Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
áreas urbanas também ultrapassou a capaci<strong>da</strong>de dos<br />
governos de desenvolver a infraestrutura para oferecer<br />
planejamento familiar de quali<strong>da</strong>de às pessoas<br />
mais pobres dessas áreas. Mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população<br />
mundial vive hoje em ci<strong>da</strong>des e, nas próximas<br />
déca<strong>da</strong>s, quase todo o crescimento <strong>da</strong> população global<br />
ocorrerá em pequenas e grandes áreas urbanas,<br />
com a maior parte desse crescimento concentrado<br />
na África e na Ásia (Fundo de População <strong>da</strong>s Nações<br />
Uni<strong>da</strong>s, 2007). Dois terços <strong>da</strong> população urbana<br />
africana vivem em aglomerados urbanos informais,<br />
onde a falta de infraestrutura e a ameaça de violência<br />
impedem as mulheres de utilizar o transporte e serviços<br />
(ONU Habitat, 2003; Taylor, 2011). Muitas<br />
gravidezes que ocorrem nas áreas urbanas dos países<br />
em desenvolvimento são indeseja<strong>da</strong>s; a diferença<br />
na prevalência contraceptiva entre as mulheres dos<br />
domicílios urbanos mais ricos e mais pobres varia de<br />
30% a 40% (Ezeh, Kodzi e Emina, 2010).<br />
Desabastecimentos, interrupção na cadeia de<br />
insumos e custos contribuem para a não satisfação<br />
de necessi<strong>da</strong>des em comuni<strong>da</strong>des carentes e de difícil<br />
acesso, urbanas e rurais. Além disso, a falta de<br />
informações direciona<strong>da</strong>s, relativas às necessi<strong>da</strong>des<br />
dos que vivem em áreas rurais isola<strong>da</strong>s e comuni<strong>da</strong>des<br />
urbanas densamente povoa<strong>da</strong>s, está entre os<br />
principais fatores que contribuem para níveis mais<br />
baixos de uso de contraceptivos e mais altos índices<br />
de necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s (Ezeh, Kodzi e<br />
Emina, 2010).<br />
Migrantes, refugiados e deslocados.<br />
Migração e deslocamentos - a movimentação de<br />
pessoas de uma área para outra - vêm se tornando<br />
fenômenos ca<strong>da</strong> vez mais comuns. O número<br />
total de migrantes internacionais aumentou nos<br />
últimos oito anos, de estimados 150 milhões,<br />
em 2000, para 214 milhões de pessoas em 2008<br />
(Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais<br />
<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s, 2008a). As razões para a migração<br />
e o deslocamento interno e entre fronteiras<br />
variam, mas, seja forçado ou voluntário, por motivos<br />
políticos, econômicos, sociais ou ambientais,<br />
o grande número de pessoas que mu<strong>da</strong>ram seu<br />
local de residência representa um enorme desafio<br />
de saúde pública para a comuni<strong>da</strong>de internacional,<br />
aponta a Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde<br />
(Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde, 2003).<br />
Os instrumentos internacionais de direitos<br />
humanos explicitamente reconhecem que tais direitos,<br />
inclusive o direito à saúde e ao planejamento<br />
familiar, aplicam-se a to<strong>da</strong>s e todos, inclusive<br />
a migrantes, refugiados e outros não nacionais<br />
(Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde, 2003). A negação<br />
desses direitos aos migrantes e a pessoas em deslocamento,<br />
socialmente excluídos, incapacita-os para<br />
se beneficiar integralmente dos serviços de saúde,<br />
inclusive o planejamento familiar. Mulheres (e<br />
homens, como as evidências começam a demonstrar)<br />
também se tornam vulneráveis e correm riscos<br />
de sofrer violência sexual pratica<strong>da</strong> por sol<strong>da</strong>dos,<br />
guar<strong>da</strong>s, membros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de que os acolhe<br />
e a outros refugiados e, portanto, estão em risco<br />
de gravidezes indeseja<strong>da</strong>s (Alto Comissariado <strong>da</strong>s<br />
Nações Uni<strong>da</strong>s para Refugiados e Comissão <strong>da</strong>s<br />
Mulheres Refugia<strong>da</strong>s, 2011).<br />
Segundo migrantes e pessoas em deslocamento<br />
de países desenvolvidos e em desenvolvimento,<br />
a falta de informação <strong>sobre</strong> seus direitos e<br />
<strong>sobre</strong> serviços disponíveis está entre as principais<br />
razões para que não acessem os serviços de saúde<br />
(Braunschweig e Carballo, 2001). Por exemplo,<br />
análises nacionais de vários países <strong>da</strong> Europa<br />
Ocidental apontaram que as taxas de mortali<strong>da</strong>de<br />
e morbi<strong>da</strong>de maternas são maiores entre mulheres<br />
imigrantes, e os resultados estão associados<br />
aos níveis mais baixos de acesso a contraceptivos<br />
(Kamphausen, 2000).<br />
Pesquisa realiza<strong>da</strong> em 2011 pelo Alto<br />
Comissariado <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para Refugiados<br />
e pela Comissão para Mulheres Refugia<strong>da</strong>s no<br />
Djibuti, Jordânia, Quênia, Malásia e Ugan<strong>da</strong><br />
66<br />
CAPÍTULO 3: Desafios <strong>da</strong> extensão do acesso a to<strong>da</strong>s e todos