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Prometeu Candeeiro - História - imagem e narrativas

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História, <strong>imagem</strong> e <strong>narrativas</strong><br />

N o 12, abril/2011 - ISSN 1808-9895 - http://www.historia<strong>imagem</strong>.com.br<br />

Desta passagem, percebemos que Zeus não tem o poder moral - característico do<br />

período, que submete tudo aos deuses - sobre <strong>Prometeu</strong>, que inclusive aguarda a perda de<br />

poder dos deuses, quando fala da pouca longevidade deste domínio. Afirma ainda:<br />

Hefestos: Pareces que debochas esta situação.<br />

<strong>Prometeu</strong>: Debocho Debocharem assim visse eu<br />

os meus inimigos e entre eles te incluo.<br />

Hefestos: Até a mim me acusas pelo infortúnio<br />

<strong>Prometeu</strong>: Falando simples, odeio a todos os Deuses<br />

que bem tratados afligem-me sem justiça.(grifo meu)<br />

(V. 971 - 976. P. 415).<br />

Assim, além das deliberações feitas, <strong>Prometeu</strong>, segue construindo uma visão de deus<br />

como passível de erro, assim como ratifica sua falta de medo e insubordinação a Zeus, devido<br />

à crença da falta de justiça por parte deste. Conforme fala abaixo:<br />

Bulhas em vão a falar-me como à onda.<br />

Entenda-se que eu nunca por temer<br />

ânimo de Zeus me tornarei feminino<br />

nem suplicarei ao detestado inimigo,<br />

imitando mulher, com mãos supinas,<br />

livrar-me destas cadeias. Longe disso!<br />

( V.1001 - 1006 P. 417).<br />

Isto por causa de seus feitos. Falando sobre eles ao longo dos diálogos, <strong>Prometeu</strong><br />

mostra os benefícios cedidos por ele que vão além do fogo, que figura antes como o ponto<br />

ápice da sua obra, principalmente pela forma como ele o consegue (furtando). Isso passa,<br />

ainda, uma visão do conflito entre o desejo aristocrático tradicional de exaltação do prestígio<br />

individual e o dever na pólis de submeter-se à philia, ao espírito de comunidade.<br />

Essa busca de resposta ás dúvidas, sucinta questões quanto ao lugar de Zeus. Tais<br />

questões resultam numa dúvida quanto o caráter benéfico dos deuses e acaba deixando a<br />

sensação de que o homem pode, através da sabedoria representada na tragédia pela<br />

deliberação e pelo diálogo entre personagens, remediar tal fim. Como <strong>Prometeu</strong> que parece<br />

guardar a resposta para o poder de Zeus:<br />

Coro: Quem é o timoneiro da necessidade<br />

<strong>Prometeu</strong>: Partes triformes e memores Erínies.<br />

Coro: Ora, Zeus pode menos do que elas<br />

<strong>Prometeu</strong>: Não escaparia à parte que lhe cabe.<br />

Coro: Que cabe a Zeus além de poder sempre<br />

<strong>Prometeu</strong>: Isso não ainda saberias, nem insistas. (grifo nosso)<br />

(V. 515 - 520. P. 389).<br />

Marcado com falas entrecortadas, cuja finalidade é provocar uma maior tensão, vemos<br />

a insinuação do herói, de novo, quanto à imprevisibilidade e possível finitude do poder de<br />

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