international article - Revista O Papel
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Série Especial “Cenários e Perspectivas Setoriais” - Artigo 6<br />
que muitos grupos internacionais têm demonstrado em relação<br />
ao País (desde produtores tradicionais até investidores que<br />
contam com muitos recursos e sinalizam com a possibilidade<br />
de investir no Brasil). Como os investimentos no setor são de<br />
longo prazo, esses estreantes internacionais seriam stakeholders<br />
que poderiam contribuir nesse debate.<br />
Por fim, é importante que o governo, em todos os níveis,<br />
também participe ativamente e de forma coordenada com o setor<br />
privado. Hoje, o setor já conta com 63 milhões de toneladas de<br />
dióxido de carbono estocadas em suas florestas plantadas. Se o<br />
governo federal colocar esse tema em sua agenda, valorizando<br />
esse patrimônio, o Brasil sairá na frente no debate mundial sobre<br />
a questão do clima. As florestas plantadas do setor de celulose e<br />
papel são um caso real de sucesso que envolve desenvolvimento<br />
tecnológico, mostrando que as empresas apresentam um track<br />
record muito interessante nesse sentido. Uma parceria públicoprivada<br />
poderia alavancar, por exemplo, a criação de um fundo<br />
de carbono. Seria uma grande inovação!<br />
Conversa com Celso Foelkel<br />
Como o senhor vê o tema “inovação” em nível setorial<br />
hoje em dia e com vistas ao futuro<br />
Nosso setor está apoiado em fábricas bastante modernas.<br />
Temos fábricas estado-da-arte e outras pequenas, mais antigas,<br />
mas a tendência geral é de investimentos em modernização,<br />
ainda que haja oscilações desses investimentos se o<br />
setor está em crise ou em bonança.<br />
A dúvida que tenho nesse negócio todo é se o setor está<br />
investindo em alternativas novas ou se está focando apenas<br />
em ganhar escala de produção e reduzir custos. Inovar e<br />
otimizar são coisas distintas! O setor é relativamente lento<br />
para inovação e tem dificuldades de quebrar paradigmas – o<br />
processo kraft é de meados do século XIX, por exemplo; a<br />
máquina Fourdrinier, idem. O esforço maior está em economia<br />
de escala e em eficiência operacional, em qualidade e<br />
em redução de custos. Temos, no entanto, muito espaço para<br />
inovações mais radicais, e não só para otimizações. Haveria<br />
espaço, por exemplo, para dizer que existem soluções produtivas<br />
que não precisem de água ou, então, que não gerem<br />
tanto refugo na produção e na conversão do papel. O setor se<br />
acomoda em trabalhar nos mesmos paradigmas de sempre.<br />
Poderia haver investimentos nisso...<br />
Diria que nossa inovação está principalmente na floresta.<br />
A área florestal está trabalhando em coisas importantes,<br />
como a biotecnologia, evoluindo, por exemplo, no campo<br />
dos organismos geneticamente modificados.<br />
O senhor acredita que um esforço setorial em atividades<br />
de inovação e P&D faz sentido para colocar o Brasil na<br />
vanguarda da tecnologia do setor e posicioná-lo competitivamente<br />
em termos globais<br />
Se houver um esforço setorial que veja as tendências da<br />
sociedade e sua cultura, que tente entender como o papel e<br />
a celulose podem influenciar e participar nesse ponto, que<br />
procure identificar oportunidades para o papel e a celulose,<br />
isso será um grande alavancador do setor. Temos de fazer<br />
prospecção, temos de ver caminhos! Temos de olhar o nosso<br />
setor e também outros: de TI, químico, plástico... O papel tem<br />
algumas vantagens que outros<br />
produtos não têm. Trata-se de<br />
um produto muito flexível: há<br />
assoalhos com papel, móveis<br />
cobertos com papel... Qual deve<br />
ser o papel do futuro Vai ser<br />
reciclável Será descartável<br />
Qual deve ser a nossa filosofia<br />
para fabricar o papel<br />
O setor precisaria gerar uma agenda tecnológica, se possível<br />
coordenada pela ABTCP e pela Bracelpa, para estabelecer<br />
prioridades tecnológicas a serem prospectadas e desenvolvidas.<br />
Precisaria fazer análises do tipo: “Em que o MDL ou o problema<br />
dos combustíveis pode nos afetar positiva ou negativamente”.<br />
Outros países o fizeram, mas não deveríamos fazer<br />
como os Estados Unidos, que entregaram esse trabalho apenas<br />
para técnicos. Isso não pode acontecer; é preciso que haja uma<br />
diversidade de visões para estabelecer roadmaps. O ideal seria<br />
fazer discussões mais amplas de sociedade e de âmbito global.<br />
Em artigo recente, fizemos propostas para fomentar<br />
a inovação em nível setorial, tais como: fazer estudos<br />
sobre o futuro de tecnologias do setor, definir prioridades<br />
tecnológicas em âmbito setorial, constituir um grupo de<br />
executivos voltado a debater com o governo os interesses<br />
tecnológicos do setor, desenvolver compartilhadamente<br />
recursos humanos para as atividades de P&D, entre outras.<br />
Como o senhor vê isso O setor estaria maduro para esse<br />
tipo de proposta<br />
Para fazer esse tipo de coisa, deveríamos tentar definir em<br />
quais linhas devemos agir e quais priorizar. Precisaríamos<br />
estabelecer em quais temas os esforços seriam coletivos e<br />
em quais seriam empresa a empresa. Se reunirmos empresas<br />
para discutir como reduzir refugos ou consumo de água, por<br />
exemplo, iríamos cair na mesma lógica operacional. Poderíamos<br />
discutir outro tipo de coisa, como, por exemplo, como<br />
plantar em tipos diferentes de terra – mais pobre, que é a que<br />
deve sobrar para nós. Todos estão de acordo com isso Todos<br />
banco de imagens abtcp<br />
O PAPEL - Outubro 2009<br />
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