Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

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estar disponíveis para a maior parte das pessoas; em consequência, o planejamento familiar pode não ser atrativo para elas, mesmo que desejem adiar ou não ter mais filhos. Emprego do planejamento familiar e confiabilidade dos insumos Um crescente número de opções de contraceptivos está disponível, especialmente nos países desenvolvidos. Entretanto, as mulheres da maior parte dos países em desenvolvimento têm muito menos opções - embora o leque de métodos disponíveis esteja melhorando e, nos dias de hoje, frequentemente inclua injeções e implantes, além da pílula e preservativos. A obtenção de métodos contraceptivos é um desafio; distribuí-los é outro. A maior parte do financiamento internacional para preservativos é utilizada na aquisição dos insumos, restando relativamente pouco para sua entrega, administração e distribuição. t Casal visita clínica de planejamento familiar rural em Mindanao, nas Filipinas. ©Panos/Chris Stowers. não causem efeitos colaterais sistemáticos, que possam ser usados quando necessários e que não exijam participação ou conhecimento do parceiro (Darroch, Sedgh e Ball, 2011). ESTUDO DE CASO Insumos na Suazilândia O acesso a insumos e a confiabilidade de seu fornecimento são essenciais para o cumprimen- Novos métodos, por si só, não são capa- to dos direitos individuais ao planejamento zes de esgotar as necessidades não atendidas. familiar. Como muitos outros países africanos, Entretanto, os métodos mais recentes aprovados a Suazilândia já passou por momentos de desa- pelos governos poderiam permitir às mulheres bastecimento, o que dificultava a escolha e a exercerem seu direito de evitar a gravidez de confiança em métodos contraceptivos específicos. maneira mais confiável e segura. Resultados de A programação para segurança em insumos para pesquisas demonstram que as principais causas saúde reprodutiva foi centrada, principalmente, que levam à descontinuidade - os efeitos cola- na aquisição de contraceptivos pelo governo, com terais e o medo desses efeitos - impedem os resultados insatisfatórios. esforços de satisfazer as necessidades não atendi- Como parte de seus esforços para enfrentar a alta das (Cottingham, Germain e Hunt, 2012). mortalidade materna e a gravidez na adolescência, A eficácia e uma ampla variedade de métodos a Suazilândia investiu na segurança em insumos constituem parte da procura, mas também dizem para a saúde reprodutiva. O Ministério da Saúde respeito à oferta. A qualidade dos serviços pode ser estreitou sua relação com a sociedade civil e com baixa, e as várias opções de métodos podem não o UNFPA, estabelecendo, em 2011, uma parceria 26 CAPÍTULO 2: Analisar dados e tendências para entender as necessidades

com a Family Life Association (Associação da Vida da Família, em tradução livre) da Suazilândia, com a Management Sciences for Health (Ciências da Gestão em Saúde, em tradução livre) e com o UNFPA, para reforçar a implantação do programa. Seu objetivo geral era o de aumentar a eficácia do sistema de saúde para assegurar o acesso aos insumos de saúde reprodutiva através de três estratégias: os sistemas nacionais foram reforçados para a segurança em saúde reprodutiva e insumos; a capacidade dos recursos humanos foi reforçada pela implantação, monitoração e elaboração de relatórios; e o compromisso político e financeiro, para com a segurança em insumos para saúde reprodutiva, foi intensificado. Pelos padrões convencionais, o sucesso foi alcançado pelo aumento na prevalência de contraceptivos. Tão importante quanto, porém, foi o aumento do número de instalações para a oferta de serviços de planejamento familiar e a confiabilidade desses serviços. Métodos tradicionais de planejamento familiar continuam populares Os métodos tradicionais continuam amplamente utilizados, especialmente nos países em desenvolvimento. Os dados das pesquisas nem sempre esclarecem os motivos pelos quais as pessoas preferem utilizar os métodos tradicionais em lugar dos modernos para o planejamento familiar. Os métodos tradicionais compreendem abstinência periódica, coito interrompido, amenorreia lactacional (amamentação estendida) e práticas “populares”; assim, sua eficácia varia de modo significativo. Pesquisas comparativas, realizadas em diversos cenários, confirmam que as mulheres que utilizam métodos modernos têm muito menos probabilidade de engravidar que aquelas que confiam em métodos tradicionais (Trussell, 2011). A despeito da tendência de se consolidarem todos os métodos tradicionais em uma só categoria, nem todos são iguais. Vários países têm boas histórias com métodos não modernos e tradicionais. Por exemplo, o coito interrompido é comumente utilizado entre casais com boa escolaridade no Irã e na Turquia e têm sido largamente usados na prevenção da gravidez na Sicília e no Paquistão (Cottingham, Germain e Hunt, 2012; Erfani, 2010). As Pesquisas Demográficas e de Saúde classificam o coito interrompido como um “método totalmente ineficaz e folclórico,” mesmo que seja utilizado extensivamente em inúmeros países e seja tão eficaz quanto os preservativos (Cottingham, Germain e Hunt, 2012). “Embora a decisão de não ter mais filhos possa ser difícil, a esterilização é o método de planejamento familiar mais comumente empregado no mundo, adotado por mais de uma em cada cinco mulheres casadas.’’ Os métodos femininos de planejamento familiar são mais amplamente utilizados que os masculinos O Programa de Ação da CIPD apontou como de “alta prioridade (...) o desenvolvimento de novos métodos de regulação da fecundidade para homens,” e conclamou o envolvimento do setor industrial privado. Instou os países a empenhar esforços especiais para reforçar o envolvimento e responsabilidade masculina no planejamento familiar (Parágrafo 12.14.). Quase 20 anos depois, nenhum novo método masculino foi amplamente disseminado junto ao público. Com poucas opções contraceptivas para os homens, o emprego por eles do planejamento familiar tem sido menor que o concebido pela CIPD. Hoje, mesmo se todos os métodos tradicionais que requerem a cooperação masculina (tabela, coito interrompido e outros) forem somados ao uso de preservativos masculinos, os métodos masculi- RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 2012 27

