Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012 Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
“…por determinar a idade e as modalidades de sexualidade, os padrões de casamento, os espaçamentos e número de gravidezes, os ritos de puberdade, os mecanismos de tomada de decisão e sua habilidade de administrar recursos, entre outros, a cultura influencia a situação da saúde reprodutiva da mulher. Estereótipos e papéis sociais e de gênero também explicam porque tantos adolescentes do sexo masculino e também homens permanecem à margem das políticas e programas de saúde sexual e reprodutiva, a despeito do papel principal que desempenham neste contexto, e das próprias necessidades de informação e serviços que possuem.” — UNFPA – Estratégia de Planejamento Familiar, 2012 Em razão de os preservativos serem o método contraceptivo mais amplamente disponível e que também protege contra a transmissão do HIV, a Organização Mundial da Saúde recomenda que homens e mulheres vivendo com o HIV que estão procurando evitar a gravidez usem preservativos, associados ou não a outro método contraceptivo (Organização Mundial da Saúde, 2012; Cooper et al., 2007). Estudos sugerem que o HIV pode ter efeitos adversos, tanto para a fecundidade masculina como para a feminina (Lyerly, Drapkin e Anderson, 2001). Além disso, entre os casais FORTALECIMENTO DA INTEGRAÇÃO DO HIV E DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NO ZIMBÁBUE Mulheres adultas e jovens em idade reprodutiva foram as mais fortemente atingidas pela epidemia de HIV no Zimbábue: sua prevalência entre as mulheres grávidas é alta, e o HIV e a Aids são responsáveis por cerca de uma em cada quatro mortes maternas. Em 2010, uma avaliação de saúde sexual e reprodutiva, de políticas e de programas de HIV/Aids apontou que a inadequada integração entre saúde sexual e reprodutiva e programas de HIV diminuiu a capacidade dos prestadores de serviços de saúde de satisfazer as necessidades não atendidas de planejamento familiar de mulheres e jovens do sexo feminino. Em colaboração com o UNFPA, com a Organização Mundial da Saúde e com o UNICEF, o Ministério da Saúde e Bem-Estar da Criança está cerrando essa lacuna através do desenvolvimento de novas diretrizes de oferta de serviços integrados e treinamento de prestadores de serviços. discordantes — relacionamentos nos quais uma pessoa é HIV- positiva e a outra não —, as maneiras de tentar a gravidez de forma segura variam. A inseminação artificial pode reduzir o risco de infecção quando a mulher é HIV- positiva. Quando é o parceiro quem tem o HIV, tentar a gravidez pode ser mais complicado, problemático e caro (Semprini, Fiore e Pardi, 1997). Pessoas pobres. Embora os resultados de saúde sexual e reprodutiva tenham apresentado melhora nos últimos 20 anos, eles variam conforme os níveis de renda (UNFPA, 2010). Essa lacuna crescente fez aumentar o número de pessoas que não têm meios de exercer o direito ao planejamento familiar. Mais ainda, pesquisas demonstram que um valor desproporcional dos gastos públicos em saúde e educação é alocado para setores mais ricos da sociedade, exacerbando assim a probabilidade de que as atuais desigualdades continuem a crescer entre e dentro dos países (Gwatkin, Wagstaff e Yazbeck, 2005). Pesquisas Demográficas e de Saúde realizadas em 24 países da África Subsaariana apontam que as mulheres mais pobres e menos escolarizadas estão perdendo terreno, com as adolescentes do sexo feminino tendo os mais baixos níveis de uso continuado de contraceptivos e a mais alta taxa de necessidades não atendidas de planejamento familiar (UNFPA, 2010). Por exemplo, somente 10% das mulheres residentes nos domicílios mais pobres empregam contraceptivos, em comparação aos 38% de mulheres que residem nos domicílios mais ricos. A exclusão social torna mais difícil para as pessoas pobres acessar as informações e serviços de planejamento familiar, em comparação com os indivíduos de condição socioeconômica mais elevada. Essas disparidades comprometem a saúde das mulheres, os direitos de homens e mulheres e minam os esforços de redução da pobreza (Greene e Merrick, 2005). Por exemplo, a pes- 64 CAPÍTULO 3: Desafios da extensão do acesso a todas e todos
