Programa e Resumos - I Congresso Ibérico de Ciência do Solo 2004
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I <strong>Congresso</strong> Ibérico da Ciência <strong>do</strong> <strong>Solo</strong> – 15 a 18 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> <strong>2004</strong>, Bragança, Portugal<br />
Contributo para a melhoria <strong>de</strong> solos marginais <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a pastagens<br />
pela aplicação <strong>de</strong> lama residual urbana, sem riscos ambientais.<br />
Maria da Graça Serrão 1 , Hermínia Domingues 1 , Manuel Fernan<strong>de</strong>s 1 , José Martins 1 ,<br />
Fernan<strong>do</strong> Pires 1 , Isabel Saraiva 1 , Paula Fareleira 1 , Natália Matos 1 , Eugénio Ferreira 2 ,<br />
Ana Maria Campos 3 , Cristina Horta 3 & André Dordio 4<br />
1 Estação Agronómica Nacional, Quinta <strong>do</strong> Marquês, 2784-505 OEIRAS, Portugal – Tel: (+351)<br />
214403500 – Fax: (+351) 214416011 – E-mail: gracaserrao49@hotmail.com<br />
2 Estação Florestal Nacional, Quinta <strong>do</strong> Marquês, 2784-505 Oeiras, Portugal – E-mail:<br />
eugeniomferreira@net.sapo.pt<br />
3<br />
Direcção Regional <strong>de</strong> Agricultura <strong>do</strong> Alentejo DRAAL, Quinta da Malagueira, Aparta<strong>do</strong> 83,<br />
7001 ÉVORA, Portugal - E-mail: culturas.arvenses@draal.min-agricultura.pt<br />
4 Consultor científico <strong>do</strong> Projecto PIDDAC 141/019<br />
Resumo<br />
Comunicação: Oral<br />
A aplicação <strong>de</strong> lamas residuais urbanas (LRU) aos solos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a pastagens, ainda<br />
escassamente utilizada no País, contribui, com frequência, para melhorar os níveis <strong>de</strong><br />
matéria orgânica (MO) e <strong>de</strong> alguns nutrientes das plantas e para diminuir o risco <strong>de</strong><br />
erosão, pelo aumento da cobertura vegetal. Porém, a presença eventual <strong>de</strong> níveis<br />
eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> metais pesa<strong>do</strong>s, compostos orgânicos poluentes, como os PCBs, os<br />
pesticidas organoclora<strong>do</strong>s e os PAHs, e microrganismos patogénicos nas LRU<br />
constituem constrangimentos que condicionam a <strong>do</strong>se a aplicar e tornam imprescindível<br />
o controlo <strong>de</strong>sses factores nos solos aos quais foram incorporadas. Também o eleva<strong>do</strong><br />
teor <strong>de</strong> azoto que contêm, por vezes, po<strong>de</strong> inibir a activida<strong>de</strong> simbiótica <strong>do</strong> rizóbio,<br />
prejudican<strong>do</strong> a sobrevivência das leguminosas na pastagem.<br />
Neste trabalho, examinaram-se a produção <strong>de</strong> matéria seca, a composição florística e o<br />
teor <strong>de</strong> cobre (Cu) na biomassa <strong>de</strong> uma mistura pratense semeada, em <strong>do</strong>is anos<br />
consecutivos <strong>de</strong> um ensaio instala<strong>do</strong>, no Outono <strong>de</strong> 2001, num Luvissolo Háplico <strong>de</strong><br />
baixa fertilida<strong>de</strong>, em Mértola, ao qual foi aplica<strong>do</strong> LRU secundária proveniente da<br />
ETAR <strong>de</strong> Évora, com um eleva<strong>do</strong> teor <strong>de</strong> Cu. O ensaio, <strong>de</strong> blocos casualiza<strong>do</strong>s, teve<br />
como modalida<strong>de</strong>s três níveis <strong>de</strong> LRU (L0 = 0, L1 = 12 e L2 = 24 Mg ha-1) e duas<br />
repetições. A mistura <strong>de</strong> espécies pratenses semeadas incluiu <strong>do</strong>ze cultivares <strong>de</strong> trevo,<br />
serra<strong>de</strong>la vulgar, bisserula, azevém anual e panasco. Nos <strong>do</strong>is anos seguintes à aplicação<br />
<strong>do</strong> resíduo, apreciou-se a evolução, na camada superficial <strong>do</strong> solo, <strong>do</strong>s teores <strong>de</strong> MO, <strong>de</strong><br />
alguns macronutrientes, <strong>do</strong> Cu extraível por água régia e <strong>de</strong> 11 PCBs, 13 pesticidas<br />
organoclora<strong>do</strong>s e 16 PAHs. Avaliou-se, ainda, a gran<strong>de</strong>za da população rizobiana que<br />
nodula o trevo (Rhizobium leguminosarum biovar trifolii) e proce<strong>de</strong>u-se à prospecção<br />
<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> contaminação fecal (bactérias coliformes e enterococos).<br />
Para além <strong>de</strong> muito maiores produções <strong>de</strong> biomassa, por melhoria <strong>do</strong>s teores <strong>de</strong> MO, N<br />
total e P “assimilável” no solo, o resíduo não provocou poluição <strong>do</strong> solo quanto ao Cu e<br />
poluentes orgânicos analisa<strong>do</strong>s, nem aumentou a flora microbiana patogénica. O nível<br />
mais eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> LRU reduziu a população <strong>de</strong> rizóbio no 1º ciclo cultural, contribuin<strong>do</strong><br />
para uma menor representação das leguminosas na mistura pratense, face às outras<br />
modalida<strong>de</strong>s. Os teores <strong>de</strong> Cu na biomassa foram muito inferiores ao nível máximo<br />
tolerável para a dieta <strong>de</strong> ovinos, pelo que se infere que a aplicação da LRU não teve<br />
efeito nocivo para a nutrição animal.<br />
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