A TRIBUTAÇÃO, A ORDEM ECONÔMICA E O ... - Milton Campos

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13.01.2015 Views

- estabelecimento de tratamento tributário adequado ao cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (artigo 146, inc. IIII, alínea “c”), em prol do apoio e estímulo ao cooperativismo e outras formas de associativismo (artigos 174, §§ 2º a 4º, e 187, inc. VI); - a criação de tratamento tributário diferenciado e favorecido para microempresas e empresas de pequeno porte (artigo 146, inc. III, alínea “d”) em cumprimento à determinação do artigo 170, inc. VI, e como forma de promover a livre-concorrência (artigo 170, inc. IV), reduzindo para esses agentes econômicos a barreira natural à entrada representada pelas elevadas e complexas obrigações tributárias existentes (artigo 179); - o estabelecimento de critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrios da concorrência (artigo 146-A), visando à proteção do princípio da livre concorrência (artigos 170, inc. IV, e 173, § 4º); - a diferenciação de alíquotas ou bases de cálculo para contribuições sociais (artigo 149) em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho (artigo 195, § 9º), em prol da valorização do trabalho humano (artigo 170, caput); - a discriminação de setores de atividade econômica em que as contribuições sociais sobre receita ou faturamento e sobre importações serão não-cumulativas (artigo 195, § 12), hipótese essa em relação à qual a não-cumulatividade pode se prestar a garantir a livre-concorrência (artigo 170, IV), como fator inibidor da concentração vertical do poder econômico (artigo 173, § 3º); - a promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre diferentes regiões do País, mediante instituição de tributo pela União de maneira não uniforme (artigo 151, inc. I), como instrumento de planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado (artigo 174, § 1º) e da redução das desigualdades regionais (artigo 3º, inc. III, e 170, inc. VII); - imunidade das exportações ao IPI (artigo 153, § 3º, inc. III) e ao ICMS (artigo 155, § 2º, inc. X, alínea “a”) e das receitas de exportação, em relação às contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico (artigo 149, § 2º, inc. I), como medida de estímulo ao desenvolvimento nacional (artigo 3º, inc. II) e de incentivo à atividade econômica (artigo 174); - redução do impacto do IPI sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto (artigo 153, § 3º, inc. VI), também como forma de promover o desenvolvimento da economia nacional e o incentivo à atividade econômica; - a progressividade do ITR com o objetivo de desestimular a manutenção de propriedades rurais improdutivas (artigo 153, § 4º, inc. I) e a progressividade do IPTU (artigo 182, § 4º, inc. II), com o objetivo de promoção da função social da propriedade (artigos 170, inc. III, e 186); - a imunidade das pequenas glebas rurais ao ITR, quando exploradas pelo proprietário que não possua outro imóvel (artigo 153, § 4º, inc. II), como forma de valorização do trabalho e da livre iniciativa (artigos 1º, inc. IV, 170, caput), busca do pleno emprego (artigo 170, inc. VIII) e cumprimento da função social da propriedade (artigo 170, inc. III); - incidência única do ICMS (artigo 155, § 2º, inc. XII, alínea “h”) e não-incidência sobre operações interestaduais com petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos e energia elétrica (artigo 155, § 2º, inc. X, alínea “b”), como mecanismo de repartição da arrecadação tributária sobre essas mercadorias entre os Estados de origem e consumo (artigo 155, § 4º, incs. I a III); - a diferenciação de alíquotas do IPVA em função do tipo e da utilização do veículo automotor (artigo 155, § 6º, inc. II), o que poderia ser utilizado como forma de adequar a tributação a aspectos de preservação do meio ambiente (artigo 178), à promoção da educação no ensino fundamental (artigo 208, inc. VII) ou à promoção do adequado acesso das pessoas portadoras de deficiência ao transporte coletivo (artigos 227, § 2º, e 244); - a diferenciação de alíquotas do IPTU em razão da localização e do uso do imóvel (artigo 156, § 1º, inc. II), como forma de realização da função social da propriedade (artigo 170, inc. III) e adequação do uso do imóvel ao planejamento urbano (artigo 182, caput); 92