quisa demonstra que as taxas de nascimento aumentaram entre as adolescentes pobres menos escolarizadas que, quase sempre, vivem em comunidades rurais (UNFPA, 2010). Em contraste, aquelas mais escolarizadas que vivem nos 60% de domicílios mais ricos de áreas urbanas apresentam taxas baixas de nascimento e em declínio desde 2000. PLANEJAMENTO FAMILIAR E VIDA SEXUAL GRATIFICANTE Segundo o parágrafo 7.2 do Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a saúde reprodutiva implica em que “as pessoas possam ter uma vida sexual gratificante e segura... Isto também inclui saúde sexual, cujo propósito é o aprimoramento da vida e das relações pessoais, e não meramente o aconselhamento e atendimento relativos à reprodução e a doenças sexualmente transmissíveis.” Esta noção abrangente da saúde reprodutiva — que inclui uma vida sexual gratificante e segura — tem sido levada em conta em inúmeros programas de planejamento familiar. Pessoas difíceis de serem alcançadas nas comunidades rurais ou urbanas. Na maior parte dos países em desenvolvimento, as medidas nacionais de pobreza estão altamente correlacionadas ao local de residência; os domicílios urbanos tendem a ser mais ricos que os rurais (Bloom e Canning, 2003a). As comunidades difíceis de serem alcançadas variam de acordo com os países, mas os locais onde as pessoas vivem influenciam sua possibilidade de ter acesso ao planejamento familiar. Em algumas regiões, as mulheres e homens das áreas rurais não podem ter acesso rotineiro à informação e aos serviços de planejamento familiar de qualidade. Por exemplo, as mulheres pobres da África Subsaariana rural apresentam uma taxa de prevalência contraceptiva média de 17%, comparada a 34% de suas contrapartes das áreas urbanas (Fundo de População das Nações Unidas, 2010). Diferenças relativas também existem nas comunidades rurais, e as avaliações de quintis de renda nacionais podem mascarar as disparidades relativas entre áreas urbanas e rurais. Por exemplo, pesquisa realizada na América Latina e na África Subsaariana aponta que, quando quintis ajustados para comunidades rurais são empregados para o exame de indicadores de planejamento familiar, as mulheres dos quintis de maior renda dentro de suas comunidades rurais têm mais possibilidade de acesso a serviços de planejamento familiar (Foreit, 2012). Em outras regiões, o rápido crescimento de ESTUDO DE CASO Aulas de planejamento familiar no Irã A República Islâmica do Irã obrigou a todos os casais que tencionassem se casar que frequentassem um curso de aconselhamento pré-nupcial e se submetessem a exames clínicos. Para obter os resultados desses exames e registrar o casamento, os casais devem frequentar aulas de duas horas sobre planejamento familiar, prevenção de doenças e, o mais importante, sobre os vínculos emocionais e sociais envolvidos no casamento. A República Islâmica do Irã priorizou a discussão sobre as “questões sexuais e emocionais” em parte como consequência de terem sido observados altos índices de divórcio. Desde seu início, o programa de planejamento familiar na República Islâmica do Irã tem sido um dos mais bem-sucedidos no mundo, alcançando uma taxa de prevalência contraceptiva de 81,6%. ESTUDO DE CASO Temor da gravidez indesejada no México Segundo pesquisa realizada em 2008, numa comunidade tradicional mexicana (Hirsch 2008: 101), as crenças religiosas das mulheres as impediam de empregar o planejamento familiar durante a maior parte de suas vidas reprodutivas (a esterilização era o principal método de que dispunham). Consequentemente, essas mulheres viviam preocupadas com uma eventual gravidez indesejada. Somente mais tarde, depois de passada a idade reprodutiva, tinham a “possibilidade de gozar a intimidade sexual, livres da preocupação de uma gravidez não intencional ou não desejada.” ESTUDO DE CASO HIV, sexo e uso de preservativo A resistência de alguns homens ao uso de preservativos tem sido reconhecida como um obstáculo ao uso desse método de contracepção e prevenção do HIV (UNAIDS 2000). Mas a abordagem de estimular as mulheres a empregá-lo mudou consideravelmente desde o começo da epidemia de HIV/Aids (Higgins e Hirsch 2007). Muitos programas enfatizam o reforço da capacidade de negociação feminina, reconhecendo a resistência masculina. Mas pouco se sabe sobre a resistência sexual das mulheres aos preservativos masculinos. Pesquisa realizada nos Estados Unidos, porém, demonstrou que a sensação que eles causam incomoda mais às mulheres que aos homens (Higgins e Hirsch 2008). RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 2012 65
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os padrões de casamento, os espaçamentos e número de<br />
gravidezes, os ritos de puber<strong>da</strong>de, os mecanismos de toma<strong>da</strong><br />
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outros, a cultura influencia a situação <strong>da</strong> saúde reprodutiva<br />
