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Reportagem de Capa<br />
O ministro do Serviço Florestal da Coreia do Sul lembrou<br />
ainda que o setor florestal se situa na vanguarda<br />
das relações sociais, destacando-se pela perícia e pelo<br />
compromisso de envolver as comunidades florestais<br />
aos negócios de interesse. “Essa experiência pode ser<br />
repassada a inúmeros segmentos, em grandes projetos<br />
de usinas tanto hidrelétricas quanto nucleares”, falou<br />
Koo Lee sobre a gama variada de contribuições.<br />
Para o diretor executivo da Associação Brasileira Técnica<br />
de Celulose e <strong>Papel</strong> (ABTCP), Darcio Berni, não há<br />
dúvidas sobre as práticas sustentáveis adotadas pela<br />
indústria de celulose/papel e sobre como podem servir<br />
de exemplo a outros segmentos. “Falta ainda divulgar<br />
todo esse caráter sustentável por trás de nossas atividades.<br />
Não me refiro apenas ao meio empresarial, mas,<br />
principalmente, à sociedade. Precisamos trabalhar mais<br />
a divulgação para mostrar como nosso processo é ambientalmente<br />
correto”, enfatizou.<br />
Negociações sobre mercado de carbono<br />
Além de elencar as contribuições que a indústria de<br />
base florestal pode oferecer à economia verde – incluindo<br />
as portas que tendem a ser abertas a partir do<br />
aprofundamento de estudos na área de biotecnologia –,<br />
a Bracelpa apoiou discussões sobre a consolidação do<br />
carbono florestal na Rio+20. “Está claro seu papel fundamental<br />
dentro dos ecossistemas e da biodiversidade”,<br />
salientou a presidente executiva da entidade, Elizabeth<br />
de Carvalhaes.<br />
Por meio da fotossíntese e de práticas de manejo sustentável,<br />
os plantios florestais absorvem CO 2<br />
da atmosfera<br />
e estocam o carbono equivalente na biomassa e nas<br />
áreas plantadas, contribuindo para os esforços globais<br />
de mitigação. Estimativas com base em metodologias<br />
consolidadas indicam que o setor de base florestal brasileiro<br />
estoca aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas<br />
de CO 2<br />
equivalente (tCO 2<br />
e), considerando somente os<br />
estoques de carbono nas áreas de florestas plantadas.<br />
Esse volume equivale a mais da metade de todas as<br />
emissões do Brasil em 2005. Somente o setor de celulose<br />
e papel contribui com o estoque médio de aproximadamente<br />
440 milhões de tCO 2<br />
e, estimativa que não<br />
inclui conservadoramente o estoque nas áreas de conservação<br />
mantidas pelo setor.<br />
Mesmo apresentando condições de solo e clima favoráveis<br />
e detendo a mais avançada tecnologia, o Brasil<br />
ainda convive com um substantivo déficit e um potencial<br />
subotimizado de florestas plantadas, devido a uma<br />
série de barreiras. A fim de superar os gargalos existentes,<br />
a Bracelpa considera de importância fundamental<br />
a promoção e a valorização econômica dos benefícios<br />
climáticos e socioambientais por meio de múltiplos instrumentos<br />
públicos e privados, a exemplo de mercados<br />
de carbono.<br />
Elizabeth enfatizou a Bracelpa tem a intenção de abrir<br />
esse diálogo a todos os stakeholders. Chegar a uma definição<br />
sobre o mercado de carbono, no entanto, consiste<br />
em uma missão delicada, conforme reconheceu Penido.<br />
De acordo com ele, todos já admitem a importância de<br />
ampliar a área florestada para buscar equilíbrio com o<br />
carbono existente na atmosfera.<br />
Ocorre, porém, que os impactos financeiros por trás<br />
da expansão das florestas ainda ecoam estrondosamente,<br />
em especial entre os segmentos de negócios fortemente<br />
emissores de carbono. “Seria necessário reduzir<br />
os incentivos e investimentos para sistemas que emitem<br />
carbono e direcionar tais recursos aos business que sequestram<br />
carbono. No mundo inteiro, porém, os governos<br />
ainda subsidiam essas indústrias – principalmente<br />
as de combustíveis fósseis”, lamentou ele, explicando<br />
um dos impasses do momento.<br />
Apesar do atual contexto adverso, Penido tem expectativas<br />
positivas e acredita na evolução das negociações,<br />
que, segundo ele, devem tornar-se realidade em<br />
um prazo de cinco anos. “A instituição de um mercado<br />
de carbono deve ser o primeiro serviço ecossistêmico<br />
do mundo a receber efetiva atenção, transformando-se<br />
numa ferramenta econômica de incentivo, por meio de<br />
penalizações àqueles que emitem e de créditos àqueles<br />
que sequestram carbono”, sublinhou. “Eu diria que a<br />
Rio+20 é apenas um ponto de passagem na maratona<br />
que a humanidade está fazendo para transformar seu<br />
modo de ser”, completou otimista.<br />
Visão semelhante a essa tem Lairton Leonardi, presidente<br />
da ABTCP, também presente ao evento do dia 18.<br />
Ele disse que o primeiro aspecto fundamental no contexto<br />
da sustentabilidade é o reconhecimento das contribuições<br />
do segmento florestal, em especial no sequestro de<br />
carbono. Leonardi também reforçou que os créditos de<br />
carbono ajudariam muito na competitividade dos negócios.<br />
“Hoje em dia, as empresas de base florestal precisam<br />
investir não só nos parques industriais, mas também<br />
nas florestas. Os créditos certamente contribuiriam para a<br />
parte econômica da sustentabilidade”, justificou.<br />
Inserido nesse contexto, o setor brasileiro de celulose e<br />
papel está desenvolvendo em conjunto com diversas organizações<br />
da sociedade civil a Iniciativa Brasil Florestas<br />
Sustentáveis. Baseada na estruturação e na implantação<br />
42 <strong>Revista</strong> O <strong>Papel</strong> - julho/July 2012