Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

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sexual (Bunce et al., 2007). Enquanto algumas mulheres temiam que seus maridos se tornassem infiéis, os homens tinham ouvido rumores de que o procedimento causava impotência e temiam que suas mulheres os deixassem, se seu desempenho sexual fosse prejudicado. ESTUDO DE CASO Vasectomia sem bisturi nas Ilhas Salomão Depois da CIPD, os programas de planejamento familiar nas Ilhas Salomão passaram a basear-se mais em direitos. As novas formulações das políticas de população passaram a refletir uma ênfase em direitos, com o governo se comprometendo explicitamente a “… estimular e apoiar os esforços parentais para tomar decisões responsáveis sobre o tamanho das famílias...”. O planejamento familiar foi revigorado em 2003-2004, com a atualização de diretrizes nacionais e extensivo treinamento de trabalhadores da área da saúde sobre vários tópicos, inclusive opção informada e um conjunto mais amplo de métodos. A prevalência contraceptiva elevou-se de 11% para 29%. A vasectomia sem bisturi 2 tem sido um método especialmente popular. O sucesso de sua oferta tem sido atribuído, em parte, ao fato de os homens serem convidados pela primeira vez a se engajar mais no planejamento familiar. Além disso, o procedimento é muito econômico e pode ter lugar localmente, enquanto a laqueadura requer uma viagem até uma clínica de referência. Um fator adicional que parece ter feito a diferença no cultivo do engajamento masculino é o fato de que os homens foram convidados a estar presentes nos trabalhos de preparo e parto de suas esposas, o que propiciou que eles dessem mais apreço a elas e ao que está envolvido no ato de dar à luz a uma criança. 2 - Procedimento cirúrgico de fechamento dos vãos deferentes, aplicando calor ou eletricidade – cautério Contracepção de emergência Como o nome já diz, a contracepção de emergência é um método preventivo para evitar a gravidez nos casos de atividade sexual sem proteção, uso incorreto de métodos, ruptura ou deslocamento de preservativos ou outras falhas de métodos. Uma só pílula anticoncepcional de emergência, quando ingerida em até cinco dias após o intercurso desprotegido, impede o ovo fecundado de implantar-se, reduzindo a gravidez indesejada de 60% a 90%. Quanto antes for tomada a pílula, maior sua eficácia. A contracepção de emergência não tem efeito, se a implantação já tiver iniciado, e não provoca o aborto. Está voltada somente para uso em caráter de emergência e não é adequada para uso contínuo. Para proteção de longo prazo, um dispositivo intrauterino de cobre, quando inserido nos cinco primeiros dias após o intercurso, também impede a implantação e pode ser mantido por até 10 anos (Trussell e Raymond, 2012). A contracepção de emergência tem papel significativo nos casos de violência sexual, conflito armado e emergências humanitárias. Dada a natureza imprevisível e muitas vezes não planejada dos encontros sexuais entre jovens, ela se torna especialmente importante no leque de serviços oferecidos a adolescentes e jovens adultos. Direitos e a necessidade não atendida de planejamento familiar Segundo relatório de 2012 do Guttmacher Institute e do UNFPA, há 1,52 bilhão de mulheres em idade reprodutiva no mundo em desenvolvimento. Estima-se que 867 milhões delas necessitam de contracepção, mas somente 645 milhões atualmente empregam métodos contraceptivos modernos. Os restantes 222 milhões têm necessidades não atendidas de contracepção. • Estima-se em 80 milhões o número de gravidezes indesejadas que ocorrerão em 2012 no 30 CAPÍTULO 2: Analisar dados e tendências para entender as necessidades

mundo em desenvolvimento, como resultado de falha ou não uso de contraceptivos por mulheres que não desejam engravidar. • A maior parte - 63 milhões - das 80 milhões de gravidezes indesejadas nos países em desenvolvimento, em 2012, ocorrerá entre as 222 milhões de mulheres com necessidades não atendidas de contracepção moderna. • 18% das gravidezes indesejadas ocorrem entre os 603 milhões de mulheres que estavam utilizando contraceptivos modernos, mas tiveram dificuldades na sua utilização de forma correta e regular, ou por falha do método. Resultados de pesquisa realizada pelo Pan-Arab Project for Family Health (projeto Pan-Árabe pela Saúde da Família, em tradução livre) demonstraram que somente quatro em cada dez mulheres casadas em idade reprodutiva que vivem nos países árabes utilizam contracepção moderna (Roudi- Fahimi et al., 2012). Na maior parte dos países árabes, a ambivalência das mulheres com relação ao planejamento familiar resulta de vários fatores, inclusive temor dos efeitos colaterais, preocupação com a reação do marido, conflitos em relação aos papéis familiares e responsabilidade cultural por criar filhos. Essa ambivalência declina, à medida que as mulheres envelhecem. Por que a necessidade não atendida de contracepção ainda é tão elevada Particularmente na África Central e Ocidental, sistemas de saúde frágeis e serviços insatisfatórios Os 222 milhões de mulheres que desejam evitar a contribuem para elevar as necessidades não aten- gravidez por, no mínimo, os dois próximos anos, didas (Singh e Darroch, 2012). Em praticamente mas que não utilizam qualquer método, represen- todos os países em desenvolvimento, as mulheres tam, na verdade, um leve declínio nas necessidades não atendidas entre 2008 e 2012. Durante esse período, o número de mulheres que desejavam evi- sem recursos têm mais filhos e apresentam índices mais baixos de uso de contraceptivos que as mais ricas, o que ressalta a necessidade de programação t Educadora domiciliar em saúde visita um lar em Gabarone, Botsuana. tar a gravidez aumentou em cerca de 40 milhões, ©Panos/Giacomo Pirozzi. e as maiores reduções nas necessidades não atendidas foram alcançadas no Sudeste da Ásia. A despeito dos ganhos, há uma significativa necessidade de intervenções focalizadas que alcancem as comunidades mal-atendidas e subpopulações marginalizadas, onde as necessidades não atendidas permanecem relativamente altas. No mundo em desenvolvimento como um todo, 18% das mulheres casadas têm necessidades não atendidas de contracepção moderna. No oeste, centro e leste da África, e no Oeste da Ásia, 30% a 37% das mulheres têm necessidades não atendidas de contracepção. Na região árabe, um número significativo de mulheres tem necessidades não atendidas de planejamento familiar - isto quer dizer que gostariam de poder evitar a gravidez por, no mínimo, dois anos, mas não estão empregando qualquer método de planejamento familiar. RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 2012 31

