O SETOR NA RIO+20 - Revista O Papel

Reportagem de Capa
Bracelpa/Raul Fonseca
extremamente útil. Plantações de eucalipto podem ser
feitas juntamente com as de girassóis e trigo, bem como
com criação de gado”, pontuou o executivo da Fibria e
da Bracelpa.
Além de repensar a estratégia de produção dos chamados
4 Fs, a inovação terá participação de peso no
desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, a biotecnologia
se revela muito promissora, “essencial para
expandir a cadeia de suprimentos futura e criar produtos
de alta tecnologia com menor pegada ecológica”,
afirmou Penido.
Segundo o International Service for the Acquisition
of Agro-Biotech Application (Isaaa), a biotecnologia na
agricultura foi responsável por uma área plantada 94
vezes maior que a existente em 1996, distribuída em 29
países. Hoje em dia, existem mais de 160 milhões de
hectares de culturas agrícolas transgênicas cultivadas
mundialmente.
Penido ressaltou que muitas empresas do setor florestal
vêm investindo fortemente em biotecnologia não
apenas para tentar ampliar o uso de plantações, mas
também para explorar o potencial de novas aplicações
e gerações de produtos, a exemplo de biocombustíveis,
bioplásticos e materiais de carbono.
A apresentação do vídeo Rethink Trees, produzido
pela Technical Association of the Pulp and Paper Industry
(Tappi), deixou claro o potencial da nanotecnologia. Além
de elencar os inúmeros produtos atualmente advindos
das florestas, ressaltou que, à medida que se explora o
interior das árvores, encontram-se fibras menores com
propriedades especiais, resultando em produtos mais
duráveis, leves, fortes, finos, suaves e resistentes à água.
Os avanços nas pesquisas indicam a possibilidade
de se chegar à aplicação da nanocelulose, fibra ainda
menor capaz de aprimorar produtos já existentes em setores
variados, como o automobilístico e o aeroespacial.
Outra promessa destacada no vídeo são os nanocristais
de celulose, componentes menores que a nanocelulose,
mais fortes do que os metais e muito leves.
Representando a Suzano, Stanley Hirsch, CEO da FuturaGene,
apontou o desenvolvimento de parcerias público-
-privadas e ainda os investimentos em biotecnologia e
inovação como fundamentais para enfrentar os obstáculos
resultantes de uma economia verde. Segundo ele, é
preciso um envolvimento direto entre indústrias e governos
para que as pesquisas cheguem a resultados práticos.
Brasil, Índia e China estão entre os países que já têm
dado enfoque ao potencial da biotecnologia, conforme
comentou Penido. Ele, entretanto, reconheceu que esse
tipo de pesquisa costuma ser realizado a partir de parcerias
entre setor privado e universidades, de modo a
sugerir, portanto, a tendência de países desenvolvidos,
como Estados Unidos, Canadá, Japão e algumas nações
europeias, tomarem a dianteira nos estudos para novas
aplicações. “De qualquer forma, acredito que, em um
prazo de cinco a 15 anos, já haverá um significativo número
de aplicações diferentes das já conhecidas e atualmente
em uso”, prospectou.
Boas práticas do setor florestal
podem servir de exemplo
Pensando na nova gama de produtos que está por vir,
fica clara a tendência de interação entre a indústria de
base florestal e outros segmentos industriais, incluindo
construção civil, indústria automobilística e transportes.
Muitos executivos presentes ao evento do dia 18 ressaltaram
que a contribuição do setor florestal vai muito
além da oferta de produtos sustentáveis como alternativa
aos já existentes.
“Um bom exemplo de como as indústrias florestais
podem apoiar outros setores é o compromisso que têm
com a legislação brasileira voltada ao meio ambiente”,
comentou o presidente do Conselho de Administração
da Fibria e do Conselho Deliberativo da Bracelpa. Conforme
lembrou Penido, o Brasil está votando um novo
código florestal, cuja razoabilidade vem sendo debatida
também pela sociedade. “De qualquer forma, a indústria
florestal tem sido o único setor da economia a obedecer
completamente à atual legislação e certamente estará
em conformidade com as leis que o País aprovar.”
Na opinião de Donna Harman, a tradição das empresas
que atuam com elementos sustentáveis, como as de
40 Revista O Papel - julho/July 2012