93 - o tratamento diferenciado de produtos e serviços, bem como dos seus processos de elaboração e prestação, de acordo com o impacto ambiental por eles gerados, como forma de promoção da defesa do meio ambiente (artigo 170, inc. VI) e de controle da produção, comercialização e emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente (artigo 225, inc. V); e - a tributação adicional do ICMS e do ISS sobre mercadorias e serviços supérfluos (artigo 82, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), para composição de Fundos de Combate à Pobreza, como forma de promoção da dignidade da pessoa humana (artigo 1º) e erradicação da pobreza e da marginalização (artigo 3º, inc. III). 278 Todas essas hipóteses retiradas do texto constitucional demonstram que há uma verdadeira comunicação entre o fator de discrímen, princípio da capacidade contributiva, e os mais diversos objetivos constitucionais específicos, notadamente de cunho extrafiscal, para a aplicação de tratamentos tributários diferenciados ou especiais. Por assim dizer, a norma do art. 146-A apenas traz mais uma hipótese de discriminação constitucional em matéria tributária, além das que já eram previstas ao longo da Carta Política. Como se refere CALIENDO, “o princípio da capacidade contributiva (Leistungsfähigkeitsprinzip) é considerado o princípio da tributação mais importante na determinação da justiça fiscal, na repartição de encargos fiscais e na definição da base de imposição de tributos” 279 . A capacidade contributiva, verdadeiro princípio tributário: não constitui, apenas, um critério de justiça fiscal capaz de fundamentar tratamento tributário diferenciado de modo que seja considerado como promotor e não como violador da isonomia. Configura verdadeiro princípio a orientar toda a tributação, inspirando o legislador e orientando os aplicadores das normas tributárias. [...] Decorre deste princípio, basicamente, que o Estado deve exigir que as pessoas contribuam para as despesas públicas na medida da sua capacidade para contribuir, de maneira que nada deve ser exigido de quem só tem para sua própria subsistência, a carga tributária deve variar segundo as demonstrações de riqueza e, independentemente disso, a tributação não pode implicar confisco para ninguém 280 . Na mesma direção: O princípio da capacidade contributiva tem relação estreita com o princípio da igualdade, podendo-se afirmar que seu conteúdo deriva materialmente da idéia de tratamento equitativo e não discriminatório na repartição de encargos e sacrifícios públicos. O princípio da igualdade é um dos princípios mais importantes tanto na 278 BRAZUNA, José Luis Ribeiro. Defesa da concorrência e tributação - à luz do artigo 146-A da Constituição – Série Doutrina Tributária Vol. II. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 118-122. 279 SILVEIRA, Paulo Antônio Caliendo Velloso da. Direito tributário e análise econômica do direito: uma visão crítica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 270. 280 PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. Porto Alegre: Livraria do advogado editora, 2008, p. 78-79.

- estabelecimento de tratamento tributário adequado ao cooperativo praticado pelas<br />

sociedades cooperativas (artigo 146, inc. IIII, alínea “c”), em prol do apoio e<br />

estímulo ao cooperativismo e outras formas de associativismo (artigos 174, §§ 2º a<br />

4º, e 187, inc. VI);<br />

- a criação de tratamento tributário diferenciado e favorecido para microempresas e<br />

empresas de pequeno porte (artigo 146, inc. III, alínea “d”) em cumprimento à<br />

determinação do artigo 170, inc. VI, e como forma de promover a livre-concorrência<br />

(artigo 170, inc. IV), reduzindo para esses agentes econômicos a barreira natural à<br />

entrada representada pelas elevadas e complexas obrigações tributárias existentes<br />

