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Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

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dos programas de educação sexual (Rohleder et<br />

al., 2009; Tanzanian Commission for Aids, 2009).<br />

As pesquisas também documentaram casos de<br />

esterilizações à revelia de mulheres com deficiência<br />

(Servais, 2006; Grover, 2002). A esterilização não<br />

consensual é contrária aos padrões internacionais<br />

de direitos humanos.<br />

Pessoas vivendo com HIV/Aids. Pesquisas<br />

realiza<strong>da</strong>s, tanto em países desenvolvidos como<br />

em desenvolvimento, sugerem que a condição de<br />

viver com o HIV/Aids não reprime o desejo de ter<br />

filhos (Rutenberg et al., 2006). As considerações<br />

específicas de mulheres e homens vivendo com o<br />

HIV e que estejam pensando em ter filhos permanecem<br />

atrela<strong>da</strong>s ao estigma e à discriminação que<br />

encontram em suas famílias, nas comuni<strong>da</strong>des ou<br />

no sistema de saúde (Oosterhoff et al., 2008).<br />

Para os que têm acesso ao tratamento antirretroviral,<br />

o HIV pode agora ser tratado como uma<br />

doença crônica. Apesar de o acesso universal a tratamentos<br />

que salvam vi<strong>da</strong>s não ter sido alcançado<br />

em to<strong>da</strong>s as partes do mundo, a comuni<strong>da</strong>de internacional<br />

fez consideráveis progressos para expandir<br />

esse acesso. Em países de ren<strong>da</strong> baixa e média, o<br />

número de pacientes que recebem o tratamento<br />

chegou a 6,65 milhões, o que representa um<br />

aumento de 16 vezes em sete anos (Organização<br />

<strong>Mundial</strong> <strong>da</strong> Saúde, 2011).<br />

Como o progresso rumo ao acesso universal ao<br />

tratamento antirretroviral continua, mais pessoas<br />

vivendo com o HIV/Aids procurarão meios de<br />

expressar sua sexuali<strong>da</strong>de e de planejar suas famílias.<br />

Mulheres e homens vivendo com o HIV/Aids<br />

relatam intensa pressão por parte <strong>da</strong> família, <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de, dos líderes comunitários e dos prestadores<br />

de serviços de saúde para que abram mão de<br />

seu desejo de ter filhos. A maior parte <strong>da</strong>s justificativas<br />

para essa pressão está relaciona<strong>da</strong> a preocupações<br />

<strong>sobre</strong> o risco de transmissão vertical ou <strong>sobre</strong> o bem<br />

-estar <strong>da</strong> criança, cujos pais podem morrer de aids<br />

“A saúde reprodutiva gera equívocos para muitas pessoas<br />

no mundo em razão de fatores como: níveis inadequados<br />

de conhecimento <strong>sobre</strong> sexuali<strong>da</strong>de humana, informação<br />

e serviços de saúde reprodutiva inadequados ou de baixa<br />

quali<strong>da</strong>de; prevalência de comportamento sexual de alto risco;<br />

práticas sociais discriminatórias; atitudes negativas em relação<br />

a mulheres e jovens do sexo feminino; e o limitado poder<br />

que muitas destas últimas têm <strong>sobre</strong> suas vi<strong>da</strong>s sexuais e<br />

reprodutivas. As adolescentes são particularmente vulneráveis<br />

em virtude <strong>da</strong> falta de informação e acesso a serviços relevantes,<br />

na maior parte dos países. As mulheres e homens de mais i<strong>da</strong>de<br />

têm questões de saúde sexual e reprodutiva distintas que, quase<br />

sempre, são abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s de forma inadequa<strong>da</strong>.”<br />

— Programa de Ação <strong>da</strong> CIPD, 1994, parágrafo 7.3<br />

prematuramente (Cooper et al., 2005; IPPF, 2005).<br />

Na medi<strong>da</strong> em que estão vivendo por mais tempo,<br />

mais pessoas nessa situação estão considerando que<br />

podem se tornar pais e mães. Na maior parte <strong>da</strong>s<br />

socie<strong>da</strong>des, a criação de filhos é um componente<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de social de mulheres e<br />

homens – sendo normal esperar que “pessoas saudáveis”<br />

tenham filhos – o que faz parte <strong>da</strong>s pressões<br />

familiares ou comunitárias.<br />

O estigma <strong>sobre</strong> a intenção de engravi<strong>da</strong>r por<br />

parte de pessoas HIV- positivas varia em diferentes<br />

contextos. Pesquisas realiza<strong>da</strong>s em Zimbábue, por<br />

exemplo, apontam que as mulheres podem querer<br />

filhos, mas não se sentem seguras o suficiente<br />

para concretizar seu desejo, temendo a potencial<br />

reação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, particularmente em razão<br />

<strong>da</strong> possível transmissão vertical do HIV (Feldman<br />

e Maposhere, 2003; Craft et al., 2007). Outros<br />

estudos procedentes <strong>da</strong> Costa do Marfim e <strong>da</strong><br />

África do Sul demonstraram que algumas mulheres<br />

engravi<strong>da</strong>ram precisamente para evitar o estigma<br />

de não ter filhos, basea<strong>da</strong>s não apenas na expectativa<br />

social de que a mulher foi feita para ser mãe,<br />

mas também porque evitar a gravidez é quase sempre<br />

interpretado como sinal de ser HIV- positivo<br />

(Aka-Dago-Akribi et al., 1999).<br />

RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL <strong>2012</strong><br />

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