mundo em desenvolvimento, como resultado<br />

de falha ou não uso de contraceptivos por<br />

mulheres que não desejam engravi<strong>da</strong>r.<br />

• A maior parte - 63 milhões - <strong>da</strong>s 80 milhões<br />

de gravidezes indeseja<strong>da</strong>s nos países em desenvolvimento,<br />

em <strong>2012</strong>, ocorrerá entre as 222<br />

milhões de mulheres com necessi<strong>da</strong>des não<br />

atendi<strong>da</strong>s de contracepção moderna.<br />

• 18% <strong>da</strong>s gravidezes indeseja<strong>da</strong>s ocorrem entre<br />

os 603 milhões de mulheres que estavam utilizando<br />

contraceptivos modernos, mas tiveram<br />

dificul<strong>da</strong>des na sua utilização de forma correta<br />

e regular, ou por falha do método.<br />

Resultados de pesquisa realiza<strong>da</strong> pelo Pan-Arab<br />

Project for Family Health (projeto Pan-Árabe pela<br />

Saúde <strong>da</strong> Família, em tradução livre) demonstraram<br />

que somente quatro em ca<strong>da</strong> dez mulheres<br />

casa<strong>da</strong>s em i<strong>da</strong>de reprodutiva que vivem nos países<br />

árabes utilizam contracepção moderna (Roudi-<br />

Fahimi et al., <strong>2012</strong>). Na maior parte dos países<br />

árabes, a ambivalência <strong>da</strong>s mulheres com relação<br />

ao planejamento familiar resulta de vários fatores,<br />

inclusive temor dos efeitos colaterais, preocupação<br />

com a reação do marido, conflitos em relação aos<br />

papéis familiares e responsabili<strong>da</strong>de cultural por<br />

criar filhos. Essa ambivalência declina, à medi<strong>da</strong><br />

que as mulheres envelhecem.<br />

Por que a necessi<strong>da</strong>de não atendi<strong>da</strong> de<br />

contracepção ain<strong>da</strong> é tão eleva<strong>da</strong><br />

Particularmente na África Central e Ocidental,<br />

sistemas de saúde frágeis e serviços insatisfatórios<br />

Os 222 milhões de mulheres que desejam evitar a<br />

contribuem para elevar as necessi<strong>da</strong>des não aten-<br />

gravidez por, no mínimo, os dois próximos anos,<br />

di<strong>da</strong>s (Singh e Darroch, <strong>2012</strong>). Em praticamente<br />

mas que não utilizam qualquer método, represen-<br />

todos os países em desenvolvimento, as mulheres<br />

tam, na ver<strong>da</strong>de, um leve declínio nas necessi<strong>da</strong>des<br />

não atendi<strong>da</strong>s entre 2008 e <strong>2012</strong>. Durante esse<br />

período, o número de mulheres que desejavam evi-<br />

sem recursos têm mais filhos e apresentam índices<br />

mais baixos de uso de contraceptivos que as mais<br />

ricas, o que ressalta a necessi<strong>da</strong>de de programação<br />

t<br />

Educadora domiciliar<br />

em saúde visita um<br />

lar em Gabarone,<br />

Botsuana.<br />

tar a gravidez aumentou em cerca de 40 milhões,<br />

©Panos/Giacomo Pirozzi.<br />

e as maiores reduções nas necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s<br />

foram alcança<strong>da</strong>s no Sudeste <strong>da</strong> Ásia. A<br />

despeito dos ganhos, há uma significativa necessi<strong>da</strong>de<br />

de intervenções focaliza<strong>da</strong>s que alcancem<br />

as comuni<strong>da</strong>des mal-atendi<strong>da</strong>s e subpopulações<br />

marginaliza<strong>da</strong>s, onde as necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s<br />

permanecem relativamente altas.<br />

No mundo em desenvolvimento como um todo,<br />

18% <strong>da</strong>s mulheres casa<strong>da</strong>s têm necessi<strong>da</strong>des não<br />

atendi<strong>da</strong>s de contracepção moderna. No oeste,<br />

centro e leste <strong>da</strong> África, e no Oeste <strong>da</strong> Ásia, 30% a<br />

37% <strong>da</strong>s mulheres têm necessi<strong>da</strong>des não atendi<strong>da</strong>s<br />

de contracepção. Na região árabe, um número<br />

significativo de mulheres tem necessi<strong>da</strong>des não<br />

atendi<strong>da</strong>s de planejamento familiar - isto quer<br />

dizer que gostariam de poder evitar a gravidez por,<br />

no mínimo, dois anos, mas não estão empregando<br />

qualquer método de planejamento familiar.<br />

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