(artigo 179);<br />

- o estabelecimento de critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrios<br />

da concorrência (artigo 146-A), visando à proteção do princípio da livre<br />

concorrência (artigos 170, inc. IV, e 173, § 4º);<br />

- a diferenciação de alíquotas ou bases de cálculo para contribuições sociais (artigo<br />

149) em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do<br />

porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho (artigo 195, §<br />

9º), em prol da valorização do trabalho humano (artigo 170, caput);<br />

- a discriminação de setores de atividade econômica em que as contribuições sociais<br />

sobre receita ou faturamento e sobre importações serão não-cumulativas (artigo 195,<br />

§ 12), hipótese essa em relação à qual a não-cumulatividade pode se prestar a<br />

garantir a livre-concorrência (artigo 170, IV), como fator inibidor da concentração<br />

vertical do poder econômico (artigo 173, § 3º);<br />

- a promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre diferentes<br />

regiões do País, mediante instituição de tributo pela União de maneira não uniforme<br />

(artigo 151, inc. I), como instrumento de planejamento do desenvolvimento nacional<br />

equilibrado (artigo 174, § 1º) e da redução das desigualdades regionais (artigo 3º,<br />

inc. III, e 170, inc. VII);<br />

- imunidade das exportações ao IPI (artigo 153, § 3º, inc. III) e ao ICMS (artigo 155,<br />

§ 2º, inc. X, alínea “a”) e das receitas de exportação, em relação às contribuições<br />

sociais e de intervenção no domínio econômico (artigo 149, § 2º, inc. I), como<br />

medida de estímulo ao desenvolvimento nacional (artigo 3º, inc. II) e de incentivo à<br />

atividade econômica (artigo 174);<br />

- redução do impacto do IPI sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte<br />

do imposto (artigo 153, § 3º, inc. VI), também como forma de promover o<br />

desenvolvimento da economia nacional e o incentivo à atividade econômica;<br />

- a progressividade do ITR com o objetivo de desestimular a manutenção de<br />

propriedades rurais improdutivas (artigo 153, § 4º, inc. I) e a progressividade do<br />

IPTU (artigo 182, § 4º, inc. II), com o objetivo de promoção da função social da<br />

propriedade (artigos 170, inc. III, e 186);<br />

- a imunidade das pequenas glebas rurais ao ITR, quando exploradas pelo<br />

proprietário que não possua outro imóvel (artigo 153, § 4º, inc. II), como forma de<br />

valorização do trabalho e da livre iniciativa (artigos 1º, inc. IV, 170, caput), busca<br />

do pleno emprego (artigo 170, inc. VIII) e cumprimento da função social da<br />

propriedade (artigo 170, inc. III);<br />

- incidência única do ICMS (artigo 155, § 2º, inc. XII, alínea “h”) e não-incidência<br />

sobre operações interestaduais com petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis<br />

líquidos e gasosos e energia elétrica (artigo 155, § 2º, inc. X, alínea “b”), como<br />

mecanismo de repartição da arrecadação tributária sobre essas mercadorias entre os<br />

Estados de origem e consumo (artigo 155, § 4º, incs. I a III);<br />

- a diferenciação de alíquotas do IPVA em função do tipo e da utilização do veículo<br />

automotor (artigo 155, § 6º, inc. II), o que poderia ser utilizado como forma de<br />

adequar a tributação a aspectos de preservação do meio ambiente (artigo 178), à<br />

promoção da educação no ensino fundamental (artigo 208, inc. VII) ou à promoção<br />

do adequado acesso das pessoas portadoras de deficiência ao transporte coletivo<br />

(artigos 227, § 2º, e 244);<br />

- a diferenciação de alíquotas do IPTU em razão da localização e do uso do imóvel<br />

(artigo 156, § 1º, inc. II), como forma de realização da função social da propriedade<br />

(artigo 170, inc. III) e adequação do uso do imóvel ao planejamento urbano (artigo<br />

182, caput);<br />

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