<strong>da</strong> mulher. Estereótipos e papéis sociais e de gênero também<br />
explicam porque tantos adolescentes do sexo masculino<br />
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programas de saúde sexual e reprodutiva, a despeito do papel<br />
principal que desempenham neste contexto, e <strong>da</strong>s próprias<br />
necessi<strong>da</strong>des de informação e serviços que possuem.”<br />
— UNFPA – Estratégia de Planejamento Familiar, <strong>2012</strong><br />
Em razão de os preservativos serem o método<br />
contraceptivo mais amplamente disponível e que<br />
também protege contra a transmissão do HIV,<br />
a Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde recomen<strong>da</strong><br />
que homens e mulheres vivendo com o HIV<br />
que estão procurando evitar a gravidez usem<br />
preservativos, associados ou não a outro método<br />
contraceptivo (Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde,<br />
<strong>2012</strong>; Cooper et al., 2007).<br />
Estudos sugerem que o HIV pode ter<br />
efeitos adversos, tanto para a fecundi<strong>da</strong>de masculina<br />
como para a feminina (Lyerly, Drapkin<br />
e Anderson, 2001). Além disso, entre os casais<br />
FORTALECIMENTO DA INTEGRAÇÃO DO HIV E DA<br />
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NO ZIMBÁBUE<br />
Mulheres adultas e jovens em i<strong>da</strong>de reprodutiva foram as mais fortemente<br />
atingi<strong>da</strong>s pela epidemia de HIV no Zimbábue: sua prevalência entre as<br />
mulheres grávi<strong>da</strong>s é alta, e o HIV e a Aids são responsáveis por cerca de<br />
uma em ca<strong>da</strong> quatro mortes maternas. Em 2010, uma avaliação de saúde<br />
sexual e reprodutiva, de políticas e de programas de HIV/Aids apontou que a<br />
inadequa<strong>da</strong> integração entre saúde sexual e reprodutiva e programas de HIV<br />
diminuiu a capaci<strong>da</strong>de dos prestadores de serviços de saúde de satisfazer as<br />
necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s de planejamento familiar de mulheres e jovens do<br />
sexo feminino. Em colaboração com o UNFPA, com a Organização <strong>Mundial</strong> <strong>da</strong><br />
Saúde e com o UNICEF, o Ministério <strong>da</strong> Saúde e Bem-Estar <strong>da</strong> Criança está<br />
cerrando essa lacuna através do desenvolvimento de novas diretrizes de oferta<br />
de serviços integrados e treinamento de prestadores de serviços.<br />
discor<strong>da</strong>ntes — relacionamentos nos quais uma<br />
pessoa é HIV- positiva e a outra não —, as maneiras<br />
de tentar a gravidez de forma segura variam.<br />
A inseminação artificial pode reduzir o risco<br />
de infecção quando a mulher é HIV- positiva.<br />
Quando é o parceiro quem tem o HIV, tentar a<br />
gravidez pode ser mais complicado, problemático e<br />
caro (Semprini, Fiore e Pardi, 1997).<br />
Pessoas pobres. Embora os resultados de<br />
saúde sexual e reprodutiva tenham apresentado<br />
melhora nos últimos 20 anos, eles variam<br />
conforme os níveis de ren<strong>da</strong> (UNFPA, 2010).<br />
Essa lacuna crescente fez aumentar o número de<br />
pessoas que não têm meios de exercer o direito<br />
ao planejamento familiar. Mais ain<strong>da</strong>, pesquisas<br />
demonstram que um valor desproporcional dos<br />
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para setores mais ricos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, exacerbando<br />
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continuem a crescer entre e dentro dos países<br />
(Gwatkin, Wagstaff e Yazbeck, 2005).<br />
Pesquisas Demográficas e de Saúde realiza<strong>da</strong>s<br />
em 24 países <strong>da</strong> África Subsaariana apontam que<br />
as mulheres mais pobres e menos escolariza<strong>da</strong>s<br />
estão perdendo terreno, com as adolescentes do<br />
sexo feminino tendo os mais baixos níveis de uso<br />
continuado de contraceptivos e a mais alta taxa de<br />
necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s de planejamento familiar<br />
(UNFPA, 2010). Por exemplo, somente 10%<br />
<strong>da</strong>s mulheres residentes nos domicílios mais pobres<br />
empregam contraceptivos, em comparação aos 38%<br />
de mulheres que residem nos domicílios mais ricos.<br />
A exclusão social torna mais difícil para as<br />
pessoas pobres acessar as informações e serviços<br />
de planejamento familiar, em comparação com<br />
os indivíduos de condição socioeconômica mais<br />
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