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A <strong>democracia</strong> <strong>eleitoral</strong> <strong>no</strong> Brasil©2014 Jacob (J.) Lumier<br />
59<br />
O Discurso draconia<strong>no</strong> e a obediência como valor<br />
A <strong>no</strong>stalgia estacionária se repercute <strong>no</strong> absenteísmo<br />
mistificado pelo discurso draconia<strong>no</strong> por trás da imposição de<br />
sanções <strong>no</strong> regime do voto obrigatório.<br />
Evidentemente, nessa <strong>no</strong>stalgia se descobre um conteúdo<br />
não-reconhecido explicitamente, <strong>no</strong> sentido de que ninguém ou<br />
instância alguma projeta a existência do “juramento” e da<br />
“obediência social” como pilares da autoridade controladora da<br />
<strong>democracia</strong> <strong>eleitoral</strong>, em tese com matriz republicana, que deveria<br />
ser oposta ao tradicionalismo e emplacar um caráter racional legal<br />
(embora não exclua o tipo carismático de que ensi<strong>no</strong>u Max<br />
Weber).<br />
Nada obstante, o conteúdo não-reconhecido é um<br />
sentimento real efetivo <strong>no</strong> conformismo por obediência social<br />
que acabamos de descrever. Ou seja, a <strong>no</strong>stalgia estacionária se<br />
repercute não propriamente na ausência, mas <strong>no</strong> absenteísmo<br />
mistificado pelo discurso draconia<strong>no</strong>, por trás da imposição de<br />
sanções <strong>no</strong> regime do voto obrigatório. Aliás, d’outro modo<br />
não se poderia cogitar nem falar de <strong>no</strong>rma social de reforço, a<br />
qual por definição exige para mostrar-se em vigência um valor<br />
imperativo coletivo vivido ou apreendido em modo concreto.<br />
Vale dizer, na medida em que mistifica a ausência do<br />
eleitor que real ou virtualmente escolheu não-comparecer,<br />
objetivando em seu lugar um absenteísmo para justificar a<br />
imposição de sanções severas contra o mesmo, o discurso<br />
draconia<strong>no</strong> nada mais faz que revelar a <strong>no</strong>stalgia do regime<br />
monárquico de que ensi<strong>no</strong>u Saint-Simon, <strong>no</strong> caso, a exaltação<br />
da obediência social.<br />
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