com a Family Life Association (Associação <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> Família, em tradução livre) <strong>da</strong> Suazilândia,<br />

com a Management Sciences for Health (Ciências<br />

<strong>da</strong> Gestão em Saúde, em tradução livre) e com o<br />

UNFPA, para reforçar a implantação do programa.<br />

Seu objetivo geral era o de aumentar a eficácia<br />

do sistema de saúde para assegurar o acesso aos<br />

insumos de saúde reprodutiva através de três estratégias:<br />

os sistemas nacionais foram reforçados para<br />

a segurança em saúde reprodutiva e insumos; a<br />

capaci<strong>da</strong>de dos recursos humanos foi reforça<strong>da</strong> pela<br />

implantação, monitoração e elaboração de relatórios;<br />

e o compromisso político e financeiro, para<br />

com a segurança em insumos para saúde reprodutiva,<br />

foi intensificado. Pelos padrões convencionais, o<br />

sucesso foi alcançado pelo aumento na prevalência<br />

de contraceptivos. Tão importante quanto, porém,<br />

foi o aumento do número de instalações para a<br />

oferta de serviços de planejamento familiar e a confiabili<strong>da</strong>de<br />

desses serviços.<br />

Métodos tradicionais de planejamento<br />

familiar continuam populares<br />

Os métodos tradicionais continuam amplamente<br />

utilizados, especialmente nos países<br />

em desenvolvimento. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s pesquisas<br />

nem sempre esclarecem os motivos pelos<br />

quais as pessoas preferem utilizar os métodos<br />

tradicionais em lugar dos modernos para o planejamento<br />

familiar.<br />

Os métodos tradicionais compreendem abstinência<br />

periódica, coito interrompido, amenorreia<br />

lactacional (amamentação estendi<strong>da</strong>) e práticas<br />

“populares”; assim, sua eficácia varia de modo<br />

significativo. Pesquisas comparativas, realiza<strong>da</strong>s<br />

em diversos cenários, confirmam que as mulheres<br />

que utilizam métodos modernos têm muito menos<br />

probabili<strong>da</strong>de de engravi<strong>da</strong>r que aquelas que confiam<br />

em métodos tradicionais (Trussell, 2011).<br />

A despeito <strong>da</strong> tendência de se consoli<strong>da</strong>rem<br />

todos os métodos tradicionais em uma só categoria,<br />

nem todos são iguais. Vários países têm<br />

boas histórias com métodos não modernos e<br />

tradicionais. Por exemplo, o coito interrompido<br />

é comumente utilizado entre casais com boa<br />

escolari<strong>da</strong>de no Irã e na Turquia e têm sido<br />

largamente usados na prevenção <strong>da</strong> gravidez na<br />

Sicília e no Paquistão (Cottingham, Germain<br />

e Hunt, <strong>2012</strong>; Erfani, 2010). As Pesquisas<br />

Demográficas e de Saúde classificam o coito<br />

interrompido como um “método totalmente<br />

ineficaz e folclórico,” mesmo que seja utilizado<br />

extensivamente em inúmeros países e seja tão<br />

eficaz quanto os preservativos (Cottingham,<br />

Germain e Hunt, <strong>2012</strong>).<br />

“Embora a decisão de não ter mais filhos possa ser difícil,<br />

a esterilização é o método de planejamento familiar mais<br />

comumente empregado no mundo, adotado por mais de<br />

uma em ca<strong>da</strong> cinco mulheres casa<strong>da</strong>s.’’<br />

Os métodos femininos de planejamento<br />

familiar são mais amplamente utilizados<br />

que os masculinos<br />

O Programa de Ação <strong>da</strong> CIPD apontou como de<br />

“alta priori<strong>da</strong>de (...) o desenvolvimento de novos<br />

métodos de regulação <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de para homens,”<br />

e conclamou o envolvimento do setor industrial<br />

privado. Instou os países a empenhar esforços especiais<br />

para reforçar o envolvimento e responsabili<strong>da</strong>de<br />

masculina no planejamento familiar (Parágrafo<br />

12.14.). Quase 20 anos depois, nenhum novo método<br />

masculino foi amplamente disseminado junto<br />

ao público. Com poucas opções contraceptivas para<br />

os homens, o emprego por eles do planejamento<br />

familiar tem sido menor que o concebido pela<br />

CIPD. Hoje, mesmo se todos os métodos tradicionais<br />

que requerem a cooperação masculina (tabela,<br />

coito interrompido e outros) forem somados ao uso<br />

de preservativos masculinos, os métodos masculi-<br />

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