Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012 Relatório sobre a Situação da População Mundial 2012

14.01.2015 Views

pos marginalizados, inclusive minorias indígenas e saúde sexual e reprodutiva dos jovens exigirá ações étnicas e os que vivem em comunidades urbanas e de convencimento e outras que mudem as postu- rurais difíceis de serem alcançadas (Conselho Eco- ras sobre as experiências sexuais e reprodutivas dos nômico e Social das Nações Unidas, 2009). jovens. Devem ser oferecidos serviços e informações a adultos que se separam ou que estabelecem As políticas e programas de planejamento novas uniões consensuais em épocas mais tardias t O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, anuncia plano para aumentar o acesso a insumos para salvar vidas, inclusive o planejamento familiar, em setembro. Jonathan é copresidente da Comissão de Insumos Vitais das Nações Unidas. © Nações Unidas/J. Carrier. familiar devem corresponder às necessidades de pessoas não casadas de todas as idades, cujo número está aumentando em todo o mundo. Jovens e adultos estão estabelecendo, mantendo e encerrando uniões informais de maneiras diversas das gerações anteriores, e a educação e serviços devem corresponder a essas mudanças. Os jovens têm necessidade de serviços entre sua primeira experiência sexual e o momento em que se casam. Expandir o acesso para atender às necessidades de da vida. Quando as pessoas amadurecem, enfrentam diferentes pressões para atender às expectativas da comunidade e da família relacionadas a sexo, a casamento e à criação de filhos. À medida que evoluem seus papéis, sua necessidade de planejamento familiar frequentemente recua, sob o ponto de vista dos formuladores de políticas e programas. Os programas de planejamento familiar devem ser expandidos de forma a serem disponíveis a mulheres jovens casadas e a seus maridos. As adolescentes casadas enfrentam grandes dificuldades para acessar os serviços de planejamento familiar e, portanto, correm o risco de gravidez indesejada e seus efeitos negativos para a saúde (Ortayli e Malarcher, 2010; Godha, Hotchkiss e Gage, 2011). Quanto mais jovem é a menina ao casar, maiores são os desafios que enfrenta para controlar sua fecundidade, e mais sujeita estará a gravidezes próximas e repetidas (Rutstein 2008). Atender adequadamente à necessidade de planejamento familiar das pessoas mais velhas requer enfrentar a difundida presunção de que essas pessoas não precisam exercer seu direito ao planejamento familiar. Os homens de mais de 49 anos são frequentemente negligenciados no desenho das políticas e programas de planejamento familiar, apesar de sua fecundidade declinar apenas gradualmente, ao longo de seu envelhecimento. Esta omissão compromete os direitos das pessoas mais velhas sexualmente ativas que pretendem proteger-se de resultados prejudiciais à saúde sexual e reprodutiva. Como afirmou a Comissão sobre População e Desenvolvimento 110 CAPÍTULO 6: Tornar universal o direito ao planejamento familiar

em 2012, os serviços e informações devem ser oferecidos aos adultos separados ou que estabelecem novas uniões consensuais, em épocas mais tardias da vida. Os Estados e a comunidade internacional devem fortalecer esforços para coletar dados sobre todos os grupos que possam enfrentar dificuldades para acessar o planejamento familiar. Tais grupos incluem adolescentes - inclusive de 10 a 14 anos - jovens, meninos e homens, adolescentes casados, pessoas não casadas, pessoas mais velhas, minorias étnicas, refugiados e migrantes, trabalhadoras do sexo, pessoas vivendo com HIV/Aids e mulheres e jovens em risco de violência sexual em zonas de conflito ou em áreas onde ocorreram desastres naturais ou crises humanitárias. Os dados devem ser rotineiramente desagregados por sexo, idade e etnia, analisados por quintis de riqueza e devem ser demonstradas as diferenças entre os que vivem nas áreas urbanas e rurais para lançar luz sobre como o acesso varia no seio de e entre as populações. A mensuração e o monitoramento do acesso devem refletir as necessidades e as vivências de todas e todos. A combinação dos indicadores deve gerar maior percepção sobre as desigualdades de acesso por grupos populacionais. A análise das dimensões de igualdade social na área da saúde, por exemplo, ajudaria na centralização de esforços onde estes sejam necessários (Austveg, 2011). O enfoque nos direitos humanos para o planejamento familiar requer o custeio de uma programação do lado da demanda. Singh e Darroch (2012) recomendaram a coleta sistemática de dados dos prestadores de serviços e das unidades de atendimento, para se incluírem indicadores tais como número e treinamento da equipe, o conjunto de métodos oferecidos, a regularidade do fornecimento do leque de insumos contraceptivos e a qualidade do atendimento. 4 Aumentar o financiamento para o planejamento familiar e garantir que ele seja gasto com discernimento. Os governos dos países em desenvolvimento e países doadores, organizações e fundações internacionais necessitam aumentar o financiamento para melhorar a qualidade e disponibilidade de contracepção, informação e serviços para todas e todos que os desejam, permitindo assim que possam exercer seu direito ao planejamento familiar. Os governos - tanto doadores quanto países em desenvolvimento - deveriam também cumprir os compromissos de financiamento que formalizaram na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento de 1994, para implementar todos os aspectos do Programa de Ação. São necessários cerca de US$4 bilhões a cada ano para continuar a atender à necessidade de 645 milhões de mulheres que utilizam atualmente métodos modernos de planejamento familiar, nos países em desenvolvimento. Melhorar a qualidade dos serviços para essas mulheres acrescentaria outro US$1,1 bilhão. Para atender à necessidade de mulheres que gostariam de retardar a gravidez ou deixar de ter filhos, mas que não estão empregando planejamento familiar atualmente, seriam necessários mais US$3 bilhões por ano. Portanto, o atendimento integral das atuais necessidades não atendidas de planejamento familiar das mulheres dos países em desenvolvimento custaria US$8,1 bilhões anuais. Os países desenvolvidos devem calcular seus próprios custos de cumprir esse direito, com todos os benefícios que ele traz a seus cidadãos e ao desenvolvimento nacional. Ao defender o planejamento familiar, governos, organizações internacionais e a sociedade civil devem enfatizar as ligações entre essa área e outras iniciativas globais, tais como aquelas voltadas para a redução da mortalidade materna, RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 2012 111

