Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

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14.01.2015 Views

nas preferências de fecundidade do casal (UNFPA, 1994; Bankole e Singh, 1998). Porém, muitas instituições, prestadores de serviços e organizações da sociedade civil ainda devem superar a percepção persistente e comum de que os homens e jovens simplesmente estão desinteressados do planejamento familiar. Na maioria dos casos, eles são treinados desde a infância para ver as questões de fecundidade como “assunto de mulher”. E mesmo quando querem desempenhar outro papel são, na maioria das vezes, dispensados pelos centros de atendimento. Pesquisa realizada sobre as formas pelas quais as normas de gênero influenciam homens, jovens e Os países, com o apoio da comunidade internacional, devem proteger e promover os direitos dos adolescentes à educação, à informação e ao atendimento à saúde reprodutiva e reduzir em grande número a gravidez nessa época da existência... Os governos, em colaboração com organizações não governamentais, são instados a satisfazer as especiais necessidades não atendidas dos adolescentes e a estabelecer programas apropriados para fazê-lo. Esses programas devem incluir mecanismos de apoio para a educação e aconselhamento nas áreas de relação e igualdade de gênero, violência, comportamento sexual responsável, prática responsável de planejamento familiar, vida familiar, saúde reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, infecção pelo HIV e prevenção da Aids. — Programa de Ação da CIPD, parágrafos 7.46 e 7.47. meninos contestou os estereótipos sobre suas atitudes e comportamentos, destacando oportunidades para a promoção da saúde e esforços para o alcance da igualdade de gênero. Os comportamentos sexuais masculinos variam consideravelmente de região para região. Por exemplo, os homens mudam em relação ao quando em sua atividade sexual. Os mais recentes dados de pesquisa demográfica e de domicílio coletados em 30 países sugerem que os jovens continuam a manter relações sexuais anos depois de casados (IFC Macro DHS Statcompiler). Os intervalos entre a idade do primeiro intercurso e a do primeiro casamento vão de 1,1 ano, no Sul e Sudeste da Ásia, a 6,8 anos na América Latina e Caribe. Na África Subsaariana, os jovens se casam 4,8 anos depois de fazer sexo pela primeira vez. Quando adolescentes e jovens do sexo masculino não recebem informação e serviços adequados, durante esse intervalo entre o primeiro intercurso e a celebração de união formal, eles — como suas parceiras — se encontram em maior risco de doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas. Programas de planejamento familiar com base na família, vigorosamente firmados nas ligações com a saúde materna, têm menos probabilidade de alcançar esses grupos. Em parte devido aos esforços de prevenção do HIV, os jovens estão tendo cada vez mais conhecimento sobre os métodos contraceptivos que lhes são disponibilizados (Abraham, Adamu e Deresse, 2010). Os homens casados ou em uniões afetivas estáveis têm mais probabilidade de conhecer os métodos contraceptivos disponíveis; nos anos recentes, eles adquiriram maior familiaridade com os preservativos, enquanto a vasectomia continua relativamente desconhecida. Mesmo apesar de os homens hoje terem cada vez maior conhecimento dos métodos masculinos de contracepção, as mulheres ainda respondem por 75% do uso global de contraceptivos (Nações Unidas, 2011). Em 2009, as Nações Unidas reportaram que somente 9% das mulheres casadas das regiões em desenvolvimento confiavam em métodos de contracepção que requeriam a participação do homem, tais como preservativos e esterilização masculina (Nações Unidas, 2009). As preferências de fecundidade dos homens mudaram com o tempo. Hoje, eles geralmente preferem famílias menores. Como resultado disso, 58 CAPÍTULO 3: Desafios da extensão do acesso a todas e todos

jovens e adultos podem desejar cada vez mais informações e serviços que possam ajudá-los a escolher quando ter filhos (Guttmacher Institute, 2003). O uso de contraceptivos entre jovens do sexo masculino (de 15 a 24 anos), no mundo todo, varia significativamente: 63% a 93% deles reportam usar contraceptivos em partes da América do Norte, Europa, América Latina e Caribe (Nações Unidas, 2007). Esses números se mostram em marcante contraste com a maior parte dos países da África Subsaariana, onde menos de 50% dos homens jovens sexualmente ativos utilizaram preservativos quando fizeram sexo pela última vez. Globalmente, a esterilização feminina permanece como o método mais comumente utilizado, escolhido por 20% das mulheres casadas (Nações Unidas, 2011). O número é muito maior em alguns países, dependendo dos padrões de fecundidade e leque de métodos reversíveis disponíveis para as mulheres. A comunidade internacional dedicou-se mais a aprofundar o envolvimento masculino no contexto da prevenção do HIV, e os esforços comunitários de prevenção contribuíram para aumentar o entendimento sobre os preservativos masculinos. Ainda assim, a Organização Mundial da Saúde reporta que menos de um terço (31%) dos jovens de países em desenvolvimento tem um entendimento NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO FAMILIAR REFLETIDA NO INTERVALO MULTIANUAL ENTRE A IDADE DO HOMEM NO PRIMEIRO INTERCURSO E NO CASAMENTO Idade do homem quando do primeiro intercurso Idade do homem quando do casamento África Subsaariana 18.9 23.7 América Latina e o Caribe 17 23.8 Sul e Sudeste da Ásia 22.3 23.5 0 10 20 30 Idade • Na África Subsaariana, os homens jovens têm sexo cinco anos antes de se casarem, aproximadamente. • Na América Latina e no Caribe, os jovens têm sexo antes do 18º aniversário, e então aguardam quase sete anos antes de se casarem. • No Sul e Sudeste da Ásia, o intervalo (1,1 ano), entre a idade autodeclarada pelo homem do primeiro intercurso e a idade do casamento, é significativamente menor se comparado com o de outras regiões. Fonte: Países selecionados com os últimos dados disponíveis de pesquisa demográfica e de saúde, dados: IFC Macro DHS Statcompiler. RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 2012 59

