com tantos <strong>de</strong> vós relações <strong>de</strong> trabalho e<br />
pessoais riquíssimas.<br />
Foi possível acor<strong>da</strong>r com o Eng.º Pisoeiro um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
relacionamento que assegura a exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua <strong>de</strong>dicação ao Grupo
num novo estatuto como assessor do <strong>CEO</strong> África, Eng.º Pinto <strong>da</strong> Silva.<br />
Continuaremos pois a contar com o seu conselho, embora não com a sua<br />
intervenção executiva no dia-a-dia <strong>da</strong> empresa.<br />
Termino com a expressão <strong>de</strong> um voto <strong>de</strong> confiança muito forte na<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> equipa <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong> todos os responsáveis e seus<br />
colaboradores para levarem a cabo os renovados <strong>de</strong>safios que se nos<br />
apresentam e <strong>de</strong>ixo-vos outra palavra, também <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> confiança, no<br />
futuro do Grupo <strong>Soares</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong>.<br />
Obrigado pela V. atenção. Bom regresso a casa. Bom trabalho na 2ª feira.