Prometeu Candeeiro - História - imagem e narrativas
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História, <strong>imagem</strong> e <strong>narrativas</strong><br />
N o 12, abril/2011 - ISSN 1808-9895 - http://www.historia<strong>imagem</strong>.com.br<br />
procurou, no seu próprio contexto, um público receptivo que o aceitasse, ao mesmo tempo em<br />
que o adequou ao gênero. Assim como, antes dela utilizar o mito, também participou dessa<br />
criação a priori que parte sempre de uma conjuntura da qual o indivíduo faz parte e que por<br />
isso denuncia o seu contexto, conseqüentemente expõe elementos da sociedade em questão:<br />
“O saber do homem não parte do zero, mas de um horizonte, ou seja, de um conjunto de<br />
conhecimentos implícitos que permanecem atemáticos nas diversas perguntas do homem. Toda<br />
ação humana se faz dentro de determinada perspectiva e é, exatamente, esta perspectiva, que<br />
constitui o que se chama o Horizonte do conhecimento e da ações humanas. Este horizonte, um<br />
a priori necessário, é em primeiro lugar, um horizonte contextual determinado, contudo<br />
enquanto contexto todo horizonte é uma Totalidade, uma totalidade parcial ou regional,<br />
porque, precisamente, determinada” (grifo no original) (OLIVEIRA, 1997).<br />
Trocando o todo pela parte, temos que a tragédia para existir enquanto drama, capaz<br />
de provocar interesse num público, utiliza-se de um horizonte próprio que mantém<br />
permanências do horizonte do mito. Deste modo, o horizonte da tragédia seria<br />
especificamente o choque de horizonte (entendido como conjunto de conhecimento) do<br />
período Arcaico e do Clássico. Pois,<br />
(...) as adaptações das peças variam de espírito e de inspiração segundo o momento ou a moda,<br />
também cada época e cada família de espírito é levada a privilegiar na própria noção de trágico<br />
um, ou outro, aspecto; e o reflexo das tendências contemporâneas aclara esta noção com uma,<br />
ou com outra, luminosidade. (ROMILLY, 2008).<br />
Assim, como as representações das tragédias ditas modernas, só são compreensíveis<br />
em seus respectivos contextos, as representações das tragédias gregas só são inteligíveis se<br />
levarmos em conta todo um conjunto de pensamentos e acontecimentos da pólis, resultado do<br />
entrechoque desse período, que, por sua vez, são denunciados na narrativa. Logo, esta emerge<br />
enquanto fonte histórica, ou seja, é um meio de apreender essa realidade. Assim, “a<br />
“tragédia”, dentro da cultura a que este fenômeno deve sua origem, pode ser compreendida<br />
como um fenômeno histórico bem concreto”. ( LESKY, 2006).<br />
A relação do mito na tragédia<br />
O mito tem em si o aspecto oral, mas posteriormente passa a ser escrito. Com essa<br />
escrita ganha um aspecto literário e com a tragédia ganha representação 11 , acompanhado com<br />
músicas e artes de representação corporal. Angariando, a partir daí, outra dimensão que<br />
ultrapassa a arte e abrangem vários outros setores, próprios da tragédia: religioso, social,<br />
11 A originalidade da tragédia “vinha do facto de o actor tornar pública uma emoção, uma explicação, um<br />
significado que não tinham sido veiculados antes dele” In: A tragédia Grega. (Romilly, 2008).<br />
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