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Prometeu Candeeiro - História - imagem e narrativas

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História, <strong>imagem</strong> e <strong>narrativas</strong><br />

N o 12, abril/2011 - ISSN 1808-9895 - http://www.historia<strong>imagem</strong>.com.br<br />

Introdução<br />

A despeito das especulações apontadas por Jaa torrano quanto à autoria da obra e<br />

quanto à tradução mais adequada para seu título 2 , ficamos com este autor no que concerne a<br />

tais temas. Assim, analisaremos a obra de Ésquilo: <strong>Prometeu</strong> Cadeeiro, numa perspectiva<br />

histórica, como precursora ideológica da crítica aos deuses, onde a tragédia 3 emerge como<br />

fonte imprescindível para a compreensão do período de transição 4 entre o Arcaico e o<br />

Clássico que marcou profundamente a Paidéia 5 do homem grego 6 .<br />

Nesta perspectiva deparamos com várias dificuldades, que vão além da diferença das<br />

idéias e recursos utilizados pelos gregos em relação ao pensamento e prática atual. Conforme<br />

constatou Renan Figueiredo Menezes 7 , a análise de uma tragédia está aquém de um aspecto<br />

propriamente estrutural, mas perpassa todo um conjunto de fatores concernentes ao aspecto<br />

histórico, a saber: a imparcialidade e objetividade do relato, os fatores econômicos, sociais e<br />

valores morais do autor, nos quais tais amarras permanecem indissociáveis nas <strong>narrativas</strong> dos<br />

artistas e de quaisquer outros que os visem estudar.<br />

Assim, podemos depreender, na obra analisada, várias temáticas, tais como política,<br />

sociedade, religião (entre outras) e inclusive uma antecipação da crítica aos deuses que levará<br />

a cabo a emergência de uma filosofia ateísta. Pois, de um modo geral, a tragédia emerge,<br />

nesse contexto, como uma precursora da filosofia grega, dentro de uma moral religiosa e de<br />

uma ética 8 , cujo entrechoque propicia a abertura necessária para a fundamentação posterior do<br />

ateísmo.<br />

2 Análise a partir da obra traduzida por Jaa Torrano, 2009.<br />

3 Seguindo o exemplo de Lesky, concordamos com Aristóteles quanto a definição de tragédia “Tragédia é a<br />

imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; num estilo tornado agradável pelo emprego<br />

separado de cada uma de suas formas, segundo suas partes (...)” (Lesky, 2006)<br />

4 Tito Barros sugere o século V a.c como um período de transição entre o período Arcaico e Clássico,<br />

caracterizado pelo conflito ideológico que marcou a emergência de uma nova psicologia social. ( Leal, 2004)<br />

5 Paidéia insuficientemente traduzida por “cultura”. (Jaeger, 2001)<br />

6 Segundo Carmen in: Poesia y filosofía em la poética de Aristóteles. “La paidea trágica fue posible gracias a<br />

que el drama y sus receptores pertenecían a um mundo concreto, el mundo de La polis clássica, com su lenguaje,<br />

su tradición mítica y sus valores más o menos compartidos.”<br />

7 In: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes: Um caminhar do gênero trágico, 2007.<br />

8 Como mostra Tito Barros, essa proto-ética já está presente, mas visivelmente em Sófocles: “Ademais, um dos<br />

problemas principais circunscrito à Ética é o das escolhas — o escolher bem. Sófocles (e estende-se essa<br />

afirmação aos demais tragediógrafos) traz em suas obras uma reflexão concernente à escolha, ou seja, sobre a<br />

ação humana, escolha essa que é permeada por variantes e condicionantes sociais.” (Leal, 2004)(grifo meu).<br />

2

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