Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
a socie<strong>da</strong>de dificulta seu acesso à educação, a métodos<br />
e a serviços de planejamento familiar.<br />
Reforça<strong>da</strong>s ao longo do tempo por atitudes<br />
e práticas culturais há muito existentes, as normas<br />
sociais servem de base ao diálogo, ou à sua<br />
ausência, <strong>sobre</strong> os desejos sexuais do indivíduo,<br />
suas motivações e reservas <strong>sobre</strong> o acesso ao planejamento<br />
familiar, e o estigma e a discriminação<br />
que ele ou ela vivencia. Para tomar o exemplo de<br />
adolescentes não casados, a despeito <strong>da</strong> volumosa<br />
evidência de que muitos são sexualmente ativos e<br />
de que faz total sentido em termos de saúde pública<br />
prepará-los para administrar essa experiência, as<br />
normas sociais proíbem discutir relacionamentos<br />
sexuais ou a oferta de informações de saúde sexual<br />
e reprodutiva e planejamento familiar a eles.<br />
As condições sociais segundo as quais a ativi<strong>da</strong>de<br />
sexual é ti<strong>da</strong> como “inaceitável” não é uma<br />
desculpa para que os Estados deixem de cumprir<br />
suas obrigações e compromissos para com a saúde<br />
pública. Os governos, sozinhos, não podem mu<strong>da</strong>r<br />
atitudes discriminatórias e normas <strong>sobre</strong> sexo.<br />
Entretanto, podem estruturar e coordenar processos<br />
que diminuam as barreiras sociais ao acesso,<br />
capacitando grupos marginalizados a exercer seus<br />
direitos e oferecendo a essas pessoas informação<br />
e serviços adequados, inclusive educação sexual<br />
ampla e objetiva.<br />
Negligenciar os direitos de inúmeras populações<br />
é minar as metas nacionais de desenvolvimento.<br />
Esses grupos populacionais são frequentemente<br />
mais vulneráveis à negligência e à discriminação e,<br />
em muitos países, são aqueles que apresentam mais<br />
altos níveis de necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s. Aqueles<br />
cuja ativi<strong>da</strong>de sexual pode desafiar as normas<br />
sociais preponderantes e cujo acesso ao planejamento<br />
familiar confiável, de quali<strong>da</strong>de, pode ser<br />
impedido incluem: 1) jovens, 2) pessoas não casa<strong>da</strong>s<br />
de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des, 3) homens e 4) outros grupos marginalizados<br />
ou discriminados.<br />
Sem políticas integradoras de planejamento<br />
familiar que promovam a inclusão social e<br />
apliquem um marco baseado em direitos, as<br />
instituições responsáveis pela oferta equitativa de<br />
informações e serviços poderão negligenciar sistematicamente<br />
as necessi<strong>da</strong>des de segmentos inteiros<br />
<strong>da</strong>s populações atendi<strong>da</strong>s.<br />
1 Jovens<br />
A despeito dos compromissos internacionais de<br />
remoção de barreiras ao planejamento familiar<br />
para todos os grupos populacionais, resultados<br />
de pesquisas apontam que as necessi<strong>da</strong>des dos<br />
jovens continuam grandemente negligencia<strong>da</strong>s. A<br />
consequência é que a maior geração de jovens <strong>da</strong><br />
história está impossibilita<strong>da</strong> de exercer plenamente<br />
seus direitos reprodutivos e evitar a gravidez indeseja<strong>da</strong>,<br />
diminuir os riscos de deserção escolar, ou<br />
se proteger de doenças sexualmente transmissíveis,<br />
inclusive do HIV. Essa reali<strong>da</strong>de e suas consequências<br />
negativas são amplamente evitáveis.<br />
Os que estão abaixo dos 25 anos hoje respondem<br />
por 44% do total <strong>da</strong> população mundial<br />
e, nos países em desenvolvimento, o número de<br />
crianças e jovens está elevado como nunca — 1,6<br />
bilhão e 1 bilhão, respectivamente. Somente as<br />
meninas e jovens de 10 a 19 anos correspondem a<br />
um quinto de to<strong>da</strong> a população feminina em i<strong>da</strong>de<br />
reprodutiva (Guttmacher Institute e International<br />
Planned Parenthood Federation, 2010; Guttmacher<br />
Institute e International Planned Parenthood<br />
Federation, 2010a).<br />
À medi<strong>da</strong> que esses jovens se encaminham<br />
para a i<strong>da</strong>de adulta, a reali<strong>da</strong>de política, econômica<br />
e sociocultural em que se inserem traçará as<br />
oportuni<strong>da</strong>des e riscos que enfrentarão quando<br />
planejarem suas famílias. Em muitas socie<strong>da</strong>des,<br />
esses fatores continuam a reforçar atitudes e práticas<br />
restritivas ou intimi<strong>da</strong>tórias aos jovens quanto<br />
ao seu acesso à educação e a serviços, recursos esses<br />
que lhes <strong>da</strong>riam o poder de escolher o momento<br />
em que gostariam de se tornar pais e mães.<br />
RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL <strong>2012</strong><br />
49