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Série Especial “Cenários e Perspectivas Setoriais” - Artigo 6<br />

Inovação: uma oportunidade setorial<br />

Autores*:<br />

Marcos Avó<br />

Ricardo Altmann<br />

O PAPEL - Outubro 2009<br />

O<br />

momento atual é propício para<br />

uma reflexão sobre o tema<br />

“inovação”, sua perspectiva<br />

histórica e, principalmente, as oportunidades<br />

futuras para o setor. A crise<br />

econômica recente, capaz de alterar<br />

significativamente o ambiente dos<br />

negócios, torna a inovação e a forma<br />

de promovê-la questões especialmente<br />

relevantes. Sob uma ótica de competitividade<br />

setorial, a inovação tem o<br />

potencial de diferenciar as empresas<br />

brasileiras perante os competidores<br />

mundiais, bem como de alavancar a<br />

imagem do setor perante a sociedade.<br />

Aproveitamos a edição de O <strong>Papel</strong><br />

deste mês de outubro de 2009, que<br />

coincide com o Congresso Técnico da<br />

ABTCP, para voltar a tratar de inovação.<br />

O próprio congresso – e também<br />

a exposição que ocorre em paralelo – é<br />

um termômetro importante das atividades<br />

do setor, sendo um locus de encontro<br />

de muitos profissionais de destaque<br />

que podem contribuir com esta reflexão.<br />

O presente artigo, em alguma<br />

medida, é uma extensão do quarto<br />

artigo desta série, publicado em agosto/2009,<br />

chamado “Inovação, Pesquisa<br />

e Desenvolvimento no Setor”. Naquela<br />

oportunidade, caracterizamos diferentes<br />

aspectos da inovação no setor<br />

e indicamos seis lacunas estratégicas,<br />

que julgamos ser de interesse setorial<br />

e que requerem soluções (pelo menos<br />

em parte) coletivas para enfrentá-las.<br />

Visando enriquecer este debate,<br />

voltamos ao assunto coletando as visões<br />

de duas lideranças setoriais: Elizabeth<br />

de Carvalhaes, presidente executiva<br />

da Associação Brasileira de Celulose<br />

e <strong>Papel</strong> (Bracelpa), e Celso Foelkel,<br />

consultor e ex-presidente da Associação<br />

Brasileira Técnica de Celulose e <strong>Papel</strong><br />

(ABTCP), para os quais elaboramos<br />

quatro questões abertas sobre a inovação<br />

no setor de papel e celulose. Cada um<br />

dos entrevistados expôs suas ideias em<br />

conversas organizadas em torno desse<br />

roteiro. As respostas dos entrevistados se<br />

encontram nos dois boxes em destaque.<br />

Em seus comentários, Elizabeth de<br />

Carvalhaes apresenta uma visão sistêmica<br />

e estratégica dos desafios e oportunidades<br />

que se apresentam para o setor no momento<br />

pós-crise. Ela enquadra, de modo muito<br />

interessante, o tema “inovação” e também<br />

o desenvolvimento tecnológico dentro desse<br />

cenário maior, ilustrando sua relevância<br />

no todo. É apresentada uma forte visão de<br />

como o ambiente de negócios (mercado)<br />

e os consumidores terão papel crescente<br />

em direcionar as necessidades do setor.<br />

Sob uma ótica de gestão de tecnologia, as<br />

colocações de Elisabeth possibilitam uma<br />

leitura segundo a qual o desenvolvimento<br />

do setor tende a se tornar mais puxado<br />

pelo mercado (market pull) no futuro<br />

em detrimento da tão intensa orientação<br />

pelas soluções tecnológicas preconcebidas<br />

(technology push).<br />

Adicionalmente, são apontados<br />

exemplos de ações que podem ser<br />

tomadas em nível setorial, além de situações<br />

de risco futuro que devem ser<br />

abordadas o quanto antes para garantir a<br />

competitividade. Esse tipo de antevisão<br />

se afina muito bem com a ideia de se<br />

refletir acerca do futuro do setor. Se por<br />

um lado a entrevista mostra muito bem<br />

como outros gargalos e desafios podem<br />

ser entraves à inovação, por outro aponta<br />

para o imenso potencial de crescimento<br />

do setor apresentado no País, situação<br />

em que a inovação terá campo fértil para<br />

emergir como tema marcante.<br />

Celso Foelkel, por sua vez, navega<br />

com facilidade pelas questões de tecnologia<br />

e inovação setoriais, desde o nível<br />

mais estratégico até exemplos e situações<br />

técnicas específicas para ilustrar seus<br />

pontos de vista. Ele apresenta uma visão<br />

da cadeia produtiva setorial como um<br />

todo, discutindo as diferenças históricas<br />

da inovação em distintos elos da cadeia,<br />

com o foco, muitas vezes de modo predominante,<br />

a recair sobre questões de desempenho<br />

operacional e de curto prazo.<br />

A postura crítica do entrevistado<br />

levanta interessantes pontos para reflexão,<br />

como, por exemplo, no momento<br />

em que defende a importância de o setor<br />

também se preocupar com inovações<br />

e mudanças mais radicais. Esse ponto<br />

leva à necessidade de uma mudança<br />

do modelo mental dominante no setor<br />

e de quebra de paradigmas. Ele destaca<br />

ainda uma relevante questão: a importância<br />

de o setor olhar para além de si<br />

próprio (para outros setores e outras<br />

tecnologias) como caminho para se<br />

analisar e fomentar a inovação.<br />

Por fim, é notável que, mesmo por<br />

linhas de raciocínio distintas, os dois<br />

entrevistados convergem para alguns<br />

pontos de relevância estratégica para<br />

a inovação no setor, notadamente: a<br />

importância de uma abordagem coletiva<br />

no tema “inovação no setor”; a<br />

necessidade de olhar e estudar o futuro;<br />

os benefícios de se estabelecerem prioridades<br />

setoriais para que as atividades<br />

de inovação de todos os players da cadeia<br />

sejam mais coordenadas, eficientes<br />

e eficazes. É possível que tenhamos por<br />

aí um largo e interessante caminho que<br />

permita ao setor se tornar mais e mais<br />

inovador, gerando vantagens competitivas<br />

sustentáveis ao longo do tempo.<br />

36<br />

*Referências dos Autores:<br />

Lunica Consultoria - e-mails: marcos@lunica.com.br e ricardo@lunica.com.br

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