pos marginalizados, inclusive minorias indígenas e<br />

saúde sexual e reprodutiva dos jovens exigirá ações<br />

étnicas e os que vivem em comuni<strong>da</strong>des urbanas e<br />

de convencimento e outras que mudem as postu-<br />

rurais difíceis de serem alcança<strong>da</strong>s (Conselho Eco-<br />

ras <strong>sobre</strong> as experiências sexuais e reprodutivas dos<br />

nômico e Social <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s, 2009).<br />

jovens. Devem ser oferecidos serviços e informações<br />

a adultos que se separam ou que estabelecem<br />

As políticas e programas de planejamento<br />

novas uniões consensuais em épocas mais tardias<br />

t<br />

O presidente <strong>da</strong><br />

Nigéria, Goodluck<br />

Jonathan, anuncia<br />

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salvar vi<strong>da</strong>s, inclusive o<br />

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em setembro. Jonathan<br />

é copresidente <strong>da</strong><br />

Comissão de Insumos<br />

Vitais <strong>da</strong>s Nações<br />

Uni<strong>da</strong>s.<br />

© Nações Uni<strong>da</strong>s/J. Carrier.<br />

familiar devem corresponder às necessi<strong>da</strong>des<br />

de pessoas não casa<strong>da</strong>s de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des, cujo<br />

número está aumentando em todo o mundo.<br />

Jovens e adultos estão estabelecendo, mantendo e<br />

encerrando uniões informais de maneiras diversas<br />

<strong>da</strong>s gerações anteriores, e a educação e serviços<br />

devem corresponder a essas mu<strong>da</strong>nças. Os jovens<br />

têm necessi<strong>da</strong>de de serviços entre sua primeira<br />

experiência sexual e o momento em que se casam.<br />

Expandir o acesso para atender às necessi<strong>da</strong>des de<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Quando as pessoas amadurecem, enfrentam<br />

diferentes pressões para atender às expectativas<br />

<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> família relaciona<strong>da</strong>s a sexo, a<br />

casamento e à criação de filhos. À medi<strong>da</strong> que evoluem<br />

seus papéis, sua necessi<strong>da</strong>de de planejamento<br />

familiar frequentemente recua, sob o ponto de<br />

vista dos formuladores de políticas e programas.<br />

Os programas de planejamento familiar devem<br />

ser expandidos de forma a serem disponíveis a<br />

mulheres jovens casa<strong>da</strong>s e a seus maridos. As<br />

adolescentes casa<strong>da</strong>s enfrentam grandes dificul<strong>da</strong>des<br />

para acessar os serviços de planejamento familiar<br />

e, portanto, correm o risco de gravidez indeseja<strong>da</strong><br />

e seus efeitos negativos para a saúde (Ortayli<br />

e Malarcher, 2010; Godha, Hotchkiss e Gage,<br />

2011). Quanto mais jovem é a menina ao casar,<br />

maiores são os desafios que enfrenta para controlar<br />

sua fecundi<strong>da</strong>de, e mais sujeita estará a gravidezes<br />

próximas e repeti<strong>da</strong>s (Rutstein 2008).<br />

Atender adequa<strong>da</strong>mente à necessi<strong>da</strong>de de planejamento<br />

familiar <strong>da</strong>s pessoas mais velhas<br />

requer enfrentar a difundi<strong>da</strong> presunção de que<br />

essas pessoas não precisam exercer seu direito<br />

ao planejamento familiar. Os homens de mais<br />

de 49 anos são frequentemente negligenciados no<br />

desenho <strong>da</strong>s políticas e programas de planejamento<br />

familiar, apesar de sua fecundi<strong>da</strong>de declinar<br />

apenas gradualmente, ao longo de seu envelhecimento.<br />

Esta omissão compromete os direitos<br />

<strong>da</strong>s pessoas mais velhas sexualmente ativas que<br />

pretendem proteger-se de resultados prejudiciais<br />

à saúde sexual e reprodutiva. Como afirmou a<br />

Comissão <strong>sobre</strong> População e Desenvolvimento<br />

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