Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012
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SEXUALIDADE, ESTEREÓTIPOS SEXUAIS E DE<br />
GÊNERO E USO LIMITADO DA VASECTOMIA<br />
A falta de informação e o acesso a serviços de vasectomia podem comprometer<br />
os direitos e a saúde de homens e mulheres que, se fossem adequa<strong>da</strong>mente<br />
informados, prefeririam este procedimento relativamente seguro, simples,<br />
permanente e não invasivo em lugar <strong>da</strong> esterilização feminina. Os homens que<br />
optam pela vasectomia decidem pelo método de longo prazo, depois de considerar<br />
inúmeros fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais. Em vários<br />
lugares, a esterilização masculina não é bem compreendi<strong>da</strong>, sendo vista como<br />
uma ameaça à sexuali<strong>da</strong>de e ao desempenho sexual.<br />
Quando homens e mulheres têm acesso à ampla escala de informações e<br />
serviços de planejamento familiar, mais casais optam pela vasectomia como<br />
método preferencial de contracepção. A baixa opção pelo procedimento é<br />
reflexo do limitado acesso à informação adequa<strong>da</strong>, dos preconceitos enraizados<br />
e <strong>da</strong>s preocupações pessoais quanto aos seus efeitos <strong>sobre</strong> o desempenho<br />
sexual e o prazer.<br />
Fonte: Landry e Ward, 1997; Greene e Gold, n.d.; EngenderHealth, 2002)<br />
vezes mais eleva<strong>da</strong>s entre adolescentes do sexo<br />
feminino de 15 a 19 anos sem escolari<strong>da</strong>de, que<br />
entre aquelas que têm, no mínimo, ensino médio.<br />
Diferença semelhante ocorre em relação à ren<strong>da</strong> e<br />
ao local de residência. E, nesses países, as distâncias<br />
estão se aprofun<strong>da</strong>ndo: os nascimentos de mães<br />
adolescentes de 15 a 19 anos sem nenhuma escolari<strong>da</strong>de<br />
aumentaram em cerca de 7% na déca<strong>da</strong><br />
passa<strong>da</strong>, enquanto os nascimentos entre adolescentes<br />
com ensino médio ou mais declinaram cerca<br />
de 14% (Loaiza e Blake, 2010).<br />
As dispari<strong>da</strong>des que vêm se ampliando, ao longo<br />
do tempo, nas taxas de nascimento entre adolescentes<br />
escolariza<strong>da</strong>s e não escolariza<strong>da</strong>s refletem<br />
uma distância semelhante no uso que elas fazem <strong>da</strong><br />
contracepção que também vem se alargando. Na<br />
África Subsaariana, verificou-se que as meninas que<br />
completaram o ensino médio tinham quatro vezes<br />
mais probabili<strong>da</strong>de de utilizar a contracepção que<br />
aquelas sem escolari<strong>da</strong>de (Lloyd, 2009).<br />
Enquanto o uso de contraceptivos entre adolescentes<br />
escolariza<strong>da</strong>s tem aumentado de alguma<br />
forma entre as duas pesquisas para 42%, de modo<br />
geral, não houve mu<strong>da</strong>nça entre aquelas não<br />
escolariza<strong>da</strong>s. Não mais de uma em ca<strong>da</strong> dez adolescentes<br />
não escolariza<strong>da</strong>s faz uso <strong>da</strong> contracepção,<br />
mesmo apesar de uma em ca<strong>da</strong> quatro adolescentes<br />
nesses países, independentemente de riqueza, escolari<strong>da</strong>de<br />
ou residência, ter necessi<strong>da</strong>de não atendi<strong>da</strong><br />
de planejamento familiar. Esses números sugerem<br />
que os esforços para a melhoria do acesso a serviços<br />
de saúde reprodutiva entre jovens, através <strong>da</strong><br />
expansão de serviços voltados a este grupo populacional,<br />
não beneficiaram as mulheres jovens sem<br />
recursos que vivem em áreas rurais e são pouco<br />
escolariza<strong>da</strong>s. Aquelas que mais precisam desses serviços<br />
estão ficando ca<strong>da</strong> vez mais para trás (Loaiza<br />
e Blake, 2010). As explicações mais plausíveis para<br />
os resultados positivos de planejamento familiar<br />
associados à escolari<strong>da</strong>de são que as mulheres com<br />
maior nível educacional casam com menor frequência<br />
e o fazem mais tarde, usam a contracepção<br />
com mais eficácia, têm maior conhecimento e acesso<br />
à contracepção, exercem maior autonomia na<br />
toma<strong>da</strong> de decisões <strong>sobre</strong> a reprodução e são mais<br />
conscientes dos custos socioeconômicos <strong>da</strong> gestação<br />
indeseja<strong>da</strong> (Bongaarts, 2010).<br />
dy<br />
ESTUDO DE CASO<br />
Serviços para jovens em Malaui<br />
As necessi<strong>da</strong>des de saúde sexual e reprodutiva de<br />
adolescentes e jovens não eram bem atendi<strong>da</strong>s em<br />
Malaui, como também em várias outras partes <strong>da</strong><br />
África. A falta de informação, longas distâncias até os<br />
serviços e prestadores pouco amistosos contribuíam<br />
para altas taxas de gravidezes indeseja<strong>da</strong>s e HIV.<br />
O UNFPA estabeleceu uma parceria com<br />
o Ministério <strong>da</strong> Saúde e com a Associação de<br />
Planejamento Familiar de Malaui para oferecer<br />
serviços integrados de saúde sexual e reprodutiva<br />
abertos aos jovens, através de centros multidisciplinares<br />
denominados Youth Life Centres (Centros de<br />
20<br />
CAPÍTULO 2: Analisar <strong>da</strong>dos e tendências para entender as necessi<strong>da</strong>des