nas preferências de fecundi<strong>da</strong>de do casal (UNFPA,<br />

1994; Bankole e Singh, 1998). Porém, muitas instituições,<br />

prestadores de serviços e organizações <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de civil ain<strong>da</strong> devem superar a percepção<br />

persistente e comum de que os homens e jovens<br />

simplesmente estão desinteressados do planejamento<br />

familiar. Na maioria dos casos, eles são treinados<br />

desde a infância para ver as questões de fecundi<strong>da</strong>de<br />

como “assunto de mulher”. E mesmo quando querem<br />

desempenhar outro papel são, na maioria <strong>da</strong>s<br />

vezes, dispensados pelos centros de atendimento.<br />

Pesquisa realiza<strong>da</strong> <strong>sobre</strong> as formas pelas quais as<br />

normas de gênero influenciam homens, jovens e<br />

Os países, com o apoio <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de internacional,<br />

devem proteger e promover os direitos dos adolescentes à<br />

educação, à informação e ao atendimento à saúde reprodutiva<br />

e reduzir em grande número a gravidez nessa época <strong>da</strong><br />

existência... Os governos, em colaboração com organizações<br />

não governamentais, são instados a satisfazer as especiais<br />

necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s dos adolescentes e a estabelecer<br />

programas apropriados para fazê-lo. Esses programas<br />

devem incluir mecanismos de apoio para a educação e<br />

aconselhamento nas áreas de relação e igual<strong>da</strong>de de gênero,<br />

violência, comportamento sexual responsável, prática<br />

responsável de planejamento familiar, vi<strong>da</strong> familiar, saúde<br />

reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, infecção<br />

pelo HIV e prevenção <strong>da</strong> Aids.<br />

— Programa de Ação <strong>da</strong> CIPD, parágrafos 7.46 e 7.47.<br />

meninos contestou os estereótipos <strong>sobre</strong> suas atitudes<br />

e comportamentos, destacando oportuni<strong>da</strong>des<br />

para a promoção <strong>da</strong> saúde e esforços para o alcance<br />

<strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de de gênero.<br />

Os comportamentos sexuais masculinos variam<br />

consideravelmente de região para região. Por<br />

exemplo, os homens mu<strong>da</strong>m em relação ao quando<br />

em sua ativi<strong>da</strong>de sexual. Os mais recentes <strong>da</strong>dos<br />

de pesquisa demográfica e de domicílio coletados<br />

em 30 países sugerem que os jovens continuam<br />

a manter relações sexuais anos depois de casados<br />

(IFC Macro DHS Statcompiler). Os intervalos<br />

entre a i<strong>da</strong>de do primeiro intercurso e a do primeiro<br />

casamento vão de 1,1 ano, no Sul e Sudeste <strong>da</strong><br />

Ásia, a 6,8 anos na América Latina e Caribe. Na<br />

África Subsaariana, os jovens se casam 4,8 anos<br />

depois de fazer sexo pela primeira vez.<br />

Quando adolescentes e jovens do sexo masculino<br />

não recebem informação e serviços adequados,<br />

durante esse intervalo entre o primeiro intercurso<br />

e a celebração de união formal, eles — como<br />

suas parceiras — se encontram em maior risco de<br />

doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes<br />

indeseja<strong>da</strong>s. Programas de planejamento familiar<br />

com base na família, vigorosamente firmados nas<br />

ligações com a saúde materna, têm menos probabili<strong>da</strong>de<br />

de alcançar esses grupos.<br />

Em parte devido aos esforços de prevenção<br />

do HIV, os jovens estão tendo ca<strong>da</strong> vez mais<br />

conhecimento <strong>sobre</strong> os métodos contraceptivos<br />

que lhes são disponibilizados (Abraham, A<strong>da</strong>mu<br />

e Deresse, 2010). Os homens casados ou em<br />

uniões afetivas estáveis têm mais probabili<strong>da</strong>de<br />

de conhecer os métodos contraceptivos disponíveis;<br />

nos anos recentes, eles adquiriram maior<br />

familiari<strong>da</strong>de com os preservativos, enquanto a<br />

vasectomia continua relativamente desconheci<strong>da</strong>.<br />

Mesmo apesar de os homens hoje terem ca<strong>da</strong><br />

vez maior conhecimento dos métodos masculinos<br />

de contracepção, as mulheres ain<strong>da</strong> respondem<br />

por 75% do uso global de contraceptivos (Nações<br />

Uni<strong>da</strong>s, 2011). Em 2009, as Nações Uni<strong>da</strong>s reportaram<br />

que somente 9% <strong>da</strong>s mulheres casa<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />

regiões em desenvolvimento confiavam em métodos<br />

de contracepção que requeriam a participação<br />

do homem, tais como preservativos e esterilização<br />

masculina (Nações Uni<strong>da</strong>s, 2009).<br />

As preferências de fecundi<strong>da</strong>de dos homens<br />

mu<strong>da</strong>ram com o tempo. Hoje, eles geralmente<br />

preferem famílias menores. Como resultado disso,<br />

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